Ilustração obtida agora (via Google Images) de
http://www.unescobiochair.org/bioethics-human-rights/
Nossa, faz tempo que não escrevo aqui! Na verdade tenho escrito bastante, e publicado coisas esparsas, mas no face... É bem mais prático nestes tempos corridos, apesar de não permitir (lá) maiores adensamentos de pensamento, como aqui. Tenho me dedicado ao tema da Bioética, que é minha paixão central acadêmica atualmente. Fiz dela minha temática de pesquisa no Programa de Mestrado Acadêmico Interdisciplinar em Educação, Ambiente e Sociedade, do Centro Universitário UNIFAE, onde trabalho. É área apaixonante mesmo, e em expansão vertiginosa no mundo todo. Se colocamos o termo no buscador digital retorna 'milhares' de páginas, uma loucura.
Um exemplo recente de implicação e desdobramentos abarcada por este tema é a infame 'pílula do câncer', como ficou denominada a fosfoetanolamina. A
fosforiletanolamina ou fosfoetanolamina (fórmula C2H8NO4P , com massa molar 141,063 g/mol
) é um composto químico
orgânico presente naturalmente no organismo de diversos mamíferos.
Vejam o que informou recentemente um dos melhores informativos digitais, o Nexojornal, de endereço https://www.nexojornal.com.br/, com a reportagem:
Liberada, proibida, mas
nunca aprovada: o imbróglio da ‘pílula do câncer’, por André
Cabette Fábio, em 21 Maio de 2016 :
( https://www.nexojornal.com.br/expresso/2016/05/21/Liberada-proibida-mas-nunca-aprovada-o-imbr%C3%B3glio-da-%E2%80%98p%C3%ADlula-do-c%C3%A2ncer%E2%80%99 )
"
O Supremo Tribunal Federal suspendeu na quinta-feira (19) a lei que permite a fabricação, distribuição e uso da
fosfoetanolamina sintética, substância popularmente conhecida como “pílula do
câncer”.
A decisão é temporária, e acata pedido da
AMB (Associação Médica Brasileira) contra a lei, aprovada pelo Congresso
e sancionada pela presidente Dilma Rousseff no dia 14 de abril.
O julgamento para decidir se a suspensão da lei é definitiva ainda não tem data
para ocorrer.
A 'fosfo' foi distribuída por 20 anos a
pacientes de câncer pelo químico e professor da USP Gilberto Chierice. A
substância era produzida no laboratório da universidade, na unidade de São
Carlos, interior paulista. Com a suspensão da distribuição em 2014, pacientes
passaram a exigir na Justiça o medicamento, dando início ao imbróglio.
Há vários relatos positivos de pacientes
que dizem ter tido bons resultados no tratamento e uma intensa campanha pela
comercialização do remédio. Mas os efeitos da substância são contestados por
cientistas. Segundo estudos, o produto não tem consistência em sua formulação.
Nas dosagens que vêm sendo utilizadas, a substância não demonstrou eficácia no
controle de vários tipos de câncer. Sua liberação pelo Congresso vinha sendo
alvo de duras críticas em razão do fato de a pílula não ter passado pelo
processo regular de aprovação de um medicamento.
A maioria dos ministros do Supremo
acompanhou o voto do relator do caso, Marco Aurélio de Mello, segundo quem o
Congresso, ao liberar a pílula, atuou em uma área que não é de sua
responsabilidade, mas da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). "
O que ocorreu nesta 'comédia', que seria risível (bem, o foi na percepção de muitos países estrangeiros...) se não fosse trágico, foi que misturou-se em graus variados mas perigosos uns tantos de ignorância pública sobre os mais comezinhos procedimentos de pesquisa científica, mais populismo oportunista de presidenta que estava na iminência de sofrer impeachment, mais parlamentares irresponsáveis, tudo somado com a proverbial atrapalhação que nossos sistema jurídico por vezes perpetra em nossas necessidades.
O resultado foi a imagem (principalmente nas dimensões científica, sanitária e jurídica) do país mais uma vez enxovalhado, e a todos assistindo de camarote, sem poder fazer 'nada'... Patético!!