A V I S O


I am a Freemason and a member of both the regular, recognized ARLS Presidente Roosevelt 75 (São João da Boa Vista, SP) and the GLESP Grande Loja do Estado de São Paulo, Brazil. However, unless otherwise attributed, the opinions expressed in this blog are my own, or of others expressing theirs by posting comments. I do not in any way represent the official positions of my lodge or Grand Lodge, any associated organization of which I may or may not be a member, or the fraternity of Freemasonry as a whole.

domingo, 25 de setembro de 2011

115a. postagem... reflexões sobre uma porção da espiritualidade

Gravura obtida hoje de
http://www.viadelsole.it/cycling/cycling-Sicilywhole.htm
(é um site para pessoas que querem percorrer a Sicília,
na Itália, de bicicleta... interessante!)

          Hoje vou contar algo caro para mim. Como aqueles que me acompanham devem saber, fui batizado desde nenê na Igreja Católica Romana (fui crismado quando adolescente, e realizei meu primeiro casamento nela também). Estive no catecismo, tinha Bíblia, minha mãe realizava reuniões com a filharada para discutir pontos da doutrina. Devo muito aos meus pais, católicos caridosos, comprometidos, fiéis na Oração - sempre admirei ver os dois recitarem o Terço ou o Rosário e via que realmente Jesus preside onde dois ou mais estão reunidos em Seu Nome.

          Como sempre gostei de Psicologia da Religião, estudei muito o Zen-Budismo, em especial o da seita Sotô. Fiz meus votos no Templo Bussingi, do bairro da Liberdade, em São Paulo (cheguei a conhecer a casa antiga, antes da demolição e da construção do belíssimo tempo de madeira, que existe hoje no local; fiz muito 'retiro' lá - fins de semana de estudos e meditação intensivos). Estes votos leigos são para auxiliar ao budista a observar determinadas práticas que, visto em sua essência, nada se opõem à vida santa requerida dos cristãos. Aprendi a acalmar a mente realizando muito zazen - ficar horas com os olhos semicerrados, olhando para uma parede, sentado numa almofada (de nome 'zafu' - tenho ainda hoje uma que ganhei de presente da amiga Helena Hiromi Hayashia - saudades dela, mora em Rio Claro com os irmãos e sua mãe, uma adorável japoneza que aprecia a milenar luta nipônica de Sumô, como eu) circular típica desta tradição.

          Quando fui ao estado de Mato Grosso do Sul (trabalhar como Consultor numa cidadezinha chamada Sidrolândia) converti-me e batizei toda a família na Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, conhecida como os Mórmons. Obtive o Sacerdócio Aarônico e posteriormente o Sacerdócio de Melquisedeque; fui ordenado Sumo Sacerdote e cheguei a ser segundo conselheiro na Estaca de Rio Claro (SP) que, à época, abrangia uma região eclesiástica enorme, o que obrigava aos oficiais da Igreja percorrerem vasta kilometragem para visitar as capelas sob sua jurisdição. Foi uma época de enorme aprendizado, sob a orientação do meu querido Presidente Odival Luciano Barbosa, um vero homem de Deus, humilde, dedicado, honrado em todos os sentidos. Conheci ali muitos homens e mulheres que praticam realmente a caridade e humildade do Cristo.

          Por força de inúmeras reviravoltas da vida, cheguei ao conhecimento da Fé Reformada, postulado por Calvino, e fiz a Profissão de Fé, sendo batizado na Igreja Presbiteriana da Vila Brasil. Hoje congrego na pequena Igreja Presbiteriana do Jardim, em Santo Antonio do Jardim, uma cidadezinha rural, distante uns 20 km  aqui de São João da Boa Vista.Vejo que o Plano de Deus para mim culminou na chegada deste conhecimento e espiritualidade que hoje detenho, somente quando pude efetivamente compreender estas verdades do Evangelho.

          Trabalho em asilos mantidos por obreiro(a)s ordenados e leigos, ligados à tradição católica. Relaciono-me maravilhosa, 'celestialmente' com eles, pois vejo que os move a pura caridade de Cristo. Conheci e conheço monges budistas, padres santos (não direi nada dos réprobos), pastores mórmons santos (e desviados também), e conheço pastores crentes santos e também ímpios. Conheço batistas, espíritas, assembleianos e congregacionistas maravilhosos, honestos, praticantes fiéis e que honram a Deus. Felizmente aprendi a separar doutrina das pessoas, igreja de seus dirigentes, que são imperfeitos como eu também (muito) o sou. Sempre que decidi reorientar meus caminhos espirituais, isto deveu-se a conjecturas, reflexões, oração e convicções que fui percorrendo ao longo de minha estada nesta esfera (que sei que não passa de um átimo, um estalar de dedos). 

          A grande formação espiritual que obtive foi efetivamente na família de meus pais, que educaram cinco filhos no amor e no seus exemplos de fidelidade ao Cristo ressurreto, como pedagogia prioritaria. O resto que detenho foi-me acrescentado nesta base, nesta rocha, como ordena a Palavra, no que foram fiéis meus pais, desde o início. 

          Tenho tristeza pelo estado decaído da humanidade que nos compele (todos os crentes) a perfazer caminhos doutrinarios dentro do Cristianismo vistos como antagônicos. Sei que a Palavra é uma, mas os homens vão sempre interpretá-la segundo suas propensões históricas, políticas, sociais, antropológicas, ... (quaisquer que sejam os motivos, as rubricas que se arroguem os homens ou sua liderança). Estudando a doutrina romanista, a luterana e a reformada (só para circunscrever neste momento minhas meditações), vejo que compõem sistemas articulados ao longo dos séculos, em grande parte realmente elegantes, pela mão de doutos (alguns nem tanto...) teólogos que encerram argumentações extensas, que exigem laborioso escrutínio.

          Ao fim e ao cabo vejo que, para efetivamente se auferir a Luz, o desejo de Deus a nosso respeito, necessita-se averiguar onde a Lógica (assistida pelo Santo Espírito), de um lado, e a fundamentação bíblica per se, de outro,  sustentam as intelecções que se postulam (entre as variegadas correntes) para afirmar para nós, incultos, x ou y ser a Palavra de Deus. De mim, agradeço aos Céus, depois de tudo o que já vi e vivi em família original e na família da Fé, ter-me chegado obras como as Institutas da Religião Cristã, de João Calvino, e a Teologia Sistemática, de Louis Berkhof, que pacificaram minha mente, no requisitos que aludi no começo deste parágrafo. Ao Deus Eterno seja para todo o sempre toda a Glória e Louvor!

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

dilema existencial...

gravura obtida nesta data de
http://www.overmundo.com.br/banco/duvidas-dilemas-existenciais

Outro dia surgiu numa das classes de psicologia a questão do ‘maior dilema existencial’ das pessoas. Todos ali escreveram seus comentários. O professor foi instado a escrever também... Abaixo coloco o que entreguei aos alunos:

            a) Primeiramente, um conhecimento que se obtém pelo simples exame dos termos. A palavra ‘dilema’ remete, numa primeira instância, à necessidade de se escolher entre duas saídas contraditórias e igualmente insatisfatórias, configurando assim uma situação embaraçosa, contendo duas alternativas difíceis ou penosas a que se deve optar. Pode-se pensar (erradamente, e de modo costumeiro), que esta palavra é sinônima de ‘sinuca’, que significa situação difícil ou embaraçosa para a qual o indivíduo não vislumbra qualquer saída ou solução. Vemos que existe uma diferença aqui: dilema abrange duas opções que não são satisfatórias, mas que são conhecidas, enquanto que sinuca abrange uma situação onde o indivíduo não sabe nem sobre o quê poderia optar. 

            Se dizemos de algo ser-nos ‘existencial’,  isto quer dizer que implica uma reflexão que toma como ponto de partida e objeto principal (desta reflexão) o modo de ser próprio do homem na sua concretude individual, singular e solitária. Esta reflexão não leva a encarar o resultado dela como algo que deva ser ‘insatisfatório’ para o homem ou para a mulher (como se devesse pensar sobre um ‘dilema’). Quando se pensa o SER, pensa-se o que é do existente, ou aquilo que o constitui; o quê pertence à (nossa) existência; aquilo que nos é, e que, assim, não é em si ‘bom’ ou ‘mau’,  simplesmente ‘é’, independentemente do que possamos pensar sobre o que quer que seja. Quando se questiona o SER, reflete-se sobre o que se põe como existente: o que configura o ente (em nosso caso, a pessoa); pensamos sobre aquilo que nos faz, de maneira concreta, fática ou atual, e isto – o que nos faz - não é, como dissemos, em si, ‘bom’ ou ‘mau’. Por extensão, não existe MAIOR (ou ‘menor’) ato ou movimento para realizar nosso ser – todos os atos e aquisições que constituem diariamente nosso rumo em direção à efetivação de nosso ser são importantes, fundamentais, ou seja,  precisamente  ‘existenciais’!

            Resumindo: em nosso caso, quando se pede para identificar qual nosso maior dilema existencial, tem-se a impressão de que se deve ‘optar’ por uma entre duas vertentes ou constituintes do ser (da pessoa), sendo, qualquer coisa que se escolha, ‘ruim’, ‘insatisfatório’. Na verdade, o uso comum da asserção DILEMA EXISTENCIAL é impróprio, posto que dispõe ali um erro lógico, levando a pensar em algo reprovável. Qualquer que seja o movimento da pessoa no sentido de efetivamente SER, isto é algo ‘ótimo’, desejável. Assim, o homem ou mulher deve tornar-se pessoa, realizar seu SER de modo a cumprir a medida de seu potencial, assumindo-se como ser-em-potência que deve, responsavelmente, realizar-se enquanto tal, a partir de suas decisões.

            b) Em segundo lugar, e feitas as considerações anteriores, posso tentar responder ao desafio, entendendo a questão como uma forma (inapropriada, mas comum) de situar (encarar) uma decisão de alguém para, assumindo-se, ‘decidir e/ou enfrentar seu destino’; realizar-se a partir de algo fundamental em sua vida, algo que caracterize seu existir, e isto com responsabilidade e autonomia. Nesta acepção, podemos provisoriamente afirmar um resultado de reflexão, que nos é vislumbrado (pessoalmente) como importante nesta processualidade de tornarmo-nos pessoa.

            Em meu caso, creio que um movimento vital (não visto por mim como um ‘dilema’, ‘menor’ ou ‘maior’...) que cotidianamente assumo, de modo responsável e para constituir com liberdade o meu existir, seria encarar o perene desafio de (a partir do horizonte que percorri até aqui), lidar efetivamente com a limitação da Razão (e, principalmente, da linguagem), e isto, em direção ao conhecimento, de um lado, das qualidades transcendentais e, de outro, da espiritualidade cristã.

Tenho dito!

sábado, 17 de setembro de 2011

Sabadão... e a idéia de Liberdade

Gravura obtida nesta data do site:
http://www.comunidadenews.com/cultura/
liberdade-de-expressao-e-marca-de-artista-plastico-brasileiro-5256
(É um site de comunidade de brasileiros nos Estados Unidos
Connecticut - tem coisas bonitas, vale a pena navegar lá...) 

Tenho que andar com um gravador! Tenho muitas idéias que necessito colocar aqui - ontem estava 'meditando' na sessão de acupuntura (tenho que ficar parado uma hora lá pelo menos...) - e tive várias intelecções que agora esqueci, ora bolas! (é a idade, que fazer...) Pelo menos aprendi a rir de mim mesmo, o que não me causa espécie, neste particular.

Estive meditando outro dia sobre a questão da liberdade, para preparar uma aula para meus alunos do terceiro ano de Psicologia. Acho que posso colocar aqui algumas ‘descobertas’... Vejo que a nossa vida, isto é, a vida de cada um, em sua realidade concreta, não é ‘coisa’ alguma, e sim, projeto, missão, ou seja, um processo. A vida é-nos dada, mas não é dada pronta, feita, acabada. A vida é um ‘por-fazer’, e qualquer um tem que conquistá-la com as coisas, em contextos, em situações que, em parte, nos determinam e  é precisamente esta determinação que possibilita a liberdade.  Ante as possibilidades que o mundo me faculta, tenho que eleger (decidir) por algo, com algo, para algo. Isto implica que tenho que justificar minhas decisões, implicando a idéia de responsabilidade pelos meus atos. Assim vemos que a idéia do que seja LIBERDADE é uma aquisição existencial fundamental, e factível no agir humano. Para um dos pilares do existencialismo, Maurice Merleau-Ponty, a liberdade constitui-se em processo vivido, transcendendo condicionadores conceituais que se possam estabelecer a priori. Para descobrir o sentido do ser, deve-se investigar a situação humana.  Consciência e mundo constituem-se numa ambigüidade que rompe com a “presunção da razão” de explicar tudo. O que existe é apenas e imediatamente uma consciência da realidade: não há, de um lado, ‘uma consciência’ e, de outro, ‘uma realidade’...

A liberdade aparece como um fenômeno social e historicamente determinado; efetiva-se na ação e na produção e adquire consciência de si junto ao agir e ao fazer. É no presente pré-objetivo (da percepção) que o Homem encontra sua corporeidade, sua sociedade, a pré-existência (já dada) do mundo, que são os fundamentos da liberdade. Em outros termos, liberdade é considerada como relação entre o sujeito e o seu corpo, seu mundo e sua sociedade, e não como uma simples (mesmo ‘complexa’...) relação causal ou motivada. A liberdade é anterior à consciência; não pode fundar-se  nos limites previamente determinados pela consciência. Tudo o que alguém seja, devido à natureza ou à história, nunca o é por si mesmo, mas o é para outrem. No entanto, permanece livre para colocar o outro como uma consciência que o atinge no âmago do seu ser. A crença em motivos que nos podem determinar significa exatamente ser  livre para examinar precisamente estes motivos (“um rochedo só é um obstáculo para alguém que se propõe a ultrapassá-lo”...). 

Se ser livre é ser livre para agir (se é que concordamos que temos livre-artbítrio); é agindo que a liberdade se realiza, e se escolher sempre supõe possibilidades, então só há uma escolha livre se a liberdade se compromete na sua decisão e coloca a situação que ela escolhe como situação de liberdade. A liberdade é uma conquista do Homem situado e histórico e nunca uma mera escolha de caráter inteligível, uma decisão abstrata. A liberdade requer engajamento, comprometimento na ação e que a ação seja conseqüente de uma nova visão – uma liberdade que não se constitua meramente em pura possibilidade.

O Homem dá um sentido à sua vida, porém o sentido não nasce de uma concepção, mas de um modo de existência presente – um projeto não se efetiva por uma simples decisão, mas deve vir acompanhada de ações concretas. Os atos tem sentido quando praticados em situações de convivência e não como atitudes isoladas.

Dá para ver que esta concepção é eminentemente mundanal, mundano – não pressupõe a Deidade, o divino. Por isso que, por vezes, leva esta concepção a uma insatisfação intrínseca – este mundo é  por demais falível e limitado para o humano do homem que, em seus desejos, embute-se-lhe um transcender insuperável neste plano, plano que envolve principalmente convivência, relações interpessoais complicadas, complexas, frustrantes... Quem busca a Deus encontra outro tipo de relacionamento, de engajamento, ainda mais necessário ao ser do homem. Pense, medite, ao final e ao cabo: só em Deus podemos encontrar sentido, nesta nossa humana dimensão, sentido mesmo para o nosso livre-alvedrio!

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Fábula de Esopo: O lobo e o cordeiro

Gravura obtida nesta data, de
http://digiport.athabascau.ca/fp/fontaine.php

        Uma fábula (nro. LXXII, p. 75) do libreto já comentado... Diz o texto que, após ser atacado por uns cães, um lobo estava ferido e não podia mover-se. Por essa razão, quando um cordeiro passou por ali, o lobo rogou a ele que fosse buscar-lhe água de uma fonte próxima. "Se você me conseguir algo para beber", ele disse, "logo poderei ser capaz de conseguir comida por mim mesmo". "Sim", disse o cordeiro, "não tenho dúvida de que, assim que eu me achegasse com a água, você certamente me faria servir  de sua comida...". Moral da estória: hipocrisia é chegada à mentira.

        O grande problema do mentiroso é que ele mormente subestima a inteligência do pretenso incauto. Uma das principais formas com que o mentiroso imagina dissimular suas intenções é pela hipocrisia de sua articulação, sua argumentação. O mentiroso vê-se sempre mais inteligente do que os outros, e aí está sua miséria, reveladora precisamente de sua falta de inteligência: desdenhar do outro, de modo a minimizar a si mesmo a vilanagem que sabe perpetrar.

      Insegurança, auto-estima baixa, boçalidade intrínseca, e outros motivos ensejam a esta classe de criaturas a se engajarem sistematicamente nesta lutuosa classe de condutas. Recentemente vislumbrei certo segmento da categoria dos parvenu que se embrenharam neste manancial de péssimas estratégias de relacionamento, e alguns até pejados de suspeita jactância!

      O rol de pessoas que se valem destes oprobriosos expedientes parece aumentar exponencialmente nos dias de hoje. Sei, de auditu, de empresas onde o clima de trabalho é pavoroso, com as pessoas espreitando como podem espezinhar, debicar o colega, de modo a se 'dar bem' em tudo. Que os céus me protejam de trabalhar com semelhante plévia!