A V I S O


I am a Freemason and a member of both the regular, recognized ARLS Presidente Roosevelt 75 (São João da Boa Vista, SP) and the GLESP Grande Loja do Estado de São Paulo, Brazil. However, unless otherwise attributed, the opinions expressed in this blog are my own, or of others expressing theirs by posting comments. I do not in any way represent the official positions of my lodge or Grand Lodge, any associated organization of which I may or may not be a member, or the fraternity of Freemasonry as a whole.

domingo, 30 de janeiro de 2022

Chuva, Sars-Cov-2 e visita a meus pais em Campinas (#400 a. postagem...)

Foto obtida agora de
https://www.climatempo.com.br/noticia/2021/11/09/brasil-com-chuva-volumosa-e-temperaturas-amenas-nesta-semana-2753

1. Dou pequena pausa nas postagens sobre ética da virtude; temos que variar um pouco senão "cansa", como se diz. Ia agora cedo fazer bike ergométrica mas a chuva incessante acautela-me a não descer desprotegidas escadas, que justamente dão acesso ao ambiente onde fica (numa das garagens) meu recurso esportivo. Assim, com o gostoso barulhinho das águas caindo no telhado aqui do escritório de cima (meu Consultório), animei-me a deitar pensamentos aqui no blog. Coloco smooth jazz na caixa de som e lá vamos nós...

Uma curiosa intelecção que obtive recentemente é que, em fase de cicatrização da extensa cirurgia a que me submeti (artroplastia com enxerto ósseo), flagrei-me com receio de dar correto passo com a perna 'biônica', como se ainda tivesse a dor da artrose - parece que fiquei condicionado com o desconforto irritante que de lá se originava, a cada passada, ainda que com a ajuda de bengalas.  Como bom Psicólogo, já estou trabalhando para desfazer este liame atroz, e tenho observado como a mente é fantástica... De uma hora para outra já enfrento a tarefa de caminhar sem (meio que inconscientemente) coxear, manquitolar! Nesta semana inicio firme a Fisioterapia e o Pilates e creio que em duas semanas poderei com segurança fazer mais e mais tarefas.

2. À noite, num dos sonhos que me recordo, alguém me pergunta algo sobre as pós-graduações que fiz e achei estranho conseguir lembrar-me, ali nos braços de Morpheu, de somente três (das 6 pós Lato Sensu que fiz), além das duas Strictu Sensu - Mestrado e Doutorado. Na hora amaldiçoei novamente o possível efeito correlato da infecção pelo Sars-Cov-2 que precisamente há um ano tive: a recuperação, a reminiscência que recorrentemente nos falha para as coisas mais firmadas que temos na memória. Nunca tive boa Memória mesmo (por causa do sono ruim), mas agora com a idade e o Covid-19, agravou de vez.  Que horror! Combato incessantemente esta limitação, daninha e frustrante ao extremo. Começa-se a pensar que estamos em processo de apatetar-se, credo.

3. Quanta chuva tem caído estes dias... O verde dos campos, o desenvolvimento das plantas - minhas queridas árvores que plantei nas calçadas aqui ao lado estão dando sombra maravilhosa no calor - são espetáculos divinais, prodigiosos. Lembro-me das viagens que fiz ao estado norte-americano de Utah, onde à época moravam meus filhos, e de sua paisagem amarronzada pelo clima desértico, muito diverso de nossa fartura aqui. O lado ruim de tanta chuva é que por vezes seu excesso e má distribuição acarretam deslizamentos, enchentes, destelhamentos e outras tristezas (como ocorre todo ano), sem que as autoridades deem conta de resolver os percalços do já sofrido povo.

4. Ontem fomos, Ruth e eu, de carro de praça visitar meu pais em Campinas - há quase três meses não os visitava. Como minha mãe deixou (depois de 20 dias) o Hospital, corri lá para cumprir a obrigação filial. Felizmente estão bem, na medida do possível apesar da idade avançada - ela com 92 e ele com 94 anos, benza Deus! Minha mãe não tem se alimentado bem por causa dos tratamentos e remédios, mas levei daqui de São João da Boa Vista curau e pamonha, e ela adora estes quitutes; então, alimentou-se melhor no almoço, com a graça de Deus. Daqui a três semanas voltaremos lá no acolhedor bairro do Cambuí onde eles moram e, se o Pai Celestial permitir já, recuperado, dirigindo meu carro com segurança.

5. Que coisa, as notícias que lemos sobre a nova onda de contaminação deste Covid-19, agora com a majoritária variedade Ômicron. Eu examino detalhadamente, todos os dias, bons veículos de comunicação e começo a ver ali e acolá previsões mais positivas quanto ao curso desta malfadada pandemia. Em que pese o negacionismo inclemente que assola parte da Humanidade (e pior, certas 'autoridades'), propagandeando inverdades sobre vacinas, muitos cidadãos estão se vacinando, inclusive suas crianças. Seria cômico se não fosse trágico o desfile de sandices que alguns postulam, como chips embutidos em fármacos e outras birutices equivalentes. Que os céus nos protejam de tanta ignorância!

segunda-feira, 24 de janeiro de 2022

Recuperação de cirurgia e a Prudência.


1. Ontem (23/01/2022) fez dois meses que realizei a artroplastia com enxerto ósseo. Vi hoje o Raio-X da minha pelve, que foi solicitado pelo médico e, arrepios à parte, ficou serviço bem-feito, bacana mesmo... (parece, acoplado numa pequena concavidade parafusada na bacia, um punhal fincado no meio do osso da perna, mui estranho).  Estou me sentindo muito bem fisicamente, a ponto de estranhar ficar em pé e não sentir nenhum tipo de dor (o que foi a minha característica diária desde 3 anos atrás, até novembro do ano passado).  Amanhã irei à consulta com o ortopedista que realizou a cirurgia para verificar o estado geral da nova instalação e orientar a Fisioterapia massiva que terei de perpetrar doravante. Que maravilha as conquistas das Ciências, em particular a da Medicina! Quem imaginaria; outro dia ouvi que instalaram num cidadão um coração de porco modificado geneticamente. No futuro seremos realmente biônicos. É só dar um problema em algum órgão que poderemos ir ao médico fazer a troca. Talvez a coisa perca um tanto da graça, sei lá... Não estarei aqui para ver este tipo de procedimento banalizar-se, graças a Deus.

2. Hoje refletiremos brevemente sobre a Prudência. Segundo os dicionários, significa a  virtude que faz prever e evitar as inconveniências e os perigos;  seria a cautela, precaução. Por extensão, podemos assim considerar as condutas que revelam calma, ponderação, sensatez, paciência ao tratar de assunto delicado ou difícil. A Prudência é uma das quatro virtudes cardeais da Antiguidade e da Idade Média. Uma pessoa agindo como um ser prudente pensa (imagina, prevê) em bem responder tanto por suas intenções como pelas (possíveis) consequências do seu agir. 

Hoje em dia, ao se observar as condutas das muitas criaturas ditas racionais, parece a Prudência uma virtude démodé, desaparecida do vocabulário de pessoas de bem. Pois o bom-senso, a disposição que permitiria considerar, julgar sobre o que é bom ou mau para os homens parece 'sumida'. E  olhe que René Descartes disse no seu maravilhoso 'Discurso (sobre/d)o Método', de 1637, que o bom-senso seria a coisa mais abundante no universo, pois todos os homens julgam-se possuidores da mesma... Ledo engano, ainda que o notável Filósofo tenha usado de perspicaz ironia em sua argumentação. 

Santo Tomás de Aquino argumentou que, das quatro virtudes cardeais, a Prudência deveria reger as outras três pois, sem ela, a Temperança, a Coragem e a Justiça não saberiam o que (nem como) deveriam fazer. Sabedoria sem Prudência não seria efetiva Sabedoria... Epicuro, meu pensador favorito, ensina que da Prudência surgem todas as demais, pois esta escolhe, pelo exame das vantagens e desvantagens, os desejos que convém satisfazer bem como os meios para satisfaze-los. A Prudência faz distinguir o impulso (por vezes prejudicial) da ação eficaz e eficiente (veja com um bom Administrador de Empresas a diferença destes dois últimos termos). 

Assim, a própria Moral deve ser modulada, ponderada pela Prudência. Quanto mal já se realizou meramente por desejar-se seguir obstinadamente uma religião, uma regra ou algum ditame decretado. Quantos crimes se cometeram em defesa da virtude... Quantos assassinatos em nome do 'verdadeiro', 'justo' e 'correto'... Quantos preconceitos considerados justificados por razões espúrias!

quarta-feira, 19 de janeiro de 2022

Ética da Virtude: a Fidelidade.

Escrevo novamente sobre a Ética da Virtude, abordando um tópico específico  para aprofundar. Seria interessante ao leitor averiguar a minha postagem anterior a esta e minha outra postagem que se pode ler através deste link: https://reflexoesparsas.blogspot.com/2009/01/#3785834747266441385 para contextualizar o assunto de modo mais aprofundado. 

Hoje abordarei algumas nuances acerca da fidelidade. Este termo é derivado do latim fidelis, expressando atitude de quem é fiel, característica da constância do ente aos compromissos assumidos com outrem ou, complementarmente, aquela característica de quem demonstra zelo, respeito e lealdade, esta entendida como compromisso (quem está familiarizado com meus escritos sabe que, para mim, a tríade zelo-comprometimento-respeito é a essência ou substância do amor). Assim, a fidelidade faz parte intrínseca do amor. Quem verdadeiramente ama é fiel, é confiável, é honesto, é verdadeiro.

Um aspecto do ser fiel é a necessidade de primeiro ser fiel a si mesmo, a fidelidade de si para consigo, pois esta primeira fidelidade ao que somos, nossos valores etc. fundamenta nossos (exigentes, imprescritíveis) deveres, nossos compromissos. A pessoa deve cultivar-se, "conhecer-se" bem, para bem expressar fidelidade. Pois um aspecto que embasa o ser fiel é a fidelidade ao nosso bem-pensar, às nossas preciosas cogitações. Cultivar precisamente aqui o rigor, a correção, e esforçar-se para rememorar as boas ideias e intelecções que cultivamos, que experienciamos em nossa vida, querer conserva-las vivas, vibrantes, significativas. É assim antídoto a fanatismos, a dogmatismos, pois não tememos mudar de ideia, mas muda-la para melhor, como os fatos determinam, e não as preferências ou inclinações da moda ou do grupelho que possamos momentaneamente pertencer. Resumindo - fidelidade à verdade, e fidelidade à verdade lembrada (a verdade res-guardada, memorizada).

Exibe fidelidade quem cultiva em seu espírito a boa memória (porque a matéria não tem "memória", tem o seu ordenamento físico-eletro-químico), lembrando-se em seu pensar, daquilo que quer rememorar. Podemos decidir as coisas ou criar/inovar porque reunimos novamente coisas úteis, verdadeiras, previamente alocadas lá na mente. A verdade nos interpela!

Rememora bem quem cultiva pelo apropriado razonar o que experimenta, aquilo que ao final do processo "arquiva" na mente. O conhecimento é preciosa riqueza, que se deteriora se não polida, aperfeiçoada, questionada, trabalhada diuturnamente frente às novas experienciações que o viver (com sentido, com significado) propicia.

(Vemos aqui como a Educação é - também - importante no vivenciar humano com sentido e proveitoso resultado: não se pode bem viver se não se cultiva o viver bem, instruído pela Razão, algo que exige refinamento, esforço, instrução, reflexão)

Podemos intuir disto tudo o perigo da infidelidade que ronda perigosamente em torno de cada um de nós, o que vai exigir constante vigilância e discernimento aprimorado para evitar a (auto-)traição, que parece residir junto com a fidelidade. Mas no fundo é ilusão que nossa mente faz, como aquele que caçoa de si mesmo. Fidelidade fundamenta a racionalidade. Quem trai a si mesmo não se ama, e quem não tem amor-próprio não 'ama' nada bem e, pior, não pode exigir amor de ninguém...

Devemos ser fiéis à fidelidade.