A V I S O


I am a Freemason and a member of both the regular, recognized ARLS Presidente Roosevelt 75 (São João da Boa Vista, SP) and the GLESP Grande Loja do Estado de São Paulo, Brazil. However, unless otherwise attributed, the opinions expressed in this blog are my own, or of others expressing theirs by posting comments. I do not in any way represent the official positions of my lodge or Grand Lodge, any associated organization of which I may or may not be a member, or the fraternity of Freemasonry as a whole.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Epicuro

Epicuro (341 - 270 a.C.)


Hoje relembrei uma lição do grande filósofo grego, que há tempos estudei, em minhas investigações sobre a arte do viver. Ele discutiu intensivamente sobre as bases da felicidade humana, e a Psicologia teve/tem muito a aprender com suas intelecções, seguramente. O grande problema do homem, desde sempre (e continua atual...) é que ele teme a morte e a ira divina. Certa vez Epicuro disse algo como "Nunca nos encontraremos com a morte, porque enquanto somos, ela não é, e quando ela passa a ser, nós não somos mais"... Nada mais cristalino, ainda que, bem, não 'explique' muito... Mas assim mesmo são as palavras; já deveríamos todos, principalmente desde Ludwig (Josef Johann) Wittgenstein, 1889-1951, estar convencidos  de suas (palavras) limitações.

Muitas reflexões se pode tirar deste elegante aforismo. A morte não faz parte do que somos aqui-agora, a não ser indiretamente, como ideia, que vislumbramos, imprecisamente, vendo-a, imaginando-a nos outros e nas coisas, pois não se a vivencia essencialmente, mas somente como simulacro (com todas as suas significações). Como quase tudo na vida, é um processo, mas esta tal de morte, quando se nos apresentar taxativa e verazmente, já não 'estaremos' aqui para realizar a compreensão da mesma. A ilusão de a compreendermos é a mesma que a Ciência fornece sobre os outros estados, fatos e/ou acontecimentos - aproximações, abordagens mais ou menos ilusórias, que nos levam a outros incontáveis questionamentos, igualmente com potencial quimérico...

Então, para quê perder tempo com este fato, posto que inexorável, inelutável, mas igualmente (efetiva e praticamente) incognoscível?  A lição que fica é a necessidade de guardar o foço na vida, com todas suas nuances, que é o que (ainda que pauperrimamente) temos... 


Amanhã iremos, Bilú  e eu, para a cidade de Socorro; ela tem lá o tio Zezé (irmão de sua mãe) e esposa, simpatias! De lá vamos a Campinas; dia seguinte, rumamos a Sorocaba; apanhamos Marília no apartamento de Mariana, e voltamos, por dois dias, a Campinas. Volto de lá a São João (via Rio Claro, para poder Lívia rever a irmã depois de muitos anos) para curtir a filhota por alguns dias, antes de a levar - dia 31 de janeiro - para o aeroporto de Guarulhos, donde voltará aos EUA. Já sinto saudades, vita brevis...

sábado, 21 de janeiro de 2012

Comentários...

http://marcosbadalado.blogspot.com
(tem links para um 'monte' de outros blogs...)

Cruzes!, esta semana foi muito agitada, em termos midiáticos; aliás, esta característica moderna de elevada/variegada informação, 'compactada' e altamente acessível (via diversos meios) está cada vez mais pronunciada (mais em uns que outros estratos sociais)  em nossas finitas - e por vezes fingidiças - existências. 

De tudo o que vejo/leio, muitas vezes algo me salta aos olhos, não sei se por despreparo, se por descaso, se por falta de compromisso, se falta de estilo... Eu aprendi a ser muito cauteloso em minhas asserções (cuidado que sempre se mostra insuficiente, eu sei), para não parecerem asseverações. Que deselegância ser descortês com pessoas que pensam diferente da gente, a partir do que proferimos. Não se pode confundir a pessoa com a ideia; não adianta matar o arauto por não concordarmos com uma causa. 

Como sabem, adotei por um bom tempo a doutrina de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, mais conhecidos por 'os mórmons', por causa do nome de um seu profeta, autor de um dos seus livros sagrados. Como povo, tem uma história singular, que moldou o caráter de seus membros, trabalhadores incansáveis, dignos e fiéis, para citar uma ínfima parte de suas virtudes. Estudando Teologia e outros temas, voltei-me posteriormente para a doutrina reformada, oriunda do período tardio da Reforma Protestante (que não tem nada a ver com a doutrina SUD - Santos dos Últimos Dias), mas nunca deixei de admirar as qualidades desta Igreja e de seus adeptos e dirigentes. Consigo separar as coisas. Gente boa (e ruim) tem em qualquer lugar... Mas como organização, os Mórmons são exemplares, iguais a qualquer corporação séria, organizada, honesta. Mas todos sabemos que onde existem pessoas... Tem de tudo!

Com a campanha eleitoral americana começando a 'pegar fogo', as atenções se voltam a um dos candidatos a enfrentar futuramente o presidente atual nas urnas, Mitt Romney (http://www.mittromney.com/s/mitt-romney-2012), que é mórmon. Em algumas reportagens de prestigiosos jornais brasileiros os jornalistas afirmam que esta igreja 'é mal-vista' nos Estados Unidos. Nada mais incorreto. Como se pode lançar esta afirmativa sem citar a fundamentação, sem, como dizemos na Academia, lastrear (lastrar, de lastro) o que se pronuncia, o que se diz, dentro de contextos tão amplos? Qual a agenda subterrânea destes informes? 

O que eu acho é que os mórmons são muito invejados pela sua pujança, eficiência e eficácia no que se propõem a realizar. O mais hilariante é que os mesmos 'não dão muita bola' para seus detratores, pois eles sabem como ninguém o que é ser um povo perseguido, maltratado, espezinhado. Sua bravura e intrepidez em defender a Família e sua doutrina devia ser modelo nestes tempos ateus/materialistas, para todos os cristãos. O que muitos não sabem é que os mórmons tem projetos de auxílio a pessoas e comunidades carentes, por este mundo todo, com muitas outras denominações, sem ficar alardeando isto.

Sei que aos olhos destes profissionais jornalistas (não todos, óbvio...) tudo se mistura - religião, economia, política, blá-blá-blá - mas o que se objetiva ao escrever reportagens? Reportar? Conscientizar? (Des)Informar? Confundir? Falta Ética em muita gente, mas nesta classe de profissionais os efeitos para a sociedade são mais nefastos - criam inimizades, alimentam preconceitos e ignorância.


Lamentável.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Barafunda...

http://www.neighborhoodnewspapers.com

Nestes dias de fim-de-mundo quanta coisa se pode obter, principalmente pelos jornais... Mas o que vejo mais é a enormidade de 'fatos', misturados em tamanha baralhada que produz  enorme pandemônio na cabeça do incauto, determinando mais confusão que esclarecimento.

Não basta por vezes ter um foco ou interesse - hoje todo mundo é expert, produzindo tantas versões da realidade que não se tem balizamento para dirimir dúvidas ou sedimentar um ponto de vista confiável. 

Veja o ocorrido (uma suposta violação, de cunho sexual) no tal programa BBB da Rede Globo. Eu nunca vi este tipo de entretenimento, por razões óbvias, mas ficou onipresente em diversas mídias. Que tipo de assunto para tomar o noticiário! Mas nesta aldeia global não se consegue mais alhear-se... A qualquer hora alguém pode inquirir nossa opinião sobre o 'acontecido'...

Por estas e outras razões que sempre falo que a leitura de boa literatura, de bom textos é o que mais faz falta ao pessoal hoje em dia. A rapidez das mudanças traz esta superficialidade em tudo, esta mesmice, esta certa 'preguiça mental' em analisar os eventos e suas relações. Sim, hoje tudo é 'relativo' - parece que não se pode, por vezes, precisar o critério basilar que moldaria uma abordagem profícua de qualquer assunto. 

Por isso, insisto que a religião verdadeira continua sendo como que um corrimão, uma barra de ferro num denso nevoeiro, nestes tempos turbulentos - a busca por uma totalidade de valores conectados em torno de referenciais bem demarcados que possam significar as ações (aquilo que resulta de um agente, com determinada intencionalidade, realizar atos, comportamentos), que guardam enorme complexidade. A existência desta tríade agente-intencionalidade-conduta implica em risco enorme ao se analisar (as ações) de maneira simplista, reducionista.  Explico melhor. Imagine o ato de puxar um gatilho. É um comportamento bem delimitado, que se pode filmar e descrever como tal e tal músculo do dedo tal se flexiona ou contrai, aplicados com tal força acima de uma determinada peça de armamento, resultando no 'puxar o gatilho'. São ações diferentes se praticadas por agentes diferentes (imagine uma criança que pega o revolver do pai em cima  do guarda-roupa, para brincar de 'moçinho' com o coleguinha; um ladrão que empunha e dispara um revolver para praticar assaltos; um soldado constitucionalmente comissionado pelo seu país a atirar em inimigos no campo de batalha) com suas diversas intencionalidades... Como se pode analisar legitimamente o ato de puxar o gatilho de uma arma nestas 3 situações? - temos, assim, 3 ações diferentes.

Como avaliar, analisar apropriadamente ocorrências, qualquer tipo onde está presente o homem e suas ações, sem a posse de um certo tipo de metodologia mental como a que esbocei acima - o que só se aprende se se dispuser calma, serena e detidamente a meditar e considerar os constituintes fatos e valores deste mundo agitado? Quanta afobação se vê hoje em dia, principalmente nos alunos, cáspite! 

Lembro-me dos meus tempos de meditação zen-budista (umas das investigações existenciais que percorri em minha juventude de estudante de Psicologia) - estudei a vertente Soto-Zen, que  pratica o exercício do silêncio sentado, respirando - onde o que mais se ensinava era a 'limpeza' da mente da mixórdia natural do pensar, do estar acordado. Estar consciente significava expurgar a 'mente de macaco', que fica pulando ali e acolá, sem se fixar apropriadamente em um objeto que forneça utilidade existencial.  Bons tempos... Ainda é valiosa prática.

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Outro aforismo de Oscar Wilde

Oscar Wilde
Obtido agora de www.fanpop.com

Do libreto de aforismos do grande literato: 'A alma nasce velha e se torna jovem. Eis a comédia da vida. O corpo nasce jovem e se torna velho. Eis a tragédia da alma.'  Uma das grandes contradições da existência, o remoto dualismo corpo-alma. René Descartes foi marcante na discussão da matéria com sua obra As Paixões da Alma, ainda que na oportunidade tenha se valido (sabe-se hoje), alí e acolá, de cavilosos argumentos linguísticos na defesa de sua posição, o que, em princípio, não o desmerece.

Interessante a verve de Wilde: a alma nasce velha: desde a pré-história nascemos de mulher do mesmo modo, mas a alma é aquilo que nos faz diverso de todo o resto, esta, a centelha que anima de modo peculiar uma massa corpórea, assemelhada a tantas outras, mas dotada de tantas diferenciações precisamente por causa dela. Velha nasce mas se modela, se habitua, se afeiçoa, torna-se jovem, pelo conhecimento, pelo aprimoramento, pelo polimento. E este processo constitui, para Wilde, a comédia da vida, pois suscita o espanto, a admiração de quantos de debruçam a admirar este prodígio, esta maravilha (milagre?), que só rindo, agradecidos, todos e cada um, aos céus.

Agora, o corpo, que nasce jovem e se torna velho, constituindo, paradoxalmente (fechando o círculo) a própria tragédia da alma. Tragédia, querendo dizer mesmo (segundo o dicionário...)  - a ocorrência ou acontecimento funesto que desperta piedade ou horror; catástrofe, desgraça - pois a alma não vai, mais e mais, dispondo (à medida que se 'rejuvenece', aprimora-se, evolui) como desejaria, do seu substrato, do seu correlato. O aperceber-se desta inexorabilidade determina à alma perenal desalento. Não tanto por causa da consciência da decrepitude ou da finitude ou até mesmo do final aniquilamento, mas sim pela impossibilidade das duas instâncias poderem auferir de (mutual) desenvolvimentos harmônicos, in totum. 

Quantos se comportam hoje em dia como se nunca fossem envelhecer! Da Humanidade, tantos os anos de conhecimento, de aquisição de sabedoria, não instam a muito(a)s a modular, a equilibrar a existência, a subjugar as paixões e os arrebatamentos, a domar as pulsões... Resultado: ocasos melancólicos, caliginosos, caídos, desapreçados, desolados, solitários...

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Nathanael e Izabel

foto por Lucas V. Dutra

Tenho um casal de amigos que conheci numa Comunidade Presbiteriana que frequentei e que saí ainda no ano passado, por absoluta impropriedade comportamental do pastor que lá presidia. Mas ficou a amizade com este casal; semanalmente vou à casa deles ajudar ao 'Natha' a colocar no papel suas memórias (que ele tem muito bem preservada, apesar da idade) - já temos mais de cem páginas de um livro a ser publicado neste ano. Costumo acompanha-los em cultos e outras atividades; é um casal alegre e damos muitas risadas. Suas filhas (tem 3) e netas moram distantes e ocasionalmente os visitam, e eu 'ajudo' a tomar conta deles... mas longe de ser certo tipo de encargo, e sim divertimento. Eles são muito abençoados por terem uma 'secretária', senhorinha maravilhosa que os assiste nas atividades domésticas.

Sempre me dei com pessoas muito mais velhas que eu, desde criança. Achava que tinham mais paciência comigo e sempre pareciam se alegrar com minhas palhaçadas. Tive certa vez uma amizade que durou muitos anos, com um senhor aposentado da Rede Ferroviária Federal, que residia em Bauru, à rua Azarias Leite - cheguei a visitá-lo várias vezes. Seu nome era Balbeíno Ribeiro de Lacerda. Eu o conheci num congresso do movimento católico romano dos Focolares, em Piracicaba (SP) no início dos anos 70. Eu disse a ele que lhe escreveria cartas mas ele não acreditou, como me segredou tempos depois. E mantivemos a amizade até que ele, viúvo e sem filhos, foi acolhido por uma sobrinha em São Bernardo do Campo e eu nunca mais soube dele, pois já apresentava, ao fim dos anos 80, certa debilidade provecta. Cheguei a guardar uma caixa de papelão de proporções médias cheias das cartas dele, e ele disse que também tinha uma caixa repleta em sua casa, pois  tínhamos o costume de quando chegava uma correspondência, escrevíamos outra imediatamente em seguida, comentando fatos e trocando idéias (naquele tempo não tinha internet...).

Não sei se, maximizado pela minha idade (medianamente) avançada, estes temas da velhice ficaram ainda mais 'impactantes', como se diz. Mas sempre fiquei impressionado com o descaso que a juventude trata os idosos. Achava e acho absurdo o fato de que certas pessoas 'não pensam' que um dia irão também ficar velho(a)s... A injustiça ao próximo tem seu ápice no tratamento desrespeitoso que a sociedade ministra àqueles que um dia a ajudaram a ser o que é, para o bem ou para o mal. Quando estudei o tema da violência interpessoal vi que o subtema de violência contra o idoso é o que concentra os detalhes mais deploráveis. É da natureza humana esta propensão, que fazer. Volto ao assunto.

Tempos modernos

Foto de Rodrigo Baleia (AE)
obtida agora de www.cartacapital.com.br

Estava agora à tarde, passeando por Poços de Caldas (Minas Gerais) confabulando com Ruteca. Eu estava reclamando que minha memória anda falhando (ainda mais que vi, hoje, no jornal Folha de São Paulo, que estudos ingleses afirmam que certo declínio cognitivo ocorre após os 45 anos, e não depois dos 60, como se acreditava até então) e ela ponderou que, em nossa mocidade, não havia tanta estimulação, tanta solicitação de nossa atenção como agora. Pode ser mesmo que, com menos itens a processar, a assimilação de objetos pela mente era mais facilitada. Esta é uma questão já há muito debatida pelos especialistas, não levando a resultados definitivos. Mas é inegável que, atualmente, o caudal de informações oferecidas/despejadas em nossas cabeças, a cada momento, é avassalador.

Fizemos o 'link' deste fato com a religião. Muitas pessoas hoje agem como ateus ou agnósticos, desdenhando da espiritualidade como significador em suas existências. Já é sabido o resultado para a pessoa quando falta em sua vida um amplo referencial, um amplo patamar que dê foco ao agir diuturno. A voragem que a velocidade dos acontecimentos  determina para o existir hoje em dia impede a pessoa de verificar/tratar a efemeridade dos valores. Resultado - insegurança, ansiedade, desorientação, impaciência...

Somos, todos e cada um, aparentemente mais solitários, isolados, ensimesmados, apesar das distâncias do outro parecerem menores, e isto principalmente pela moderna parafernália, disponível, para qualquer um, para entrarmos em contacto com este outro. Paradoxos modernos... Vejo que, a cada vez, faz-se necessário, como se diz, 'voltar ao básico' - resgatar, recuperar o modo de ser do homem que se relaciona calma e proficuamente consigo e com os demais, coisa complexa, trabalhosa de se auferir - noção contrária (este modo de ser) àquilo que os gurus da modernidade (tantos oráculos existem hoje! e quase todos best-sellers...) simplisticamente consideram. 


Notícia auspiciosa: minha filha Marília, depois de longo tempo, virá semana que vem a brazólia nos visitar... que saudade! Vamos colocar a conversa em dia. Quando criança, eu a chamava um 'pingo' (de mel), pela cor do cabelo e pela doçura. Acho que só eu a chamo assim. Vai ser remoçador! Já sinto saudade quando se for...

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Começo de ano

Meu primeiro post deste ano... gostaria de escrever algo mais 'palatável' mas, de ler as notícias, desanimei. Os jornais exploram demasiado o tema dos acidentes automobilísticos, e o resultado é ficarmos chocados com a ignorância das pessoas. Gosto de iniciar a conversa com uma gravura, uma foto, uma imagem, só que não vai ser possível... Eu havia entrado no google images para pesquisar algo mas, colocando o termo 'acidentes automobilísticos' no robot, as cenas que foram devolvidas, de acidentes e de corpos destroçados são horríveis - daí percebi que seria apropriado aqui-agora. Pelo menos valeu para relembrar como somos efêmeros, cascas que podem ser aniquiladas num estalar de dedos, num piscar de olhos, como se diz.

Quantas famílias destruídas pela morte no trânsito, decorrentes em grande medida pela embriaguês. O menos triste é saber-se da certa impunidade que abrange esta esfera de decidir abusar do álcool + decidir dirigir um veículo + impingir sofrimento/morte ao semelhante pela nossa imprudência e imperícia  decorrentes do estado alterado de consciência que a bebida determina. A maior perda, da vida ou da saúde ou da qualidade de vida, é inimaginável quanto à dor e revolta; só quem vivencia que pode saber. E isto normalmente atinge além da(s) vítima(s) todos os familiares. 

Falo sempre para Ruth como é desalentador viver num país onde, a começar pela elite (em especial nossos políticos), as pessoas se mostram despreparadas, 'amadoras' em seu fazer, e isto problematizado pela amoralidade, aparente ou real, que as pessoas demonstram nas relações com o semelhante ou com a causa pública.

Já não é hora de apenar-se com mais severidade os celerados que dirigem alcoolizados? Vi numa reportagem que um destes assassinos do trânsito já havia se envolvido em acidente com vítima anteriormente. Não era caso de estar, ao menos, sem a Carteira Nacional de Habilitação? Será que eu é que sou falto de bom senso em assim julgar esta obviedade? Não dá para entender. Por estas e por outras é que nosso sistema judiciário e os políticos estão entre as instâncias mais desacreditadas pela sociedade. Bom, mas aqui em Brazólia, a considerar o nível do apreço a que os professores foram nas últimas décadas rebaixados, tudo se pode esperar... Que Deus nos proteja.


sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Fim de ano, uff...

Gravura com o símbolo da banda australiana AC/DC, obtido agora do site
http://downloadtudomaster.blogspot.com/2011/02/download-discografia-acdc.html

Com músicas do meu grupo de rock preferido (o artista é Ozzy), o AC/DC, escrevo aqui minhas considerações de fim de ano. Gosto de fazer tudo com 'fundo musical'... que fenômeno misterioso esta 'coisa musical'. Até um bebezinho ginga quando se brinca com música, é incrível. Terapias existem baseadas em melodias e ritmos. Pode-se variar muito quanto ao genero/tipo de música, mas é raro encontrar alguém que não goste de música. O fato do Pai Celestial apreciar boa música no louvor e adoração é sinal da celestialidade da coisa (outro dia vi uma discussão quase filosófica sobre  a palavra 'coisa'; aprecio estas questões linguisticas, são muito esclarecedoras, principalmente em Psicologia).

Este grupo pop me chamou a atenção pelo nome - aqui quer dizer antes e depois de Cristo, mas lá no exterior desconheço a significação ('AC', na lingua inglesa, segundo o Webster, quer dizer ante Christum, do latim medieval, mas 'DC' em inglês não significa 'depois de Cristo') -  eu sou uma pessoa antes de Cristo, e outra, depois dEle... Um dia falo sobre minha conversão...

Este ano foi, apesar da crise, 'normal', em que pese o suspense criado em torno da criação de um campus da UNESP (a terceira das grandes Universidades estaduais, onde - cada uma das 3 - todos os jovens sonham estudar) encampando nossa UNIFAE. Seria ótimo, em todos os sentidos, para a cidade, para os alunos, para os professores, principalmente. Isto porque teríamos um verdadeiro ambiente de ensino-aprendizagem, além de um sistema integrado de pesquisa e extensão. Um extraordinário avanço para a cidade e a região, sem dúvida, e iria beneficiar o outro Centro Universitário daqui, em situação delicada (como o nosso UNIFAE) por causa da inadimplência dos alunos. Mas está mais para novela do que progresso.

Estudei bastante a Palavra este ano, encerrando o último curso de Pós-Graduação do Centro Presbiteriano Andrew Jumper, do Mackenzie - fiz dois, Estudos Bíblicos e Estudos Teológicos. são muito bons, e dão muita firmeza ao crente. Mas o que mais apreciei foi reler As Institutas, de Calvino. Que notável teólogo, incomparável. Li diversos outros livros, acadêmicos, de literatura e espirituais, e alguns mais de uma vez - é o meu método de 'saborear' as boas obras. Confesso que adquiri o costume visto que - não sei se é alguma pessoal afecção ou distúrbio ou ainda idiossincrasia - tenho enorme dificuldade em memorizar as idéias, o que parece piorar com os anos. Temi que fosse um tipo de aprosexia (que tem definições desencontradas nos dicionários), mas não parece ser o caso, comigo... Em todo caso, ainda não chega ao ponto de tornar-me mofino, mas começa a passar perto. Em todo caso, o Senhor é Soberano!

Profissional e pessoalmente, tudo conforme a vontade de Deus; sou muito feliz e agradecido. A nota distoante que distingo em meu entorno é a situação política do meu país, conturbada, empobrecida com a corrupção endêmica espraiada pelos diversos atores, encrustados nos 3 Poderes, o que nos desanima. O governo (esta entidade tanto virtual quanto onipresente) atrapalha muito, apesar de ser uma espécie de mal necessário. Dizem que a saída para o Brasil é o aeroporto. Começo a pensar que sim, apesar do progresso econômico e, timidamente, educacional do povo... Acho que ainda verei muitas coisas interessantes neste país.

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

O cavalo e o cervo

Gravura medieval

Do libreto de Fábulas... (traduzido de AESOP'S FABLES, The Horse and the Stag, XC. London: Penguin Books, 1996,  p. 93 - Penguin Popular Classics,    vol. 20. Selected and Adapted by Jack Zipes)

Um cavalo certa vez possuiu uma pradaria inteiramente para si, mas um cervo surgiu e danificou a pastagem. Ansioso para vingar-se, o cavalo perguntou a um homem se este poderia auxilia-lo a punir o cervo. 'Sim', disse o homem, 'mas você deve me deixar colocar um travão em sua boca e subir no seu dorso. Depois eu irei encontrar as armas para castigar o cervo'.

O cavalo concordou e o homem o cavalgou. Desde então, entretanto, em vez de obter a vingança, o cavalo tem sido escravo da humanidade. Moral da estória: Vingança pode não ser de valor algum para alguém quando se paga por ele com sua própria liberdade.

É por demais encontradiça a situação onde, visando uma vantagem, a pessoa 'sacrifica' algo, decisão esta como que necessária para alcançar o benefício. Sempre se avalia o custo-benefício de tais e tais estratégias, e o cálculo, o cômputo dos prós e contras nada mais é do que um tipo de juízo que se percorre sobre probabilidades (que se estima), em diversos contextos.

Ocorre que esta habilidade de julgar é complexa e nem todos se esmeram em aperfeiçoa-la (supondo que todos a tenham...) e, no mais das vezes, as pessoas se revelam mais e mais impacientes. E, também, intrinsecamente, somos tendenciosos em considerar os fatos mais propícios (a nosso favor...) do que o são na realidade. Outro dia afirmei em uma palestra que somos mais propensos a acreditar naquilo que desejamos do que naquilo que vemos ou discernimos, mesmo  pela razão.

O que 'sacrificamos' para conseguir coisas que imaginamos serem melhores para nós em geral são mais valiosas do que estas mesmas coisas - fato que constatamos depois do arrependimento nos visitar, com sua pesada carga... Existe certa cegueira que impede averiguar esta equação com clareza: os valores que utilizamos para pensar certas situações são viciados, distorcidos, enganosos. Assim, o cerne da dificuldade discutida aqui hoje reside em mal-avaliar o que já possuimos, e não possuir critérios para o correto confronto diário com aquilo que se nos (sedutoramente) apresenta. É, em grande medida, o que muitos filósofos e psicólogos denominam de 'auto-engano'. Enganamos a nós próprios - mas como pode ser isso? Crer em algo que se sabe inverídico? Mas isso é mais comum do que imagina... Digite 'auto-engano' e 'self-deception' no google e milhares de páginas surgirão - é um dos temas mais discutidos hoje em dia em psicologia e filosofia da mente. Voltaremos ao assunto.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Família... e a Fé do Centurião

Liv, eu e Bilú
(Rafael de Oliveira, Trick foto, 2011)

Ontem fomos, como disse ontem, à Trick Foto, do meu ex-aluno Rafael. Aproveitamos e tiramos também a foto acima, para recordar. É a minha familia 'disponível', como se poderia dizer, pois os demais filhos moram MUITO longe... É a minha sina, e aceito-a, submisso ao Soberano Deus e Senhor. Ainda assim, digo mais: toda a Glória seja só a Ele.

Hoje cedo estava meditando a Palavra, como sempre inicio o dia. Fiquei emocionado com a perícope abaixo (Evangelho de Lucas 7, 1 a 10; NVI):

(...) Tendo terminado de dizer tudo isso ao povo, Jesus entrou em Cafarnaum.
Ali estava doente, quase à morte, o servo de um centurião,
a quem seu senhor estimava muito.
Ele ouviu falar de Jesus e enviou-lhe alguns líderes religiosos dos judeus,
pedindo-lhe que fosse curar o seu servo.
Chegando-se a Jesus, suplicaram-lhe com insistência: 
"Este homem merece que lhe faças isso, porque ama a nossa nação e construiu a nossa sinagoga".
Jesus foi com eles. Já estava perto da casa quando o centurião mandou amigos dizerem a Jesus: "Senhor, não te incomodes, pois 
não mereço receber-te debaixo do meu teto. 
Por isso, nem me considerei digno de ir ao teu encontro. 
Mas dize uma palavra,  e o meu servo será curado.
Pois eu também sou homem sujeito a autoridade, e com soldados sob o meu comando. Digo a um: ‘Vá’, e ele vai; e a outro: ‘Venha’, e ele vem.
Digo a meu servo: ‘Faça isto’, e ele faz".
Ao ouvir isso, Jesus admirou-se dele e, voltando-se para a multidão que o seguia, disse:
"Eu lhes digo que nem em Israel encontrei tamanha fé".
Então os homens que haviam sido enviados voltaram para casa
e encontraram o servo restabelecido.

 O centurião romano não deveria, a princípio, despertar simpatia entre os judeus mas, como demonstrou amar o país, apesar de representar militarmente um país opressor, intercederam a seu favor perante Cristo. Ele concede ir ver o que sucede, mas aquele líder de uma centúria Lhe diz que 'basta dizer uma palavra', e o servo estimado seria curado. O Mestre afirma perante todos que 'nem em Israel (o que seria esperado) encontrou tamanha fé'...

Minha oração ali foi que o Pai me concedesse uma partícula de tal fé, pois nossa tendência, nossa natureza decaída é duvidar, ser cético, descrer - se não pelo intelecto, pior, no espírito... De nossa parte não podemos fazer nada; só nos resta clamar, suplicar, na certeza que seremos ouvidos (e atendidos, ainda que no tempo de Deus, que não é o nosso...). 

Amanhã iremos 'devolver' Liv a Rio Claro, e depois iremos a Mogi-Mirim, onde celebraremos com meus pais e alguns dos irmãos o nascimento do menino Jesus. Oro para que esta efeméride possa ser uma data de meditação, exercício de humildade (implicando em nosso espírito acatamento, deferência, submissão às verdades reveladas) e refrigério. É o que desejo, além da família, a todos nós!

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Sartre 2 e fotinhos...


Saímos Ruth, Lívia e eu para tirarmos algumas fotos com nosso Fotógrafo (veja http://trickfoto.blogspot.com) Rafael e fazer 'comprinhas'; entre elas, presente de Natal de Liv (ela ganhou um toca CD portátil). Ela é, de certa forma, exigente... Comprei-me um outro libreto de Jean-Paul Sartre (1905-1980), uma obra do início da carreira universitária do grande filósofo, romancista, dramaturgo, ensaísta, jornalista e militante político francês, datado de 1936 denominada L'imagination - recebeu aqui o nome de A imaginação (Porto Alegre: L e PM, 2011, coleção L e PM Pocket, v. 666). Já  tenho 'diversão' garantida antes e depois do Natal!

Lívia - 10 anos, de férias (que olhar enigmático!
pergunto-me porque ela tem olhinhos tristes...)

Não é um charme? Está quase do tamanho de Ruth (bom, não é difícil alguém ser mais alto que a Ruteca...) e acho que vai chegar aos 1,80m como as irmãs Mariana e Marília...Mulher cresce até os 18 anos, pelo menos, e homem cresce até os 21 anos (porisso que o meu filho tem 2 metros de altura).

Ruth - não é linda??

Outra pessoa que não revela o que pensa, nem sob tortura - não digo que isso não tenha seu certo charme; adoro mulher misteriosa, e Bilú é um típico exemplar deste adorável genero.... 

Disseram que pareço certo tipo de mafioso...
(Liv está fazendo campanha para que eu corte o cabelo) 

Estas fotos são para nossa documentação para o visto - pretendemos ir todos para os EUA em julho, visitar Noemia Marie e a patotinha do JD (não sei se vamos para Salt Lake City ou Fresno, na California). Não tive coragem para ir agora, no fim do ano (e ainda por cima é inverno lá), com o caos total que ficam nossos aeroportos... Vamos tirar o visto no proximo semestre e viajar no meio do ano, com mais calma... (assim espero). Parece que as autoridades aeroportuárias vão inaugurar uns 'anexos' em Guarulhos (o pessoal diz que é um 'puxadinho' das instalações principais; inclusive fizeram umas matérias jornalísticas sobre acidentes que ocorreram naquelas malfadadas obras). Que país inferior que é o nosso; se alguém desejar se aborrecer é 'só'  ler alguns dos grandes jornais - matérias intermináveis sobre violência e a onipresente corrupção. Que tristeza. Não sou daqueles que dizem "Se eu pudesse ia embora daqui", pois em todo lugar existem boas ou más pessoas, mas que às vezes dá vontade, dá...

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Fim de ano e releituras...

 Jean-Paul Sartre - foto obtida nesta data do site:
http://e-barao.blogspot.com/feeds/posts/default

Cáspite! Já é dia 19 de dezembro, e estou de férias; às vezes lembro que volto a trabalhar no Centro Universitário em fevereiro e refaço o planejamento do que tenho que 'dar conta' até lá: dois relatórios de iniciação científica e dois artigos (paper) que desejo publicar. Costumava ir à praia (Guarujá) sempre na segunda semana de janeiro, mas em 2012 ficarei por aqui mesmo.

Amanhã vou buscar Lívia para passar aqui esta semana (devolvo-a já no sábado) e devo ficar com ela algum tempo em janeiro, novamente. Está bem moçinha meu bebê... como o tempo passa, a criançada cresce muito depressa.  A gente fica com muita saudade!

Estou lendo novamente o libreto Esboço para uma teoria das emoções, de Jean-Paul Sartre (Porto Alegre: L e PM, 2006. Coleção L e PM Pocket Plus. Obra original de 1939). Já li algumas vezes, mas ali o prazer de ler é tão grande (e o livrinho é 'fininho'...) - ainda que de trabalhoso escrutínio - que volta e meia retomo a obra. Indiquei aos meus alunos ao final da disciplina de Psicologia Humanista-Existencial (6o. semestre); sei que alguns o compraram, inclusive porque é barato, fato importante para estudantes. É Psicologia pura, em todos os sentidos, apesar do autor ser grande filósofo.

É uma bela introdução à filosofia sartreana, e importante, visto que introduz idéias que serão por ele desenvolvidas na sua obra prima O Ser e o Nada, de 1943. Volto ao assunto. Agora devo ir a uma reunião do Condomínio - atividades cívicas, como doar sangue e votar, que também faço...