O recorte de jornal (08 de janeiro 1977 ??)
Em julho de 2004 fiz uma de minhas viagens a Salt Lake City, capital do estado norte-americano de Utah, onde na oportunidade residiam meus filhos José Geraldo D. Dutra (JD) e Marilia B. D. V. Dutra, ambos casados. É uma linda cidade, onde eu gostaria de residir, depois de Sanja... Lá é a sede mundial de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, popularmente conhecidos como Mórmons. É um povo único, laborioso, que, vindo do leste dos Estados Unidos, construíram no meio do deserto e ao lado do Lago Salgado (um mar pré-histórico) um estado bonito e acolhedor. Esta Igreja é muito presente no oeste americano, e possui talvez a maior obra missionária em ação no mundo todo. É uma corporação que atua em diversos ramos, todos voltados para a divulgação de sua obra cristã. Eu os respeito muito, pois são sérios e corretos!
Passeando pela cidade fui numa das loja-depósitos da Deseret Industries, uma das divisões da Igreja Mórmon, dedicada (entre outras atividades) a vender artigos recebidos em doação ao público em geral. Em outras palavras, as pessoas doam bens os mais diversos, e os voluntários da obra social colocam os artigos a preços bem baixos, à disposição da população. Eu, professor, fui à seção de livros e encontrei uma obra bem bacana! E por um preço quase de graça, dois dólares, em perfeito estado! Junto com outros artigos adquiridos lá, trouxe tudo de volta aqui para o Brasil.
Este livro é uma compilação de citações bíblicas do Velho e do Novo Testamento, organizados por temas (de 'abasement' a 'zeal'), publicada pela tradicional Editora Doubleday and Company (Garden City, N.Y.) em 1948. Seu autor, Lester Berrey, foi um clérigo antes de dedicar-se à lexicografia e editoria de livros. É uma fonte de citações muito útil para preparar prédicas e para estudos bíblicos... Ótima aquisição para minha biblioteca!
Uma coisa curiosa me aconteceu. Folheando o livro, encontrei o pequeno recorte de jornal, já amarelecido pelo tempo, cuja foto inicia esta postagem. Trata-se de um lindo e emocionante poema, escrito pela esposa de um senhor falecido em oito de janeiro de 1976. Foi publicado em algum jornal, recortado e colocado no meio do livro.
Está escrito nesta primeira página "MOTHER BEAN FROM RUBY WELCH DAUGHTER", ou seja, significa algo como (foi presenteado) "de sua filha Ruby Welch para mãe Bean". Obviamente não podemos saber quem destas pessoas todas - ou até outra! - foi quem fez chegar até mim o recorte de jornal, mas vale a pena meditar sobre o poema que nele há (humilde tradução minha...):
Em amorosa memória de Delmar Teets, falecido um ano atrás em 8 de Janeiro de 1976.
Dormindo suavemente no campo santo,
onde as flores gentilmente ondulam,
repousa aquele que mui ternamente amei,
mas que não pude salvar.
Deus sabe o quanto sinto saudade,
Ele conta as lágrimas que verti,
e sussurra que ele somente dorme,
meu amado não está morto.
Se o mundo todo fosse meu,
eu o daria, sim, e muito mais,
para ver o rosto de quem amei
e tê-lo de volta novamente.
Eu não soube a dor que sentiu
nem ouvi seu último suspiro,
Sei somente que ele partiu
sem uma despedida final.
Deus me fortalece para aceitar
e coragem para suportar o golpe,
mas o que significa perde-lo
ninguém jamais saberá.
Sua esposa amada e saudosa,
Joanne.
Que bela lição de vida nos passa, ainda que num vislumbre, estas palavras, que meramente ilustram o que pode ter sido uma vida em comum tão plena! E, à parte os meandros do destino que fizeram tal depoimento chegar às minhas mãos, achei que seria de certa forma uma espécie de egoísmo guardar isso só para mim. Nestes tempos "pandêmicos", doridos, lancinantes, qualquer emoção que nos faça lembrar que sempre pode haver uma dor maior que a nossa nos faz ser agradecidos pelo tanto que temos e tivemos e, por decorrência, que necessitamos ter esperança - sempre - de tempos melhores. Isto também vai passar!