gravura obtida agora de
http://fernandogomespr.blogspot.com.br/2010/04/como-cultivar-relacionamentos-saudaveis.html
Tenho muitos alunos e alunas. Alguns vem e vão. Poucos permanecem. Pouquíssimas vezes vemos iniciativas de com-vivências que marcam pela sinceridade. Recebo e-mails e comunicados de alunos, a maior parte para procedimentos acadêmicos, 'administrativos', ou de esclarecimentos sobre disciplina.
Uma das novas alunas, Ana Paula, mandou-me este seu texto:
Milésimo de segundo
'Como se toda a tristeza e a dúvida do mundo chegassem em um segundo. De felicidade plena tudo se transforma em incerteza, medo.
Todos os seus sonhos parecem impossíveis e tudo o que você mais quer é algo (ou alguém) que conforte o seu coração de uma forma rápida. Como um milésimo de segundo.
Todas as palavras e explicações são vazias, o que mais importa nesse momento é o final disso tudo.
A incerteza dói, e dói muito mais na solidão. Solidão entre muitos. Solidão na multidão.
Confortos falsos não importam mais. Que caiam as máscaras e se feche a cortina desse espetáculo da vida real!
O único espectador é você. O único ator principal é você. O mundo gira. Tudo passa, porém um instante parece ser infinito aos olhos do sofredor.
Drama, comédia, tragédia. Tudo se mistura em pouco tempo.
Em um dia, uma comédia de erros, fatos do cotidiano, nada muda.
No outro, uma tragédia grega, e tudo parece desmoronar.
Ao invés de um consolo, me consolo com o silêncio. Sei que os segundos e as horas vão passar, tudo vai se acertar. O destino é sábio, cria situações, sabe o fardo, o sofrimento, mas logo depois de tanta tristeza e incerteza a alegria impera.
Alguns segundos de tristeza são necessários para construir o resto de uma vida de alegrias.'
Pergunta se acho dramático ou melancólico... nem um nem outro, é dela, um texto denso, vivencial, carregado de pessoalidade. Fala de solidão, tristeza, sonhos, incertezas, medos e felicidade. Mas o que chama a atenção é que ela remete tudo isso à responsabilidade da pessoa em viver estes achados, estas vivências, e a paradoxal transitoriedade de tudo isso ... Acho que ela será uma humanista-existencial, como eu.
Vou lhe remeter alguns textos, sei que ela vai gostar muito...