A V I S O


I am a Freemason and a member of both the regular, recognized ARLS Presidente Roosevelt 75 (São João da Boa Vista, SP) and the GLESP Grande Loja do Estado de São Paulo, Brazil. However, unless otherwise attributed, the opinions expressed in this blog are my own, or of others expressing theirs by posting comments. I do not in any way represent the official positions of my lodge or Grand Lodge, any associated organization of which I may or may not be a member, or the fraternity of Freemasonry as a whole.

Mostrando postagens com marcador trabalho. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador trabalho. Mostrar todas as postagens

sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

Primeira de 2015, 302a. postagem...



Gravura obtida agora (via Google Images) de
http://br.freepik.com/vetores-gratis/2015-minimalista_759245.htm

1. Primeiro post de 2015... A contagem de publicações deste blog indica que esta é a 302a. postagem, o que até acho baixo, levando em conta que desde o final de 2008 me propus a rabiscar aqui... é algo até  talvez psicoterapeutico; em vez de rabujar, escrever! E os poucos que são amigos podem acompanhar meu pensar (e portanto existir, segundo o Cogito) sem a quase-frieza pasteurizada do Facebook, que pouco frequento.

2. Vejo aqui no iPad Retina Mini as notícias que chegam pelos jornais virtuais. Assino o Correio Popular, de Campinas, mas acabo vendo também neste dispositivo o que existe nos aplicativos da BBC News, no Flipboard, no CNN, Slate, The Economist, The Root, no Zite, no The Sao Paulo Times, UOL ... vejo que sou viciado em informação. Preciso um detox...

3. Nestas publicações, além de assuntos de Filosofia (Ética, Epistemologia), Ciências e Tecnologia, procuro ler coisas ligadas à linguagem, à Hermenêutica, da Gramática. Creio que uma das atividades precípuas do educador seja corrigir o mau uso do vernáculo por parte dos alunos. Se deixar como se observa, daqui a pouco estaremos proferindo palavras irreconhecíveis... A língua é coisa viva, mas o que faremos se em duas ou três gerações os jovens só puderem ler nossa  literatura com dicionário??

4. Uma coisa intrigante que (primeiro por motivos profissionais e depois por motivos espirituais) volta e meia reflito é o suicídio, e parece coisa óbvia, mas não existe um trágico ato igual ao outro, pois as motivações são assemelhadas; mas, como as pessoas são únicas, pela biografia de cada qual se tornam eventos parecidos na finalização, mas únicos na origem e destinação. Ficava impressionado principalmente com o suicídio daqueles mais aquinhoados pela inteligência pois, à primeira vista, matar-se traz embutida certa contradição, mas quem pode julgar? Quanto mais penso vejo quão complexo é o tema. Creio que nunca vamos chegar a uma conclusão, pois fatores emocionais (leia-se aqui algo primitivo, instintivo) estão na base do fenômeno, e a Psicologia ainda sabe pouco sobre isso. Mas creio que, deslocando-se o foco da análise, o problema mesmo fica para aqueles que sobrevivem pois, ao morto, 'resolvido' está...

5. Acabo de receber convite, nesta sexta feira cedo, para um churrasco. Não costumo comer muita carne - creio que é algo tóxico se consumido em excesso (soube certa vez que uma pessoa vegetariana, vacilou e abusou, vindo a falecer por causa disso!!) e fico mais na verdura-frutas-legumes mesmo. Quero chegar aos 90 anos pelo menos, e lúcido!!

6. Paro tudo o que estou fazendo e vou preparar o café de minha esposa. Normalmente eu que ofereço a ela a bebida - ela tem as horas certas para sorver a tisana (às 07, às 10 e depois às 16hs), senão sobrevém certa dor de cabeça... Cada um  é cada um. 

7. Agora nas férias passo parte das manhãs vendo filme japonês (aprecio os chambaras - filme de samurai) fascinado mais pela fotografia, mas aprecio também os valores do bushido - o modo de vida daquela classe de militares - que veio a moldar muito do caráter do povo nipônico. Tem muito disso nas lutas marciais, em especial o sumô (aliás,  nas próximas semanas inicia-se o torneiro de janeiro...) mas vemos principalmente no kendô - a arte marcial das katanas, as mortíferas espadas super afiadas... Minha frustração é não ter aprendido esta modalidade de luta - só tem dojos nas grandes cidades...

8. Estudando agora pela terceira vez as Institutas, de Calvino, vejo ainda mais como esta voragem tecnológica despersonaliza as pessoas, pois ajudam muito a desvia-las do que é o mais importante - conhecer ao nosso Criador, mediante o (único e definitivo) Mediador. Como a religião está se tornando algo secundário! Cada vez menos pessoas vão aos cultos. Cada vez menos os pastores visitam os membros, que também não se congregam, em parte por falta de atividades além das costumeiras  - louvor e adoração -  da semana, levadas a cabo nos templos. Tempos tristes.

9. Semana que vem vou a Rio Claro - trarei a Lívia para passar a semana conosco. Cada dia fica mais lindinha a minha caçula. Mas está moça cada vez mais, e deixa o velho aqui orgulhoso. O tempo vai passando, às vezes rápido, outras vezes arrastando... Mas tudo passa mesmo, só não passa o (incomensurável) amor de Deus.

terça-feira, 4 de março de 2014

Carnaval...



Foto obtida agora (via Google Images) de
http://www.infoescola.com/carnaval/carnaval-do-rio-de-janeiro/

Acho que (quase...) sou deste tempo! Não gosto deste tipo de festa. As músicas carnavalescas de hoje são muito diferentes (piores!!!); existe muita exacerbação das emoções, muita bebida e violência, em especial no trânsito. Sempre arranjo coisas alternativas para fazer (agora que estou a escrever neste blog, Bilú me traz um iogurte grego para tomar; a gente fica o dia todo a paparicar um ao outro - eu faço 3 cafés por dia para ela, imagina; ela adora - também, com pó moído na hora, água de filtro, açúcar orgânico, etc. fica 'divino'!) para não ter que absorver as eventuais coisas indigestas destes festejos momescos. Mas, pensando em Ruth, é efetivamente uma bênção conviver com pessoa educada, gentil, polida e atenciosa. Coisa a cada vez mais rara.

Felizmente fui convidado por uma colega professora do UNIFAE - a Ana Salviato - a dar uma preleção, no sábado à noite, num acampamento da Igreja Presbiteriana da vizinha cidade de Aguaí. Falei sobre o fato de nossa Fé ser uma Religião do Convênio, do Pacto (Salmo 105, 8). Que Comunidade vibrante,  jovem, amiga, amorosa. O Pastor Limírio certamente tem boa parte dos créditos pela atmosfera efetivamente cristã daquela Igreja. Ficamos até tarde da noite. Mas em todos os Carnavais fico mesmo em casa, na maior parte do tempo. No domingo eu fui à tarde com Ruth na casa do amigo Júlio e esposa Flavinha; nadamos e comemos feijoada, manobrada pelo chef Paulão. 

Imagine só - lá esteve um grande artista sanjoanense, conhecido como 'Só Kaká'; grande instrumentista e vocalista, que 'tóca' qualquer música que você solicita... Quando o conheci, há muitos anos, no Restaurante 'Casarão' - aqui de são João, junto com um grupo de professores da outra universidade daqui que ministrei aulas (a Unifeob) - ele estava animando o espaço somente com um violão e fiquei extasiado! Ele é uma pessoa carismática, efetivamente. Ele fez uma jam session com o João (de São Paulo, SP), tio do Júlio, e foi demais... Um luxo! Uma tarde memorável, com gente bonita e simpática (De manhã e de noite fomos na Igreja, pois temos obrigação administrativa, além da espiritual). Mas o que fiz mesmo neste carnaval foi preparar aulas, postar material para alunos e ler... adoro ler! Ah, e escutar música também!


https://myspace.com/sokakashow

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Última da série: O Meio de Vida Correto


Chegamos ao último comentário sobre cada passo do Nobre Caminho Óctuplo, o Caminho do Meio (caminho do equilíbrio) do Budismo, que encerra muita verdade sobre a arte de viver. A Psicologia Budista se vale muito destas instruções. 

Este notável passo do Caminho do Meio, como os outros, envolve em grande parte o bom senso - a pessoa espiritualizada e inteligente sabe que deve procurar um meio de vida que não trangrida os ideiais de amor e compaixão, visto que a maneira como nos sustentamos pode ser expressão do mais profundo do nosso ser, ou constituir uma fonte de sofrimento para nós e para os demais.

Nos tempos do Lorde Siddharta, uma dica para cumprir o Meio de Vida Correto era: não vender armas; não vender escravos; não vender carne, álcool, drogas nem venenos; não fazer profecias nem dizer a sorte. Creio que a maior partes destas prescrições ainda são úteis... Mas penso que, em todas as épocas, trabalhar em negócios que tem o potencial de fazer as pessoas infelizes nunca pode redundar em algo bom, mais cedo ou mais tarde. Se nosso sustento depende de agirmos em maior ou menor grau em coisas que envolvem mau uso da sexualidade, que necessitam mentir, defraudar ou roubar, comerciar substancias de modo ilegal, transacionar com armas ou lucrar a partir das superstições das pessoas, nunca estaremos cumprindo este preceito e vamos atrair problemas, seguramente.

Os mestres Zen ensinam que, no fundo, a questão do Meio de Vida Correto constitui-se numa questão coletiva, que envolve nosso discernimento no nível comunitário, visto que nosso trabalho afeta o trabalho de muitas outras pessoas e vice-versa. Não se deve ser inocente ao ponto de pensar que esforçar-se para ter um Meio de Vida Correto envolve somente os aspectos pecuniários que abarcam nosso rendimento mensal. Pode ser difícil ter um Meio de Vida cem por cento Correto todo o tempo, mas a qualquer tempo a pessoa pode optar em trilhar sempre o caminho equilibrado de reduzir o sofrimento e aumentar a compaixão pelos demais seres viventes, os animais e nossos semelhantes, a partir do nosso trabalho. Um bom meio de ajudar a comunidade, inclusive com consumo responsável e auto-sustentável, é colaborarmos para que os demais tenham também seus bons empregos, e eles também seguindo o preceito do Meio de Vida Correto. 

Ao final destas nossas humildes apreciações, podemos dizer que nenhuma prática, nenhuma etapa do Nobre Caminho se corporifica isoladamente; temos que praticar os oito passos conjuntamente, sendo que cada prática, cada etapa, pressupõe os outros sete. Tudo inter-depende entre si, tudo guarda relacionamento com o resto, pois tudo pertence ao Universo, tudo é uma totalidade. 

Tenho apreço a estes ensinamentos pois revelam calma e pacientemente um modo oriental de ver a vida, com sua estética e ética características, difíceis, muitas vezes, de divisar pelo homem ocidental.  Eu, como sempre gostei do Oriente (Japão, especialmente), senti-me atraído por estes ensinamentos. Excetuando afirmações religiosas dogmáticas, que guardam suposições que podemos chamar de 'teológicas', os preceitos da arte de viver equilibrada do Budismo guardam bastante identidade com muitas das prédicas ensinadas por Jesus. 

Gosto particularmente de um ensino búdico denominado 'Cinco Lembranças', que devem ser recitadas diariamente, como forma de lidar com o sofrimento:

1. Sei que minha natureza é composta de coisas que envelhecem - não há como escapar da velhice, da decrepitude.
2. Sei que minha natureza envolver adoecer - a doença, em todos as suas modalidades, é-nos inescapável.
3. Minha natureza me faz saber que um dia fenecerei: não há como escapar da morte.
4. Tudo o que valorizo, em especial as pessoas que amo, tem a natureza, a essência de coisas que estão em constante mudança - isto implica que eventualmente posso me separar destas coisas e pessoas que aprecio.
5. O que mais me pertence são meus atos, aquilo que opto agir. Portanto, não posso escapar das consequências de minhas ações. 

Quantos paralelos com mandamentos cristãos, e também com preceitos humanistas e existencialistas! A Humanidade tem colecionado por centenas de anos estes ensinamentos, e fico pasmo que ainda exista tanta ignorâcia no mundo. Obviamente, dentro destas normas todas, o que está na Palavra é o repositório mais perfeito deste saber, da Sabedoria que foi  espalhada, manifestada deste o começo dos tempos a toda Humanidade. É muito interessante saber que, pela graça de Deus, todos estes ensinamentos, ainda que parciais, foram derramados para os homens, em todas as raças, eras e locais, guardando muita semelhança entre si.

Para finalizar, relembro um preceito antigo, deturpado por vezes, mas que ilustra bem esta certa uniformidade de sabedoria sobre a arte de viver. É a conhecida fórmula epicurista (de Epicuro, o famoso filósofo de Samos, da Grécia - 341 a 27o antes de Cristo - denominada o Tetrapharmakos. Ele ensinou estas quatro meditações, como modo de controlar o medo, a ansiedade e  angústia; em suma, o sofrimento, que era fonte de adoecimento da alma:

1. Não há o que temer aos deuses;
2. Não há o que temer à morte;
3. O sofrimento pode acabar, e
4. A felicidade é possível.

Obviamente estas quatro assertivas demandam estudo contextual e reflexão sobre o que querem significar, pois refletem uma visão de mundo à época antes de Cristo. Mas é notável que refletem uma preocupação milenar de debelar fontes de sofrimento, de aflição, de desalento. 

O Homem nunca vai ser feliz inteiramente, pois é muito apegado às coisas do mundo (o apêgo é o que causa sofrimento, para o Budismo), mas sei que somente pela reflexão sobre sua condição é que ele pode se libertar. Muitos caminhos são disponíveis, e importa que a pessoa se dedique a conhecer-se, a reconhecer a si mesmo e, assim trabalhando, pode vir a conhecer ao seu semelhante e, no limite, abrir-se para conhecer seu Criador, que se revela ao Homem por Sua própria iniciativa, pois por nós mesmo nunca O conheceríamos. Mas isso é assunto para outro dia...

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Repassando... vejam que reportagem interessante!

            Coloquei no portal do Centro Universitário em que trabalho, para todos os meus alunos,  um texto que reproduzo aqui, como bonus de leitura. Ele vem a calhar sobre um tema que sempre reflito com eles e que creio ser fundamental para o seu preparo, a empregabilidade. É muito esclarecedor e espero que os motive a repensar suas prioridades. Todo esforço para conscientizar a moçada é válido, pois muitos me parecem perdido neste mundo globalizado, googleficado...

                      "O PROFISSIONAL QUE O MERCADO QUER"

                        Débora Rubin     -     Fonte: Revista Isto é - Ed. 2212 - 31/03/2012


O mundo do trabalho vive sua maior transformação desde a Revolução Industrial e busca um novo tipo de pessoas.  Agora o que vale mais é ter formação diversificada, ser versátil, autônomo, conectado e dono de um espírito empreendedor.


Esqueça tudo o que você aprendeu sobre o mercado de trabalho. Estabilidade, benefícios, vestir a camisa da empresa, jornadas intermináveis, hierarquia, promoção, ser chefe. Ainda que tais conceitos estejam arraigados na cabeça do brasileiro - quem nunca ouviu dos pais que ser bem-sucedido era seguir tal cartilha? -, eles fazem parte de um pacote com cheiro de naftalina. O novo profissional, autônomo, colaborativo, versátil, empreendedor, conhecedor de suas próprias vontades e ultraconectado é o que o mercado começa a demandar. O modelo tradicional de trabalho que foi sonho de consumo de todo jovem egresso da faculdade nas últimas duas décadas está ficando para trás. É a maior transformação desde que a Revolução Industrial, no século XVIII, mandou centenas de pessoas para as linhas de produção, segundo a pesquisadora inglesa Lynda Gratton, professora da London Business School e autora do livro "The Shift: The Future is Already Here" ("A mudança: o futuro já começou", em tradução livre).


Nas novas gerações esse fenômeno é mais evidente. Hoje, poucos recém-formados se veem fiéis a uma única empresa por toda a vida. Em grande parte das universidades de elite do país, os alunos sequer cogitam servir a um empregador. "Quando perguntamos onde eles querem trabalhar, a resposta é: na minha empresa", conta Adriana Gomes, professora da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), de São Paulo. Entre os brasileiros que seguem o modelo tradicional, a média de tempo em um emprego é de cinco anos, uma das menores do mundo, segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) - os americanos trocam mais, a cada quatro anos. O ritmo dinâmico inclui mudanças de função, de empregador, e até de carreira.


O cenário atual contribui. "Estamos migrando de um padrão previsível para um modelo no qual impera a instabilidade", diz Márcio Pochmann, presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Quem apostar na estrutura antiga vai sair perdendo, segundo a professora Tânia Casado, da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo. Isso significa, inclusive, rever o significado de profissão. "O que passa a valer é o conceito de carreira sem fronteiras, ou seja, a sequência de experiências pessoais de trabalho que você vai desenvolver ao longo da sua vida", define Tânia, uma das maiores especialistas em gestão de pessoas do País. Dentro desse novo ideal, vale somar cada vivência, inclusive serviços não remunerados, como os voluntários, e os feitos por puro prazer, como escrever um blog.


O conceito não é novo. Surgiu em 1993 da mente futurista de Michael Arthur, professor de estratégia e negócios da Universidade Suffolk, nos Estados Unidos. Só agora, quase 20 anos depois, é que a teoria começa a virar realidade. De acordo com sua tese, a carreira sem fronteiras é aquela que se apoia no tripé "por quê, como e com quem". "É preciso se perguntar o que você quer da sua vida e por quê; estudar para obter a técnica necessária e, por fim, estabelecer relações nas quais exista uma troca de conhecimentos", explica Tânia, estudiosa da tese de Michael. Ou seja, você pode até passar anos no mesmo lugar, como fizeram seu pai e avô, desde que tenha a mente flexível do profissional sem fronteiras e busque autoconhecimento, atualização constante e intercâmbio de experiências.


O novo profissional também tem que ter jogo de cintura para os novos arranjos trabalhistas. "A tendência é ter mais flexibilidade na remuneração, no tempo de duração da atividade, no conteúdo e no fuso e local de trabalho", destaca Werner Eichhorst, diretor do Instituto de Estudos sobre o Trabalho de Bonn (IZA, sigla em alemão), na Alemanha. O home-office, prática de trabalhar em casa que começa a ganhar terreno, será a realidade de milhões de brasileiros nos próximos dez anos, sobretudo nas grandes cidades sufocadas pelo trânsito.


A revolução trabalhista está na pauta do dia por diversas razões. Em seu livro, Lynda Gratton apresenta o resultado de um estudo feito com 21 companhias globais e mais de 200 executivos na London Business School. Do extenso debate, ela elegeu as cinco forças que estão moldando o trabalho e, claro, seus profissionais. Em primeiro lugar, está a tecnologia. Como na Revolução Industrial, quando as máquinas aceleraram a produtividade, hoje a vida em rede e os recursos de ponta eliminam uma série de empregos e modificam outros tantos. No cenário brasileiro, há de se considerar a herança deixada pelas amargas décadas de 1980 e 1990, nas quais o desemprego e a terceirização explodiram - segundo Pochmann, o número de trabalhadores sem carteira assinada e por conta própria subiu de 11,7% para 58,2% somente entre 1985 e 1990. Nos últimos anos, o desemprego vem diminuindo e a formalização aumentou. Esse crescimento, porém, se deve mais pela geração de novos postos de trabalho com carteira assinada do que pela regularização do trabalho informal. Hoje, 45% dos brasileiros ativos não são registrados, de acordo com o Ipea.


Outras três forças citadas por Lynda Gratton são globalização, mudanças demográficas e preocupações ambientais. A primeira traz com ela a entrada de novos países no grande jogo econômico global - como o próprio Brasil. A segunda diz respeito à quantidade de gente no mundo - seremos nove bilhões em 2050 -, e à maior expectativa de vida. E a terceira tem a ver com as mudanças necessárias na forma de produzir e consumir para reduzir os impactos no meio ambiente. Por fim, a autora destaca a quinta força: as tendências de comportamento humano. Mais gente viverá só, as famílias serão menores e as relações afetivas serão foco de maior atenção. Trabalhar em casa ou próximo da moradia, mais que uma questão sustentável, será uma opção pelo bem-estar, algo que o brasileiro já valoriza. Em uma pesquisa feita pela Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH), no começo do ano, a meta profissional mais desejada em 2012 pelos entrevistados é "melhorar a qualidade de vida", acima até da opção "ganhar mais". "O workaholic está saindo de moda", afirma a professora Adriana Gomes, da ESPM. "Aos poucos, as pessoas foram percebendo que a produtividade delas caía a médio e longo prazos."


Não é só o profissional que deve estar preparado para tamanha virada. As empresas, sobretudo as grandes corporações que se expandiram ao longo dos últimos 20 anos, também precisam arejar suas convicções. Uma das principais mudanças é dar mais autonomia para que o funcionário crie, produza e evolua sem ficar estafado. Tânia Casado, da USP, coordena um grupo de estudo que tem se debruçado sobre um tema fresquinho, curioso e fundamental para o mundo corporativo: o "opt-out". Trata-se da prática, ainda pouco conhecida e aplicada, na qual as pessoas podem continuar sua trajetória dentro de uma empresa sem ter que necessariamente seguir a trilha convencional de subir na hierarquia. "Executivos de grandes grupos me procuram preocupados com a fuga de talentos e me perguntam o que podem fazer para retê-los", diz a professora. Isso inclui principalmente mulheres que gostariam de passar mais tempo com seus filhos após a licença-maternidade, sem abrir mão da carreira. A resposta de Tânia é: opt-out. Ofereça opções ou os talentos vão embora. Principalmente em um momento bom da economia.


O desafio de lidar com esse novo perfil é tão grande que é o tema do Congresso Anual de Gestão de Pessoas (Conarh) deste ano, que será realizado em agosto. "Os profissionais, em especial os jovens, guiam suas carreiras por suas causas e valores", diz Leyla Nascimento, presidente da ABRH, que organiza o evento. "Se percebem que seu empregador não compra a sua causa, ele simplesmente vai embora." Outra insatisfação grande, segundo ela é não ser reconhecido, cobrado e valorizado, o que exige melhorias na comunicação e na forma como as lideranças atuam. Até mesmo o uso das redes sociais é visto como uma questão estratégica. "É uma realidade e não pode mais ser ignorada."


Nas empresas de médio porte, em especial as de tecnologia, esse novo profissional já encontra território acolhedor. Na Conectt, os 150 funcionários têm a liberdade de propor ideias a qualquer momento. São eles que decidem também os programas de bem-estar, além de desfrutar de horários maleáveis. Alguns designers nunca pisaram na sede da empresa, em São Paulo, e trabalham remotamente de diferentes pontos do Brasil. No ano passado, um programador recém-contratado avisou que sairia em seguida para passar uma temporada na Austrália. Foi incentivado e lhe asseguraram que teria sua vaga na volta. Segundo o sócio-diretor Pedro Waengertner, o importante é a equipe entregar o trabalho, independentemente da quantidade diária de horas trabalhadas, e ela se sentir parte fundamental do processo. "O funcionário é um ativo valioso e, para reter os melhores, é preciso ter flexibilidade", diz ele.


Nesse cenário de mudanças aceleradas, a legislação trabalhista brasileira é um entrave. Criada em 1943 por Getúlio Vargas e alterada em poucos detalhes ao longo das últimas décadas, a essência da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) corresponde a um Brasil que já não existe. A rigidez da CLT, que impede, por exemplo, a opção de meio período para várias profissões, é o ponto mais criticado pelos especialistas. Um estudo realizado no ano passado pelo IZA, de Werner Eichhorst, em parceria com a USP, faz um comparativo entre os dois países e mostra que a possibilidade de os funcionários alemães negociarem seus salários diretamente com os empregadores, sem sindicatos nem governo no meio, ajudou a salvar 350 mil postos durante a crise de 2008. No Brasil, a pesquisa aponta a cultura de desconfiança entre as partes como fruto de uma lei extremamente paternalista. Resultado: dois milhões de casos julgados na Justiça do Trabalho a cada ano.


Apesar do embaraço legal, o mercado trata de pressionar, na prática, por mudanças. "Os empregadores vão achando as brechas até alguém ter a coragem de mudar", acredita a professora Adriana, da ESPM. O governo Dilma acena com transformações. Irá propor ao Congresso duas novas formas de contratação, a eventual e a por hora trabalhada. As alterações podem dar mais dinamismo ao mercado e permitir que quem dá expediente dois dias na semana ou três horas por dia seja integrado formalmente à força produtiva do País. Se a proposta for adiante, estará em maior sintonia com a realidade atual.


Afinal, a revolução no mundo do trabalho já começou.

(assino embaixo!!)