A V I S O


I am a Freemason and a member of both the regular, recognized ARLS Presidente Roosevelt 75 (São João da Boa Vista, SP) and the GLESP Grande Loja do Estado de São Paulo, Brazil. However, unless otherwise attributed, the opinions expressed in this blog are my own, or of others expressing theirs by posting comments. I do not in any way represent the official positions of my lodge or Grand Lodge, any associated organization of which I may or may not be a member, or the fraternity of Freemasonry as a whole.

domingo, 4 de fevereiro de 2024

Quase carnaval... e mais alguns apotegmas (4)

Foto obtida de
 https://brasilescola.uol.com.br/carnaval/historia-do-carnaval.htm 

1. Carnaval está chegando... Acho bom sempre porque o Brasil parece que só "engrena" depois dos festejos do Rei Momo. Conforme comentei aqui no passado, eu nunca liguei para tais celebrações - fui a uns 'bailes' quando era jovem, mas era tanta gente fumando e bebendo que nunca mais frequentei algo parecido. E ficar a noite toda acordado, não é bom para a saúde... Gostava de ver os desfiles das Escolas de Samba na TV ou nas ruas, mas acho que todo ano é muito parecido, então... E agora com os doramas, prefiro curtir filmes e séries ou ficar lendo no meu Kindle.

2. Gosto muito da língua portuguesa, como sempre comento. Ela é melodiosa e tem nuances fantásticas para nossa interpretação. Nossa cultura forneceu um brilho adicional ao idioma lusitano que  só poderia advir da soma de várias etnias e povos que aqui se mesclaram. Todo dia descubro termos novos, e alguns até anoto tendo em vista sua peculiaridade! E o mais bacana é que a Amazon fornece muitos livros ótimos, com preços baixos, para a gente curtir. Tenho comprado muitas obras da literatura nacional - quem não tira o chapéu para Machado de Assis? - e também em inglês, inclusive alguns clássicos. 

3. Agora provecto cidadão, costumei tirar soneca, como já comentei aqui em outras postagens. Entre outras benesses, é a mais barata e salutar. Se não consigo dormir, só de 'desacelerar' depois do almoço já é bom, e refletir sobre nossas atividades realizadas ou planejadas sempre é apropriado. Quando jovem não gostava de ficar na cama, hoje 'adoro'. Coloco uma playlist de smooth jazz na caixa Alexa (Amazon) e fico absorto, caindo logo no mais das vezes em sono reparador. Recomendo!

4. Volto a comentar um assunto que todo dia vem à baila: muito tem-se falado sobre a tal Inteligência Artificial - que de inteligente não tem muito ainda... Tenho compilado diversos artigos de jornais e revistas e arquivado numa pasta do Google Drive. Alguns livros já começam a surgir ali e lá. 'Revolução' prometida para breve futuro, principalmente para as empresas. Estou cético quanto a isso. A Humanidade em grande parte não domina nem a linguagem nem a Matemática, estando pobre ainda na discussão da eticidade do viver. Sou descrente quanto à sua evolução apropriada, da implementação e uso desta ferramenta, se nem o básico ainda dominamos... Talvez este recurso vá, como de costume, ajudar ainda mais quem tem recursos para a adquirir. Resultado... aumentará ainda mais o interregno entre os pobres e ricos. Quem viver, verá.

5. Mais alguns ditados da minha coleção. Quando colecionar 365, vou perpetrar uma obra tipo "devocionário', comentando cada um por dia, para ser lido como um elixir matinal contra o marasmo da vida... ou um antídoto contra a preguiça mental!

O ignorante afirma, o sábio duvida, o sensato reflete.

(Aristóteles)


O silêncio é um amigo que nunca trai.

(Confúcio)


Mentir é feito com palavras e também com silêncio.

(Adrienne Rich)


Amor é uma parte coragem, uma parte escolha e uma parte sorte.

(A. Howard)


Coragem é o preço que a vida exige em troca de paz.

(Amélia Earhart, pioneira da aviação americana)


Não revire o passado, ele é pesado para todos.

(Antônio Skármeta)


O senso de dignidade cresce ao se dizer não para si.

(A. J. Heschel)


O caminho com menos obstáculos é o do perdedor.

(Henry Wells)


Suportam melhor a censura os que merecem elogio.

(Alexander Pope)


O universo não precisa de nós.

(Karl Jaspers)


terça-feira, 2 de janeiro de 2024

Primeira do ano... só apotegmas! (03)


Em minha última postagem do ano passado não adicionei meus aforismos prediletos, pois achei que já estava grande o comunicado, e o pessoal hoje em dia não tem paciência para ler textos grandes... sinal dos tempos!

Fico refletindo sempre estes ditos sintéticos; ajudam a decifrar um pouco nossa breve e trabalhosa existência. Veja bem: eu não disse "difícil" existência, e sim "trabalhosa"... Reside nestas simples aplicações corretas de termos um tanto de nossa felicidade, cada um em sua condição, sua circunstância!

Mas aqui vão mais alguns, para começar bem o ano:


Ninguém deveria ser o mundo inteiro de ninguém. (Elle Kennedy)


Arte é algo fora do comum comentando o comum. (Camille Paglia)


A cabeça é redonda para o pensamento mudar de direção. (F. Picabia)


Algumas pessoas espalham alegria onde vão, outras, quando se vão. (Oscar Fingal O'Flahertie Wills Wilde - meu frasista predileto!!)


A história não tolera as derrotas.  (Charles Snow)


É no conhecimento que existe uma chance de libertação. (Leandro Karnal)


E DISSE o Divino: “Ame seu inimigo!” E eu o obedeci e amei a MIM MESMO!  (Khalil Gibran)


Chorar sobre as desgraças passadas é a maneira mais segura de atrair outras. (William Shakespeare)


A palavra deixou de ter conteúdo e de ter qualquer coisa dentro, é pronunciada com uma leviandade total. (José Saramago)


Felicidade é  acreditar que você vai ser feliz. É Esperança. (Caroline Kepnes)

domingo, 31 de dezembro de 2023

Fim do ano... Feliz 2024!!

(Figuras elaboradas com o Bing Microsoft)

1. Tenho lido muito com o meu leitor Kindle, presenteado no Natal pela Ruth. Andava preguiçoso mas já estou "tirando o atraso". As leituras primordiais que realizo são sobre Filosofia - Bertrand Russell, Nassim Nicholas Taleb e Espinoza - e sobre a Arte Real. Que alegria renovada burilar o razonar, a interpretação, a compreensão... Que dádiva ter u'a mente que pode discernir as coisas, ainda que por vezes de modo trabalhoso. A tendência é entendermos errado, tendencioso ou de modo incompleto, então temos que ser vigilantes sempre. A clareza fornece a base para a felicidade, não importa a temática...

2. Que calor... Agora dou ainda mais valor à minha decisão de plantar estrategicamente 2 árvores à frente e ao lado da casa, árvores que não soltam muitas folhas e que tem flor. Praticidade (uma das faces da Sabedoria) e Beleza (Força elas tem de sobra). Creio que estas tão-faladas mudanças climáticas ainda vão me exigir muitas providências. Se for necessário colocarei mais um ar-condicionado em casa (já instalei três), mas por enquanto os ventiladores e climatizador estão também ajudando a dar conta do recado. Felizmente nossa antiga vivenda aqui tem 2 forros e telhado com telha branca esmaltada, o que ajuda a ser fresca no verão e acolhedora no inverno.

3. Passo os dias lendo, assistindo doramas e escutando música (a maioria smooth jazz, como já sabem). Com este calor insano o vivente não se anima em sair à rua. Vida de aposentado tem vantagens. Trabalho agora somente voluntário! Hmm, e sim: também trabalho para a patroa, quando necessário... Certa vez li que o grande erudito Renè Descartes afirmou que uma grande tarefa que temos nesta vida é envidar esforços para conservar a saúde, pois sem ela nada tem valor. Quando li isto decidi parar de fumar charutos e cachimbos, minhas grandes paixões na juventude. Tenho até hoje os diversos apetrechos, alguns até valiosos.... Decisão racional.

4. Este ano passou bem depressa (é sinal que estamos envelhecendo o constatar que o tempo anda rápido...) e logo teremos Ano Novo, com todas as expectativas boas e ruins que determina. Planejam-se lá eleições novamente, e portanto decepções renovadas neste particular. Que tristeza, mas políticos tem no mundo inteiro (mal "necessário"?) e todos com o mesmo perfil. Lembrei-me de uma citação do grande ex-Presidente Jânio Quadros, docente de Português, que disse que "no Congresso, metade é incapaz, e a outra metade é capaz de tudo"... sábio!

5. Uma última palavra à minha adorada esposa, Ruth, uma bênção em minha vida. Pessoa sensível, "trabalhadeira", caprichosa, feminina, refinada, fiel à Palavra e profissional ao extremo. Poderia desfiar aqui muuuuiitos atributos mais. Se ela tem um defeito, como todo ser humano, consigo enumerar diversas qualidades em contraponto. Que possamos ter muitos anos alegres e cúmplices à frente, cuidando um do outro, orando juntos todo dia e louvando a Deus. É o meu desejo.

6. Meus votos de rico e alegre 2.024 a todas e todos junto às Famílias e Amigos, que é o que importa mais neste mundo. 

quinta-feira, 7 de dezembro de 2023

Meditações beeem esparsas... e mais apotegmas (2)


1. Adoro ler, como já sabem, desde criança. Meus queridos pais sempre nos estimulavam, e isto dando o exemplo diário. Para minha felicidade, a adorada esposa presenteou-me neste Natal (sim, antecipado!) com um leitor Kindle, da Amazon, onde temos uma enormidade de desburocratizados recursos para baixar e apreciar obras técnicas ou literárias, grátis ou bem baratas, e podemos carregar nossa 'biblioteca' a todo canto... Estava exagerando - culpa das dores ósteo-musculares - em assistir aos doramas coreanos (quem não está vendo hoje? Virou 'febre'...) e felizmente o apetrecho digital veio me salvar. Temos que equilibrar as coisas!

 As letras realmente me encantam. Estou a ler contos do grande Eça de Queirós, e me assombra a prosa fácil e envolvente do celebrado escritor. Um dos termos que relembrei é o ilustrado acima, que pouco se ouve hoje em dia. Vejo com tristeza como a última flor do Lácio está destratada hoje em dia. 

2. Última vez que comento minhas afecções. Tendo andado de andador semanas atrás (estava com a mobilidade bem restrita - até o Pilates tive que suspender), com novo remédio receitado melhorei sensivelmente das dores do caminhar. Minha consulta de revisão (provisionada com alguns exames pouco invasivos) com o ortopedista (fiz dois anos da colocação da prótese do fêmur) estabeleceu novas diretrizes terapêuticas e estou mais confiante. Confesso que acho até elegante ostentar uma bengala - tenho comigo a que era de meu avô paterno (Dr. Lucas de Souza Dutra), chic demais. 

3. Agora, de certo modo evelhentado, praticamente todo dia, depois de despertar, dei de ficar mais na cama de manhã (coisa que nunca fiz quando jovem), escutando noticiário pelo rádio (rádio Eldorado, do grupo O Estado de São Paulo) ou ouvindo smoth jazz pela assistente Alexa (Amazon). Às vezes escuto rock - outro dia curti a banda Velvet Revolver.  Que preguicinha marota! Por vezes ocorre de pegar no sono de novo - será porque acórdo muito cedo?

4. Meus prazeres atuais resumem-se a comprar vinhos, escutar música, ver bons seriados na TV e ler. Consigo me entreter e ficar feliz sempre... Uma característica pessoal a vida toda foi ser sorumbático, soturno (até meus irmãos me evitavam, eu era muito chato), mas agora aprecio mais as boas amizades, principalmente a companhia de Ruth, uma pessoa delicada e mui amável. Ela me diverte o tempo todo. Que bênção recebida dos Céus!

5. Mais alguns de meus apotegmas prediletos:


Ser livre significa em primeiro lugar ser responsável para consigo mesmo.

(Mircea Eliade)


Sem medo não há coragem.

(Christopher Paolini)


Um coração pode ser partido, mas vai continuar batendo.

(Fannie Flagg)


Ciência é o que você sabe; filosofia é o que você não sabe. 

(Bertrand Russell)


O otimismo é a virtude mais madura que se pode ter na vida.

(Mário Quintana)


Livro deve ser o machado que quebra o mar gelado em nós. 

(F. Kafka)


Acerta quem suspeita que erra sempre.

(Francisco de Quevedo)


Mudar é fácil. Melhorar é muito mais difícil.

(Ferdinand Porsche)


Um mundo sem sonhos é um mundo sem futuro.

(Chuck Bass, personagem do ator e músico britânico Edward Jack Peter Westwick)


Se você é uma pessoa talentosa, isso não significa que você ganhou algo. Significa que você tem algo a oferecer.

(Karl G. Young)

segunda-feira, 23 de outubro de 2023

Dez apotegmas (01)

   As Virtudes Teologais e a participação na divindade

Gosto, como sabem, de aforismos, também conhecidos, conforme a abrangência ou estilo, por ditados, adágios, anexins, ditos, máximas, provérbios, rifões. Gosso modo, são breves proposições que expressam um pensamento ou ideia de forma concisa e significativa, sendo uma forma de expressão literária que tem sido empregada por séculos. Constituem uma forma eficaz de explanar ou aclarar ideias e pensamentos, e podem ser usados para uma variedade de intenções, para públicos os mais diversos. Eles geralmente são escritos em linguagem simples e direta, e podem tratar de uma ampla gradação de temas, desde filosofia e religião até política e expressões culturais, sendo facilmente memorizadas.

 

Gosto de aforismos porque me permitem conhecer melhor os seus autores e autoras: permitem realizar certa intelecção da personalidade de seus postulantes. A verbalização diz muito do modo de pensar e considerar de alguém...

 

 

 A natureza dos aforismos pode ser definida, p. ex. mediante algumas características:

 

  • Concisão: Os aforismos são breves e diretos, geralmente contendo apenas uma ou duas frases.

  • Significância: Os aforismos expressam um pensamento ou ideia que é significativo ou importante.

  • Generalidade: Os aforismos geralmente são de natureza geral, aplicando-se a uma ampla gama de ambientações ou contextos.

  • Elegância: Os aforismos são frequentemente escritos em linguagem harmoniosa, leve, com naturalidade.

     

     

Assim, resumindo, conforme sugerido acima, os aforismos podem ser usados para uma variedade de propósitos, incluindo:

 

  • Comunicação de ideias complexas de forma simples e direta.

  • Provocação de reflexão e discussão.

  • Expressão de humor, asteísmo ou ironia.

  • Criação de uma atmosfera de meditação ou introspecção.

 

Neste espaço irei trazer os meus aforismos prediletos, pois os considero muito úteis para despertar ou ilustrar certas reflexões, principalmente em espíritos algo calaceiros... 

 

 

Quanto mais nos elevamos, menores parecemos aos olhos daqueles que não sabem voar.

(Friedrich Nietzsche)


Onde há pouca justiça, grande perigo é ter razão.

(Francisco de Quevedo)


As coisas valem apenas pela importância que lhes damos.

(André Gide)


Amas a vida? Então não desperdices seu tempo; é de tempo que a vida é feita.

(Benjamim Franklin)


O orgulho é o complemento da ignorância.

(Bernard le Bouyier de Fontenelle)


Devemos julgar um homem mais pelas suas perguntas que pelas respostas.

(Voltaire)


Quem vive nas trevas não consegue ser visto, nem vê nada.

(Khalil Gibran)


O ignorante é feliz e infeliz da mesma forma que o sábio.

(Baruch Spinoza)


Suba o primeiro degrau com fé. Não é necessário que você veja toda a escada. Apenas dê o primeiro passo.

(Martin Luther King)


Aprendi com as primaveras a deixar-me cortar e a voltar sempre inteira.

(Cecília Meireles)

terça-feira, 1 de agosto de 2023

Memórias...

Getty Images

Uma das coisas mais impactantes da minha vida foi quando me dei conta que “existe” uma coisa chamada tempo. Coloquei aspas pois o que realmente existe é o aqui-e-agora: nossa mente que identifica/supõe a sucessão de eventos; assim, analisamos o que passou e o que poderá (ou não) ocorrer à frente, tudo no momento-tempo presente, atual.


A entidade que ajuda nesta tarefa é a tal de memória: parece ser anti-tempo. Enquanto o tempo tenta nos dissipar a vida, a memória presentifica os eventos vivenciados, como que eternizando os bons ou maus momentos.


Quando criança, não temos ainda consciência formada desta entidade tempo; nessa idade ele “demora” a passar. Nossa infância possui muitas memórias pois, como límpida folha de papel, valida qualquer rabisco que surge. Praguejamos contra o tempo, posto que envelhecemos, os nossos filhos ficam adultos como nós, constatamos que muitas pessoas desaparecem da nossa existência. Porém, para a memória, ainda teimamos em ser jovens, novos e (nem todos) atentos a tudo.


É a memória que viabiliza nossa visão-de-mundo, preferências e desejos, coisas que valoramos. Por isso nos emocionamos, sentimos saudades, evocamos as coisas que, a seu modo, superaram o tempo. Subitamente determinado evento (uma música, um filme, uma comida, um odor…)  faz surgir registros que por vezes julgamos sepultados, esquecidos em algum lugar, coisas que estão ou não nos calendários e nas estações, outras criações oriundas da noção de tempo.


A coisa mais triste para uma família é um dos velhos ter a mente declinada, como na doença de Alzheimer. Aquela pessoa se vai, ainda que sem falecer, não reconhecendo a si e os seus. A memória acaba. As pessoas, os laços, as preciosas recordações se acabam. 


É certo privilégio ter boa memória. Eu gosto de reavivar algumas especiais, comprando coisas como o doce sírio halawi (gergelim) e a geléia de mocotó. Leio livros de novo, refazendo percursos intelectuais que me deram muita satisfação. Mas reconheço que minha memória poderia ser melhor, não fossem os problemas de saúde que tive, o pior deles ter tido o vírus da Covid. E, pior,  a idade provecta agora ajuda a problematizar o quadro. Mas estou tentando minimizar os seus efeitos deletérios, zelando pela alimentação equilibrada, o sono reparador e a atividade física constante. 


A coisa mais importante que gostamos de lembrar são os amigos, e amigos de verdade como que se eternizam em nossa mente. Desde que percebemos que o tempo “não passa” para a memória, damos mais e mais valor aos amigos. Amigos são como que tônicos para a vida plena, melhor que ginástica ou fórmulas milagrosas, tão na moda hoje em dia...

segunda-feira, 17 de julho de 2023

Pijama... ou migalho quase-filosófico.

do market place da web...

1. Tenho passado boa parte do dia de pijama, que delícia! Adoro estar confortável - tem coisa mais chata que usar roupa que incomoda?  Laborei por 45 anos, de manhã, de tarde e de noite, para 'conquistar' esta opção de estar. Agora só trabalho como voluntário para o Lar de idosos e para a Apae, e me sinto ainda mais realizado. É um tipo de satisfação que muitos desconhecem. Coopero com gente que sabe o que é se doar, se sacrificar pelo bem comum, para aquilo que os céus nos convocam: amar ao próximo. No fundo, é o maior amor que podemos nos conceder...

2. Apesar de aposentado, ao que parece (e já ouvi muito isso por aí) nosso tempo é preenchido com muito mais coisas!!  Só estou sentindo falta de realizar mais leituras, prática que sempre fiz com alegria. Creio que o calvário da artrose me desanimou de fazer muitas atividades essenciais, que agora estou a resgatar. A segunda fazedura que vou realizar novamente com afinco é o esporte. Sinto falta de exercitar como fiz na juventude: atletismo, yoga e artes marciais. O elevo, o deleite que desfrutava quando treinava ou competia era imenso. Nunca fui de muito conversar; fui adolescente rebelde, mas avesso a vozearia, a balbúrdia, tendo em vista a criação familiar. Levei muito a sério as instruções paternais, tornando-me circunspecto, sisudo, sengo.

3. Creio que, por causa desta disposição solipsista (quase-egotista) nunca tive - sei, reclamo disso a toda hora - muitos amigos. Até hoje isto me afeta e mesmo agora fazendo parte de uma fraternidade iniciática tradicionalíssima, de mais de 300 anos de história registrada, constato que parece que as pessoas não se sentem confortáveis ao meu redor. Cansei de meditar, fabular sobre este fato, mas sempre desisto ao relembrar meus slogans existencialistas. Mas, a respeito disso, não é desconvir com desalento, com derreamento, mas com  certa certeza de nunca chegar a definido diagnóstico... Os acontecimentos pós-modernos que caracterizam a excessiva velocidade das relações sociais, a digitalização e a internet fazem-me dificultoso o raciocínio de todo o cenário desta minha insulação...

4. Finalizando, uma digressão. Assistimos nos meios de comunicação de massa mais uma 'conquista' da nação (depois de mais de trinta anos): a tão falada reforma tributária, uma das causas do eterno atraso de nossa economia. Tenho aqui comigo 3 notas fiscais que me entristecem ao ver os valores embutidos. Uma, de compra de artigo de cuidado pessoal: paguei  $32,50 reais, e só de tributo foram $13,96 reais, ou seja, 43% cash foi recolhido aos respectivos Tesouros, 'limpinho', quase sem esforço por parte de nossas preclaras autoridades. Outra compra, de capsulas de café, do valor  pago de  $464,00 reais,  $185,94 foi de imposto, ou sejam, 40,07% de meu numerário recolhido... e finalmente, abasteci meu bólide outro dia, para realizar, entre outras, minhas atividades voluntárias e transferi na transação $154,05 ao posto de combustível, sendo que 25% ( $38,66 reais) de tributos, um quarto do valor.  Estas verbas todas que compulsoriamente retém em nosso nome, não sabemos aonde vão, mas percebemos que pouco retorno auferimos pelo tanto de nosso sofrido dinheirinho que vemos partir. E agora vemos os especialistas dizerem que foi reforma "meia boca", visto que vai facilitar a vida das autoridades quanto à sua tarefa de recolher, de auferir do contribuinte sua 'participação', mas que ao final e ao cabo a parcela geral dos impostos irá situar-se na média de 28% de tudo, ou seja, uma das mais altas do mundo! O curioso é que, apesar de pagar no dia-a-dia tanto imposto, para quase tudo o que se necessita de serviços temos que pagar adicionalmente  taxas, custas, emolumentos, contribuição etc.  E, para finalizar, no começo do ano temos o Imposto de Renda!!!  Sem comentários...  

segunda-feira, 10 de julho de 2023

Apotegmas e outras quase-lucubrações.

 

1. Como meus pacienciosos leitores sabem, gosto de aforismas (ou apotegmas), estas frases que contém sabedoria condensada, como pílulas a serem periodicamente assimiladas, remédios para o correto pensar. Meus frasistas prediletos são Oscar Wilde e Millôr Fernandes. Costumo postar ocasionalmente estes 'lembretes' aos amigos queridos do WhatsApp. O correto pensar é como que uma virtude que demoramos a lapidar em nosso espírito - quantos malefícios nos determinamos a nós mesmos quando pensamos sem método! Tenho uma coleção de ditados escolhidos, reunidos numa lista que relembro de vez em quando...

2. Costumo acordar cedo, a não ser que vá deitar muito tarde (o que é raro). Se não tenho compromisso logo no início da manhã, fico mais um pouco acamado para tentar completar as recomendadas sete horas de sono. Tenho um recurso para eliciar soneca adicional: ligo o rádio, numa estação de notícias (geralmente Rádio Eldorado, da capital do Estado) ou peço à assistente digital para tocar música. Em geral seleciono Pearl Jam ou outro conjunto de rock assemelhado. Quando moço acordava e já levantava para as atividades mas agora, beirando os 70 anos, passei a gostar da preguicinha matinal, ainda mais se o tempo está frio...

3. Creio que já comentei aqui, mas depois que tive o vírus SarsCov2 no começo da pandemia, minha memória, que nunca foi lá aquelas coisas, piorou de vez. Tenho que fazer, com mais frequência do que gostaria, umas 'acrobacias'  mentais para relembrar algo importante. Para isso, ou a Ruth me socorre ou apelo para o bom e velho Google Search, além da agenda e/ou anotações. Mas em geral vou 'comendo pelas bordas' tentando desanuviar o tal nome ou acontecimento que 'evaporou'. Graças aos céus, quando desvio a atenção para outro assunto, justamente aquilo que teimava em não aparecer no meu campo atencional por vezes 'surge' como passe de mágica. Dou muita risada com esta nova faceta de minhas lucubrações... (por causa disso, desconfio que tenho repetido alguns temas aqui neste blog, mas conto com a compreensão dos amáveis leitores!). Creio que se a coisa piorar terei que lançar mão de um gravador digital que tenho, remanescente das coletas de dados em pesquisas de depoimentos que fiz quando docente na universidade, e andar com ele pendurado no pescoço. Coisa chata quando temos que relembrar o nome de pessoas...

4. Mantenho ainda o costume de ler ao menos 3 jornais diários todo santo dia, hábito que tenho desde jovem, pois meus pais incentivavam muito a leitura regular. Leio também livros, por vezes três ou quatro ao mesmo tempo (gasto dinheiro comigo somente com livros e algumas garrafas de vinho), artigos científicos e revistas de variedades. Prefiro ler as coisas em papel, rabiscando ou anotando nas beiradas, transformando meus percursos em uma espécie de 'diário de bordo' intelectual. Mas não perco tempo com coisas violentas ou mesmo quaisquer mídias que não primem pelo uso da racionalidade. Existe muuuuita bobagem hoje por aí, sintoma da falta de educação formal e/ou compromisso com a verdade.  Me aborreço com textos pretensamente eruditos, mas que acabam denotando a apoucamento intelectual do seu emissor... Tempos obscuros!

5. Como relatei na postagem anterior, efetivamente consegui 'aposentar' as bengalas, at last!! Ficaram no passado, com a graça do Pai Celeste... Demorou, mas depois de algumas providências estou com menos dores e consigo até dormir à noite sem precisar apelar para analgésicos. As dores não eram fortes, como no começo da recuperação da cirurgia de colocação de prótese, mas aborrecentes o suficiente para impedir conciliar o sono... Assim que voltar o tempo quente (este ano o frio está durando mais do que as duas semanas costumeiras) vou fazer natação para fortalecer minha musculatura geral. Atualmente só faço o Pilates, pois nem a bicicleta ergométrica estava conseguindo realizar. Mas não pensem que estou a reclamar: sou o mais feliz dos homens, e vocês sabem disso pelas minhas outras postagens... O que propiciou minha recuperação foi um tipo de massagem que realizei, que mobiliza a musculatura e demais estruturas conexas de modo profundo, como que 'descolando' aderências e cicatrizações imperfeitas. Curioso que "de uma hora para outra" minha perna e bacia passaram a doer menos, e isso com as mesmas rotinas que realizava anteriormente. Que bom ter por perto uma pessoa versada em Fisioterapia...

sábado, 6 de maio de 2023

Lembranças e novos achados

Gosto desta foto; sempre lembro dos eventos pitorescos (picarescos?) que fizeram certas pessoas julgarem que eu era pai de minha esposa. Não pretendo mais deixar - a contragosto - barba e cabelo longos assim...  Mas queria falar de outras coisas hoje.

Parece que conseguimos encontrar, minhas fisioterapeutas e eu, as razões de minhas recorrentes (e aperreantes) dores, oriundas da cirurgia de colocação de prótese. Eu fiquei tão condicionado a esperar a perna ou a bacia doer, quando do caminhar, que acabei acostumando demais (cacoete psicomotor?) com o uso da bengala. Isto parece ter 'desconfigurado' minha estrutura bacia-perna pois, ao caminhar, a minha marcha parecia a de um pinguim, compensando assim a passada de modo antinatural. Por isso que sempre as dores voltavam. Quase toda noite tinha que tomar algum medicamento, pois o incômodo impedia ao sono vir.

Agora 'aposentei' as bengalas - servirão somente para decoração (e memória dos tempo de sofrimento). Até já providenciei um local para fazer hidroginástica, pois a perda de massa nestes anos de dorida espera da cirurgia e após a mesma, me enfraqueceram a musculatura envolvida. Acho também que estar à beira dos setenta anos deve ter acelerado este processo...

Como o tempo realmente passa rápido - meu pai sempre lembra isso em nossas conversas. Estive nesta senda de osteoartrose/cirurgia/recuperação por tempo demais, por causa da pandemia do Sars-Cov-2. Mas creio que com esta luz ao fim do túnel posso esperar dias melhores.  Acostumamos, Ruth e eu, a ficarmos ainda mais enfurnados aqui em nossa gostosa casinha, saindo para a rua o mínimo necessário. Para contribuir com nosso comodismo nós incorporamos a figura de doramistas (fãs de 'doramas') em especial das séries coreanas, uma melhor que a outra. Viramos maratonistas de sofá.

Espero doravante ficar mais animado para escrever, ler, sair mais de casa. Vou convidar mais amigos para vir aqui ou para nos encontrarmos em algum restaurante para jogar conversa fora. Quanto mais velho ficamos, mais sentimos falta de amigos, o maior tesouro de nosso co-existir. Como dizia minha mãe, quem tem amigo não morre pagão.

domingo, 26 de março de 2023

O cabelo

Cabelo é coisa séria, que o diga o belo sexo. Antes que o amável leitor imagine coisas impróprias, digo que as mulheres têm uma relação de vida e morte com suas madeixas. Sei de casos graves de profissionais que não satisfizeram apropriadamente as clientes, comprometendo a reputação de certos salões de beleza. 


Mas o caso aqui, verídico - como se dizia, conto o milagre mas não conto o Santo -  é de um homem (sim, os homens atualmente se preocupam muito com sua aparência) que passou a frequentar mais assiduamente os agora repaginados salões dos profissionais barbeiros. Antigamente Barbearias eram espaços onde em especial barbas eram aparadas, visto que inexistiam aparelhos populares que permitiam (como hoje) a pessoa cuidar-se de modo rápido e econômico. Nestas por vezes centenárias barbearias acorriam periodicamente os homens acusados de desleixados com a aparência, seja pela barba ou pelo cabelo. Hoje em dia Barbershop virou moda, existindo até espaços bem sofisticados, oferecendo, além dos tradicionais cuidados capilares, muito conforto adicional para atrair e fidelizar a clientela. 


Certo cavalheiro, vistoso, espadaúdo mas entrado em anos (visualizado pelo branqueamento progressivo dos pelos), cultivava longa e espessa barba, além de  compridos cabelos. Aposentado, perfazia divertida e candidamente o estilo “lenhador”, com a aparência um tanto, hmm… digamos, rústica. Mas era pessoa de bom trato, educado, casado com mui formosa e adorável dama, desde menina cuidadosa com a aparência, portadora de saudável vaidade feminina, aparentando ter décadas a menos em sua presumida idade. Ele, por sua vez, jactava-se de sua viril aparência, provocando a esposa, dizendo que anteriormente fazia sucesso com o mulherio, fazendo-a franzir as sobrancelhas, como que com ciúmes ou revelando descrença (vai saber, os homens dizem muita potoca…).  E a vida ia seguindo seu curso, sem mais percalços.


O casal dava-se muito bem, cultivando harmoniosa, respeitosa convivência, um completando o outro, como se diz. Certa vez, num encontro de casais (era perto do Dia dos Namorados) na Igreja, o Pastor propôs que cada membro do casal escrevesse um bilhete de amor ao outro, para ser lido no transcorrer do encontro perante a todos. O maridão escreveu no dele uma declaração que causou sensação:  que “...ele poderia dizer cinco defeitos da mulher MAS (escreveu em letras grandes) podia escrever noventa e cinco qualidades dela…”


Continuando com o rumoroso caso, um dia destes uma moça bate à porta, procurando por ele, sendo a mesma atendida pela solícita dona de casa. 


   – Seu pai se encontra? Fiquei de pegar uns recicláveis com ele…


   – Meu pai?, mas…  


A esposa ficou curiosa, visto que seu genitor, quarenta anos mais velho que seu esposo, residia em outro local.


   – Sim, um barbudo, alto…, respondeu a moça, certa que o local era aquele, pois já havia estado lá antes.


Depois de ir chamar dentro de casa o dito-cujo, mal escondendo o riso farto, comentou satisfeita com incrédulo companheiro o gostoso engano daquela pessoa, alegria inusitada que embalou seu espírito feminino por semanas. Afinal, seu garboso barbado era somente seis anos mais velho que ela… 


Ocorre que, pouco tempo depois, justamente ele, atendendo por sua vez um prestador de serviço (que havia anteriormente combinado determinada atividade com sua jovial esposa), dando seguimento nas tratativas, ouviu do profissional intrigante, quase cabulosa afirmação, ao mesmo que apontava para sua (do barbudão)  mulher, que estava a distância, resolvendo outras questões:


   – Sobre este trabalho, senhor eu já tinha comentado estes detalhes ali com a sua filha.


Atônito, olhando para ver de quem se tratava, visto que, além da rutilante esposa, ninguém morava com ele (em especial os filhos, já crescidos e quase todos casados, residindo em outras localidades), entendeu prontamente o que estava a suceder. 


   – Ahh, certo, obrigado, é mesmo, respondeu o ressabiado consorte, relembrando o outro evento.


O destino o fez agora testemunha de tais constatações, digamos, cronológicas, por parte de outros que não conheciam o casal.  E tratou de despachar logo o impiastro. Por dever de lealdade contou o evento à patroa que, sorridente mas com a elegância habitual, não explorou o fato, evitando possíveis constrangimentos. Mas com certeza ficou renovada sua alegria e orgulho, pela recorrente constatação de sua formosura pelos diferentes observadores.


Depois destes impactantes eventos, o quase-labrego decidiu abandonar o look viking, cortando a barba curtinho, como a dedicada consorte aconselhava, inclusive adotando o corte de cabelo ‘fuzileiro’. Tal mudança foi estrategicamente elogiada por ela, afirmando que agora, entre outras conquistas estéticas, ele estava mais jovial, com o rosto mais magro…


Soubemos que o antes cabeludo disse particularmente aos amigos, curiosos pela radical transformação no visual que, a evoluir os fatos, no futuro ele temia que poderiam vir a dizer que a antes  ‘filha’  poderia ser confundida como sua ‘neta’...