A V I S O


I am a Freemason and a member of both the regular, recognized ARLS Presidente Roosevelt 75 (São João da Boa Vista, SP) and the GLESP Grande Loja do Estado de São Paulo, Brazil. However, unless otherwise attributed, the opinions expressed in this blog are my own, or of others expressing theirs by posting comments. I do not in any way represent the official positions of my lodge or Grand Lodge, any associated organization of which I may or may not be a member, or the fraternity of Freemasonry as a whole.

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Fim de ano, uff...

Gravura com o símbolo da banda australiana AC/DC, obtido agora do site
http://downloadtudomaster.blogspot.com/2011/02/download-discografia-acdc.html

Com músicas do meu grupo de rock preferido (o artista é Ozzy), o AC/DC, escrevo aqui minhas considerações de fim de ano. Gosto de fazer tudo com 'fundo musical'... que fenômeno misterioso esta 'coisa musical'. Até um bebezinho ginga quando se brinca com música, é incrível. Terapias existem baseadas em melodias e ritmos. Pode-se variar muito quanto ao genero/tipo de música, mas é raro encontrar alguém que não goste de música. O fato do Pai Celestial apreciar boa música no louvor e adoração é sinal da celestialidade da coisa (outro dia vi uma discussão quase filosófica sobre  a palavra 'coisa'; aprecio estas questões linguisticas, são muito esclarecedoras, principalmente em Psicologia).

Este grupo pop me chamou a atenção pelo nome - aqui quer dizer antes e depois de Cristo, mas lá no exterior desconheço a significação ('AC', na lingua inglesa, segundo o Webster, quer dizer ante Christum, do latim medieval, mas 'DC' em inglês não significa 'depois de Cristo') -  eu sou uma pessoa antes de Cristo, e outra, depois dEle... Um dia falo sobre minha conversão...

Este ano foi, apesar da crise, 'normal', em que pese o suspense criado em torno da criação de um campus da UNESP (a terceira das grandes Universidades estaduais, onde - cada uma das 3 - todos os jovens sonham estudar) encampando nossa UNIFAE. Seria ótimo, em todos os sentidos, para a cidade, para os alunos, para os professores, principalmente. Isto porque teríamos um verdadeiro ambiente de ensino-aprendizagem, além de um sistema integrado de pesquisa e extensão. Um extraordinário avanço para a cidade e a região, sem dúvida, e iria beneficiar o outro Centro Universitário daqui, em situação delicada (como o nosso UNIFAE) por causa da inadimplência dos alunos. Mas está mais para novela do que progresso.

Estudei bastante a Palavra este ano, encerrando o último curso de Pós-Graduação do Centro Presbiteriano Andrew Jumper, do Mackenzie - fiz dois, Estudos Bíblicos e Estudos Teológicos. são muito bons, e dão muita firmeza ao crente. Mas o que mais apreciei foi reler As Institutas, de Calvino. Que notável teólogo, incomparável. Li diversos outros livros, acadêmicos, de literatura e espirituais, e alguns mais de uma vez - é o meu método de 'saborear' as boas obras. Confesso que adquiri o costume visto que - não sei se é alguma pessoal afecção ou distúrbio ou ainda idiossincrasia - tenho enorme dificuldade em memorizar as idéias, o que parece piorar com os anos. Temi que fosse um tipo de aprosexia (que tem definições desencontradas nos dicionários), mas não parece ser o caso, comigo... Em todo caso, ainda não chega ao ponto de tornar-me mofino, mas começa a passar perto. Em todo caso, o Senhor é Soberano!

Profissional e pessoalmente, tudo conforme a vontade de Deus; sou muito feliz e agradecido. A nota distoante que distingo em meu entorno é a situação política do meu país, conturbada, empobrecida com a corrupção endêmica espraiada pelos diversos atores, encrustados nos 3 Poderes, o que nos desanima. O governo (esta entidade tanto virtual quanto onipresente) atrapalha muito, apesar de ser uma espécie de mal necessário. Dizem que a saída para o Brasil é o aeroporto. Começo a pensar que sim, apesar do progresso econômico e, timidamente, educacional do povo... Acho que ainda verei muitas coisas interessantes neste país.

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

O cavalo e o cervo

Gravura medieval

Do libreto de Fábulas... (traduzido de AESOP'S FABLES, The Horse and the Stag, XC. London: Penguin Books, 1996,  p. 93 - Penguin Popular Classics,    vol. 20. Selected and Adapted by Jack Zipes)

Um cavalo certa vez possuiu uma pradaria inteiramente para si, mas um cervo surgiu e danificou a pastagem. Ansioso para vingar-se, o cavalo perguntou a um homem se este poderia auxilia-lo a punir o cervo. 'Sim', disse o homem, 'mas você deve me deixar colocar um travão em sua boca e subir no seu dorso. Depois eu irei encontrar as armas para castigar o cervo'.

O cavalo concordou e o homem o cavalgou. Desde então, entretanto, em vez de obter a vingança, o cavalo tem sido escravo da humanidade. Moral da estória: Vingança pode não ser de valor algum para alguém quando se paga por ele com sua própria liberdade.

É por demais encontradiça a situação onde, visando uma vantagem, a pessoa 'sacrifica' algo, decisão esta como que necessária para alcançar o benefício. Sempre se avalia o custo-benefício de tais e tais estratégias, e o cálculo, o cômputo dos prós e contras nada mais é do que um tipo de juízo que se percorre sobre probabilidades (que se estima), em diversos contextos.

Ocorre que esta habilidade de julgar é complexa e nem todos se esmeram em aperfeiçoa-la (supondo que todos a tenham...) e, no mais das vezes, as pessoas se revelam mais e mais impacientes. E, também, intrinsecamente, somos tendenciosos em considerar os fatos mais propícios (a nosso favor...) do que o são na realidade. Outro dia afirmei em uma palestra que somos mais propensos a acreditar naquilo que desejamos do que naquilo que vemos ou discernimos, mesmo  pela razão.

O que 'sacrificamos' para conseguir coisas que imaginamos serem melhores para nós em geral são mais valiosas do que estas mesmas coisas - fato que constatamos depois do arrependimento nos visitar, com sua pesada carga... Existe certa cegueira que impede averiguar esta equação com clareza: os valores que utilizamos para pensar certas situações são viciados, distorcidos, enganosos. Assim, o cerne da dificuldade discutida aqui hoje reside em mal-avaliar o que já possuimos, e não possuir critérios para o correto confronto diário com aquilo que se nos (sedutoramente) apresenta. É, em grande medida, o que muitos filósofos e psicólogos denominam de 'auto-engano'. Enganamos a nós próprios - mas como pode ser isso? Crer em algo que se sabe inverídico? Mas isso é mais comum do que imagina... Digite 'auto-engano' e 'self-deception' no google e milhares de páginas surgirão - é um dos temas mais discutidos hoje em dia em psicologia e filosofia da mente. Voltaremos ao assunto.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Família... e a Fé do Centurião

Liv, eu e Bilú
(Rafael de Oliveira, Trick foto, 2011)

Ontem fomos, como disse ontem, à Trick Foto, do meu ex-aluno Rafael. Aproveitamos e tiramos também a foto acima, para recordar. É a minha familia 'disponível', como se poderia dizer, pois os demais filhos moram MUITO longe... É a minha sina, e aceito-a, submisso ao Soberano Deus e Senhor. Ainda assim, digo mais: toda a Glória seja só a Ele.

Hoje cedo estava meditando a Palavra, como sempre inicio o dia. Fiquei emocionado com a perícope abaixo (Evangelho de Lucas 7, 1 a 10; NVI):

(...) Tendo terminado de dizer tudo isso ao povo, Jesus entrou em Cafarnaum.
Ali estava doente, quase à morte, o servo de um centurião,
a quem seu senhor estimava muito.
Ele ouviu falar de Jesus e enviou-lhe alguns líderes religiosos dos judeus,
pedindo-lhe que fosse curar o seu servo.
Chegando-se a Jesus, suplicaram-lhe com insistência: 
"Este homem merece que lhe faças isso, porque ama a nossa nação e construiu a nossa sinagoga".
Jesus foi com eles. Já estava perto da casa quando o centurião mandou amigos dizerem a Jesus: "Senhor, não te incomodes, pois 
não mereço receber-te debaixo do meu teto. 
Por isso, nem me considerei digno de ir ao teu encontro. 
Mas dize uma palavra,  e o meu servo será curado.
Pois eu também sou homem sujeito a autoridade, e com soldados sob o meu comando. Digo a um: ‘Vá’, e ele vai; e a outro: ‘Venha’, e ele vem.
Digo a meu servo: ‘Faça isto’, e ele faz".
Ao ouvir isso, Jesus admirou-se dele e, voltando-se para a multidão que o seguia, disse:
"Eu lhes digo que nem em Israel encontrei tamanha fé".
Então os homens que haviam sido enviados voltaram para casa
e encontraram o servo restabelecido.

 O centurião romano não deveria, a princípio, despertar simpatia entre os judeus mas, como demonstrou amar o país, apesar de representar militarmente um país opressor, intercederam a seu favor perante Cristo. Ele concede ir ver o que sucede, mas aquele líder de uma centúria Lhe diz que 'basta dizer uma palavra', e o servo estimado seria curado. O Mestre afirma perante todos que 'nem em Israel (o que seria esperado) encontrou tamanha fé'...

Minha oração ali foi que o Pai me concedesse uma partícula de tal fé, pois nossa tendência, nossa natureza decaída é duvidar, ser cético, descrer - se não pelo intelecto, pior, no espírito... De nossa parte não podemos fazer nada; só nos resta clamar, suplicar, na certeza que seremos ouvidos (e atendidos, ainda que no tempo de Deus, que não é o nosso...). 

Amanhã iremos 'devolver' Liv a Rio Claro, e depois iremos a Mogi-Mirim, onde celebraremos com meus pais e alguns dos irmãos o nascimento do menino Jesus. Oro para que esta efeméride possa ser uma data de meditação, exercício de humildade (implicando em nosso espírito acatamento, deferência, submissão às verdades reveladas) e refrigério. É o que desejo, além da família, a todos nós!

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Sartre 2 e fotinhos...


Saímos Ruth, Lívia e eu para tirarmos algumas fotos com nosso Fotógrafo (veja http://trickfoto.blogspot.com) Rafael e fazer 'comprinhas'; entre elas, presente de Natal de Liv (ela ganhou um toca CD portátil). Ela é, de certa forma, exigente... Comprei-me um outro libreto de Jean-Paul Sartre (1905-1980), uma obra do início da carreira universitária do grande filósofo, romancista, dramaturgo, ensaísta, jornalista e militante político francês, datado de 1936 denominada L'imagination - recebeu aqui o nome de A imaginação (Porto Alegre: L e PM, 2011, coleção L e PM Pocket, v. 666). Já  tenho 'diversão' garantida antes e depois do Natal!

Lívia - 10 anos, de férias (que olhar enigmático!
pergunto-me porque ela tem olhinhos tristes...)

Não é um charme? Está quase do tamanho de Ruth (bom, não é difícil alguém ser mais alto que a Ruteca...) e acho que vai chegar aos 1,80m como as irmãs Mariana e Marília...Mulher cresce até os 18 anos, pelo menos, e homem cresce até os 21 anos (porisso que o meu filho tem 2 metros de altura).

Ruth - não é linda??

Outra pessoa que não revela o que pensa, nem sob tortura - não digo que isso não tenha seu certo charme; adoro mulher misteriosa, e Bilú é um típico exemplar deste adorável genero.... 

Disseram que pareço certo tipo de mafioso...
(Liv está fazendo campanha para que eu corte o cabelo) 

Estas fotos são para nossa documentação para o visto - pretendemos ir todos para os EUA em julho, visitar Noemia Marie e a patotinha do JD (não sei se vamos para Salt Lake City ou Fresno, na California). Não tive coragem para ir agora, no fim do ano (e ainda por cima é inverno lá), com o caos total que ficam nossos aeroportos... Vamos tirar o visto no proximo semestre e viajar no meio do ano, com mais calma... (assim espero). Parece que as autoridades aeroportuárias vão inaugurar uns 'anexos' em Guarulhos (o pessoal diz que é um 'puxadinho' das instalações principais; inclusive fizeram umas matérias jornalísticas sobre acidentes que ocorreram naquelas malfadadas obras). Que país inferior que é o nosso; se alguém desejar se aborrecer é 'só'  ler alguns dos grandes jornais - matérias intermináveis sobre violência e a onipresente corrupção. Que tristeza. Não sou daqueles que dizem "Se eu pudesse ia embora daqui", pois em todo lugar existem boas ou más pessoas, mas que às vezes dá vontade, dá...

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Fim de ano e releituras...

 Jean-Paul Sartre - foto obtida nesta data do site:
http://e-barao.blogspot.com/feeds/posts/default

Cáspite! Já é dia 19 de dezembro, e estou de férias; às vezes lembro que volto a trabalhar no Centro Universitário em fevereiro e refaço o planejamento do que tenho que 'dar conta' até lá: dois relatórios de iniciação científica e dois artigos (paper) que desejo publicar. Costumava ir à praia (Guarujá) sempre na segunda semana de janeiro, mas em 2012 ficarei por aqui mesmo.

Amanhã vou buscar Lívia para passar aqui esta semana (devolvo-a já no sábado) e devo ficar com ela algum tempo em janeiro, novamente. Está bem moçinha meu bebê... como o tempo passa, a criançada cresce muito depressa.  A gente fica com muita saudade!

Estou lendo novamente o libreto Esboço para uma teoria das emoções, de Jean-Paul Sartre (Porto Alegre: L e PM, 2006. Coleção L e PM Pocket Plus. Obra original de 1939). Já li algumas vezes, mas ali o prazer de ler é tão grande (e o livrinho é 'fininho'...) - ainda que de trabalhoso escrutínio - que volta e meia retomo a obra. Indiquei aos meus alunos ao final da disciplina de Psicologia Humanista-Existencial (6o. semestre); sei que alguns o compraram, inclusive porque é barato, fato importante para estudantes. É Psicologia pura, em todos os sentidos, apesar do autor ser grande filósofo.

É uma bela introdução à filosofia sartreana, e importante, visto que introduz idéias que serão por ele desenvolvidas na sua obra prima O Ser e o Nada, de 1943. Volto ao assunto. Agora devo ir a uma reunião do Condomínio - atividades cívicas, como doar sangue e votar, que também faço...


quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Tablet...

imagem obtida nesta data de
http://targethd.net

Ahh... manhã de chuva, deliciosa; vamos ao meu passatempo predileto - blogar! Aqui comigo no escritório do apartamento minha bebida de cola preferida, acondicionada num mug de porcelana (se estivesse mais frio teria chá nele - 'adoro' chá, principalmente os ingleses); rock dos anos 70 no CD player (Ozzy, obrigatório...) como fundo musical - é a situação quase de êxtase! Na próxima sexta feira entro de férias e só volto em fevereiro ao batente...

Pronto! Comprei... Fui numa destas boas lojas de departamentos e adquiri um tablet. A prazo (para não molestar o orçamento deste humilde professor), sem juros (isto alegra qualquer comprador!), com garantia extendida (tenho agora 3 anos 'sem preocupação'... será?); 'óbvio', pois estou escolado com alguns fornecedores. Para não dizer nomes, não me proponha adquirir produtos de certo fabricante oriental, pois posso 'surtar'... Existem inúmeros picaretas hoje em dia à espreita de um incauto consumidor. Verdadeiros escroques organizados em quadrilhas, sem que tenhamos a quem recorrer...

Eu tenho 2 manos engenheiros eletrônicos super expert neste âmbito, verdadeiros gadgeteer, mas não gosto de molestar a irmandade para intuir a melhor decisão a respeito de compra, etc. E, na verdade, a responsabilidade é só minha mesmo; então, fiz a lição de casa: li tudo a respeito, consultei revistas especializadas, vi o que os cadernos informáticos do Estadão e da Folha de São Paulo vem trazendo há tempos sobre este tipo de terminal, verifiquei blogs que troxessem informações relevantes (como aquele acima, de onde tirei a ilustração, parece bem sério). Para adquirir uma máquina deste tipo (bem... na verdade, como para adquirir qualquer outra que pressupõe tanta tecnologia embarcada...) existem muitos aspectos a se considerar sobre capacidade, sistema operacional, tamanho da tela, aplicativos, etc... E acho que fiz uma boa aquisição, que atende àquilo que necessito - (a) leitura de e-mails, (b) download e leitura de livros e papers, (c) navegar pela web, (d) uso em situação escolar, na pesquisa e ensino - não necessariamente nesta ordem de importância.

Qualquer profissional hoje tem que acompanhar o desenvolvimento tecnológico, pois ficar defasado com este avançamento periclita a ampla competência laboral que se exige de um trabalhador honesto. E eu 'não tenho mais idade' para permitir que alguém venha e me acuse de desídia; que vergonha que seria... não teria como olhar para meus pais e meus filhos, sem falar de Bilú! Existem tantas opções de ferramentas, informáticas ou não, para potencializar nossa produtividade; é lorpice alhear-se de tais oferecimentos da modernidade.

Lembro-me dos tempos de aprendizado com meu pai, trabalhando com ele em suas empresas. Houveram 'casos' de pessoas que tiveram que ser dispensadas do serviço pois recusavam-se a receber treinamento no florescente campo da informática pessoal, com o surgimento dos primeiros PCs e seus diversos periféricos. O tempo dos telegramas e terminais de telex estava se encerrando, e o 'must' eram os aparelhos de fax (transmissão de fac-símile), que eram caríssimos. E isto - volto a comentar, pois (se ainda não estou totalmente tomado de aprosexia) já aventei em posts passados -  também passou: estamos na era da enorme volatilidade e transitoriedade das tecnologias e processos, sempre ultrapassadas, num curto espaço de tempo, por outras mais potentes, numa espiral avassaladora... Será que é por isto também que as relações interpessoais estão tão superficiais, tão frustrantes?

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Sem sono...


  
Imagem obtida nesta data a partir do site
http://netprime.g3wsites.com/fotos/paisagens-2/

Hoje fui fazer uns exames periódicos de saúde, como faço todo fim de ano, de modo preventivo (sempre cuidei muito da saúde, em especial depois dos 40...) e, sob efeito de anestesia, dormi metade da tarde. Resultado... estou sem sono, e são 2 e 30 da manhã!  Mas daqui a pouco vou para a cama de qualquer jeito - acho que consigo conciliar o sono; tenho atividades várias a partir da manhã, até a noite, onde deverei aplicar prova (exame) para alguns alunos. É só acabar este post. Passei boa parte da noite alterando o leiaute deste blog - é um grande passatempo...

Aquela foto acima eu tinha há tempos em meu micro; não sabia mais de onde tinha vindo, nestes tempos altamente informáticos (quando comecei a 'fuçar' na área falava-se em 'cibernética' - ciência que tem por objeto o estudo comparativo dos sistemas e mecanismos de controle automático, regulação e comunicação nos seres vivos e nas máquinas, segundo o Houaiss), mas imagine!... Acessei o Google Images (http://www.google.com.br/imghp?hl=pt-BR&tab=wi) e arrastei a imagem para lá. Descobri um endereço  (como consta no rodapé da foto) onde existe uma parecida, mas existem outros sites com a mesma imagem - parece que caiu no domínio público, como se diz. Eu usei esta foto como ilustração para meu blog aqui, por algum tempo, acho-a muito bonita. 

Como a informática está desenvolvida atualmente! Quantas ferramentas existem hoje para incontáveis usos... Não se consegue acompanhar mais a velocidade com que as novidades se sucedem. Os nichos vão se tornando mais e mais especializados. Tenho observado que quanto mais criativa uma idéia, mais favorece ao inventor tornar-se detentor de uma sinecura, aos olhos dos demais, o que não considero verdadeiro, a princípio. Mas, o grande problema que distingo neste contexto  é, hoje em dia, o jovem desenvolver apropriadas habilidades sociais e profissionais em tal cipoal de oportunidades. Sem orientação existe grande perigo de desvio de formação - basta ver quantos ilícitos se comete mediante o uso do computador. Cada época tem seus perigos mais típicos... Boa noite...


terça-feira, 6 de dezembro de 2011

130a. postagem: Reflexão matinal...

Detalhe do Profeta Jeremias, de Michelangelo
(Capela Sistina, Vaticano)


Acabo de realizar meu estudo da Palavra, ao iniciar o dia (após fazer o café da Ruth, disponho sempre os livros, opúsculos e a Bíblia de Estudos de Genebra para conduzir minha leitura e meditação das escrituras). Que privilégio poder começar sempre o dia assim!

A Bíblia é uma obra única. Mesmos não-crentes com um mínimo de erudição ou letramento sabem apreciar o notável repositório de sabedoria que ela encerra. Já vi literatos agnósticos afirmarem que ela possui textos de notável beleza dramática e estilística, afora as virtudes espirituais implícitas da narrativa. 

O crente deve munir-se de ferramentas de interpretação para o correto entendimento dos livros que compõem a Bíblia, individual e no seu conjunto, visto que é uma coleção de obras escritas por diferentes autores (ainda que uma só seja a inspiração) em datas e épocas bem distintas e variadas. A riqueza e o correto ensino da Bíblia se esvanecem quando a abordamos de modo inapropriado como, por exemplo, lendo passagens pinçadas a esmo, aleatoriamente. 

A Hermenêutica bíblica hoje compreende um conjunto extenso de disciplinas, cada uma delas com uma profundidade enorme... Quando fiz meus estudos bíblicos e teológicos no Centro Presbiteriano de Pós-Graduação Andrew Jumper, do Mackenzie (SP), fiquei impressionado com a vastidão e complexidade do ramo, com autores, pesquisadores, estudiosos das mais diversas origens, tendências e escolas de interpretação. É fácil a pessoa se ‘perder’ quando não se tem normas corretas e apropriada orientação para apreciar o razoado de tantas posições. 

Muitas passagens são claras para qualquer leitor, mas outras não. Veja esta passagem, contida no livro do Profeta Jeremias (cap. 29: vs. de 11 a 13, versão Almeida Corrigida e Revisada Fiel, obtido de http://www.bibliaonline.com.br  em 05/12/11):

11 Porque eu bem sei os pensamentos que tenho a vosso respeito, diz o SENHOR; pensamentos de paz, e não de mal, para vos dar o fim que esperais.
12 Então me invocareis, e ireis, e orareis a mim, e eu vos ouvirei.
13 E buscar-me-eis, e me achareis, quando me buscardes com todo o vosso coração. 

Lemos diretamente aqui nestes 3 versículos como o Deus da Paz coloca claramente que, se o crente busca-lO  de todo o coração, via oração, será por Ele ouvido. Esta grandiosa promessa já nos suscita anelar por esta relação toda especial. Mas o amplo aprendizado que esta passagem encerra só se descortina se nos aplicarmos a discernir também, entre outros aspectos, o seu entorno, o seu contexto -  no caso, a situação que Jeremias aborda, que é aquela do reinado dos últimos reis de Judá: Josias, Jeoacaz, Jeoaquim, Joaquim e Zedequias. 

O Profeta Jeremias (seu nome quer dizer Yahweh estabelece) era também Sacerdote, originário da cidade de Anatote, situada no território de Benjamim e foi chamado por Deus em 626/7 a.C., com aproximadamente 20 anos.  Jeremias viveu durante o período de desintegração do reino, presenciando a destruição de Jerusalém e do Templo; ele profetiza em meio a um conflito opondo, de um lado, a adoração idólatra de deuses estrangeiros (bem estabelecida desde o reinado de Manassés, 696-642 a.C.) e, de outro, a adoração ao Senhor, que Josias tentou restaurar com sua reforma (como vemos em 2 Reis 22 e 23). Jeremias vem a testemunhar  o fracasso da reforma de Josias, visto que as praticas nefastas de Manassés foram também realizados pelos sucessores de Josias.

Esta situação toda, parcamente esboçada aqui, dá um colorido e redimensiona a amplitude da Palavra para o crente, expressa naqueles 3 versículos acima. Portanto, o convite à sabedoria pelo estudo das Escrituras pressupõe, adicionalmente, a que a pessoa se esforce para averiguar as condições, a situação da entrega e do registro da Palavra que, muitas vezes aplicada objetivamente a uma necessidade do homem do seu tempo, vem a servir também para o homem dos dias de hoje... 

Para auferir tudo isso temos à disposição, hoje em dia, uma miríade de comentários bíblicos, artigos acadêmicos, estudos da Escola Dominical, etc., que permitem esclarecer sobre estas necessárias informações ‘contextuais’. Que possamos apreciar a Palavra aproveitando todos os recursos que Deus nos faculta nestes últimos dias!

 Profeta Jeremias
(Pintura de Rembrandt van Rijn)

domingo, 4 de dezembro de 2011

Morte sem graça...

19 fev 1954 - 04 dez 2011

O ex-futebolista Sócrates faleceu na madrugada de hoje, em São Paulo; estava internado no Hospital Albert Enstein desde o dia primeiro, por complicações advindas de uma infecção intestinal. Ele morreu em decorrência de um choque séptico por volta das 4 horas e 30 minutos. Sua saúde já estava abalada por dificuldades anteriores (esteve internado há pouco por problemas hepáticos decorrentes do abuso do álcool), o que determinou a  complicação do seu caso, levando-o a óbito.

Tinha um nome bem comprido: Sócrates Brasileiro Sampaio de Souza Vieira de Oliveira, mas apelidos solenes e que homenageavam condignamente seu talento ou o seu biotipo: Doutor Sócrates, Doutor, Magrão, Calcanhar de Ouro. Era uma pessoa inteligente, querida pela nação corintiana, principalmente, e manteve-se sempre ligado ao esporte, atuando inclusive como comentarista esportivo. Quando lembro dele vejo uma pessoa recolhida, ensimesmada, de olhos tristes. Quem pode saber o que vai no coração do outro?

Sua partida precoce deixa-nos, a todos, mais carentes; cada ser que fenece é um empobrecimento da humanidade, mas morrer assim, 'bestamente', como se diz em minha terra, é muito triste. Fico chocado com estes paradoxos todos. Ele era médico, sabia o que fazia quando bebia sem medida. Fico aturdido com pessoas que se mutilam, aniquilam-se paulatinamente (ou não) via drogas ou procedimentos manifestadamente nocivos. Como não amar um patrimônio tão nosso como nosso corpo - é o nosso único meio de relacionamento como o mundo!

Cedo compreendi que seria muito bronco, obtuso, se não gerenciasse minha saúde com o melhor conhecimento disponível. Lembro-me das palestras familiares que minha mãe promovia em casa com a filharada, explicando a função dos diferentes alimentos, os grupos diferenciados de nutrientes e o papel dos reguladores, tudo contribuindo para o apropriado funcionamento do complexo organismo. Somos (em grande medida) o que comemos. Eu prometi doravante a mim mesmo alimentar-me bem, valorizando cada variada garfada. Agradeço a Deus esta abrangente graça imerecida. Ainda mais agora vejo como o conhecimento do que Deus espera de cada um pode ajudar a encontrar o caminho correto também neste particular...

Esta morte assinala a necessidade de promover-se mais e mais a informação adequada sobre a alimentação e os amplos cuidados com a saúde, adornada com a orientação apropriada sobre o respeitar, cada qual, a si mesmo (e os demais), em amplo espectro, pois é incongruente vivermos impondo-nos (e, reciprocamente, aos demais) encargos que poderiam ser evitados com a honesta e coerente ação voltada à preservação de nosso vigor, em todos os níveis.

Esta, a contradição, é uma marca que vejo como a mais marcante de nossa geração: tanta informação veraz no sentido de pautarmos de modo salutar (noss)as ações para termos uma vida com qualidade, de um lado e, de outro, tantas atitudes em sentido contrário com o que seria coerente com os ensinos destas multifacetadas informações, do conhecimento que a humanidade vem consolidando há tanto tempo. Mas parece que está embutido no ser humano o retrocesso, a burriquice: agir seguidamente como se não detivesse tão críticos conhecimentos. É nossa natureza, ao que se afigura... Que a morte deste ser humano afável, de gestos elegantes, de talento reconhecido, não seja em vão.

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Oscar Fingal O'Flahertie Wills Wilde

Oscar Wilde
(obtido nesta data de http://pt.wikipedia.org/wiki/Oscar_Wilde)

          Tenho um libreto que ganhei há tempos de um amigo paranaense que costumava aportar por aqui, na época que ainda trabalhava no Centro Universitário UNIFEOB. Chamava-se Rodrigo, e era um vero empreendedor da área da educação, cativante mesmo (as mulheres diziam-no muito charmoso). Nunca mais o vi, mas ficou a lembrança. Este livro ('Aforismos', de Oscar Wilde, Rio de Janeiro: Newton Compton Brasil Ltda., 1997. Coleção Clássicos Econômicos Newton, vol. 02; tradutor Mario Fondelli) traz saborosos ditados do conhecido (e polêmico) poeta, romancista, comediógrafo, talvez o mais importante escritor da época vitoriana. Este simpático opúsculo (98 p.) traz também ótima nota biobibliográfica sobre Wilde, além de boa Introdução, de autoria do conhecido intelectual italiano Riccardo Reim (veja http://www.riccardoreim.it ). Pesquise no endereço da wikipedia acima um bom resumo da conturbada vida de Wilde. É um autor "obrigatório"...

          Suas frases fazem pensar, não tanto pelo inusitado da costumeira apresentação verbal - ele esgrimia com maestria as palavras - mas pelas verdades que embutem. Uma das minhas preferidas (e com a qual me identifico, de certa maneira) é   'Adoro as coisas simples. Elas são o último refúgio de um espírito complexo'. Um grande frasista sabe ser sintético, mas com estilo! Em verdade, serve esta frase a todos/todas e qualquer um; todos somos pessoas de imensa complexidade, todos nós, humanos, pessoas, mesmo os que recusam esta existencial determinação de pessoalidade.

          Mas o que gostaria de comentar hoje aqui é uma de suas frases modelares sobre a verdade. Aprecio também os ditos de Sebastian Melmoth (uma de suas conhecidas onomatóposes...) porque carregam um certo desafio de reflexão, como aqueles paradoxos zen que intentam realizar nossa iluminação mediante o estupefacto meditar nelas. Diz assim:

Raramente se dizem verdades que merecem ser ditas. Seria preciso escolher as verdades com o mesmo cuidado com se escolhem as mentiras, e escolher as nossas virtudes com aquele mesmo cuidado que dedicamos à escolha dos nossos inimigos (opere citato, página 89).

          Nesta nossa sociedade, progressivamente mais e mais adoecida, a cada vez 'precisamos' ser menos verdadeiros, ao que (paradoxalmente) parece... O medo do relacionar-se faz-nos pensar demais (e sucumbir à tentação) em falsear nossos relacionamentos, pois nunca vemos claramente o que os outros poderão fazer com as nossas 'verdades'. Mas, ao fim e ao cabo, demonstramos muito nosso não-ser, o que não nos pertence, de fato. Só pode resultar em confusão, o que, parece também, ser a marca destes nossos tempos.

          Interessante como nosso Autor liga aqui verdade com a idéia da virtude que, para mim, é esta inerente, intrínseco à idéia da Ética enquanto tal. Nossa pessoalidade é organizada e expressa em grande medida pelas virtudes que cultivamos. Pode-se estimar, avaliar muito o(a) outro(a) pelo que ele/ela demonstra com sua conduta virtuosa (ou viciosa). Na verdade é (esta estimativa) algo relativamente fácil, mas de dificultosa aquisição pelo homem/mulher simples.

          Se é trabalhoso, árduo proferir verdades aos demais, o mais precioso é, vejo, a partir destas reflexões de Wilde, aprender a dizer-se verdades a si mesmo...  Como nos auto-enganamos hoje em dia!

sábado, 26 de novembro de 2011

bons tempos...

Foto por Ruth Barroso

          Hoje, quase curtindo merecidas férias, ‘matei’ as saudades de um costume que desenvolvi na faculdade (anos 70...). Certa vez vi uma foto do grande psicólogo Carl Gustav Jung (26 julho 1875 – 06 junho 1961) degustando um belo cachimbo e comecei a pesquisar este antiquíssimo costume (veja umas fotos de Jung – existem outras por aí -  aqui neste endereço: http://briarfiles.blogspot.com/2010/01/featured-pipe-smoker-carl-jung.html). Antigamente não havia esta grita sobre o tabagismo, e havia ainda alguma aura (quero dizer aqui, como consta de uma acepção do Houaiss, ‘ambiente exterior de um estado de espírito’) charmosa associada a tal curtição...

          Sempre imaginei que apreciar cachimbo era algo que envolvia conhecimento e arte, e não me enganei. Adolescente, experimentei cigarro e achei a coisa mais cretina que se podia impingir, depois do álcool. Cachimbo e  charuto, diferentemente do cigarro, não se tragam; saboreia-se o aroma do tabaco, mormente temperado sob variegadas condições e, assim, instila-se no ar olores marcantes, por vezes sublimes, como só quem conhece pode afirmar. 

          Ao longo dos anos tornei-me bastante expert no assunto, comprando livros, adereços e equipamentos, e com ajuda de meus pais que, sempre que viajavam ao exterior, tinham a gentileza de trazer fumos tradicionais por onde passavam. Assim, pude conhecer os melhores fumos ingleses (incomparáveis), holandeses (os meus preferidos), dinamarqueses e americanos, em suas diversas expressões. Gostava muito de todo o ritual de ‘inicializar’ um novo cachimbo, de modo a torna-lo apropriado ao uso. Um cachimbo bom pode custar muito dinheiro, e eu tinha – e tenho ainda algumas peças - uma coleção ótima, constituída em sua maioria de fornilhos que tinha recebido de pessoas amigas e aficionadas pelo cachimbo. Era meu único hobby, e só parei com a prática regular, de um lado, por causa das crianças e, de outro, pelo crescente alarido em torno das melhores ações em prol da saúde – fumaçar hoje não ‘pega bem’, o que concordo, em geral.

          Agora há pouco peguei meu cachimbo inglês (legítimo! é aquele da foto...) Partner Black -- que ganhei de meu quase-sogro José Luiz Jacques Guisard, um verdadeiro gentleman, no final dos anos 70 -- coloquei um fumo holandês Amphora (Dowe Egberts, de Rotterdam), tipo Cavendish (um blend de tabacos Burley, Kentucky, Oriental e Virginia), mild aroma; acendi-o com palito de fósforo, como manda o figurino e, voilá! Contentamento...

          Cachimbar (veja as acepções que este termo tem no Houaiss...) é algo que se concede primacialmente de modo isolado, meditativo, solipsista. Ajuda a pensar e refletir. É algo que ajuda a ‘fugir’ desta barafunda que é a vida moderna; é um breve 'retiro', saudável (psicológica e espiritualmente falando...) e refrescante, que se auto-presenteia, geralmente em um determinado lugar da casa (o meu é uma cadeira de balanço da sala de estar, de onde posso ficar olhando a linda paisagem que se descortina da janela do meu apartamento). Hoje, para mim, cachimbar tem um sentido mais de nostalgia (no bom sentido), algo que se permite fazer de vez em quando, para recordar, remembrar bons momentos que não voltam mais...
(para saber mais sobre Jung, veja http://www.nytimes.com/learning/general/onthisday/bday/0726.html

sábado, 19 de novembro de 2011

A Pajem e o Lobo


Foto obtida nesta data do site
http://fohn.net/wolf-pictures-facts

         Conta a fábula (nro. LXXXV do livro Aesop's Fables, London: Penguin Popular Classics, 1996, p. 88) que um lobo errante, procurando comida, passou frente a uma porta onde uma criança estava chorando e sua pajem a estava censurando. Assim que o lobo parou para escutar, ouviu a senhora dizer "se você não parar de chorar agora, vou te colocar para fora e o lobo vai te pegar!!

        Imaginando que a mulher pudesse ser boa como afirmava, o lobo esperou quieto fora da casa, contando com uma ótima refeição. Mas assim que escureceu e a criança se acalmou, o lobo escutou a pajem mimando a criança  dizendo "Que menino bom! Pois agora se o lobo malvado aparecer eu vou bater nele até morrer! "  

       Desapontado e mortificado, o lobo pensou que era agora hora de ir para casa. Esfomeado como somente um lobo pode ser, ele foi embora murmurando consigo mesmo "Isto é o que acontece por escutar pessoas que dizem uma coisa, mas querendo significar outra..."

       Este é mais um exemplo das mazelas humanas; nossa comunicação é muito complicada. A linguagem é um fenômeno tão dúbio, tão enganador, que é notável que possamos nos compreender amiúde (pelo menos é o que parece!)... Sei, os termos são por vezes polissêmicos, mas falo mais da intencionalidade que subjaz no emprego das palavras. 

      Eu, psicólogo por profissão, educador por vocação (se bem que muitos pedagogos acham que este termo é privativo de sua prática, que viés ...), lembro sempre aos meus alunos como devemos ser muito observadores da totalidade do ser (e da situação) do interlocutor, se desejamos realmente chegar perto do que ele/ela tenciona em sua fala.... e mesmo assim não se garante a real intelecção. Eu sempre assumo que (talvez) chego 'perto', e assim tenho evitado muitas decepções. Mas creio que este fato seja mais uma evidência (ou decorrência?) do inexorável, inelutável solipsismo a que, ao que tudo indica, estamos todos encerrados.

       Este ano, academicamente, foi muito interessante para mim. Precisei substituir na Faculdade uma professora na disciplina de Psicologia Humanista Existencial e, em virtude dos debates dos diversos assuntos, realizei boa revisão destas idéias. Um tema pertinente é a atividade de conferir sentidos, que parece ser privativa dos humanos. Ainda que existam alguns, como o notável literato Rubem Braga (1913-1990) que afirmem que as coisas, em geral, não tem sentido algum, sabemos que o conferir sentidos é-nos imanente, mesmo essencial à nossa natureza e práxis. E fazemos isso primacialmente pela linguagem, ainda que imperfeita, provisória, enganadora...
   
       A arte de viver - que muitos hoje em dia aparentam desprezar seu aprendizado - está imbricada no aperfeiçoamento do nosso linguajar, seguramente. Agradeço aos céus ter tido este vislumbre logo cedo em minha juventude, o que tem, creio, me poupado de muito desalento e aflição. Estou ainda aprendendo. Vejo como uma das tarefas mais lancinantes (a que nos podemos propor) a imperiosa, preciosa introspecção - e como é trabalhosa! Mas como pretender saber um pouco do outro se não nos entendemos um tanto mais? Assim vejo a equação - entender ao outro a partir do entendimento que obtenho de mim mesmo. É divertido ver as agruras daqueles que querem se entender a partir do outro - tenho minhas reservas sobre tal estratégia...