Resumo
Este artigo discute a natureza do fenômeno do Auto-engano e os diversos campos onde se manifesta. Aponta-se que os aspectos cognitivos, conativos, afetivos, intencionais, conscientes, inconscientes e volitivos podem tomar parte no entendimento do fenômeno.
O Homem sempre enfrentou a situação onde a falsidade, a mentira, o logro pode tomar parte, e envida diuturnamente esforços tanto para empregar com certa segurança estas estratégias contra terceiros, quanto para identificar as que os mesmos utilizam contra ele. Apesar de certos agentes políticos serem, ao que parece, atualmente, os mais notórios usuários deste tipo de 'jogo' (v., p. ex. BONASSI, 2007, p. E-6), um tipo especial de logro muito investigado atualmente consiste na situação onde existe identidade entre o agente que logra e o agente que sofre a ação de engano, denominado 'Auto-engano' (doravante grafado 'AE'). Este artigo pretende discutir algumas nuanças que envolvem a correta identificação do fenômeno, como parte de uma investigação psicológica sobre a violência interpessoal posto que, entre outros, conforme Rosenfield (2007, p. A-2), “a mentira é um meio de provocar a violência (...)”. (Para uma sucinta explanação dos principais aspectos psicológicos da natureza do fenômeno do AE, v. SHAPIRO, 1996).
O problema do AE, à semelhança do problema mente-corpo, tem intrigado os estudiosos, desde tempos imemoriais - inclusive nas Escrituras cristãs encontra-se menção de tal fenômeno, como em Gálatas 6:3. Na literatura sobre o tema tem-se definido o termo como o ato de enganar-se a si mesmo ou como o estado de estar enganado por si mesmo. Não há consenso entre os especialistas sobre o fato de que aquele que se auto-engana estar ou não consciente de tal ato. Em que sentidos casos de auto-engano seriam distintos de hipnotismo, 'lavagem cerebral', 'pensamento positivo', 'cegueira intelectual', raciocínio ou pensamento tendencioso (enviesado), juízo distorcido ou outras formas de irracionalidade? No entanto, a considerar-se que o AE envolve logro intencional, a definição irá direcionar ao questionamento adicional sobre como alguém pode, ao mesmo tempo, pretender iludir-se e ter sucesso em tal empreitada. (MARTIN, 1986; MELE, 1987).
A definição usual de AE ( como p. ex., “The act of deceiving oneself or the state of being deceived by oneself ”, HONDERICH, 1995, p. 818) encontrada em diversos textos é, aparentemente, circular. Observa-se grande variabilidade de interpretações entre diversos autores sobre o que seria AE, como por exemplo, em Platão (Crátilo), em Sartre (L’Être et le néant) e em Kierkegaard (Enten-Eller), para citar os mais conhecidos. Será que estes autores se referem ao mesmo fenômeno? Ou são diferentes fenômenos sob a mesma nomenclatura, o que leva a considerações sobre diferentes usos do termo? AE parece facilmente ser algo paradoxal. Como pode o enganador-que-conhece ser ao mesmo tempo o enganado-que-desconhece? Como pode alguém, intencionalmente, sabendo, não saber? Se isto ocorre, o processo requer um monitoramento seletivo de si mesmo e esta seletividade implica, de um lado, saber o que deve ser sabido e ao mesmo tempo ser capaz de não sabe-lo (SHAPIRO, 1996).
Por outro prisma, em que difere essencialmente mentir para si da mentira para os outros? Para ilustrar com um aspecto do cotidiano de todos, o fenômeno da protelação de tarefas, pode ser um exemplo de AE? (ver, p. ex., MELLO, L. E. de A. M. ‘Amanhã eu faço’ – Estudos relacionam a protelação de tarefas à ansiedade e à depressão. FOLHA DE SÃO PAULO, 03 de Janeiro de 1999, Caderno mais!/Ciência, p. 5-13.; MICHELOOTTI, G. Empurrando com a barriga. FOLHA DE SÃO PAULO, 17 de Janeiro de 1999. Cad. Campinas/Revista, p.3-17) Parece não haver unanimidade sobre o entendimento da natureza do AE (SVECE, 1996), tornando trabalhoso o estudo do fenômeno. Muitos aspectos podem estar envolvido na determinação do fenômeno. Por exemplo, PALUSH (1967, p. 276) diz que uma pessoa X está auto-enganada quando:
(1) X crê p e p é falso. (2) X sabe a evidência relevante contra a verdade de p. (3) X tem algum motivo para descartar a evidência. (4) Se o motivo foi insuficiente ou deficiente, X veria que p é falso e a sua negação verdadeira. (5) se o motivo fosse tornado claro a X ele veria que isso não proveria razões legítimas para a sua crença. (6) X é livre para discernir a capacidade do seu motivo.
[(1) X believes p and p is false. (2) X knows the evidence which counts against the thruth of p. (3) X has some motives for discounting the evidence. (4) If the motive were lacking X would see that p is false and its negation true. (5) If the motive were made clear to X he would see that it provided no legitimate grounds for his belief. (6) X is free to discern the character of his motive]
Nesta linha de pensamento, FOSS (1980, p. 241) declara que ‘Jones deceives himself that p just in case (i) Jones brings it about that Jones believes that p, and (ii) Jones knows that not-p’. Para SIEGLER (1962, p. 473) se White diz a Brown que Brown está enganando a si mesmo, White está dizendo a Brown que este tem uma crença errônea, e aquele está afirmando que é irracional para Brown ter tal crença. Por outro lado, Herbert FINGARETTE (1969, p. 81) aduz que o auto-enganador é aquele que de certa maneira está comprometido no mundo mas recusa o próprio comprometimento, não o reconhecendo a si mesmo como seu [‘the self-deceiver is one who is in some way engaged in the world but who disavows the engagement, who will not acknowledge it even to himself as his']. Enquanto os dois primeiros autores descrevem o fenômeno empregando explicitamente o conceito de crença, este ultimo parece fundamentar o AE em aspectos emocionais.
Adicionando algumas dimensões não presentes nas formulações anteriores, AUDI (1985) estabelece que:
Uma pessoa, S, está em um estado de auto-engano com relação a uma proposição, p, se e somente se: (1) S inconscientemente sabe que não-p (ou tem razão para crer, e inconsciente e verdadeiramente crê que não-p); (2) S sinceramente admite ou está disposto a admitir sinceramente, que p; e (3) S tem ao menos uma carência que explicita, em parte, tanto porque a crença em não-p de S seja inconsciente e porque S está inclinado a admitir que p, mesmo quando reconhece, constata evidência contra p.
Aqui temos intencionalidades ('sinceramente admite'), crenças 'inconscientes', 'carências' e 'inclinações' tomando parte na explanação do fenômeno, o que faz acreditar que o acontecimento possui muitas dimensões que, em princípio, desafiam qualquer proposta simplista de definição. Até ocorrências como 'esquecimento', colocado de modo vago ('certas circunstãncias'), como em CANFIELD & GUSTAVSON (1962, p. 34-35) é proposto: “tudo o que ocorre no auto-engano (...) é que a pessoa crê ou esquece algo em certas circunstâncias [all that happens in self-deception (...) is that the person believes or forgets something in certain circumstances]”, e as circunstâncias constituiriam a falta de garantia para a crença envolvida.
Esta lista pode ser consideravelmente ampliada, com variações mais ou menos ampla nos níveis descritivos envolvidos. Em resumo, analisando algumas das formulações citadas, podemos ver que Fingarette pensa AE como compreendendo engajamento no mundo, enquanto que muitos dos citados consideram o fulcro do fenômeno repousando na crença numa proposição p, concomitantemente com a crença na proposição não-p. Foss indica que AE requer duas crenças contraditórias (e parece sugerir também que Jones intencionalmente engana a si mesmo), enquanto que Audi, Canfield & Gustavson, Siegler e Palush descrevem AE consistindo na presença de uma crença sem sustentação, sem garantia, em outras palavras, sem evidência. De modo diferenciado dos demais estudiosos considerados brevemente aqui, Audi considera que AE requer conhecimento inconsciente, o quanto paradoxal possa isto parecer.
Assim, mediante o exame desta literatura, observamos que o tema do AE possui muitas interfaces como p. ex., (a) estados cognitivos; (b) estados conativos; (c) estados afetivos; (d) intencionalidade; (e) estados da consciência; (f) determinismo e liberdade; (g) estados volitivos, que direcionam o estudo para possibilidades de contribuição, além da Psicologia, também para a Filosofia da Mente e para a Filosofia da Ação. De igual modo, no âmbito da Filosofia Moral, o tema do AE também exibe considerável questionamento.
O estudo do AE e da conduta mentirosa apresenta relevância tanto teórica, auxiliando a clarificação do uso comum do conceito, como prática, conforme tem sido proposto p.ex., por alguns setores da área da saúde ensejando que auto-afirmações de cunho duvidoso podem atuar como coadjuvantes em determinadas terapias de cunho psicológico (McGARRY-PETERS, 1990; RUDDICK, 1999), o quanto isto possa ser eticamente questionado.
Ultimamente tem-se observado grande interesse sobre o estudo do engano de si e dos outros, dissimulação e esquivas, com discussões e pesquisas patrocinadas nos mais diversos campos de investigação. Nas Ciências Jurídicas, cremos que o entendimento dos motivos que levam as pessoas a cometer certos atos envolvendo mentira e engano deliberado pode colaborar na aplicação adequada da Justiça, posto que podem levar a situações de abuso e violência. Neste âmbito, muitas questões do Direito Civil (principalmente) ligados ao AE tem sido objeto de discussão como, p. ex., nas acusações de abuso sexual infantil (KOCOURKOVA & MALA, 1996) e falsas acusações de estupro (BIEDER & MAES-BIEDER, 1995; FELDMAN et al, 1994; KANIN, 1994). No Direito Penal, faceando a Psicologia Forense e Judiciária, muitas questões sofrem semelhante escrutínio, como na situação de interrogatório onde se originam falsas confissões (GUDJONSSON, 1990, 1992;).
No campo da Psicologia, a discussão de muitos aspectos do AE e suas interfaces tem sido propostos. Dentre elas podemos citar o uso de instrumentos psicológicos de avaliação da personalidade na identificação de dissimulação de abuso de substâncias (FALS-STEWART & LUCENTE, 1997) e de jogadores compulsivos (JOHNSON et al, 1997), no uso de referenciais psicofísicos na identificação da mentira (VINCENT & FUREDY, 1992), na Psicologia da adoção, sobre crianças e adolescentes que sofreram abusos ou injúrias (WILKINSON & HOUGH, 1996; GLASPER & POWELL, 1996; RICCI, 1995; RIESER, 1991), na pesquisa sobre hipnotismo (KINUNNEN et al, 1994) e assertividade (KERN, 1994).
Um dos tópicos mais desafiadores (e que interessa de perto ao Psicólogo) seria a ocorrência do engano em situação de psicoterapia ou consulta, nos mais variados temas (BILLIG, 1991; SMITH, 1991; HENDRICKS, 1990; O’SHAUGHNESSY, 1990). O estudo do AE aqui pode ser associado a certos aspectos do comportamento lingüístico, favorecendo novos insights (SIEGRIST, 1995). Uma lacuna que observamos no exame da literatura é a inexistência de instrumentos que possam auxiliar ao Psicólogo a inventariar de modo rápido e confiável a extensão da posse de idéias inapropriadas/irracionais e relacionados ao nível de ansiedade por parte do cliente, e que favoreceriam a ocorrência de engano, auto-engano e dissimulação na situação de consulta.
No que tange às implicações sociais da circunstância do fenômeno do AE, averigua-se que o mesmo, mediante sutis variações, parece estar disseminado, como vimos, por todo espectro do relacionamento humano. Muitas dimensões da mentira, do engano e do auto-engano são objeto de pesquisa, como lograr nos relacionamentos interpessoais casuais e íntimos (DE PAULO & KASHY, 1998), inclusive com subdimensões quanto à opção sexual das pessoas (BURDON, 1996), no ambiente de trabalho (MILLER, RESICK & RICHMOND, 1997), e no ambiente da promoção da saúde física (HUDSON, 1996; HADJISTAVROPOULOS et al, 1996; SOBEL, 1996). Encontramos igualmente interessantes discussões sobre o fenômeno do AE em estudos no tratamento de usuários de tabaco (WOODWARD & TUNSTALL-PEDOE, 1992), na formação de estudantes de medicina (THOMPSON, 1995; WATTS, 1995) e na prática da enfermagem (TUCKETT, 1998; TAMMELLEO, 1997). Mesmo na área de negócios, certas descrições remetem ao tema do AE (GARCIA, 1998).
Com o acelerado desenvolvimento da tecnologia da comunicação, a velocidade e a magnitude das influências interpessoais ficam, ao que parece, mais e mais pronunciadas. Em igual extensão podemos esperar que os problemas nesta área do engano e auto-engano possam afetar maior número de indivíduos, em especial àqueles que não tem oportunidades igualitárias de inserção na Sociedade. Neste sentido, acreditamos que as iniciativas que promovam o esclarecimento das dificuldades humanas em geral (notadamente, nos últimos tempos, problematizados pela questão da violência) e do engano em particular tornam-se cada vez mais missão dos estudiosos e cientistas, em especial àqueles voltados para as Ciências Humanas.
Estas constatações iniciais permitem identificar uma dificuldade importante para a consideração da questão do AE e o prosseguimento de nossa discussão. Perguntamos novamente: estas diferentes interpretações do que constitua AE são diferentes definições para o mesmo fenômeno, ou são descrições de diversos fenômenos sob a mesma nomenclatura, ou ainda, corporificam descrições de diferentes usos do termo Auto-Engano?
Para estabelecer um parâmetro de trabalho dentre as muitas acepções para o fenômeno, iremos atentar em nossas futuras investigações para o termo AE e o significado do mesmo na linguagem ordinária, visto a ocorrência de ‘alguém-enganar-a-si-mesmo’ existir já antes de qualquer estudo teórico sistemático sobre o fenômeno. Este significado pode servir de base para comparação dentre as diferentes interpretações formuladas, averiguando quão coincidentes ou distantes as mesmas se mostram quando comparadas com a noção presente no senso comum do termo. Acreditamos que da análise dos muitos horizontes descritivos poderemos ampliar nossa compreensão sobre o fenômeno, em especial para a determinação e emergência das situações de crise nas populações (pequeno grupo), como p. ex., as de violência interpessoal.
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