A V I S O


I am a Freemason and a member of both the regular, recognized ARLS Presidente Roosevelt 75 (São João da Boa Vista, SP) and the GLESP Grande Loja do Estado de São Paulo, Brazil. However, unless otherwise attributed, the opinions expressed in this blog are my own, or of others expressing theirs by posting comments. I do not in any way represent the official positions of my lodge or Grand Lodge, any associated organization of which I may or may not be a member, or the fraternity of Freemasonry as a whole.

quinta-feira, 30 de dezembro de 2021

Ética da Virtude (de novo...); a polidez.

As quatro virtudes cardeais
( obtido de https://www.freemason.pt/vicios-e-virtudes-na-visao-maconica/ )

[ pedi à Alexa da Amazon tocar  James Taylor, como fundo musical... ]


A virtude, como explicou Aristóteles, é uma maneira de ser, mas no caso humano principalmente, como coisa adquirida e duradoura - é o que somos porque assim nos tornamos. A  virtude, como ensina o filósofo André Comte-Sponville, ocorre na intersecção da hominização (processo e fato biológico) com a humanização - uma exigência da Cultura, resultando em nossa capacidade de agir bem. Muitos filósofos se debruçaram sobre esta temática, como Montaigne, Spinoza, Confúcio, Rousseau... Aprendemos que por virtude devemos entender um esforço para se portar apropriadamente, de acordo, concorde com o Bem. A virtude, ou melhor, as virtudes, são os nossos valores morais vivenciados, atuados

Foi-me agradável surpresa constatar que minha centenária confraria dispôs-se a considerar, desde sua consolidação, a Ética como a chave para alcançar a excelência social (via as próprias conquistas individuais). Virtude seria uma qualidade pessoal que se conforma com o considerado reto, correto e desejável. Creio que uma das características que identificam o verdadeiro obreiro da Arte Real é o polimento de caráter que se expressa via virtudes, como por exemplo na dignidade nas atitudes finas, gentis, próprias de um gentleman, um cavalheiro que todos apreciam estar junto, um parâmetro escrupuloso de civilidade. Vou dedicar algumas publicações aqui neste blog expondo minhas reflexões que, espero, possam ajudar na intelecção de algum(a) interessado(a) neste tema de virtudes como expressão ética.

Como primeiro aspecto de virtude a ponderar, proponho a polidez. É um modo de agir que noto de certo modo escasso hoje em dia.  Nestes tempos turbulentos, chega a ser encarada como virtude ser polido, ter modos, etiqueta, urbanidade, um ser quase circunspecto. Alguns nem consideram polidez uma virtude, pois é pejada de formalidade, de aparato. Um fascista polido não altera a exclusão inerente do Fascismo que representa. Mas com tanta cizânia, intolerância, radicalismo, terraplanismo e outros 'ismos' hoje em dia, ser polido torna-se qualidade necessária à boa e saudável con-vivência. Mas, apesar de ser qualidade, vemos que pouco valor tem isoladamente. Um canalha polido é-nos ainda mais revoltante, pois traduz-se numa  contradição em termos

Mas ser polido parece ser  primeiro requisito que identifica certa preocupação, consideração de alguém para com o outro. Parece constituir-se no primeiro degrau rumo à moralidade. Como nenhuma virtude é natural, a pessoa deve tornar-se virtuosa. Vejo um aspecto de aprendizado (propedêutico) comportar-se com polidez como veículo, recurso para aquilatar-se melhores condutas. Não necessariamente alguém está respeitando um semelhante quando usa "por favor" ou "desculpe",  mas a talvez simulação de respeitabilidade pode tornar-se, por vários fatores, um hábito 'honesto', autêntico no futuro... Por isso insistimos com as crianças para comportarem-se polidamente, ainda que elas (com habitual relutância) não façam ideia por um bom tempo do valor de assim agirem com os demais.

Assim, como ninguém nasce com virtudes, a partir de doses 'homeopáticas' de seus (diversos) elementos podemos 'costurar' numa pessoa, pouco a pouco, as bases para que ela possa cultivar per se outros modos de ser mais complexos, que poderemos ao fim e ao cabo identificar como 'virtude'. Aristóteles já antigamente ensinou que "é praticando ações justas que nos tornamos justos". Definir/ensinar (a cada vez) para um vivente o que seria 'justo' envolve miríades de situações, exemplos, condutas e intencionalidades que, ao longo do tempo, poderão formar na mente de alguém um parâmetro estável para decidir-se agir com Justiça no seu fazer e (co)relacionar-se.

Por isso a importância da Família, onde lá, com paciência bem-humorada, começam (ou deveriam começar) os petizes a vivenciar o respeito dos usos e das boas maneiras...


sexta-feira, 24 de dezembro de 2021

Recuperação (convalescença) operosa, e a carência de virtude.

 
(estava envelhecido com a barba e o cabelão...)

[ hoje estou escutando via App a Radio Eldorado FM, de São Paulo, SP, 107,3  "A rádio dos melhores ouvintes" ]

1. Creio que já falei sobre isso, mas pode também ser um dèjá-vu de minha parte... (avisose alguém no futuro, bem no futuro mesmo, quando eu for famoso - rs rs rs - fizer certo trabalho de paleografia em meus escritos, creio que poderão identificar traços de senilidade... rs rs rs).  Lembrei este fato porque é meio que 'permanente' Ruth parece que toma formol! Ela não parece envelhecer... Acreditem se quiser mas quando eu estava cabeludão e barbudão, brancos assim (há uns dois ou 3 anos), duas pessoas disseram que a Ruth era minha filha... Nessa hora a gente tem que tomar uma providência... cortei tudo curtinho.  Cabeludo e barbudo  nunca mais, senão vão dizer logo-logo que é minha neta e aí  'ferrou', cacildis. Na verdade, gosto de minha esposa ser muuito bem conservada, 'ajeitada/em forma'! Ela sempre foi muito zelosa, cuidadosa com sua imagem, e acho que mulher sem vaidade torna-se menos feminina, uma tragédia. Sim, sou 'antigo', graças a Deus.

2. Reduzido à condição de operado-em-recuperação limito atualmente meus dias  a ficar esperando pacientemente meu organismo, em sua (lenta por demais) velocidade e 'processualidade', se regenerar. Estou me alimentando super-bem, como sempre e, agora que tirei os pontos, restando bela cicatriz, espero poder pegar firme na fisioterapia. O médico disse que a partir deste janeiro poderei fazer várias coisas neste sentido, a partir de um exame de raio-X que devo providenciar para checar o estado da instalação. Eu falo 'instalação'  porque é um equipamento sofisticado que me tornou de certo modo 'biônico'  - a biônica ou biónica é a técnica de aplicação de conhecimentos de Biologia na solução de problemas de engenharia e design e que necessita cuidados determinados para garantir seu bom funcionamento ao longo de sua vida útil.  Sou disciplinado e sistemático, não ligando muito para a dor que estes processos fisioterápicos implicam, desde que conduzido de modo racional e com foco. O lado bom (sempre procurei ver em tudo o copo meio-cheio) é que estou lendo 'dobrado', revendo meus filmes, planejando, 'filosofando'... e constatando a cada momento como somos frágeis, efêmeros, dependentes. Meu pai sempre dizia que o tempo passa muito depressa, e por isso evito desperdiça-lo, principalmente esbanjando-o, como já comentei aqui, com pessoas tóxicas, idiotas. (isto é uma coisa que acabo ensinando a praticamente todos os meus clientes)

3. Uma alma bondosa, irmão na Arte Real trouxe-nos uma caixa cheia de víveres - até uma dúzia de ovos continha! Tenho recebido nesta trabalhosa convalescença agradáveis visitas ou telefonemas de pessoas amigas, o que contribui para escoar com leveza as (restritas, imobilizadas) horas. Outros tem me zap-zapeado...  Estas gentilezas, por poucas que sejam, nos felicitam, harmonizam, equilibram. Quem não planta isso (gentileza) colhe insegurança, desalento, desgostosura de vida (que é breve por demais, como já disse). Resumindo: nós é que nos fazemos felizes! É  patético aquele(a) que vive na ilusão que o(a) outro(a) que deve/deveria nos fazer feliz. Estas expectativas irracionais nos prendem à infelicidade, à melancolia, ao enfado, e toda gama de insucessos pessoais, profissionais, emocionais. Quantos ainda neste século morrem sem descobrir este fato.


4. Tempos bicudos os atuais... Eu, que convivi com costumes do século passado (meus pais nasceram na década de 20), vivenciei grandes alterações nos valores sociais principalmente após a década de 70, período em que entrei na faculdade. Quando analisamos o dito caos social atual creio que a velocidade das alterações, das mudanças nos valores (grande vetor foi a informatização e digitalização galopante que foi ilustrada numa dos mais impactantes decorrências, a globalização) delineou novos funcionamentos sociais dentro dos diversos setores. No nível pessoal, vemos atualmente a emergência de tanta gente entendida sobre tudo, com tantas certezas que se autorizam a nos interromper o discurso a todo momento. O diálogo é algo escasso; o que mais vemos atualmente a dois (ou três) é a predominância de 'aulas', discursos, conferências, palestras entre as poucas pessoas, pois o monólogo é a sensação que se tem quando o outro nos devolve (pretensa) informação sem levar em conta o que dizemos... A irritabilidade, terraplanismos, preconceitos ou arrogantes impaciência ou intolerância é a marca de muitas atitudes de pessoas frente ao que outros pensam. Certos temas (como a Política) são hoje em dia prudentemente vetados em família ou amigos, se o vivente não desejar se agastar por somenos. A tendência, a tentação à alienação ou alheamento é enorme.

5. Se alguém me pergunta o que mais carecemos hoje em dia, respondo como sempre: educação, instrução, conscientização. E parece que, dentre tantos temas necessários e possíveis que faltam ao Homem aperfeiçoar-se, instruir-se, o mais premente, 'urgente', seria a ética. Neste campo, como sabem - comentei sobre isso noutras postagens -  considero pensar a Ética como ética da virtude, a meu ver mais propedêutica, 'ensinável', apreensível. A virtude pode ser bem ensinada, e principalmente pelo exemplo, mais do que pelos livros. Mas reconheço que, apesar de tantos alertas, o povo não aprecia refletir sobre virtude. Vimos recentemente grande movimento neste sentido nas empresas, mas no nível pessoal reconheço que não é costumeira discussão. Virtude, como nos ensina o filósofo André Comte-Sponville,  é um tipo de poder, uma força-que-age, ou que pode agir. A virtude da faca é cortar, o do remédio é curar a virtude do Homem seria querer e agir  humanamente. A virtude de um ser é o que constitui seu valor, sua própria excelência: a boa faca é a que corta bem, o bom remédio é o que cura bem. Mas no caso do Homem complica um pouco: o que nos distinguiria dos animais, como já intuiu Aristóteles, o que seria a nossa excelência não constituiria somente a posse da razão, mas também da educação, do hábito, do desejo... a virtude de uma pessoa é o que a faz humana, é o poder específico que tem a pessoa de afirmar sua excelência própria, sua humanidade. Voltaremos ao assunto. 

sábado, 11 de dezembro de 2021

Mistérios da vida...

Tradicional arte maçônica - Painel
(obtido via Google)

[ O som de fundo hoje é a radio Smooth Jazz 24/7, de Nova Iorque,
 sintonizado via App Radio Garden ] 

1. Os jornais dizem que em 2022, ano de eleições, teremos recessão. Só faltava essa para coroar um dos piores (des)governos que nossa sofrida terrinha sofreu nas últimas décadas. Meu critério para assim afirmar não é ideológico ou político: vejo os resultados que aí estão e estarão certamente por um bom tempo. Retrocedemos na maioria dos índices que mensuram nossa Qualidade de Vida. Somos em geral os brasileiro esperançosos e desejosos do melhor em tudo, mas temos sido há séculos muito azarados. Ou não sabemos votar mesmo. Paciência. 'Um dia' a coisa melhora. A gente pensa 'pior do que tá não pode ficar', mas entra ano sai ano as elites descobrem meios de ferrar ainda mais o povo. Mas, 'quem sabe'... Porém, desconfio que não estarei vivo para ver esta 'melhora'.  Só por Deus.

2. Gosto de vasculhar a internet à procura de certo tipo de propedêutica arte maçônica, expressa em painéis, que desde priscas eras pintados/desenhados em diversificadas superfícies ou mesmo bordados em tecido. Existem alguns, centenários, muuuito bonitos. A Maçonaria utiliza simbologia e alegorias para condensar/representar/motivar (o estudo de) seus conhecimentos, e é notável a quantidade que, ao longo do tempo, homens imbuídos dos mais elevados sentimentos tiveram tempo para consubstanciar, materializar estes valores para a posteridade. É um amplo exercício de atenção, investigação histórica, pesquisa atenta, que levam a uma satisfação extasiada ao percorrer com certo embevecimento a múltipla expressividade que tantos valorosos artistas e estudiosos utilizaram em suas obras. 

A Maçonaria é um movimento muito bonito de excelência do ser, mas incompreendida, vilipendiada, difamada. E como não há um 'proprietário' da marca, facilita-se todo tipo de picaretagem por facínoras. Mas para quem pesquisa seriamente a temática, logo pode separar o joio do trigo, saber o que é a Maçonaria regular, acreditada, e 'maçonarias' espúrias, caça-níqueis, fake-news. Hoje em dia parece não haver tanto preconceito assim, em comparação ao século passado. Creio que sofremos o mesmo tipo de irracionalidade de incultos que a doutrina espírita, religiões e religiosos e outros movimentos super bacanas, e isto (perseguição) maximizado pela rede de desinformação brutal que as redes sociais facilitaram, exacerbando os mitos urbanos, teorias da conspiração, birutices de toda ordem. 

3. Um docente irmão amigo despertou-me, lendo um de seus papers, a curiosidade sobre a obra de um filósofo francês (que até já veio aqui em Pindorama), André Comte-Sponville. A editora paulistana WMF Martins Fontes tem várias de suas obras editadas por aqui, com acabamento gráfico impecável. Eu soube deste celebrado autor há um certo tempo mas como já possuo tanta coisa para ler e um certo 'recorte' epistemológico, nunca senti necessidade de ler sua produção. Reconheço que sou um tipo de leitor de certo modo diferenciado, exigente, crítico, o que restringe o escopo de leituras e autores que me chamam a atenção. Confesso que este autor foi uma agradável surpresa, pela clareza de sua argumentação e sua prosa agradável, fluida, instigante. Existem alguns autores nacionais que me fazem lembrar do seu estilo, mas sua visão europeia é um plus. Gosto de ser 'desafiado' a pensar diversamente do que cotidianamente sou acostumado (levado a) a pensar, pois somos naturalmente 'preguiçosos', acomodados. 

4. Agora aposentado (e em especial nestes meses de forçada inatividade) tenho pesquisado podcasts. Existe uma vasta gama deste tipo de mídia disponíveis hoje em dia (com os mais variados assuntos e em diversos agregadores de podcasts), que já dão conta de muitas de nossas necessidades. Vários ainda são bem, digamos, amadores, mas temos também muitos patrocinados pelos grandes veículos de comunicação, recebendo tratamento bem profissional na sua produção. Assim, temos mais uma ampla opção para ficar bem informado/conscientizado sobre as coisas que nos são importantes (e também menos desculpa para justificar nossa alienação, inépcia, hebetismo ou ignorância sobre o mundo)

5.  Hoje temos 19 dias que realizei a cirurgia de ortoplastia, com enxerto ósseo. Daqui a 3  dias o médico virá à minha residência tirar os pontos, deixando portentosa cicatriz aqui do lado. Espero que  mesmo autorize e especifique algum tipo de fisioterapia (creio que algo passiva no início), talvez bike ergométrica e quem sabe exercícios na piscina. Passo os dias lendo, vendo TV  (além dos canais de streaming, estou em certa 'maratona', revendo meus 40 filmes chambara - filmes clássicos de temática samurai)  e alternando a cadeira da sala com a cama, pois me cansa ficar em uma só postura e aí começam as dores. Ainda tenho muito medo de fazer certos movimentos - a musculatura ficou dolorida; Ruth explicou que muitas camadas de tal tecido precisou ser 'recomposto/costurado' internamente depois de finalizado os procedimentos - e temo com isto danificar a instalação, que possui ainda compreensível instabilidade. Mas estou a cada dia fazendo um pouco (pouquinho!) de progresso; creio que em fevereiro poderei voltar a dirigir automóveis e a usar uma bengala somente. Mas para ficar 100%,  somente de seis meses a um ano!   Aff...

sábado, 4 de dezembro de 2021

394a. postagem: memórias da artroplastia...

(hoje ordenei à Alexa tocar Nana Caymi...)

Quanta coisa se aprende se temos a abertura do espírito para isso... Hoje cedo Abraham Lincoln me ensinou (via uma edição do jornal Estadão)  que "Tato é descrever os outros tal como eles se julgam".  Adoro estes ensinamentos condensados em ditados, apotegmas, aforismos... Tenho livros com coleções deles, já comentei neste espaço. O meu autor predileto (um dos maiores frasistas que conheci) é Oscar Wilde.  Ele era/é terrível!   rs rs rs

Meu premente aprendizado atual, determinado pelas circunstâncias, é o de ser (estar) de certo modo 'inválido'. Este horrível termo, na verdade, nem deveria ser aplicado às pessoas com deficiência - todo mundo tem seu valor, não importa sua restrição ou condição. Mas para os efeitos vivenciais de agora, estou muito limitado. Se Ruth não estiver aqui em casa (ela ministra aulas de Pilates, entre outras atividades profissionais e caseiras...) não consigo nem ver quem aperta a campainha. Saio da poltrona da sala (cuja altura elevamos com a ajuda de alguns tijolos) para a cama e vice-versa. A altura do mobiliário mais elevada facilita meu sentar e levantar ereto, pois não posso forçar a junta perna-quadril, sob pena de danificar a cirurgia. Creio que, pelo andar da carruagem,  por 2 meses ficarei assim, dependente.

E logo cedo hoje, além de outros cuidados matinais, Ruth fez esforço para colocar as meias de compressão em minhas pernas, pois elas tem inchado um pouco, pela inatividade, ainda que eu as coloque ao alto, para drenar os líquidos. Depois tomei um leite gelado-e-chocolate com uma fatia de pão caseiro que ela faz, que delícia! Rotinas cumpridas, agora ler meus 3 jornais aqui no tablet. O segredo da vida é o equilíbrio, cada um com sua determinação e entorno. "Eu sou eu e minha circunstância ( , e se não salvo a ela, não me salvo a mim) já ensinou o grande filósofo espanhol José Ortega y Gasset, frase que aprendi desde moço, e que muito me ajudou. Somos indissociáveis de nossa condição, nossa circunstância, e temos que primeiramente aprender a aceita-la, como decorrência de adequada (mas laboriosa, árdua) processualidade interpretação-e-compreensão. Eu sou portador de uma limitação de nascença, e graças aos meus pais e à Razão, isto (certa deficiência visual bem restritiva num dos globos oculares) nunca me foi como obstáculo (ou ainda pior, desculpa).

É muito desafiadora a vida de quem tem deficiência, pelas diversas dimensões e graus onde (em especial socialmente) a limitação se expressa. No meu caso, eu achava interessante a situação de que - nestes três últimos anos - quando, antes de fazer a artroplastia, andando com dificuldade mediante um par de muletas canadenses, as pessoas (talvez acostumadas anteriormente com os meus passos largos e rápidos) me deixam para trás sem a menor cerimônia, absortas vendo vitrines, consultando seus celulares, esquecidas da minha companhia...  Que grande lição para mim. Mas creio - e espero - que, pela minha convivência profissional com PCDs em diversos graus e modalidades, nunca tenha deixado ninguém de lado. Ficaria arrasado comigo mesmo.

Para encerrar.  Estou com diversos pequenos ferimentos, equimoses e hematomas, oriundos da cirurgia (alguns locais me são mistério como foram lá ocorrer). Tudo contribui para dificultar agora o viver, o dormir, o locomover. Se nossa mente não contribuir para realizar o entendimento de todas estas ocorrências entre si, sofre sobremaneira a alma. Tentadora a emoção (traidora) de ter piedade de si mesmo. Mas acho que é porque muita 'coisa' se nos ocorre ao mesmo tempo; se sobreviessem uma por dia ou até duas, dando tempo para descansar, lidar definitiva e apropriadamente com as ('coisas') anteriores, o vivente teria mais coragem. Mas o acúmulo do desfavor, do desvalimento nos desanima, enfraquece, pois as armas e o tempo que temos para enfrenta-las são poucas ou limitado. Mas ao final e ao cabo, estar vivo é isso... sentir (com aceitação, coragem) as coisas, boas ou ruins. Cada qual com sua cruz.   Lucas 9, 23-26


quarta-feira, 1 de dezembro de 2021

Ortoplastia, at last !!!!

 




imagens obtidas via Google

Finalmente sofri a infame artroplastia, com enxerto ósseo... é uma bênção ter nascido numa época que tal intervenção ficou até de certa forma 'banal' - no mundo todo milhares de cirurgias como esta ocorrem todo dia. Eu, em outras épocas, estaria condenado a ficar somente sentado ou deitado o resto da vida, sem poder realizar as coisas mais triviais. Realizei-a às 7 horas no dia previsto no renomado HPC - Hospital Poços de Caldas, com a equipe do ótimo Ortopedista Anelo Zenni Neto. O atendimento lá é de primeiro mundo, em todos os sentidos. Fui muito bem assistido e, por causa de minha idade, pude ter Ruth comigo o tempo todo.

O clima na sala de cirurgia era bem descontraído. aparentando sintonia fina entre eles. Acordei no meio do complexo procedimento e sentia em meu corpo (nada de dor) quando eles raspavam, furavam, serravam, escarificavam. É uma coisa muito estranha, mas minha confiança estava ok. Disse a eles na oportunidade que os estava escutando e creio que daí reforçaram o sonífero. Não foi necessário usar sangue ou passar a primeira noite na UTI como costuma ocorrer. Creio que o meu severo preparo físico anterior (sessões diárias ou sucessivas de Pilates, fisioterapia e bike ergométrica) facilitaram os trabalhos. Não consegui dormir bem na primeira noite, mas sabia que a recuperação é por demais problemática, trabalhosa. 

Dia 25 de novembro à tarde uma ambulância me trouxe a São João da Boa Vista. Foi necessário chamar os bombeiros para ajudar a colocar a maca aqui na sala (para assentar-me na cadeira elevada), pois minha casinha tem na frente uma pequena escada que impedia sua entrada normal. Os vizinhos ficaram curiosos ao ver 2 veículos deste tipo parados na esquina... Um dos bombeiros me reconheceu ter sido professor dele no curso de Administração. Ruth gostou de ver a agitação com tantos garbosos profissionais. 

Nenhuma cirurgia de grande porte como esta é algo que se deva subestimar. Toda nossa rotina acaba alterada. Tudo na casa fica "bagunçado" pois, além do cuidado motriz, físico com preservação da estrutura recém-implantada, nosso corpo demora para retomar o ritmo costumeiro de funcionamento. Tomo diversos medicamentos que alteram a flora intestinal. O sono por causa da dor (a enorme cicatriz está 'bonita' mas muitos músculos foram cortados...) demora a encadear-se e temos que apelar a soníferos, coisa que não gosto....

A cada dia progrido um pouco nos movimentos - creio que em 2 meses estarei mais desenvolto (mas li que demora de 6 a 12 meses para ficar 100%). O médico ao despedir na hora da alta disse que depois de 16 dias, quando for tirar os pontos, poderei iniciar a fisioterapia. Vou seguir com minudência as instruções, pois faz 3 anos que estou muito debilitado em minha qualidade de vida. O que gostaria de retomar o quanto antes seria o Pilates e a bike ergométrica. O segredo da vida feliz, harmoniosa é equilibrar alimentação saudável e não ser sedentário, combinado com a curtição dos amigos. Disseram que logo estarei correndo de novo, mas atividade de impacto nunca mais - quero morrer com esta prótese, pois ela tem tempo de duração, e não desejo voltar à mesa de cirurgia: o sofrimento é enorme. Só é pior ter a artrose, que não tem cura e progride inexoravelmente como foi no meu caso, desacorçoando o vivente até o limite.... Sim, confesso, chega-se a desejar a morte.

A grande bênção é ter uma esposa maravilhosa em todos os sentidos, que concede ao marido um desvelo e carinho em seu cuidado que faz toda dor parecer cousa pouca, de somenos. Imagino se eu não a tivesse certamente estaria em um Lar de Idosos, pois não tenho filhos ou netos para cuidar de mim. Meus irmãos tem seus problemas e próprias familias, e de uns anos para cá com meus pais tendo mais de noventa anos, os cuidados de nós cinco obviamente tem sido concentrado neles. Espero que doravante eu possa colaborar mais com meus manos no cuidado de nossos maravilhosos pais. Somos muito gratos a eles. 


sexta-feira, 19 de novembro de 2021

Espiritualidade e outras constatações...

 

Minha galeria de imagens budistas

(hoje o fundo musical é o conjunto Talking Heads, de David Byrne)


1. Eu sempre gostei de estudar (via Psicologia das Religiões) a espiritualidade e suas expressões religiosas concomitantes à cristã reformada, e uma das que mais me surpreendeu foi a Budista, em especial a vertente monástica Zen, e nesta, a Escola japonesa Soto-Zen. A rigor, aqui no Ocidente não se considera o Budismo como 'religião', mas existem ramificações budistas que se aproximam desta concepção. Em minhas viagens turísticas por vezes adquiri imagens que representam a natureza búdica que nos pertence, e arrumei-as numa prateleira aqui ao lado de minha mesa de trabalho (foto acima). Gosto de relembrar os ensinamentos desta popular filosofia de vida, e estas imagens retratam a serenidade e paz que seus praticantes almejam. 

2. Ano que vem teremos eleições presidenciais novamente... Dia 2 de outubro será a data da votação em primeiro turno. Quanto dinheiro desperdiçado, ainda que seja necessária expressão democrática inerente ao nosso sistema político. Mas, como tudo por aqui reflete nossa escasso nível educacional (penso na população como um todo) e o baixo quilate de nossas lideranças (alguém identifica atualmente ou se lembra de algum estadista brasileiro atualmente?) o que resulta é um certo desânimo frente às coisas que continuarão aqui em Pindorama como sempre foram. Outro dia soube da quantidade de brazucas que emigraram (preste atenção: 'imigrar' é quem vem de fora para cá)  nos últimos anos para outros países e fico desconcertado...não sei se conseguiria fazer isso. Sou apegado à minha terra. 

3. Dia 23 de novembro agora farei a cirurgia de colocação de prótese no quadril, lado esquerdo (artroplastia e enxerto ósseo) no Hospital Poços de Caldas - um dos melhores da região, pois é lá que opera meu médico Dr. Anelo Zenni Neto, mui bem referenciado por estas bandas. Um amigo pergunta se estou ansioso; respondo que, há muito, sou cético e determinista o suficiente para não ter esta afecção comum... Aceito o que surgir! Ficarei um dia na UTI e mais outro no Hospital - depois uma ambulância me trará para casa. A provação maior será nas duas semanas seguintes, pois a recuperação é trabalhosa e deve-se ter o maior cuidado com a nova instalação. Mas serei assistido por Home Care do meu plano de saúde, então tudo bem. E tenho uma esposa fisioterapeuta muito amorosa!

4. Minha memória parece que piorou com o Covid-19, já falei disso aqui. Curioso que consigo minimizar a deficiência percorrendo com os olhos as inúmeras coisas que tenho aqui no meu den room: livros, revistas, apostilas, mangás, centenas de CDs e DVDs, pastas suspensas, estantes com mil 'caquêdos' (gíria de alguns gaúchos para baguios, tralhas, 'porcariadas'), fotos, gravuras, artigos da antiga barbearia, quadros etc. Todo dia eu, revendo esta coisarada, 'espano' a poeira dos meus neurônios... Agora que vou fazer a cirurgia espero retomar as minhas leituras, coisa que amo fazer, desde a adolescência! Foi o meu primeiro amor, ler, ler, ler sem cansar ou ter enfado. Livros há que li e reli diversas vezes, de tão bons e de tanta alegria e satisfação que proporcionam! Fazem lembrar que minha mente é a melhor coisa que possuo...

5. Felizmente consegui trocar o gabinete do meu banheiro; havia rachaduras na pedra e a hidráulica geral não era 'estas coisas'. Estava mal montado - resquícios aborríveis da reforma que o dono anterior perpetrou nesta casa (felizmente já consegui refazer muitas coisas). Um irmão da igreja presbiteriana instalou todo o novo conjunto (que não foi tão caro como imaginava) em meio dia, com todo o capricho e limpeza. Sofri tanto tempo por nada...


sexta-feira, 8 de outubro de 2021

Chuva chegou... Outubro!

Willian Ricardo/ND+ (https://ndmais.com.br)

1. Chuva chegou! Como faz falta, realmente, esta bênção da natureza. Vemos em quase todo lugar as represas 'vazias' e cidades racionando o precioso líquido... que tragédia. E as previsões oriundas da tal mudança climática nos deixam bem preocupados. Bem, nem todos: vejo políticos (sempre estes implacáveis parasitas) não se importando com isso, pois "o deles já está garantido", como se diz por aqui... Não tem jeito. Benjamim Franklin certa vez disse que só havia duas certezas na vida: a morte e os impostos. Eu acho que são 3: junte a estes dois os políticos... pois em qualquer lugar deste planeta sempre vai ter um aproveitador para explorar os incautos. Triste sina!

2. Em 23 de novembro p.f. deverei sofrer artroplastia com enxerto ósseo -  a cirurgia de colocação de prótese na cabeça do fêmur junto à bacia, para dar conta de vez desta malfadada artrose, que já me incapacita há mais de dois anos. Meu médico opera no Hospital Poços de Caldas, que é um dos melhores da região. Estou fazendo prévia fisioterapia fortalecedora, além do Pilates e da bicicleta ergométrica diária. Espero que dê tudo certo. Imagino o sofrimento de antigamente quando não existia esta solução... isto é tipo de coisa que desacorçoa definitivamente qualquer vivente! 

3. A vida voltou ao normal, com a diferença do uso das máscaras e álcool em gel. Mas a economia está 'patinando', pois o baque foi feroz. Quantas empresas fecharam as portas, quantos empregos perdidos. Poucos segmentos se deram bem com esta pandemia. Vai demorar para recuperar, principalmente porque tivemos o azar de ter concomitantemente um (des)governo dos mais picarescos que se tem notícia, deixando o cidadão diariamente abesbílico com o festival de sandices em todos os níveis de administração. O mundo todo ri do brasileiro. Que urucubaca!

4. Tenho assistido na TV a cabo bastante produções cinematográficas (filmes e seriados) indianas, chinesas e coreanas, que inundaram o mundo de entretenimento streaming. Hoje em dia pode-se escolher entre diversos provedores, um melhor organizado que o outro, mas com oferta de milhares de obras. Algumas tramas são muito complicadas (que imaginação tem alguns roteiristas!) mas o que mais aprecio são os figurinos, os cenários, a interpretação esmerada. Os jornais e revistas com ótimos colunistas especializados ajudam a 'garimpar' preciosidades da sétima arte...

5. Recentemente um provedor de redes sociais deixou de funcionar por diversas horas, deixando seus usuários no maior prejuízo. Curiosa esta danação: já havia acontecido outras vezes este tipo de falha e, ao que parece, a maioria não vislumbrou ter um "Plano B" para o caso de novo evento similar. O amadorismo campeia impune, em especial nas empresas, de todos os tamanhos... Os jornais e programas de notícias adoram, pois assunto para pautar é o que não falta. Ah, e nem os humoristas se apertam, com as patacoadas dos políticos!

segunda-feira, 13 de setembro de 2021

Ipês amarelos de Agosto...

( fotinhos tirados por mim )

1. Agosto é um mês abençoado pela visão de milhares de Ipês amarelos que florescem quase ao mesmo tempo... uma coisa mais linda que a outra. A foto à esquerda é o que observei quando abri a janela do meu quarto, vários dias daquele mês... A da direita tirei da sacada da sala de estar, na rua ao lado (minha casa é de esquina no quarteirão). Fico por vezes contemplando estas maravilhas,  as flores caindo preguiçosas, uma a uma, de seus galhos; as (diversas espécies de) abelhas passeando de flor em flor; passarinhos buliçosos alimentando-se aqui e ali. Que privilégio!

2. Nossa, tenho roupas de décadas de sua aquisição, especialmente as de clima frio. Como somos, Ruth e eu, muito cuidadosos com as vestimentas, elas duram bastante, e não nos importamos se "saem de moda" e outros apegos do genero... Tenho muitas camisas de manga comprida (poucas de manga curta) e tipo "Polo" (que não gosto de usar - sou muito 'calorento'), mas somente duas jaquetas multi-uso e três ternos para qualquer eventualidade formal. Alguns pullovers e muitas meias esportivas (poucas formais) completam o acervo. Gosto mesmo de usar simples camiseta (preta) e jeans, como o falecido Steve Jobs: na Universidade era conhecido por usar só este tipo de "uniforme" (certa vez uma aluna abusada perguntou se eu possuía apenas aquela camiseta; repliquei que, na verdade, tinha umas trinta daquele modelo!). Sapato, a mesma coisa - e agora que tenho meus problemas ósteo-articulares, uso sapato de tecido, tipo Crocs - muito confortáveis, leves e duráveis. Boas economias nestes tempos bicudos de pandemia.

3. Estão proliferando ali e acolá inúmeras fintechs. Um amigo cordialmente fez-me a tutoria no credenciamento de uma delas, e estou apreciando deveras. É muito prático, desburocratizado. Não precisa, graças à onipresente digitalização de tudo, ir a uma agência física ficar demorando em filas. Inclusive, mediante o downloading de outro aplicativo, adquiri um cartão de crédito, tudo feito pelo celular, tudo muito amigável (o apelo deste ultimo cartão foi a facilidade e financiamento para aquisição de gadgets de uma famosa marca oriunda a leste de Suez...) mesmo para quem não é muito versado em tecnologia, como este macróbio aqui. A vida moderna está apresentando cada "solução" pra gente, muitas deveras irresistíveis! Procuro me manter razoavelmente atualizado; é cacoete da profissão docente - senão a moçada zoa com a gente... Ôôo tiozão...eles provocam.

4. Tenho lido muito, como já noticiei aqui anteriormente. Sabe o que mais aprecio nas narrativas? A criatividade, a correção e rigor da argumentação nos mais diversos discursos. Para um psicoterapeuta e docente de Metodologia longevo como eu (desde fins de 1.977) consigo dissecar 'cirurgicamente' as mais obscuras argumentações. Minhas pós-graduações latu e strictu sensu (8) me capacitaram para tal enlevo. Fico absorto em leitura de autores muito cuidadosos, caprichosos na escrita, o que me faz admirar muito. Atualmente estou com os altamente polêmicos Richard Dawkins e Christopher Hitchens, cientista e jornalista, o último já falecido. Que milagre diariamente renovado poder ler! Ainda bem que li muito de Monteiro Lobato quando criança...

5. Tenho sentido mais solidão agora que antigamente, como já comentei antes. Sempre fui arredio, isolado, algo macambúzio, mas com a idade os valores mudam. Fundamental conhecer a si mesmo, mas somos seres altamente sociais, e a cada dia que passa nos sentimos de certo modo mais 'fragilizados' - sei lá o porquê. Acho que vou ligar para uns amigos e convida-los para vir aqui em casa, pois estou muito limitado para ficar "andando por aí". Mas quem sabe logo poderei colocar prótese no quadril: estão retomando nos hospitais as cirurgias eletivas, que ficaram em segundo plano na pandemia. Creio que vou ter que ir atrás de alguns amigos, pois muitos estão como eu, encorujados em casa... Agora que (parece) esta pandemia está minorando (diferente de semestres atrás, a vida hoje 'voltou' quase 100% ao normal...), e as autoridades sanitárias estão planejando dar a terceira dose de vacina contra o Sars-Cov-2 - de 'reforço' - sinto que muita coisa mudou em sociedade, mas a vontade de socializar sempre será preponderante, primacial... Deus queira!

sábado, 21 de agosto de 2021

Calor no Inverno e outras observações.



 1. Estou relendo novamente livros já lidos, entremeado com obras novas, pois é difícil resistir às novidades. Gosto de examinar varios autores ao mesmo tempo, e alguns tomos ou exemplares estão por vezes espalhados em diferentes locais que percorro diariamente aqui em casa. Mais uma mania, excentricidade ou extravagância, chego a pensar, mas na verdade é um costume de quem já produziu muitos textos acadêmicos: a faina de articular ideias de modo coerente, harmônico, o que requer conferir e entabular diversos aspectos, modos, intercorrências, fontes etc. É um belo exercício de superação. Tenho até sentido vontade de escrever uns livros e artigos, mas por enquanto me concentro na Arte Real.

2. A cada dia que passa acho que fico mais preguiçoso para me exercitar, crédo! Continuo a por a culpa no isolamento da pandemia, mas começo a desconfiar que meu temperamento se alterou sobremaneira, desde o ano passado. Quando jovem levantava bem cedo para correr por uma hora, e fiz isso por décadas (o que resultou minha severa osteoartrose de quadril esquerdo, com dores incapacitantes) mas agora tenho que me esforçar demais para realizar uma bike ergométrica - a única coisa que consigo fazer, além do Pilates clínico, essencial para manter um mínimo de mobilidade. Se não fosse o Pilates creio que estaria usando cadeira de rodas, pois detesto ficar tomando remédios o tempo todo. Mas no ano que vem espero colocar a prótese...

3. Estamos no Inverno mas, no Brasil, é comum intercalar-se calor com 'ondas' de frio. Assim, muitos incautos ficando resfriados pela perigosa alternância de graus de temperatura. Creio que hoje em dia tem ocorrido menos destes desagradáveis estados ditos 'gripais', pois a maioria dos viventes usa máscara facial, então a contaminação por vias aéreas em geral diminuiu muito, ainda que ocorram certas aglomerações - os perigosos ajuntamentos por vezes involuntários de pessoas. Aparentemente teremos boas notícias sobre esta pandemia do Sars-Cov-2 no ano que vem por estas bandas, pois até o fim do ano o (des)governo espera ter 75% das pessoas vacinadas. Mas, por outro lado, não temos certeza, tendo em vista que as tais cepas 'variantes' do malfadado vírus assustam, e não sabemos se temos imunidade a eles, ainda que tenhamos tomado duas doses de vacina (especula-se que talvez tenhamos que tomar uma terceira dose - ó céus!).

4. A nota triste hoje em dia é a retomada do Afeganistão pelos fanáticos Talibãs. Um país com mais de trinta milhões de habitantes, com história milenar, exibindo na TV cenas muito tristes, com violência desmedida e desespero de famílias desamparadas. E não podemos fazer nada por eles, é o sentimento que fica. Triste época que vivemos. Já não bastavam os políticos parasitas, as notícias aterradoras dos meios de comunicação sobre a economia, e temos que relembrar sempre o quão violento e desalmado é o Homem...

5. Em minha querida cidade agora temos uma enormidade de Supermercados, um melhor que o outro, atendendo aos mais diversos gostos, necessidades e expectativas. Isto é o feliz resultado de diversos fatores. Nossa urbe, além de muito bonita e bem cuidada, aparenta ter uma riqueza de empresários, profissionais autônomos e burocratas, em que pese não ter um parque industrial que faça jus à sua pujança. Creio que o setor de serviços (principalmente aliado ao comércio) é a principal força econômica aqui, notadamente por causa de muitos estabelecimentos educacionais (especialmente os universitários). Antevejo um futuro auspicioso para todos os sanjoanenses...    

sábado, 24 de julho de 2021

Friaca lascada, 'cringe' e Nathanael Neves.


Nathanael e Izabel

< O som de fundo de hoje é o de Jimmy Cliff... Reggae do bom!  >

01. A notícia chata é que um velho amigo, o Natha, nos deixou. Estava bem idoso, e ultimamente permanecia só acamado. Descansou. Sua esposa, a querida Izabel, já tinha partido para o Oriente Eterno há alguns anos. Logo depois ele foi residir no Lar São Vicente de Paulo, onde também tive a oportunidade de fazer a barba e cabelo dele. Eu o ajudei a escrever seu livro de memórias, publicado tempos atrás; houve até um evento de lançamento e autógrafos no Salão Nobre do Unifae. Foi sepultado em São Paulo; nem pudemos nos "despedir" por causa da pandemia. Deixou filhas e netas, uma linda Família. Que Deus possa consolar os corações enlutados.

02.  Houve recentemente em sociedade um certo bafão, veiculado em diversos meios de comunicação. Alguns segmentos da mocidade começaram a usar de modo pejorativo o termo "cringe", que em inglês pode significar 'vergonha alheia' ou vivência de situações desconfortantes ou constrangedoras, e isto para rotular condutas (percebidas como demodé) de pessoas de outra adiantada geração. A intenção do uso da palavra, ao que parece, era comunicar que certa pessoa estava a  pagar mico, 'passando vergonha' com determinado comportamento ou condição, esta caída doravante em desgraça. Desde pequeno vejo isso - uma geração criticar outra - e acho que é até normal no ser humano. Mas nestes tempos de exacerbada cibernética (esta seguramente uma expressão 'cringe'!) as sensibilidades foram feridas ao extremo. Ainda bem que, na minha idade, agora vejo tudo isso com leveza... Tem tanta coisa mais importante para se preocupar!

03. Os meios de comunicação tem começado a falar de impeachment... Que coisa esta necessidade jornalística de assunto ruim, credo! Pode ser que exista(m) até motivo(s), mas é muita coisa ao mesmo tempo para processar agora, não é mesmo? Esta pandemia virou tudo de ponta-cabeça. Já tem desgraça demais ultimamente...

04. Se o ser humano tivesse um botão do tipo 'desligar de viver' mais à mão, menos complicado, a Humanidade já estaria extinta há tempos.  Este é um assunto triste, chato de falar: suicídio é atitude extrema, definitiva, que 'espalha' certa perda de sentido aos que permanecem, em especial aos amigos e familiares. Tema por demais complexo, que quase todo dia vira notícia, onde quer que se resida. O que eu noto é que a atualidade parece dar mais e mais motivos para o cidadão se sentir desacorçoado! Eu vejo a aniquilação de si mesmo como resultado de um somatório de ocorrências acima e abaixo da pele da pessoa, mas é impactante o fato do falecer vir a constituir-se, para um ser humano, em única saída para o sofrimento... Na realidade, sabemos pouco da processualidade existencial desta tragédia.

05.  Sempre apreciei a nossa mais saborosa e portentosa bebida rubiácia! Tenho agora três sistemas de fazer café, mas não o tipo 'coado', que desperdiça pó. O mais saboroso e prático é o tipo expresso, de cápsulas. O inopinado da estória é que fui recentemente ao médico (coisa costumeira comigo nos últimos anos...)  e o mesmo proibiu-me doravante sorver a preciosa bebida. Sou disciplinado e mui treinado em desapegar, e já risquei o 'quitute' do cardápio... (que voltas a vida dá!)

06. Adoro filmes japoneses, especialmente os de samurai. Mas não tem muitos disponíveis no circuito  normal dos cinemas e também na TV. Eu tenho uns 40 filmes em DVDs, que vejo de vez em quando. Outro gênero tipo 'oriental' que aprecio são aqueles da máfia japonesa, que costuma exercer certo fascínio em alguns ocidentais. Outro dia vi um filme da Netflix de nome "Família Yakusa", muito bem feito mas, como de costume, triste e de sentimentos extremos. E com muita violência gratuita, como gangsters parecem gostar. Ruth não se importa quando assisto pois ela dorme o tempo todo. Um dia aprendi que um segredo de bom casamento moderno é ter mais de uma TV, mas ela é tão bacaninha que nem faz questão de ter a posse do controle... 

07. Recebo ali e acolá notícias de outra forte onda de frio que acometerá este inverno de 2021 o Sul e Sudeste, forte como a onda polar de 1.955, ouvi dizer. Fazia tempo que não observava um clima gelado assim. Tive que recorrer a gorros e luvas para dormir. Parece sintoma da mudança climática, junto com o forte calor da Europa e os recorrrentes incêndios da América do Norte. A tristeza é constatar por aqui o número de falecidos por causa da friaca, em especial os moradores de rua. Vida triste.


quarta-feira, 30 de junho de 2021

Inverno 2021 ( que frio!! )

 

no cafofo...

( O fundo musical de hoje é o piano de Keith Jarrett,  junto com a bateria de Paul Motian e o baixo de Gary Peacock no disco "At The Deer Head Inn", de 1994. Produção de Bill Goodwin, ECM Records, divisão da BMG Music. O CD  foi presente do mano Sérgio... )

01. Como já comentei aqui, minha memória anda patinando... E, creio sem muita convicção mas com temor, que ter apanhado o malfadado, astroso Sars-Cov-2 só piorou o quadro. Palavras simples do dia-a-dia agora 'somem' da mente com muita facilidade! Peguei para usar um pequeno aparelho gravador digital Sony (IC Recorder, mod. ICD-PX820) que tinha comprado há anos para gravar depoimentos em minhas pesquisas em Psicologia, e ando prá lá e prá cá com ele pendurado no pescoço. Principalmente no comecinho da manhã penso muitas coisas e, se não grava-las, nem lembro mais depois: um horror! Periodicamente escuto ali as mensagens e anoto-as no calendário, ou providencio as coisas inadiáveis. A  gente  tem que ir se 'adaptando'... 

02. Com a artrose de quadril (grau 4) tenho agora que me valer de bengalas ou muletas. Uso 2 muletas (tipo 'canadense', muito mais prática e segura) e minha autoimagem e visão de mundo se alterou: antes eu andava a passos largos e deixava todos para trás; agora, ninguém parece ter paciência de me acompanhar  (não andam ao meu lado - vão na frente, e eu bufando atrás). As coisas mais prosaicas ficaram em outra perspectiva: preciso de mais tempo para executar/planejar as coisas! Quando temos um corpo jovem é mais rápido, confiável fazer as tarefas; quando se envelhece e/ou temos este tipo de limitação, "desaceleramos". Creio, de uma perspectiva positiva, que é o grande aprendizado de encarar as mudanças, por vezes incapacitantes. Tem-se uma estrutura esgarçada do corpo, que funciona cada vez pior... Inclusive funções básicas como ingerir-digerir-excretar acarretam novas atenções e cronologias... Hoje vejo mais ainda como precisamos agradecer pelas pequenas coisas!

Recebi num destes grupos de zap-zap uma indicação de palestra fabulosa de uma notável médica geriatra sobre como envelhecer. Coloque e clique no seu navegador este link:  https://youtu.be/zcj5DVTcilw

03. O Sol é um certo mistério fantástico, não é mesmo? "Tudo" o que temos e vemos aqui deriva dele... Uma usina atômica praticamente inesgotável, ainda que saibamos que um dia tudo cessará... Outra coisa associada a este fenômeno são os 'buracos negros' - coisa maluca! Gosto muito de ler sobre isso, e fico abismado com o potencial do conhecimento humano sobre e oriundo da Ciência... Sobre este ramo do saber, recomendo a leitura de uma ótima revista nacional, a  Pesquisa Fapesp ( clique no seu navegador em:   revistapesquisa.fapesp.br ) - ótima em todos os sentidos!  Lá existem muitas facilidades para o leitor, assinando ou não o notável e premiado veículo informativo paulista sobre Ciência.

04. Confesso que tenho certa 'mania' - algo criticada hoje em dia - de mandar mensagens de bom dia  no vulgarmente conhecido zap-zap. Pelo menos envio-as majoritariamente para as pessoas que deste modo me cumprimentam,  ou as que aprecio muito. Posto também naquela rede social mensagens informativas interessantes, mas uma e outra, creio,  em pouca quantidade. Coisa de desocupado e/ou aposentado (enquadro-me em ambas), mas muito jovem também lança mão desta forma de conexão. Coisas de época e lugar...

05. Fim de semana retrasada fui ver meu mano mais velho, o Luciano, PhD em Engenharia Elétrica pelo ITA de São José dos Campos, pesquisador (aposentado) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. Gosto de cultivar laços com meus irmãos, inclusive porque faz meus queridos pais muito felizes. Que eu possa ter ainda muitos anos de gostosa convivência. Somos abençoados em ter pais afáveis, que nos educaram para a concórdia e boa amizade. Nunca houve desarmonia entre nós cinco, e muito menos entre nossos pais e seus filhos. Todos nós somos muito grato a eles pelas virtudes que sempre demonstraram. 

06. Tenho muita informação digital em minha vida, créeedo em cruz! E analisando, vejo que tenho que fazer certo 'detox digital'.  Coisas de época e lugar, também, que fazer... Existem coisas que não podemos evitar, mas não deixar nos escravizar ou atrapalhar, desvirtuando seu sentido. Costumo ler 3 jornais aqui no tablet logo cedo -  tarefa principalmente oriunda de obrigações de estar bem informado por causa da profissão de Professor. Some-se a isso a consulta obrigatória de e-mails e as informações de aplicativos  (por exemplo, previsão do tempo ou as redes sociais), embarcados também no celular e  temos aí o cardápio de bom investimento de tempo necessário. Rotinas que pouco tempo atrás inexistiam ou eram realizadas de maneira analógica, com outras confrontações e temporalidade... 

segunda-feira, 24 de maio de 2021

386a. postagem... quanto texto! Hoje, algumas digressões linguísticas.

Baixado via grupo de WhatsApp ...

[ Hoje o fundo musical é um artista inglês, Peter Gabriel (nascido em 1950), notório ativista dos direitos humanos, mas mais conhecido anteriormente por co-liderar a banda de rock progressivo Genesis, e tendo posteriormente seguido bem sucedida carreira solo. O CD tem o nome de 'D 111089', 16 faixas escritas todas pelo Autor, publicado em 1.990 pela gravadora Geffen (Los Angeles, USA). O grande sucesso deste CD foi a faixa 3, 'Sledgehammer', ]

1. Existe um livre-pensador nacional que eu muito aprecio: Millôr Fernandes (nome de batismo Milton Viola Fernandes, 1923-2012). Este intelectual foi famoso desenhista, cartunista, humorista, dramaturgo, escritor, poeta, tradutor e jornalista. Aliava sabedoria e humor em suas reflexões. Numa obra dele, publicado em 1.977 pela Edibolso (São Paulo, SP) denominada 'Reflexões sem Dor' - que tenho encadernado aqui em capa dura, para proteger a preciosidade - lemos, à p. 05: "Achar que podemos deixar alguém nos restringir parcialmente a liberdade é igual achar que podemos perder parcialmente a virgindade". Ou seja, em que pese a jocosa comparação, muitas pessoas ao fim e ao cabo se auto-enganam ao terem tolerância ou resignação frente certas atitudes e decisões que acabam por nos descaracterizar, cercear enquanto cidadãos, tanto no micro quanto no macro. 

Hoje em dia assistirmos a turbulências tenebrosas, em especial no âmbito político, problematizados pelo segundo ano de pandemia do famigerado patógeno Sars-Cov-2. Estamos algo anestesiados, amortecidos pelos sucessivos tombos e rasteiras que temos levado, e parece que a sociedade - notadamente nossos representantes nas casas legislativas, e nem falo nos demais poderes da República - tem dificuldade em discernir os seguidos descalabros que se perpetram à sorrelfa. Onde iremos parar, Deus meu? 

2. Eu tenho o costume diário de averiguar as colunas de Obituário, nos jornais e em revistas eletrônicas. Sempre achei que aprendo muito no exame das vidas de pessoas,  notáveis ou não pois, ainda que estes textos, que sabemos um tanto laudatório omita, por educação ou estilo, coisas depreciativas do finado, exprimem lições positivas para o nosso existir. Se soube da pessoa antes do passamento, posso aquilatar algo do escrevente ou do desfecho. Sei que alguns acharão excêntrico, mas diz um pouco do que sou...

3. Uma pândega o quadrinho acima, não? Rimos pela idiotice da aproximação terminológica, de fácil identificação categorial (falo de categorias lógicas, remetendo ao 'erro categórico' tão magistralmente discutido pelo filósofo inglês Gilbert Ryle). Mas existem confusões linguísticas no dia-a-dia que não discernimos tão facilmente, e isto é mais comum do que se imagina. Curiosidade: muito do que discuto em psicoterapia com meus analisandos se resume a repensar, criticar a irracionalidade (lógica) estes mal-entendidos linguísticos, 'reaprendendo' a pensar as situações de modo apropriado, funcional, racional. Sim, por vezes, as pessoas não são efetivamente portadoras de nomenclaturas pretensamente diagnósticas com as quais certos profissionais gostam de etiqueta-las... somente veem os acontecimentos de modo tendencioso, enviesado, o que lhes traz desadaptações, desfuncionalidades emocionais. 

4. Quinta-feira passada comprei pela Amazon 6 livros, que me foram entregues ainda ao final do dia seguinte. Volta e meia me presenteio com estes mimos, pois ler é um dos meus maiores (e primevos) prazeres, sim, desde que me conheço por gente. Três destes livros - 'A arte de querer bem', 'TerramareaR', e 'Crônicas para ler na Escola' (Editoras Estação Brasil, Companhia das Letras e Objetiva) - são de crônicas, da autoria de Ruy Castro, jornalista, articulista e escritor muito conhecido. Este genero literário é o que mais aprecio! Tem muito do humano de cada um de nós, e nada mais legal do que ler para afastar a solidão...