A V I S O


I am a Freemason and a member of both the regular, recognized ARLS Presidente Roosevelt 75 (São João da Boa Vista, SP) and the GLESP Grande Loja do Estado de São Paulo, Brazil. However, unless otherwise attributed, the opinions expressed in this blog are my own, or of others expressing theirs by posting comments. I do not in any way represent the official positions of my lodge or Grand Lodge, any associated organization of which I may or may not be a member, or the fraternity of Freemasonry as a whole.

terça-feira, 22 de julho de 2025

Instruir-se na reflexão maçônica em Loja - ROTEIRO DE ESTUDOS

1. Introdução

Contextualização da Maçonaria: Organização fraternal que busca o desenvolvimento moral e intelectual de seus membros.

  • Importância das Reflexões: As reflexões maçônicas promovem o autoconhecimento e a compreensão de valores éticos.

2. Objetivo da Instrução

  • Desenvolvimento Pessoal: Reflexões adequadas ajudam no aprimoramento do caráter e da convivência social.

  • Fortalecimento dos Princípios Maçônicos: Compreender e internalizar os princípios como liberdade, igualdade e fraternidade.

3. Principais Conceitos nas Reflexões Maçônicas

  • Simbolismo: Compreensão dos símbolos e alegorias maçônicas, que são fundamentais nas reflexões.

  • Ensino Moral e Ético: Análise de temas como justiça, honestidade e responsabilidade.

4. Métodos de Especulação

  • Estudo e Pesquisa: Encorajamento à leitura e pesquisa sobre textos maçônicos clássicos e contemporâneos.

  • Discussão em Loja: Importância do diálogo e troca de experiências entre os membros para enriquecer as reflexões (ver detalhamento abaixo).

5. Benefícios da Boa Especulação

  • Clareza de Propósito: Ajuda a estabelecer objetivos claros e alinhados aos valores maçônicos.

  • Consciência Crítica: Desenvolve uma visão crítica sobre a sociedade e o papel do maçom nela.

  • Crescimento Coletivo: Promove a unidade e o fortalecimento da fraternidade entre os membros.

6. Desafios e Obstáculos

  • Falta de Conhecimento: A ausência de instrução básica pode limitar o potencial de reflexão.

  • Interpretações Divergentes: Necessidade de orientação para evitar mal-entendidos nos significados.

  • Reafirmação da Importância da Instrução: A educação contínua nas reflexões maçônicas é essencial para o desenvolvimento pessoal e coletivo.

  • Chamado à Ação: Incentivo para que os maçons busquem constantemente o aprendizado e a aplicação das reflexões em sua vida diária.


        A discussão em Loja desempenha um papel fundamental nas reflexões maçônicas, contribuindo de várias maneiras importantes:


1. Troca de Ideias

  • Diversidade de Perspectivas: A interação entre maçons de diferentes origens e experiências enriquece as discussões, permitindo uma visão mais ampla sobre os conceitos e valores maçônicos.

  • Desenvolvimento do Pensamento Crítico: A exposição a diversas opiniões desafia os membros a pensar criticamente e a considerar argumentos diferentes.

2. Aprendizado Coletivo

  • Compartilhamento de Sabedoria: Membros mais experientes podem compartilhar seus conhecimentos e experiências, promovendo um ambiente de aprendizado contínuo.

  • Debate sobre Temas Relevantes: Discussões sobre temas atuais ou questões éticas proporcionam contextos práticos para a aplicação dos princípios maçônicos.

3. Refinamento de Crenças e Valores

  • Autoanálise: Ao discutir questões profundas, os maçons são incentivados a refletir sobre suas próprias crenças e valores, promovendo o autoconhecimento.

  • Fortalecimento dos Princípios: O debate sobre os princípios éticos da Maçonaria reforça a importância da integridade e do compromisso moral.

4. Promoção da Fraternidade

  • Criação de Laços: O diálogo aberto e respeitoso fortalece as relações entre os membros, promovendo um sentido de unidade e fraternidade dentro da Loja.

  • Apoio Mútuo: Discussões em grupo podem levar ao suporte emocional e intelectual, incentivando um ambiente harmônico.

5. Importância da Escuta Ativa

  • Fomento ao Respeito: A prática de ouvir ativamente os outros incentiva o respeito mútuo e a consideração por opiniões divergentes.

  • Estímulo à Empatia: Reforça a capacidade de entender e apreciar a perspectiva do outro, fundamental em um ambiente fraternal.

6. Integração do Conhecimento

  • Síntese de Conhecimentos: As discussões permitem a integração de diferentes formas de saber, unindo a teoria maçônica a experiências práticas.

  • Contextualização Histórica e Cultural: Promove a reflexão sobre a história e os símbolos da Maçonaria, conectando a teoria à tradição.

7. Criação de Compromissos

  • Estabelecimento de Objetivos Comuns: Discussões em Loja ajudam a alinhar os membros em torno de objetivos e ações concretas que refletem os valores maçônicos.

  • Responsabilidade Compartilhada: Fomenta um senso de responsabilidade entre os membros para agir de acordo com os princípios discutidos.


Conclusão

    A discussão em Loja é essencial para a prática das reflexões maçônicas, pois cria um espaço dinâmico de aprendizado e crescimento. Por meio da troca de ideias e da interação fraternal, os membros têm a oportunidade de aprofundar sua compreensão dos princípios maçônicos, promovendo tanto o desenvolvimento pessoal quanto a coesão da comunidade.

Maçonaria e a Jornada Interior: Diálogos com Carl Gustav Jung

Roteiro para estudos sobre conceitos de Imaginação, Rituais e o Inconsciente Coletivo

 A Maçonaria sempre foi um campo fértil para o cultivo da interioridade, da simbolização e da construção do ser. Seus ritos, alegorias e instruções silenciosas encontram ecos poderosos nas grandes tradições filosóficas e espirituais da humanidade. No entanto, no limiar da contemporaneidade, o desafio é re-encantar os símbolos com sentido, abrindo espaço para novas leituras que não destruam o antigo, mas o fecundem.

É nesse contexto que o pensamento do psiquiatra suíço Carl Gustav Jung (1875–1961) se apresenta como um manancial instigante. Ao compreender o ser humano como um ser simbólico e ao valorizar a imaginação ativa, os arquétipos e os processos de individuação, Jung fornece à Maçonaria uma lente poderosa para rever e revitalizar sua ritualística e sua pedagogia interior.

Este pequeno roteiro de ideias fundantes propõe-se como um convite inicial. Um mapa, não o território. Um compasso, não o traçado. Um caminho que possa iniciar o leitor — maçom ou interessado — em uma jornada simbólica enriquecida pelos insights da psicologia profunda, a partir da caminhada de estudo pelos conceitos aqui elencados.

Maçonaria: Simbolismo e Transformação

A Maçonaria é, antes de tudo, uma escola de símbolos. Seus ritos não apenas comunicam valores, mas transformam o iniciado através de experiências que apelam à totalidade do ser. No entanto, sem uma chave hermenêutica adequada, tais símbolos podem se tornar esvaziados. É aqui que entra o olhar junguiano: o símbolo é mais que um signo — é a porta para o inconsciente.

  • Simbolismo como linguagem da alma

  • O rito como drama arquetípico

  • Imaginação como ponte entre o visível e o invisível

Carl Gustav Jung: Ideias Fundamentais

Jung compreendeu que o inconsciente não é um depósito de resíduos mentais, mas um espaço criativo e estruturante da personalidade. Seus principais conceitos — arquétipos, inconsciente coletivo, sombra, anima/animus, Self — fornecem uma gramática para interpretar os símbolos maçônicos com profundidade.

  • Arquétipos: imagens primordiais da experiência humana

  • O inconsciente coletivo e a tradição iniciática

  • A individuação como caminho espiritual

O Iniciado e a Jornada do Herói

A estrutura iniciática da Maçonaria coincide, em muitos aspectos, com o percurso simbólico descrito por Jung como processo de individuação. O Aprendiz é aquele que desce ao interior da terra (símbolo da psiquè), o Companheiro confronta a sombra, e o Mestre reencontra o Self — o centro divino interior.

  • Iniciação como rito de passagem psíquico

  • A descida ao “inconsciente” como laboratório alquímico

  • Jung e Joseph Campbell: convergências com o mito maçônico

A Imaginação Ativa e o Rito Maçônico

A “imaginação ativa” em Jung é a prática de dialogar conscientemente com imagens interiores. Isso ressoa com a vivência ritualística da Maçonaria, onde o símbolo não é só compreendido intelectualmente, mas encarnado pelo gesto, pelo silêncio, pelo espaço-tempo sagrado.

  • Do símbolo ao arquétipo vivo

  • Visualização, meditação e silêncio ritual

  • O templo como projeção psíquica

A Sombra e a Ética Maçônica

Jung advertia que ignorar a sombra — o lado rejeitado do eu — conduz ao fanatismo e à alienação. A Maçonaria, ao instar o homem ao autoconhecimento, pode assumir uma postura junguiana ao encorajar a integração da sombra como base para uma fraternidade genuína.

  • Reconhecer o lado obscuro: moralidade não dogmática

  • O altar interior: reconciliação de opostos

  • Fraternidade como laboratório ético de individuação

O Self e a Pedra Angular

O conceito junguiano de Self — totalidade que integra o consciente e o inconsciente — guarda estreita relação com o ideal maçônico da Pedra Angular: aquilo que sustenta o templo invisível do ser. A Maçonaria oferece, assim, um arcabouço simbólico para o florescimento da totalidade interior.

  • O Self como núcleo do ser

  • Pedra bruta e Pedra cúbica: evolução interior

  • Da multiplicidade à unidade: vocação mística da Maçonaria

Implicações Práticas e Recomendações Rituais

Esta seção propõe sugestões concretas de como os insights de Jung podem enriquecer a prática ritualística maçônica:

  • Leitura junguiana dos graus simbólicos

  • Oficinas de imaginação ativa para maçons

  • Meditações guiadas com os símbolos do templo

  • Círculos de estudos simbólico-psicológicos

Uma Alquimia Espiritual Contemporânea

A obra de Jung não pretende substituir a tradição maçônica, mas iluminá-la por dentro. Ao invés de mera análise racional, propõe uma hermenêutica simbólica que honra o mistério, o silêncio e o sagrado. Sua linguagem oferece à Maçonaria um caminho de renovação que dialoga com os tempos atuais sem perder a profundidade ancestral.

quinta-feira, 17 de julho de 2025

435 postagem: Solidão, alienação e o excesso de (des)informação...

    Vivemos em uma era aparentemente paradoxal. Nunca antes na história da humanidade estivemos tão cercados por fontes de informação — para o bem e para o mal –  e, no entanto, nunca estivemos tão desorientados quanto ao sentido profundo de nosso lugar no mundo. As TIC – tecnologias digitais de informação e comunicação – e os fluxos contínuos de dados reconfiguram as formas de viver, pensar, sentir e se relacionar. Nesse contexto, a alienação não desapareceu. Ao contrário, disfarçou-se, tornou-se mais sutil, mais insidiosa, mais internalizada. O presente ensaio propõe uma rápida mas necessária reflexão sobre como, na atualidade, a alienação modifica o homem em suas dimensões cognitivas, afetivas, sociais e existenciais.

    Falemos inicialmente de certa ilusão do “saber”, que degenera em certeira alienação da consciência crítica.  Na sociedade dita ‘da informação’, o acúmulo de dados é muitas vezes confundido com conhecimento. O indivíduo é “bombardeado” a todo instante por conteúdos diversos (em gênero e grau), em ritmo acelerado, com pouco ou nenhum tempo para a “digestão” crítica. A pressa de consumir substitui a lentidão da apropriada interpretação, que conduz à adequada compreensão. As narrativas surgem como que prontas, “mastigadas”, diagramadas para atribuirmos “likes" e provermos compartilhamentos. A consequência é clara: a mente torna-se reativa em vez de reflexiva. A alienação, aqui, se manifesta como um entorpecimento da Razão — o homem deixa de pensar por si mesmo e passa a repetir, a ecoar, a seguir, a concordar…

    Por outro lado, a identidade humana, antes construída na intimidade da experiência vivenciada (ou seja, pessoalmente significada) e da história de vida, torna-se cada vez mais performática. O sujeito contemporâneo não apenas vive, mas se exibe (con?)vivendo. As redes sociais transformam a vida em vitrine, e o indivíduo, em marca. Nessa “lógica”, o valor do ser é substituído pelo valor do parecer. A alienação da identidade consiste, então, na perda de contato com o próprio Eu autêntico. Em busca de aprovação, o homem adere a máscaras. Vive para agradar o outro — o algoritmo, a turma, a galera, o grupo, o público, o mercado.

    Outra dimensão decorrente que merece atenção seria a da “solidão em rede”, configurando certa alienação, certo afastamento das relações humanas. Curiosamente, observamos que a hiperconectividade traz consigo um isolamento paradoxal. O homem atual está “online" mas, como se considera, raramente está presente. Os vínculos virtuais substituem os encontros reais; os emojis, os afetos genuínos. Com isso, a empatia, a escuta profunda e o diálogo tornam-se enviesados, distorcidos ou mesmo raros. A alienação nas relações humanas reside na substituição do encontro pelo contato, do vínculo pela interação superficial, descompromissada. As relações se tornam como que descartáveis, e o outro é percebido não como sujeito, pessoa, mas como veículo, estímulo ou obstáculo.

    Observamos nesse  cenário uma outra dimensão que merece destaque: o tempo, que se mostra fragmentado, desdobrando-se na divisão insuspeitada entre atenção e presença. O capital mais precioso do século XXI não é o dinheiro, mas a atenção. As plataformas digitais competem por segundos da mente humana, moldando seus hábitos e seus ritmos. O resultado é uma atenção dispersa,, ansiosa -- não cônscia… O homem, incapaz de sustentar o silêncio ou a espera, vive em estado de distração permanente. A alienação do tempo se expressa na perda da profundidade:  não se lê longamente, não se conversa (diálogo) demoradamente, não se contempla. Tudo é imediato, volátil, efêmero e mediado… A multiplicidade de discursos, verdades alternativas (apresentadas em geral de modo polarizado) e manipulações informacionais tem corroído o senso comum da realidade. Em um mundo onde todos podem dizer “tudo”, o critério de verdade torna-se frágil. A alienação da realidade ocorre quando o indivíduo perde a capacidade de discernir o que é real do que é fabricado, confundindo opinião com fato, crença com evidência. Tal confusão favorece extremismos, polarizações, terraplanismos, pós-verdades e a erosão da confiança coletiva. 

    Assim, em decorrência, a forma mais radical de alienação caminha para a perda de sentido. Quando o homem é reduzido a consumidor, a figurante de estatísticas, a produtor de conteúdo, ele se distancia das perguntas fundamentais: Quem sou eu? Para que estou aqui? O que é o Bem, o Belo, o Justo? A vida é vivida com pressa, sem pausa para a contemplação do mistério que a sustenta. O homem alienado existencialmente não sabe mais sonhar, imaginar, transcender — ele vive no plano efêmero da superfície, anestesiado pela rotina e apartado pelas delusionais e constantes alheações.

    E quais são os caminhos disponíveis para enfrentar a alienação, superando-a? Podemos divisar que é urgente o cultivo de práticas que permitam ao homem recuperar sua inteireza, entre elas o silêncio; a escuta; a leitura lenta e atenta;  a amizade fraterna, honesta e verdadeira;  o diálogo filosófico; a espiritualidade livre de liames do homem; o engajamento ético. Contra a alienação, propõe-se um retorno à busca infinda pela realizante interioridade, ou seja, à contemplação, ao compromisso, à ação plena de responsabilidade.

    Superar a alienação não é rejeitar a modernidade e seus produtos, mas atravessá-la com lucidez. É fazer da informação um instrumento de criticidade, de busca pela sabedoria; fazer da tecnologia um meio de encontro e,  fazer da vida — não um mero espetáculo — mas um caminho consciente e desafiador de resposta ao que nos interpela; vida de efetiva, grata e participante presença, vida de comprometimento, vida de entrega efetiva;  de construtiva dialogicidade, de verdade e de sentido...

terça-feira, 15 de julho de 2025

A Moral Provisória de Descartes como Guia Prático para o Aprendiz Maçom

O Grau de Aprendiz é o ponto de partida na jornada maçônica. Nele, o neófito é convidado a observar, estudar, silenciar e começar a polir sua “pedra bruta”. Nesse estágio inicial, a sabedoria plena ainda não foi alcançada, e o Aprendiz está, por definição, em fase de construção. É justamente neste contexto que a moral provisória de René Descartes se revela extraordinariamente útil: ela oferece um mapa ético pragmático, ideal para quem ainda está estruturando seu edifício interior.


Vejamos como cada máxima pode ser aplicada na prática pelo Aprendiz Maçom:

1. “Obedecer às leis e costumes do país [...] e seguir as opiniões mais moderadas”

Aplicação no trabalho maçônico: r espeito à Tradição, regularidade e moderação.

O Aprendiz deve, antes de tudo, respeitar a estrutura da Ordem e suas regras, mesmo que nem tudo lhe seja plenamente compreendido. Isso está alinhado à exigência cartesiana de conformidade provisória com as leis e costumes. O Aprendiz ainda não tem todas as luzes, mas deve confiar no método e no rito que lhe são oferecidos.

Além disso, a moderação exigida por Descartes se aplica diretamente ao aprendizado do silêncio. O Aprendiz, por exemplo, tem direito de voz limitado na Loja e isso não é censura, mas uma lição de humildade e equilíbrio. A moderação nas opiniões e atitudes ajuda a evitar os extremos emocionais ou intelectuais que podem obstruir o verdadeiro progresso moral.

Exemplo concreto: Ao invés de julgar ou criticar ritos e símbolos que ainda não entende, o Aprendiz deve praticar a disciplina do silêncio reflexivo, esperando o momento certo da compreensão. Isso é, ao mesmo tempo, respeito pela Tradição e expressão de moderação cartesiana.

2. “Ser o mais firme e decidido possível nas ações”

Aplicação no trabalho maçônico: constância no progresso pessoal.

Descartes sugere que, na dúvida, devemos agir com firmeza dentro do que é racional e ético. Para o Aprendiz, que está constantemente diante do desconhecido (símbolos, ensinamentos velados, tarefas interiores), é essencial manter a perseverança.

A Maçonaria ensina que o Templo não se constrói em um dia, e que o trabalho do Aprendiz é árduo, solitário e interno. A firmeza cartesiana sustenta essa jornada: mesmo sem plena compreensão, ele deve manter-se constante, comparecendo às sessões, estudando os símbolos, meditando sobre as virtudes.

Exemplo concreto: Mesmo não compreendendo completamente o significado do esquadro e do compasso, o Aprendiz deve observá-los, meditar sobre sua possível aplicação moral e disciplinar sua conduta de acordo com os valores de retidão e contenção que representam.

3. “Mudar a si mesmo, e não o mundo”

Aplicação no trabalho maçônico: lapidação da pedra bruta.

Esta máxima é, talvez, a que mais diretamente dialoga com o simbolismo do Grau de Aprendiz. A “pedra bruta” representa o estado inicial do iniciado, com suas imperfeições, vícios e paixões. A missão do Aprendiz é começar a polir essa pedra, ou seja, reformar-se interiormente. Descartes, ao propor o autodomínio como chave da felicidade, ecoa o mesmo princípio fundamental da Maçonaria.

A Sublime Arte ensina que, antes de criticar ou reformar a sociedade, o homem deve reformar a si mesmo. O Aprendiz, então, é exortado a olhar para dentro não para fora e identificar o que deve ser transformado.

Exemplo concreto: Diante de uma situação de conflito ou desconforto interpessoal, o Aprendiz deve resistir ao impulso de culpar o outro ou o ambiente, e, à luz de seus estudos, perguntar-se: o que posso mudar em minha postura, emoção ou reação para tornar essa situação mais harmônica?


Assim, a moral provisória de Descartes oferece ao Aprendiz Maçom um modelo de conduta baseado na prudência, firmeza e reforma interioros mesmos valores fundamentais do primeiro grau da Maçonaria. Ao aplicá-la no dia a dia, o Aprendiz transforma a incerteza inicial de seu caminho em oportunidade para edificação de si mesmo.

Descartes nos mostra que é possível agir eticamente mesmo sem possuir todas as verdades. A Maçonaria ensina que esse agir constante, silencioso e disciplinado é o verdadeiro caminho da iluminação. Assim, o Aprendiz que vive segundo esses princípios não apenas honra a tradição da Ordem, mas também prepara o terreno para se tornar um verdadeiro Iniciado — um construtor consciente do Templo da Virtude.