A V I S O


I am a Freemason and a member of both the regular, recognized ARLS Presidente Roosevelt 75 (São João da Boa Vista, SP) and the GLESP Grande Loja do Estado de São Paulo, Brazil. However, unless otherwise attributed, the opinions expressed in this blog are my own, or of others expressing theirs by posting comments. I do not in any way represent the official positions of my lodge or Grand Lodge, any associated organization of which I may or may not be a member, or the fraternity of Freemasonry as a whole.

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quinta-feira, 17 de julho de 2025

435 postagem: Solidão, alienação e o excesso de (des)informação...

    Vivemos em uma era aparentemente paradoxal. Nunca antes na história da humanidade estivemos tão cercados por fontes de informação — para o bem e para o mal –  e, no entanto, nunca estivemos tão desorientados quanto ao sentido profundo de nosso lugar no mundo. As TIC – tecnologias digitais de informação e comunicação – e os fluxos contínuos de dados reconfiguram as formas de viver, pensar, sentir e se relacionar. Nesse contexto, a alienação não desapareceu. Ao contrário, disfarçou-se, tornou-se mais sutil, mais insidiosa, mais internalizada. O presente ensaio propõe uma rápida mas necessária reflexão sobre como, na atualidade, a alienação modifica o homem em suas dimensões cognitivas, afetivas, sociais e existenciais.

    Falemos inicialmente de certa ilusão do “saber”, que degenera em certeira alienação da consciência crítica.  Na sociedade dita ‘da informação’, o acúmulo de dados é muitas vezes confundido com conhecimento. O indivíduo é “bombardeado” a todo instante por conteúdos diversos (em gênero e grau), em ritmo acelerado, com pouco ou nenhum tempo para a “digestão” crítica. A pressa de consumir substitui a lentidão da apropriada interpretação, que conduz à adequada compreensão. As narrativas surgem como que prontas, “mastigadas”, diagramadas para atribuirmos “likes" e provermos compartilhamentos. A consequência é clara: a mente torna-se reativa em vez de reflexiva. A alienação, aqui, se manifesta como um entorpecimento da Razão — o homem deixa de pensar por si mesmo e passa a repetir, a ecoar, a seguir, a concordar…

    Por outro lado, a identidade humana, antes construída na intimidade da experiência vivenciada (ou seja, pessoalmente significada) e da história de vida, torna-se cada vez mais performática. O sujeito contemporâneo não apenas vive, mas se exibe (con?)vivendo. As redes sociais transformam a vida em vitrine, e o indivíduo, em marca. Nessa “lógica”, o valor do ser é substituído pelo valor do parecer. A alienação da identidade consiste, então, na perda de contato com o próprio Eu autêntico. Em busca de aprovação, o homem adere a máscaras. Vive para agradar o outro — o algoritmo, a turma, a galera, o grupo, o público, o mercado.

    Outra dimensão decorrente que merece atenção seria a da “solidão em rede”, configurando certa alienação, certo afastamento das relações humanas. Curiosamente, observamos que a hiperconectividade traz consigo um isolamento paradoxal. O homem atual está “online" mas, como se considera, raramente está presente. Os vínculos virtuais substituem os encontros reais; os emojis, os afetos genuínos. Com isso, a empatia, a escuta profunda e o diálogo tornam-se enviesados, distorcidos ou mesmo raros. A alienação nas relações humanas reside na substituição do encontro pelo contato, do vínculo pela interação superficial, descompromissada. As relações se tornam como que descartáveis, e o outro é percebido não como sujeito, pessoa, mas como veículo, estímulo ou obstáculo.

    Observamos nesse  cenário uma outra dimensão que merece destaque: o tempo, que se mostra fragmentado, desdobrando-se na divisão insuspeitada entre atenção e presença. O capital mais precioso do século XXI não é o dinheiro, mas a atenção. As plataformas digitais competem por segundos da mente humana, moldando seus hábitos e seus ritmos. O resultado é uma atenção dispersa,, ansiosa -- não cônscia… O homem, incapaz de sustentar o silêncio ou a espera, vive em estado de distração permanente. A alienação do tempo se expressa na perda da profundidade:  não se lê longamente, não se conversa (diálogo) demoradamente, não se contempla. Tudo é imediato, volátil, efêmero e mediado… A multiplicidade de discursos, verdades alternativas (apresentadas em geral de modo polarizado) e manipulações informacionais tem corroído o senso comum da realidade. Em um mundo onde todos podem dizer “tudo”, o critério de verdade torna-se frágil. A alienação da realidade ocorre quando o indivíduo perde a capacidade de discernir o que é real do que é fabricado, confundindo opinião com fato, crença com evidência. Tal confusão favorece extremismos, polarizações, terraplanismos, pós-verdades e a erosão da confiança coletiva. 

    Assim, em decorrência, a forma mais radical de alienação caminha para a perda de sentido. Quando o homem é reduzido a consumidor, a figurante de estatísticas, a produtor de conteúdo, ele se distancia das perguntas fundamentais: Quem sou eu? Para que estou aqui? O que é o Bem, o Belo, o Justo? A vida é vivida com pressa, sem pausa para a contemplação do mistério que a sustenta. O homem alienado existencialmente não sabe mais sonhar, imaginar, transcender — ele vive no plano efêmero da superfície, anestesiado pela rotina e apartado pelas delusionais e constantes alheações.

    E quais são os caminhos disponíveis para enfrentar a alienação, superando-a? Podemos divisar que é urgente o cultivo de práticas que permitam ao homem recuperar sua inteireza, entre elas o silêncio; a escuta; a leitura lenta e atenta;  a amizade fraterna, honesta e verdadeira;  o diálogo filosófico; a espiritualidade livre de liames do homem; o engajamento ético. Contra a alienação, propõe-se um retorno à busca infinda pela realizante interioridade, ou seja, à contemplação, ao compromisso, à ação plena de responsabilidade.

    Superar a alienação não é rejeitar a modernidade e seus produtos, mas atravessá-la com lucidez. É fazer da informação um instrumento de criticidade, de busca pela sabedoria; fazer da tecnologia um meio de encontro e,  fazer da vida — não um mero espetáculo — mas um caminho consciente e desafiador de resposta ao que nos interpela; vida de efetiva, grata e participante presença, vida de comprometimento, vida de entrega efetiva;  de construtiva dialogicidade, de verdade e de sentido...

sábado, 21 de janeiro de 2012

Comentários...

http://marcosbadalado.blogspot.com
(tem links para um 'monte' de outros blogs...)

Cruzes!, esta semana foi muito agitada, em termos midiáticos; aliás, esta característica moderna de elevada/variegada informação, 'compactada' e altamente acessível (via diversos meios) está cada vez mais pronunciada (mais em uns que outros estratos sociais)  em nossas finitas - e por vezes fingidiças - existências. 

De tudo o que vejo/leio, muitas vezes algo me salta aos olhos, não sei se por despreparo, se por descaso, se por falta de compromisso, se falta de estilo... Eu aprendi a ser muito cauteloso em minhas asserções (cuidado que sempre se mostra insuficiente, eu sei), para não parecerem asseverações. Que deselegância ser descortês com pessoas que pensam diferente da gente, a partir do que proferimos. Não se pode confundir a pessoa com a ideia; não adianta matar o arauto por não concordarmos com uma causa. 

Como sabem, adotei por um bom tempo a doutrina de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, mais conhecidos por 'os mórmons', por causa do nome de um seu profeta, autor de um dos seus livros sagrados. Como povo, tem uma história singular, que moldou o caráter de seus membros, trabalhadores incansáveis, dignos e fiéis, para citar uma ínfima parte de suas virtudes. Estudando Teologia e outros temas, voltei-me posteriormente para a doutrina reformada, oriunda do período tardio da Reforma Protestante (que não tem nada a ver com a doutrina SUD - Santos dos Últimos Dias), mas nunca deixei de admirar as qualidades desta Igreja e de seus adeptos e dirigentes. Consigo separar as coisas. Gente boa (e ruim) tem em qualquer lugar... Mas como organização, os Mórmons são exemplares, iguais a qualquer corporação séria, organizada, honesta. Mas todos sabemos que onde existem pessoas... Tem de tudo!

Com a campanha eleitoral americana começando a 'pegar fogo', as atenções se voltam a um dos candidatos a enfrentar futuramente o presidente atual nas urnas, Mitt Romney (http://www.mittromney.com/s/mitt-romney-2012), que é mórmon. Em algumas reportagens de prestigiosos jornais brasileiros os jornalistas afirmam que esta igreja 'é mal-vista' nos Estados Unidos. Nada mais incorreto. Como se pode lançar esta afirmativa sem citar a fundamentação, sem, como dizemos na Academia, lastrear (lastrar, de lastro) o que se pronuncia, o que se diz, dentro de contextos tão amplos? Qual a agenda subterrânea destes informes? 

O que eu acho é que os mórmons são muito invejados pela sua pujança, eficiência e eficácia no que se propõem a realizar. O mais hilariante é que os mesmos 'não dão muita bola' para seus detratores, pois eles sabem como ninguém o que é ser um povo perseguido, maltratado, espezinhado. Sua bravura e intrepidez em defender a Família e sua doutrina devia ser modelo nestes tempos ateus/materialistas, para todos os cristãos. O que muitos não sabem é que os mórmons tem projetos de auxílio a pessoas e comunidades carentes, por este mundo todo, com muitas outras denominações, sem ficar alardeando isto.

Sei que aos olhos destes profissionais jornalistas (não todos, óbvio...) tudo se mistura - religião, economia, política, blá-blá-blá - mas o que se objetiva ao escrever reportagens? Reportar? Conscientizar? (Des)Informar? Confundir? Falta Ética em muita gente, mas nesta classe de profissionais os efeitos para a sociedade são mais nefastos - criam inimizades, alimentam preconceitos e ignorância.


Lamentável.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

As Lebres e as Rãs; fim de semestre...


Gravura obtida nesta data de 
http://ailhadaspalavras-alvarinhos.blogspot.com

          Hoje, fuçando no google images - que faríamos hoje sem o Google? - para ilustrar esta fábula (nro. LXIV do libreto - página 67 - já evocado anteriormente...) achei a acima colocada; inclusive a autora do despojado mas atraente blog também comenta (com foco diverso) esta mesma fábula. Estou curtindo muito esta série, pois descubro sites interessantes pela web!

          Diz a narrativa alegórica que ... desde que as lebres eram continuadamente ameaçadas pelos inimigos à sua volta, certa vez fizeram uma reunião para debater sua lamentável condição. Consequentemente, elas decidiram que a morte seria mais preferível à sua desesperada situação e saíram para um lago próximo, determinadas a se afogarem como as mais miseráveis e desgraçadas das criaturas.

          Ocorreu que um grupo de rãs estavam assentadas à margem do lago, admirando o luar, e quando ouviram as lebres se aproximando, assustaram-se e saltaram às águas em grande alarido e confusão.  Vendo o rápido desaparecimento das rãs, uma das lebres gritou às companheiras: 'Parem, amigas! Nossa situação não é tão desesperadora como parece! Existem outras pobres criaturas ainda mais covardes que nós!' O  compilador aduz a máxima, fechando a narrativa: "Lembre-se, não importa quão infeliz você seja, haverá sempre alguém que não gostarias de estar  no lugar dele... "

          Muitas lições cabem nesta fabela. Para mim, a mais óbvia é o fato de sermos por vezes pouco indulgentes conosco mesmo, exigindo de nós mesmos perfeição e realizações ótimas em todas as situações. Não nos perdoamos errar, não ser realizador ou competente. Comparamo-nos com os outros, e sempre vemos pessoas 'melhores' que nós, nisto ou naquilo, com mais ou mais vistosa fortuna, etc.   O fato é que sempre encontraremos pessoas melhores (e piores, também) que nós, não importa com o que nos comparemos e com quem... O problema é então a malévola tendência de ficar comparando a todo momento. Nosso foco acaba na constatação de coisas 'resultantes',  das quais desconhecemos precisamente a processualidade que levou ao resultado que estamos a comparar. O foco deveria ser em nosso comportamento - como aperfeiçoa-lo paulatinamente, de modo que a recompensa seja uma decorrência natural. Quando se olha somente resultados, corre-se o risco que julgarmo-nos miseráveis, incapazes, despossuídos, desprezados, etc...

          Quando se cultiva a virtude da humildade, aprendemos logo que tal disposição de ficar comparando é lorpice. Da comparação surge inveja e outros sentimentos perniciosos que obnubilam nosso entendimento, enredando-nos num cipoal difícil de discernir. Mas se olharmos ao outro e vermos que estamos todos juntos 'condenados' a viver num mundo  dado, que recebemos 'pronto', cada um na sua pessoal condição, poderemos divisar que podemos suplantar nossas imperfeições naturais, esperadas, habilitando-nos  de um lado à solidariedade, ao companheirismo, à mútua instrução e, de outro, à sábia apreciação do que  efetivamente somos aqui e agora, e assim poder planejar a pessoa que desejamos ser. Nossa vida, nossa existência, é determinada por aquilo que planejamos ser, pois livre-arbítrio, se o temos, constitue nossa principal natureza - poder decidir quem queremos ser.

          Fim de semestre letivo. Passou depressa mesmo desta vez! (dizem que quando o tempo corre célere é sinal inequívoco de nossa ancianidade...) Espero que consiga descansar neste julho da faina escolar. Outro dia estava comentando com um amigo, veja só, sobre aposentadoria, e ele me disse que, se pudesse, tinha já se aposentado 'ontem', dada a canseira que as relações interpessoais hodiernas determinam. Cansa-se demasiado porque as pessoas não são polidas como antigamente; ser tosco, rude hoje parece ser 'normal' no trato comum. Concordo com o colega - vejo isso em sala de aula muitas vezes, e também pelos corredores da escola, nas ruas, na igreja! A saída para problemas que temos é culpar ao próximo, ou a sociedade, ou ao governo, ou a Deus. Quão sábio aquele cientista que esclareceu que a inteligência abarca muito mais dimensões do que pensávamos, sendo a emocional a primordial. Eu creio que esta dimensão (inteligência emocional) precisamente organiza, estrutura as demais, pelo menos no trato interpessoal. É muito cansativo hoje em dia conviver! E o pior, quanto mais velho se fica, menos paciência parecemos ter, daí o cansaço (ou será o famigerado fastio, o antojo, o enfado, o tédio??)...