Todo ano é a mesma coisa: alunos não estudam apropriadamente, não participam do ensino compartilhado em sala de aula, não procuram o docente - nem pessoalmente nem por e-mail - para averiguar seu aproveitamento e, quando ficam de exame, a primeira reação é dizer "o professor X me deixou de exame!". Que interessante idéia que os alunos fazem do malfadado exame. No Regimento Escolar lemos que a avaliação do aproveitamento do aluno será procedida por 3 avaliações - uma no primeiro semestre, outra no segundo e uma avaliação final. Na maioria das instituições de ensino superior no Brasil, o aluno tem que tirar pelo menos nota '5' nas três avaliações. Também, habitualmente, no caso do aluno tirar média '7' nas duas primeiras avaliações, fica excepcionalmente dispensado de realizar a terceira avaliação. O que ocorreu em nossa cultura de "levar vantagem em tudo"? O aluno acredita que ele é tão bom que só - 'lógico!' - merece ser dispensado da última avaliação em todas as matérias, pois seu aproveitamento geral é sempre excelente, seus trabalhos maravilhosos, sua leitura prévia de material de aula efetivamente realizada, blá, blá, blá... "Ficar de exame" é vexação, ultraje, opróbrio perpetrado pelo cruel, opressor docente, atestado de incompetência do aluno, etc. A lista é enorme....
Creio que, ao final e ao cabo, a motivação para tal clamor nem é por mérito acadêmico; muitos moram em outras cidades e tem problemas de transporte, ou gostariam já de estar dedicando seu tempo em festas, etc... Que problema nosso ensino superior ser majoritariamente oferecido em instituições particulares (que oferecem cursos noturnos, em sua grande maioria), e com poucas vagas nas instituições oficiais, determinando que os alunos que trabalham só possam optar pelas escolas particulares... Com a escassez de bolsas de estudo, não existe alternativa para estes jovens 'alavancarem' suas carreiras mediante estudos superiores. E nas IES particulares, o grosso dos docentes é horista - não é remunerado para atender alunos fora da sala de aula. Nem vou falar da falência dos valores atuais, onde o professor (mesmo com Mestrado e Doutorado - será porque até isto, a elevada posição acadêmica - o brasileiro conseguiu avacalhar?) não detém mais nem a grácil consideração por parte do aluno (gostava mais do meu tempo quando a gente se levantava quando o professor adentrava a sala...), mesmo que sua posição docente tenha sido conquistada via concurso público - o que, na minha IES, a UNIFAE, é assunto sério, é um processo honesto, ao contrário de alguns outros concursos docentes que participei. E a 'briga' com os docentes não tem fim, com uma choradeira inesgotável... O fato é que, a cada ano, o nível dos alunos que adentram o ensino superior está cada vez pior. O grau de imaturidade para a vida acadêmica (sem falar na emocional e social) é assustador.
Recebi uma incumbência de minha querida Coordenadora de Curso - devo montar aulas de Lógica introdutória para os alunos primeiro-anistas (vou oferecer como curso de extensão aos outros anos...). Temos observado grande dificuldade do corpo discente em realizar raciocínios apropriados, sem pré-concepções e outras distorções que contaminam a análise, o desenvolvimento e a expressão de raciocínios elementares. A irracionalidade grassa inopinadamente!