A V I S O


I am a Freemason and a member of both the regular, recognized ARLS Presidente Roosevelt 75 (São João da Boa Vista, SP) and the GLESP Grande Loja do Estado de São Paulo, Brazil. However, unless otherwise attributed, the opinions expressed in this blog are my own, or of others expressing theirs by posting comments. I do not in any way represent the official positions of my lodge or Grand Lodge, any associated organization of which I may or may not be a member, or the fraternity of Freemasonry as a whole.

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quarta-feira, 6 de abril de 2022

A virtude da coragem.


 Obtido de https://www.rhportal.com.br/artigos-rh/coragem-e-base-para-o-sucesso/


Escrevo novamente sobre a Ética da Virtude, abordando um outro tópico específico  para aprofundar. Seria interessante ao leitor averiguar as minhas outras postagens sobre Ética, em especial a minha anterior publicação que se pode ler através deste link: https://reflexoesparsas.blogspot.com/2009/01/#3785834747266441385 ,  para contextualizar o assunto. (copie-o, cole e dê-lhe enter em outra aba do seu navegador)

Hoje diremos algo sobre coragem, talvez a virtude que suscite mais admiração nas pessoas (sendo seu oposto, a covardia, uma das mais execradas...) - pois quantos heróis a Humanidade cultiva, em todo tempo e lugar! Observamos coragem quando vemos alguém determinado a auferir metas importantes (por vezes percebidas como incertas, duvidosas mas valiosas) frente a situações (internas ou externas) adversas. Como sempre, gosto de averiguar como os dicionários definem o termo. Precisamos sempre ter esta preocupação 'linguística' pois, como alertou importante filósofo, os maiores de nossos problemas no fundo são problemas de linguagem, do linguajar. Quando definimos bem os termos que usamos, afastamos muitas de nossas dificuldades, principalmente as da (apropriada e necessária) compreensão...

Coragem seria demonstrar índole resoluta frente a riscos ou perigos: algo como a intrepidez, a bravura, mesmo certa firmeza de espírito para lidar com situações extremas, difíceis. Um complicador para uma análise positiva desta virtude é o fato dela servir para tudo, para o bem e para o mal. Dificilmente alguém consideraria meritório a maldade ou o fanatismo, ainda que corajosas. Então parece que, para ser estimada, levada a sério e louvada, a coragem tem que ter uma faceta moral positiva: se a pessoa faz algo corajosamente, mas pelos motivos julgados errados ou reprováveis, de nada adiantou ser corajoso. Se sou corajoso visando o bem de outro(s), e não agindo egoisticamente, minha coragem ao que parece é, em princípio, valorosa, virtuosa. Exemplo: é preciso ter coragem para assaltar um banco, mas ninguém em sã consciência apreciaria este tipo (imoral) de coragem, próprio dos valentões...

Temos certa dificuldade em conceber ou imaginar a intencionalidade de uma pessoa que tem coragem. Os estudiosos no assunto identificam a bravura 'tipo' física, como os policiais, bombeiros ou soldados realizam. Outro 'tipo' (coloco aspas simples pois, em geral, esta maneira de dar classificação a partir de tipos pode ser enganosa, visto suas fronteiras serem por vezes sorrateiras, ilusórias como um eflúvio, e também poderem ser combinadas, amalgamadas) seria a bravura psicológica, quando a pessoa enfrenta, p. ex., aspectos dolorosos de si mesmo (como numa provação grave, tal como uma doença). Outro  'tipo' seria a bravura moral, como no caso de alguém manter determinada postura intelectual ou emocional impopular, difícil ou ameaçadora. Somos muito sensíveis ao desprezo do outro!

Alguns autores colocam a presença concomitante do medo como um diferenciador dos tipos possíveis de coragem ou assemelhados. Consideram que destemor (p. ex., do imprevidente), ousadia (p. ex., do apaixonado) ou arrojo seriam diferentes de bravura, pois enfrentar o perigo, apesar do medo, isto sim seria bravura, coragem. O valente supera os instintos naturais do medo, enfrentando resolutamente o amplo entorno assustador ou mesmo altamente, como se diz, complicado.

Outro elemento possível na equação da bravura seria a perseverança, que identificamos naquelas pessoas que trabalham duro, focadas em atingir metas, apesar dos obstáculos, ainda que haja o perigo de serem considerados perfeccionistas. Outros autores (sob o contexto da moral) ainda identificam características constitutivas de autenticidade ou integridade num verdadeiro corajoso, e até também o entusiasmo...

Outro aspecto misterioso é que, como toda virtude, a coragem só existe aqui e agora, no presente. Posso ter sido corajoso anteriormente, mas ser covarde agora; nem posso prometer ser corajoso no futuro... (posso lá não vir a se-lo). A coragem é ato oriundo da intenção e decisão do (preciso) instante contextualizado - uma instância determinada que me interpela.

Vejam quantas dimensões - e existem outras - podemos identificar para realizar a compreensão do vem a ser a natureza da verdadeira virtude da coragem. Parece certo que esclarecer situacionalmente os seus termos (os conceitos) seja uma atitude profilática (e propedêutica) no sentido de evitar julgar/entender estas multiformes condutas pelos meios errados!


quinta-feira, 30 de dezembro de 2021

Ética da Virtude (de novo...); a polidez.

As quatro virtudes cardeais
( obtido de https://www.freemason.pt/vicios-e-virtudes-na-visao-maconica/ )

[ pedi à Alexa da Amazon tocar  James Taylor, como fundo musical... ]


A virtude, como explicou Aristóteles, é uma maneira de ser, mas no caso humano principalmente, como coisa adquirida e duradoura - é o que somos porque assim nos tornamos. A  virtude, como ensina o filósofo André Comte-Sponville, ocorre na intersecção da hominização (processo e fato biológico) com a humanização - uma exigência da Cultura, resultando em nossa capacidade de agir bem. Muitos filósofos se debruçaram sobre esta temática, como Montaigne, Spinoza, Confúcio, Rousseau... Aprendemos que por virtude devemos entender um esforço para se portar apropriadamente, de acordo, concorde com o Bem. A virtude, ou melhor, as virtudes, são os nossos valores morais vivenciados, atuados

Foi-me agradável surpresa constatar que minha centenária confraria dispôs-se a considerar, desde sua consolidação, a Ética como a chave para alcançar a excelência social (via as próprias conquistas individuais). Virtude seria uma qualidade pessoal que se conforma com o considerado reto, correto e desejável. Creio que uma das características que identificam o verdadeiro obreiro da Arte Real é o polimento de caráter que se expressa via virtudes, como por exemplo na dignidade nas atitudes finas, gentis, próprias de um gentleman, um cavalheiro que todos apreciam estar junto, um parâmetro escrupuloso de civilidade. Vou dedicar algumas publicações aqui neste blog expondo minhas reflexões que, espero, possam ajudar na intelecção de algum(a) interessado(a) neste tema de virtudes como expressão ética.

Como primeiro aspecto de virtude a ponderar, proponho a polidez. É um modo de agir que noto de certo modo escasso hoje em dia.  Nestes tempos turbulentos, chega a ser encarada como virtude ser polido, ter modos, etiqueta, urbanidade, um ser quase circunspecto. Alguns nem consideram polidez uma virtude, pois é pejada de formalidade, de aparato. Um fascista polido não altera a exclusão inerente do Fascismo que representa. Mas com tanta cizânia, intolerância, radicalismo, terraplanismo e outros 'ismos' hoje em dia, ser polido torna-se qualidade necessária à boa e saudável con-vivência. Mas, apesar de ser qualidade, vemos que pouco valor tem isoladamente. Um canalha polido é-nos ainda mais revoltante, pois traduz-se numa  contradição em termos

Mas ser polido parece ser  primeiro requisito que identifica certa preocupação, consideração de alguém para com o outro. Parece constituir-se no primeiro degrau rumo à moralidade. Como nenhuma virtude é natural, a pessoa deve tornar-se virtuosa. Vejo um aspecto de aprendizado (propedêutico) comportar-se com polidez como veículo, recurso para aquilatar-se melhores condutas. Não necessariamente alguém está respeitando um semelhante quando usa "por favor" ou "desculpe",  mas a talvez simulação de respeitabilidade pode tornar-se, por vários fatores, um hábito 'honesto', autêntico no futuro... Por isso insistimos com as crianças para comportarem-se polidamente, ainda que elas (com habitual relutância) não façam ideia por um bom tempo do valor de assim agirem com os demais.

Assim, como ninguém nasce com virtudes, a partir de doses 'homeopáticas' de seus (diversos) elementos podemos 'costurar' numa pessoa, pouco a pouco, as bases para que ela possa cultivar per se outros modos de ser mais complexos, que poderemos ao fim e ao cabo identificar como 'virtude'. Aristóteles já antigamente ensinou que "é praticando ações justas que nos tornamos justos". Definir/ensinar (a cada vez) para um vivente o que seria 'justo' envolve miríades de situações, exemplos, condutas e intencionalidades que, ao longo do tempo, poderão formar na mente de alguém um parâmetro estável para decidir-se agir com Justiça no seu fazer e (co)relacionar-se.

Por isso a importância da Família, onde lá, com paciência bem-humorada, começam (ou deveriam começar) os petizes a vivenciar o respeito dos usos e das boas maneiras...