A V I S O


I am a Freemason and a member of both the regular, recognized ARLS Presidente Roosevelt 75 (São João da Boa Vista, SP) and the GLESP Grande Loja do Estado de São Paulo, Brazil. However, unless otherwise attributed, the opinions expressed in this blog are my own, or of others expressing theirs by posting comments. I do not in any way represent the official positions of my lodge or Grand Lodge, any associated organization of which I may or may not be a member, or the fraternity of Freemasonry as a whole.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

(Centésima postagem!) A fábula do Burro


 Ilustração obtida de
http://es.wikipedia.org/wiki/Equus_africanus_asinus
em 26.05.2011


Hoje reflito sobre uma fábula (O burro – de número  XXXVI do livrinho já citado anteriormente...) que até discuto em alguns cursos na faculdade, pois aborda a questão da nossa posição frente ao que consideramos 'verdade'.
 
Um burro, ou mulo, jerico, um animal estéril resultante do cruzamento do jumento com a égua (ou, lógico, do cavalo com a jumenta...) cresceu gordo e brincalhão a partir das generosas porções diárias de milho que recebia e, um dia, enquanto pulava, escoiceava e cabriolava pelos campos, disse a si mesmo “Minha mãe deve certamente ter sido uma corredora puro-sangue, e eu sou tão bom nisto como ela era!!”.
 
Mas logo ele se exauriu com o intenso galope e traquinagem, e imediatamente se lembrou que seu antepassado genitor não passava de um asno...

O compilador das Fábulas de Esopo encerra a narrativa afirmando que toda verdade tem dois lados, e é melhor olhar para ambos, antes de declarar onde nos situamos.

Esta lição é preciosa: nada mais inconveniente nas relações sociais quando nos deparamos com uma criatura que se aferra a um certo lado da questão e demonstra incapacidade de olhar para outra(s) possibilidade(s), para outro lado do problema. Poucas coisas ofendem tanto nossa sensibilidade quanto a falta de humildade em se aceitar que  uma outra pessoa possa deter melhor visão de mundo. Nestes tempos turbulentos, com tantas verdades sendo propaladas à mancheia, é mais fácil se apegar a algo, sem criticidade... 

Tragicamente, é na Universidade que tal conduta de rigidez mental, de simplismo, de reducionismo  se demonstra mais perniciosa, ruinosa: a deformação que determina nas mentes incautas pode ser permanente, posto que contagia todas as ulteriores aquisições do discípulo, do aprendiz, implicando assim uma temerária vida futura (pessoal e profissional). Um resultado disso é que vemos diminuída na pessoa a capacidade de identificar sandices, parvoíces, em si mesmo, nos semelhantes ou nas idéias que, a todo instante, somos alcançados. 

Que possamos nos vacinar contra os efeitos deletérios da comodidade, da pachorra mental, da lenidade a que nos acostumamos neste cipoal de especialistas, entendidos, consultores e profetas da certeza fácil ante um mundo crescentemente mais complexo e, a cada vez, mais inacessível à decifração útil e significativa...

sábado, 21 de maio de 2011

Tesouro disponível e outros fatos

Gravura obtida hoje no domínio abaixo:
http://poeticaecotidiana.blogspot.com/2009/03/musica-rara-carlos-gomes-e-francisco.html

1. Hoje vou indicar um dos melhores sites do planeta, o da Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos. É, creio, um verdadeiro patrimônio da Humanidade! Tem 'de tudo' lá... Acesse:    http://www.loc.gov/index.html    Hoje saiu uma nota sobre isso no jornal O Estado de São Paulo (caderno Sabático) que comento abaixo. Vale a pena ler a notícia neste renomado periódico.

Mas o que tem de incrível neste sítio é o link (entre centenas disponíveis)  http://loc.gov/jukebox  , inaugurado em 10 de maio do corrente.  Este domínio possui raridades fonográficas imperdíveis. Quer ver? Faça uma busca avançada pelo termo "Carlos Gomes" e verás algumas peças do nosso renomado artista, cantadas por pessoas como Caruso! Existem no site mais de 10 mil gravações raras e históricas, abrangendo o intervalo de 1901 a 1925. E o mais legal, o acesso é gratúito!

2. Tomei esta semana a vacina anual contra a gripe, no Posto de Saúde do bairro. Como sou um trabalhador da área da saúde, tenho o direito, como as gestantes e idosos. Sempre tomo, e isso há muitos anos (nunca mais fiquei gripado, e resfriado, quando tenho, é bem fraco... ) Bilú não vai tomar, visto que tem receio (creio que 'receio psicológico', supersticioso, pois o medicamento é produzido com fragmentos inertes de vários vírus, inclusive o famigerado H1H1) desde que passou mal, há tempos, depois de uma vacina que tomou, ainda em São Paulo... Acho incrível, nestes tempos googleanos, uma criatura medianamente informada recusar-se a usufruir de um recurso importante como este. Pior que isso é a pessoa que toma antibiótico quando fica gripada... Mas que fazer, nada mais me impressiona neste mundo!

3. Terminando o semestre letivo. Como passou depressa! Não sei se fico feliz pelo 'refresco' nas cansativas aulas (estou ficando velho para isso...) ou receoso da choradeira inevitável de boa parte do alunado que não consegue boas notas. Eu tenho o sistema didático de  considerar  várias avaliações, com trabalhos alternativos/complementares  para os que não se saem bem, mas milagres estão escassos hoje em dia. Tem gente que nem com "reza brava" consegue ficar fora do exame final (o grande trauma deles - eles acham que devem 'fechar' todas as notas sem se valer do direito de se submeter a exame final), e o fato de 'nós', os docentes, os 'deixar' de exame é uma grande maldade de nossa parte, segundo eles consideram. Não adianta argumentar que, no fundo, são eles que 'ficam' de exame mas, na ótica do alunado, é o professor que cruelmente os condenam a prestar exame, só para  maltratar... Durma-se com um barulho destes!

domingo, 15 de maio de 2011

É o fim da picada!

Foto obtida de http://www.obliviatee.com/ hoje...

          Li pelos jornais que o MEC - Ministério da Educação e Cultura, Programa Nacional do Livro Didático, adotou um material - para o programa de educação de jovens e adultos, EJA - que 'autoriza'  ao aluno a possibilidade de se cometer erros gramaticais, de modo a não ser 'prejudicado linguisticamente' (livro de língua portuguesa da autora Heloisa Ramos Por uma vida melhor, da Coleção Viver, Aprender, Editora Global). É demais, não me falta ver mais nada! Sabemos que a língua de um povo no seu conjunto é algo vivo, que se transforma mas, nesta época de mudanças rápidas e alterações tão impactantes na sociedade, tal tipo de excrescência, se virar moda, determinará que, em pouco tempo, os problemas entre o português culto (a linguagem mormente escrita e mais formal, erudita, empregada ou não em documentos oficiosos ou oficiais, etc.) e a fala do dia-a-dia se avolumem sobremaneira... No limite, existirão duas 'linguagens', podem esperar, a se confirmar esta  tendência, ainda mais num país de dimensões continentais, como o nosso, com seus extensos regionalismos... O que os luminares do MEC querem evitar, o preconceito, vai seguramente aumentar com este expediente chué, e originar ainda mais a não-inclusão das pessoas que não dominarem um mínimo aceitável das regras apropriadas da comunicação do nosso idioma (o que, afinal, é o que nos une, do Oiapoque ao Chuí...).

          Sim, sei que os linguistas e literatos discutem a questão da língua ser algo em construção (onde até defendem o que se critica aqui), mas se um jovem for fazer entrevista de contratação de emprego numa empresa, será muito prejudicado em sua avaliação se falar errado! Eu creio que o livro em questão não é a tribuna apropriada para se discutir algo que os acadêmicos debatem num outro nível,  na Universidade, entre especialistas. (Veja o que aconteceu quando o assunto caiu na mídia...) Uma obra didática deve instruir o português escorreito ao falante comum, como todos nós, o português como os que tem polimento compartilham, ainda que se permita informalmente, aqui e acolá, certos deslizes na fala oral (atire a primeira pedra quem já não maltratou verbalmente ou manuscritamente a nossa língua...). Acho que a questão é séria; o português é a língua oficial de Portugal, Brasil, Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Timor Leste, e é falada também em Goa e Macau...

[[ Quando escrevo aqui tenho o maior cuidado de escrever corretamente. Se algum dia alguém observar algum erro, por favor me comunique! Reviso e reviso, e ainda acaba passando algum erro... que fazer, mas é um dever de respeito ao leitor, já que sou professor e escrevo "para o mundo", como se diz.  Se procuro não ser preconceituoso, injusto ou mal-educado nas minhas ponderações, de igual modo sinto-me obrigado a caprichar no texto em todos os sentidos - como capricho na apresentação geral, na organização, no lay-out.  ]]

          A cada dia vejo as coisas andarem mais e mais para trás na Educação em Belíndia... que coisa horrível. Quando vou corrigir provas dos meus alunos (costumo avaliar a aprendizagem com perguntas abertas, onde os mesmos devem construir um texto argumentativo, dissertativo) corrijo também os inevitáveis - por vezes pavorosos - erros de ortografia. Digo sempre aos meus preclaros educandos dos problemas futuros que eles ou elas terão pelo cacografismo a que desavisadamente se entregam. Mas sei que muitos se amofinam com minhas ponderações, não lhes dando crédito... paciência! Cumpro minha obrigação de preceptor.

http://pilivre.blogspot.com/2009/12/gorilas-machos-nosso-primos.html

sábado, 14 de maio de 2011

Fábula do Urso e a Raposa

Obtido de http://www.canstockphoto.com.br/ hoje...

Hoje apanhei  - graças ao Google! - uma foto de um site incrível que fornece todo tipo de foto, para ilustrar mais uma  predileta Fábula de Esopo. Esta (de nro. XIX do livro Aesop's Fables, London: Penguin Books, 1996, p. 19; Penguin Popular Classics, #20. Selecionado e adaptado por Jack Zipes) relata a passagem onde um urso costumava jactar-se sobre seu grande amor pela humanidade, dizendo que ele nunca profanara um cadáver humano. A raposa observou com um sorriso, "eu ficaria mais impressionado com sua afabilidade se você nunca tivesse devorado um ser humano vivo! " O editor termina o apólogo com a observação 'Não devemos esperar até que a pessoa morra para demonstrar nosso respeito'.

Costumo ir a enterros e observar os comportamentos. Em especial com relação a falecimento de pessoas idosas, quantos choram ante o(a) falecido(a), consternados, quando sabemos que o(a) maltratavam quando vivo(a). Não dá para entender... O mais incrível para mim é pensar que aquele que assim se descabela dá a impressão de não atinar com que os outros possam estar pensando de tamanha falta de pejo, da sua repulsiva desfaçatez... Mas parece mais que, hoje em dia, as pessoas não se importam com o que os outros pensam sobre elas. Porisso o contumaz espetáculo da falta de educação, de civilidade, nos mais variados setores e estamentos. O mais patético é o que se observa no trânsito de veículos e pedestres, principalmente pelos famígeros 'motoqueiros'. 

O que a mim mais causa espécie é o fato de um colega de trabalho, ou um aluno que vemos semanalmente, ou, pior, um irmão da igreja, cruzar a sua frente e não ter a fineza de  compartilhar/retribuir ou ainda conceder um cumprimento (gesto, palavra ou mesmo um esgar - pode ser mesmo uma carantonha - à guisa de saudação), uma  atenção ao seu olhar que lhe foi dirigido. Sei que, nos presídios, pela ética não-escrita da súcia dos meliantes, isto é motivo de assassinato! 

segunda-feira, 9 de maio de 2011

... permanece a busca de sentido...

 obtido de http://pichorra.wordpress.com/2007/11/09/  via google...


          Gosto de garimpar imagens pela web e achei muito hílare a gravura acima. Eu pensava ilustrar  os pensamentos abaixo com algo parecido... O fato é que estamos vivendo tempos nunca dantes imaginados, sem dúvida alguma. A 'marca genérica' destes tempos é a elevada velocidade das mudanças e sua extensão, abrangência, alcance. Já se disse que voltaríamos célere à Idade Média se não tivéssemos mais energia elétrica, 'de repente'. Fica algo estranho pensarmos viver agora sem web, sem celular, sem e-readers, sem tablets

          Do modo que vejo alguns jovens plugados o tempo todo, imagino o mundo futuro com uma espécie de ecossistema integrado de quinquilharias tecnológicas (vi algo como imagino aqui naquele filme já-quase-antigo, o Matrix) onde o homem será uma espécie de 'adereço', não sei com que grau de importância.  Nossas idéias parecem ser cada vez mais contidas nos chips, e banais, dadas a sua transitoriedade... 

          Sou do tempo em que os objetos e as máquinas eram projetadas como criações do homem para humanizar (paradoxalmente) o ambiente à forma do homem, criando um mundo à maneira do homem (e suas necessidades); as formas, contornos e estrutura dos objetos visavam conformarem-se com suas funções projetadas, e faziam sentido o quanto eram superadas por aparatos mais aperfeiçoados, mais conformes com o que requeria o humanizado da natureza. Hoje já acho que chegaremos em breve na situação que teremos que nos adaptar à maquinaria, à tecnicalidade...

          O ambiente humano aparentemente parece mudar hoje a todo instante, e vemos que as referências  de uso, de destinação dos objetos definidos há pouco se esgotam rapidamente, pelo fracionamento, pela fragmentação das regras e dos padrões com os quais se planejava/ordenava  o entendimento e decodificação da vida cotidiana. 

          Dizem os entendidos de plantão que temos que reinventar o modo de pensar que utilizamos até então. A insegurança, a falta de parâmetros definidos nos deixam temerosos em priorizar também a flexibilidade, a adaptabilidade, a mobilidade, a velocidade, etc. como valores norteadores das nossas relações e cogitações.  Eu, educador,  ainda vejo como importantes saber conversar, ordenar as idéias, ser feliz com o que se tem (principalmente nosso corpo limitado e nossas incapacidades), saber encontrar  sentido nesta ampla constelação polivalente/multifuncional de fatos concretos e virtuais de crescente  e complexa decifração.  Vejo os jovens tão aturdidos (uso ambas as acepções do Houaiss eletronico que está aqui embarcado no meu computador), em derrelição...  que bom que sou 'velho'!

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Outra do meu fabulário predileto...

 figura obtida de http://www.apaginadomonteiro.net/textos_soltos.htm

Hoje comento outra pequena fábula de Esopo, que está à página 12 do livrete já aludido anteriormente. Chama-se "O corço e sua mãe".  Fala sobre um gamo novo que contende com sua paciente mãe. Conta-se que um dia um corço disse à sua mãe, "Você é maior do que um cão e bem veloz. Você tem também uma notável resistência e chifres para defende-la. Porquê então, Mãe, você tem tanto temor da matilha?" Ela sorriu e disse: "Eu bem sei disso tudo, minha criança. Mas tão logo eu ouço o latido de um cão eu me sinto desfalecer e fujo tão rápido quanto meus calcanhares podem me carregar". O compilador aduz à narrativa a moral da historieta: "Nenhum argumento, não importa quão convincente, dará coragem ao covarde".

Vejo todo dia pessoas que não tem, aparentemente, auto-confiança rogarem que os ajudemos (principalmente na instituição de ensino...) com algo que eles seguramente poderiam realizar sozinhos, se tentassem um pouco que fosse. Não sei  se um pouco é da índole do 'brazuca' que sonha a todo tempo angariar um patrocinador, um patrono, um 'costa-quente', como se dizia na minha terra. Quanto brasileiro vive tão-somente de uma cesta básica que alguém lhe presenteia todo mês... Seu horizonte é do tamanho do seu braço.

Do velho se diz, por vezes,  que ele (ou ela) já passou da hora de poder aprender algo novo, ou  mesmo que possa mudar sua natureza ('pau que nasce torto morre torto'). Eu, como já presenciei muita mudança em pessoas que se decidem a tal, não acredito neste determinismo que exclui a liberdade do Homem. A pessoa pode muito mais do que meramente acredita, e invariavelmente trazemos a nós mesmo a maior parte do nosso infortúnio. Mas, aqui, um expediente que muitos lançam mão é pespegar a outrem a culpa pela nossa desdita... 

E a moral da história ilustra o que de mais nefasto pode suceder ao homem: a racionalidade é posta de lado, a superstição e a mágoa dominam o pensamento do vivente, enredando-o em uma constante de danações da qual não se vislumbra saimento possível...

domingo, 1 de maio de 2011

Fábula de Esopo

obtido de
http://chato.cl/blog/es/2008/12/historia_jesus.html

Hoje vou iniciar uma série de comentários sobre o grande fabulista Esopo, cuja biografia pode ser averiguada em muitos lugares (ver, p. ex.,  http://sites.google.com/site/fabulasesopo/ e também no http://pensador.uol.com.br/autor/Esopo/biografia/). Depois da Bíblia, é tradicionalmente apreciado pelo povo como um ótimo repositório de ensinamentos úteis para a arte de bem viver. Como eu já havia comentado anteriormente, achei um libreto muito legal - bom e barato! - na livraria Saraiva (Aesop's Fables, London: Penguin Books, 1996 - Penguin Popular Classics 20, selecionado e editado por Jack Zipes) e que agora passo a traduzir e adaptar para meus comentários.

O uso de apólogos/fábulas para orientar ao simples é um recurso tradicional entre os viventes, desde priscas eras. Como se costuma encerrar a lição com uma máxima, ou um provérbio, acaba sendo um modo apreciado, inclusive pela fácil memorização. Uma afirmação dessa, um adágio ou um ditado, colocado ao final de uma estória interessante, visa sintetizar um conceito a respeito da realidade vivida, ou ainda uma regra social ou moral, e as pessoas apreciam a sutileza, a simplicidade da solução, em especial se ela é rimada ('Deus ajuda quem cedo madruga'...). Eu já acho que é bom recurso em especial para se usar com as crianças (se bem que muito marmanjo como eu também se beneficia com sua reflexão...) e até nas sessões de terapia, a ilustrar nossos argumentos.

Uma das mais conhecidas sem dúvida é a fábula da Raposa e as uvas. Conta-se que uma raposa faminta aproximou-se cuidadosa e sorrateiramente de um vinhedo onde cachos de uvas maduras e saborosas derramavam-se em parreirais tentadores. Em seus esforços para obter um suculento prêmio, a raposa pulou e saltou muitas vezes, mas falhou em todas as suas tentativas. Quando ela finalmente teve que admitir sua derrota, ela bateu em retirada e resmungou para si mesma 'Bem, que isto importa, de qualquer modo? As uvas estavam verdes!!' ...  "É fácil desprezar aquilo que você não pode obter".

Quão humano é esta reação da raposa, e vemos isto diuturnamente, inclusive em nós mesmos... sim, muitos de nós utiliza esta saída, de modo a proteger sua auto-estima. O problema é o fenômeno já modernamente bem estudado do auto-engano embutido, que transparece nas pessoas, em diferentes graus. Este tipo de estratégia (que Sartre apropriadamente rotulava de 'má-fé') se observa nas crianças também, e muitos continuam a adota-la na vida adulta. O maior mico que pagamos com esta 'solução' é, na esteira do auto-engano, imaginar que ninguém se apercebe deste nosso devaneio, da 'auto-burla' que nos impomos... O fato é que tal conduta assume, por vezes, contornos patológicos, inviabilizando a mínima convivência.

Neste mundo pós-moderno, logar-se a si mesmo  (ou ao semelhante) parece fenômeno epidêmico, não poupando idade, genero, classe social, nível de educação. A garatusa, a logração, a manganilha, a mofatra, parecem hoje, em muitos círculos, expedientes quase-aceitos, para qualquer um pespega-lo no próximo,  a qualquer título. Vemos que muitos, flagrados nesta deplorável atitude, 'não se dão por achado', e se acham espertalhões, e ficam assim, gabolas... Fazer o quê, sinal dos tempos!

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Pós-páscoa...

Página de rosto da 1a. edição em Latim, 1536

Iniciei outro dia a releitura da famosa obra INSTITUTAS (A Instituição da Religião Cristã), de João Calvino (1509-1564). Esta figura acima digitalizei da versão de 2006 - edição especial com notas para estudo e pesquisa, de 4 volumes - da Editora Cultura Cristã (SP), tradução do original francês de 1541, realizada pelo Pr. Odayr Olivetti, que por sinal mora 'aqui do lado', em vizinho município de Águas da Prata (conheço-o pessoalmente; é uma simpatia este senhor, bem como sua esposa). Existe uma outra tradução, pela esta mesma editora ('Edição Clássica', baseada na edição de 1559), realizada pelo Prof. Waldyr Carvalho Luz. Existe outra tradução também em nosso meio, realizada pela UNESP, com 904 páginas, de 2009. É a melhor leitura, depois da Bíblia.

Nesta páscoa fomos a Campinas, passando por Rio Claro, e aproveitei para 'fuçar' livros na Livraria Saraiva - achei outra obra clássica de Calvino, "A verdadeira vida cristã" (4a. ed., São Paulo: Fonte Editorial, 2008, 86 páginas) - não temos a data original.

Encomendei também, por indicação do Professor Paul Freston na revista Ultimato de março-abril 2011 (p. 50-51) a obra do renomado filósofo espanhol Julián Marías de nome 'A Perspectiva Cristã' (SP: Martins Fontes, 2000), edição espanhola de 1999. O professor tece ótimos comentários sobre a obra em tela, e creio que será importante aquisição para minha biblioteca...

O chato é que não consegui conhecer minha neta, Nicolle - seus pais foram a Petrópolis. Esperava poder ir a Sorocaba no sábado... Mas Mariana escolhe ir no Estado do Rio sempre que pode, em vez de ver seu velho pai aqui, que fica BEM mais perto... paciência!  Colhemos (e colheremos) o que plantamos...


quinta-feira, 14 de abril de 2011

Luciano, mano mais velho

Prof. Luciano V. Dutra

Êita! O primogênito... Gente boa à beça, faz tudo por seus lindos filhos, que lhe dedicam um amor bonito de se ver. Virou vovô recentemente, e anda abilolado (ele gosta do termo...) por causa do rebento. Postei esta foto porque acho que ele tem um intelecto estrelado. É pesquisador no INPE, de São José dos Campos, no mesmo CTA (Centro Tecnológico Aeroespacial) onde ele fez o ITA, uma das melhores escolas de engenharia do país. Imagine você que ele fez o Tiro de Guerra  de nossa cidade (TG-040) no primeiro semestre quando cursava o (antigo) 3o. Colegial, fez cursinho no semestre seguinte e, no vestibular, entrou no ITA e na Poli (USP). Um rapaz deveras esforçado, que dominava a matemática como poucos. (eu não era nem um pouco estudioso como ele, somente naquilo que gostava - me dei bem em português, história e geografia, além de ciências e esportes em geral)

A gente costumava brincar de guerra quando moleque (um filme marcante na TV era o americano 'Combat', em branco e preto) e saíamos em duas patrulhas, ele e Luíz Sergio numa turma - dos meninos 'bonzinhos', e eu e outros moleques da vizinhança saíamos noutra 'patrulha' - a dos bad boys. Quando a gente se encontrava 'dávamos tiro' com nossas metralhadoras de plástico e, invariavelmente sempre tinha alguém que teimava em não 'morrer' - ganhava a batalha quem conseguia matar todos os soldados da patrulha inimiga. Só podia dar confusão.... Uma vez recordo que Luciano escondeu-se, depois de surpreendido pela nossa estratégia de busca, atrás de um arbusto bem chinfrim. Dei-lhe uma metralhada impiedosa e ele se recusou a morrer. Precisei aplicar-lhe um corretivo, bem, um pescoção (eu era malvado e apreciava disciplinar os moleques rebeldes que não se sujeitavam às regras das nossas brincadeiras...) para deixar claro que um arbúsculo em hipótese alguma poderia parar as temíveis balas que minha poderosa arma cuspia. Ele resolveu chorar e tivemos que suspender a brincadeira; chegando em casa ele relatou à minha mãe o ocorrido, mas não lembro se apanhei da momys ou não (isto era de somenos, no caso...).

Mas a gente se dava super bem; no fundo, eu admirava o cara. Eu via que ele tirava melhores notas do que eu porque se esforçava - era interessante quando eu lhe pedia ajuda com os algarismos - ele sempre tinha inúmeras estratégias na ponta da língua para resolver os problemas, que eu relembrava quando ele me expunha as soluções, mas que eu nunca sabia quando necessitava... Ele ganhou medalhas em feiras de ciências com montagens de aparelhos eletrônicos e outros dispositivos; uma vez ele foi a um destes países andinos como prêmio, para participar de uma exposição/feira de Ciências. 

O fato é que ele tem um grande coração, continua sempre generoso e muito brincalhão. A gente se diverte muito com o fato de um PhD como ele, que percorre o mundo participando de bancas de defesa de tese e participando de equipes de pesquisa - ele é especialista em processamento de imagens (satélites e outros bichos) - consegue dizer determinadas parvoíces e ter certas manias bem estrambóticas... Mas sempre é uma alegria quando nos reunimos no apartamento dos velhos em Campinas, pois os cinco irmãos fazem a maior bagunça, bem ao gosto dos meus pais. Outro dia falo dos demais irmãos....

domingo, 10 de abril de 2011

Massacre do Realengo (RJ), tempo que passa, e casamento....

Rio de Janeiro, RJ, Brasil

1. Domingão... saudades de escrever aqui! Nesta semana, inegavelmente, o assunto majoritário foi o massacre do Realengo (RJ). Perguntam-me a razão disto, como se eu fosse oraculu – só se for na forma figurativa! Existiriam “mil” razões, explicações, portanto, não esclareceriam muita coisa. Só o Pai Celestial poderia dizer com certeza; nós, somente especulações. É que o absurdo do ato obsta qualquer razoamento produtivo sobre o mesmo. O fato concreto é o resultado (trágico, em todos os sentidos) e a sociedade precisaria precatar-se contra estas reais possibilidades de seus membros – Lei de Murphy! Eu acho absurdez uma escola ou qualquer instituição ou local onde se aglomera pessoas, a qualquer título, que não disponha de aparatos de segurança das gentes, em diversos níveis. Eu, que não sou especialista, sempre tenho ‘mentalidade de espião’ (quem não viu aquela película, “Identidade Bourne”?) quando estou em aglomerações e fico a imaginar o que eu poderia fazer em caso de grave crise, ou de atentado, de baralhada, etc. O que constato é que a maioria dos lugares nesta brazólia carece de condições mínimas de suporte a pessoas, como áreas de escape apropriadas, informações sobre ‘como proceder em caso de’, etc. Somos um país com muito amadorismo, em se tratando de administração pública (para não falar do resto... eu, que sou da área da educação, nem me atrevo a comentar ali coisas as mais comezinhas... ).

          O fato concreto é, depois de tudo ocorrido, como ficarão as famílias destroçadas, as crianças sobreviventes (que moram numa cidade onde violência em suas diversas formas ocorre em maior profusão em comparação com as demais) que presenciaram os acontecimentos ou que estavam perto, os profissionais que cuidavam delas, etc. Confesso que, como muitos, me emocionei diversas vezes, pois como não pensar nos meus filhos e netos (Lívia com idade praticamente igual às das crianças brutalizadas) e, nesta conjuntura, como são insondáveis os desígnios divinos, em especial no que tange à minha pessoa. Somos tão frágeis; o Pai nos consumiria com menos de um estalar de dedos, se quisesse! Quedo-me com o rosto por terra pela magnificência de sua Soberania; nem tenho como razonar sobre tudo de modo claro, sinto-me impotente em todos os sentidos.

2. Somente nove semanas de aula temos, para terminar este semestre letivo. Costumo dizer que o tempo ‘passa mais depressa’ para quem mais se envelhece. A cada dia vejo mais e mais se confirmar esta minha observação, pois as aulas parecem ter começado ‘outro dia’!... Tenho o costume de acordar e dizer, enquanto abro a janela e vislumbro a criação de Deus, ‘mais um dia perto da morte!’ (Ruth detesta quando digo isso - será que ela tem medo de morrer?; bobagem!...) mas digo a frase como agradecimento ao Pai Celeste, pela graça (e encargo) de viver aqui mais um dia, com todo o enfado e cansaço que, dia-a-dia, se avolumam. Penso como Paulo, que assumia ser graça maior o estar com o Cristo, se privilegiado assim fosse... Mas o Pai nos quer estar por aqui; façamos de tudo, em disciplina e ordem!

3. Gosto de ler e, mais ainda, de reler certas obras. Tenho este costume desde moço. É a terceira vez que releio “O que estão fazendo com a Igreja”, de Augustus Nicodemus Lopes (Teólogo e Chanceler do Mackenzie), Ed. Mundo Cristão, SP, agosto de 2008, 201 páginas. É tiroteio para todo lado, principalmente contra os liberais. É o prolífero escritor, creio, um lúcido comentarista do movimento evangélico nacional, e fiel às suas convicções.

          Ele escorrega um tanto quando esquece que certos temas não podem ser considerados de modo superficial (como no capítulo 21, sobre casamento e divórcio), simplista, reducionista, o que nos leva a violar certos valores, como a caridade. Em todo caso, sei que é mais ‘fácil’ ou tentador observar que um perneta não corre bem quando temos as duas pernas... Eu agradeço a Deus ter estudado Psicologia, o que me faz mais humilde nas apreciações sobre os defeitos ou imperfeições dos outros, pois 'cada caso é um caso', mesmo que não sejamos relativistas ou liberais ou libertinos. Mas recomendo firmemente o livro a todos. Leitura obrigatória a qualquer reformado que efetivamente sabe da contribuição de Calvino.

sábado, 2 de abril de 2011

Meu menino...


          Este é o José Geraldo menininho... Que saudade! Outro dia me ligou e disse que vai me dar outro neto. Que coisa boa, pena que vai ser mais uma alma a vicejar longe deste avô... Meus planos futuros (aposentado...) incluem visitar sempre esta meninada, para não ficarem com má imagem da minha pessoa, pois se depender de certa avó... 

          Ele foi sempre ótima pessoa enquanto comigo esteve. Rapaz valente e decidido. Afetuoso, criterioso e ordeiro, sempre escutava o conselho dos pais. Realizou trabalho missionário de dois anos pela sua Igreja (Igreja de Jesus Cristo dos Santos do Últimos Dias), tendo terminado as tarefas com honras. Lidera sua família de acordo com o Evangelho, coadjuvado pela sua especial esposa.

          Estive em seu casamento, lá em Salt Lake City, estado americano de Utah. Voltei lá  para conhecer meu primeiro neto, Drake. Como já disse em crônicas passadas, espero visitar ainda muito aquela localidade, muito bonita e com gente muito acolhedora. 

          Que falta nos faz a convivência familiar! A vida admoesta nossas faltas de modo impiedoso, por vezes. O insidioso, pela nossa fraqueza e pequenez, é que, aprendidas as lições, o passado não se nos retorna, de modo a reabilitar as oportunidades perdidas, as riquezas disperdiçadas, o tesouro desprezado, como que considerado com desapreço...

          O interregno da convivência estabelece por vezes inexorável 'falta de jeito' entre as pessoas. Quando nos falamos, JG e eu, fica sempre algo por dizer; sinto que pareço ao meu filho um ser estranho, desconhecido em muito. No entanto, eu morreria feliz por ele, doaria  a ele qualquer órgão que ele precisasse para continuar sua vida... Oro sempre por ele, sua família e suas irmãs.

sábado, 26 de março de 2011

Clarice Lispector - Importante postscriptum no final...

Clarice Lispector 

          Como havia prometido em 18 de março p.p. , presenteio hoje meus leitores com uma das autoras mais intimistas que eu conheço (do Aurélio... ‘Intimismo’ : Gênero poético avesso à grandiloqüência, e em que se procura exprimir sentimentos íntimos e, por outro lado, o sentido das coisas simples). Esta é efetivamente uma pessoa que 'mexe' com as almas sensíveis... Leitura e reflexão obrigatória, para qualquer vivente em geral e para qualquer estudante de Psicologia (em particular), pela facilitação da tarefa do auto-conhecimento que proporciona ... Não se supõe um profissional que vá trabalhar com subjetividades que não ponha à prova sua própria!
 
          Eu ia traduzir ou montar uma biografia da autora, mas achei um bom texto que “empresto’’, homenageando o site, muito bem cuidado  e, assim, expressamente indicando-o. Obtido de http://www.astormentas.com/biografia.aspx?t=autor&id=Clarice+Lispector , em 26.03.2011:

          Clarice Lispector (nascida em Tchetchelnik, Ucrânia, 1925, falecida no Rio de Janeiro, RJ, 1977) passou a infância em Recife e, em 1937, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde se formou em Direito. Estreou na literatura ainda muito jovem, com o romance Perto do Coração Selvagem (1943), que teve calorosa acolhida da crítica e recebeu o Prêmio Graça Aranha. Em 1944, recém-casada com um diplomata, viajou para Nápoles, onde serviu num hospital durante os últimos meses da Segunda Guerra. Depois de uma longa estada na Suíça e nos Estados Unidos, voltou a morar no Rio de Janeiro. Entre suas obras mais importantes estão as reuniões de contos A Legião Estrangeira (1964) e Laços de Família (1972) e os romances A Paixão Segundo G.H. (1964) e A Hora da Estrela (1977). Clarice Lispector começou a colaborar na imprensa em 1942 e, ao longo de toda a vida, nunca se desvinculou totalmente do jornalismo. Trabalhou na Agência Nacional e nos jornais A Noite e Diário da Noite. Foi colunista do Correio da Manhã e realizou diversas entrevistas para a revista Manchete. A autora também foi cronista do Jornal do Brasil. Produzidos entre 1967 e 1973, esses textos estão reunidos no volume A Descoberta do Mundo.

          Trago abaixo um lindo, denso e desafiador poema, que obtive, como já afirmei anteriormente,  do nosso melhor Portal da web (completíssimo!), o UOL: http://pensador.uol.com.br/autor/Clarisse_Lispector/ , em   26.03.2011. Leia devagar...

"MUDAR”

Mude, mas comece devagar,
porque a direção é mais importante
que a velocidade.

Sente-se em outra cadeira,
no outro lado da mesa.
Mais tarde, mude de mesa.

Quando sair,
procure andar pelo outro lado da rua.
Depois, mude de caminho,
ande por outras ruas,
calmamente,
observando com atenção
os lugares por onde
você passa.

Tome outros ônibus.
Mude por uns tempos o estilo das roupas.
Dê os teus sapatos velhos.
Procure andar descalço alguns dias.

Tire uma tarde inteira
para passear livremente na praia,
ou no parque,
e ouvir o canto dos passarinhos.

Veja o mundo de outras perspectivas.
Abra e feche as gavetas
e portas com a mão esquerda.

Durma no outro lado da cama...
depois, procure dormir em outras camas.

Assista a outros programas de tv,
compre outros jornais...
leia outros livros,
Viva outros romances.

Não faça do hábito um estilo de vida.
Ame a novidade.
Durma mais tarde.
Durma mais cedo.

Aprenda uma palavra nova por dia
numa outra língua.
Corrija a postura.
Coma um pouco menos,
escolha comidas diferentes,
novos temperos, novas cores,
novas delícias.

Tente o novo todo dia.
o novo lado,
o novo método,
o novo sabor,
o novo jeito,
o novo prazer,
o novo amor.
a nova vida.

Tente.
Busque novos amigos.
Tente novos amores.
Faça novas relações.

Almoce em outros locais,
vá a outros restaurantes,
tome outro tipo de bebida
compre pão em outra padaria.
Almoce mais cedo,
jante mais tarde ou vice-versa.

Escolha outro mercado...
outra marca de sabonete,
outro creme dental...
tome banho em novos horários.

Use canetas de outras cores.
Vá passear em outros lugares.

Ame muito,
cada vez mais,
de modos diferentes.

Troque de bolsa,
de carteira,
de malas,
troque de carro,
compre novos óculos,
escreva outras poesias.

Jogue os velhos relógios,
quebre delicadamente
esses horrorosos despertadores.

Vá a outros cinemas,
outros cabeleireiros,
outros teatros,
visite novos museus.

Se você não encontrar razões para ser livre,
invente-as.
Seja criativo.

E aproveite para fazer uma viagem
despretensiosa,
longa, se possível sem destino.

Experimente coisas novas.
Troque novamente.
Mude, de novo.
Experimente outra vez.

Você certamente conhecerá coisas melhores
e coisas piores do que as já conhecidas,
mas não é isso o que importa.

O mais importante é a mudança,
o movimento,
o dinamismo,
a energia.
Só o que está morto não muda !

Repito por pura alegria de viver:
a salvação é pelo risco, sem o qual a vida não
vale a pena!!!!"


POSTSCRIPTUM (02 abril 2011) ...

Amigos... vejam o comentário (está aposto no lugar específico logo abaixo, mas em respeito ao  Autor e ao leitor, publico aqui mesmo), muito simpático, que recebi:
_______________________
"
Prof. Lucas,

Que bom que você gostou do meu poema Mude!

Porém, ao contrário do que você diz, não é de Clarice Lispector.

De qualquer modo, obrigado pelo "lindo, denso e desafiador poema" -- texto com que você se refere ao meu poema! É uma das melhores homenagens que já recebi, como escritor, ainda que indiretamente... rs!

Assim como você, muita gente supõe erradamente que esse poema é de Clarice.

Mas não é.

No meu blog publico todas as "provas" de que sou o autor:
1. Registro do poema Mude na Biblioteca Nacional em agosto de 2003.
2. Livro Mude, editado pela Pandabooks, com prefácio de Antonio Abujamra.
3. CD Filtro Solar, Pedro Bial, onde na faixa 4 o Mude foi publicado (contrato que fiz com a Sony Music)
4. Veja o vídeo Mude, completo, que foi comercial da Fiat:
http://www.youtube.com/watch?v=NTZ7AGvT44Y

Enfim, o que o escritor mais gosta é disso mesmo: ver sua obra reconhecida -- ainda que com autoria "transferida" para Clarice Lispector...

Espero que, mesmo agora sabendo que não é de Clarice, você mantenha o texto em seu blog. E, se puder, corrija a autoria.

Mude,
Mas comece devagar,
Porque a direção é mais importante que a velocidade.

Veja o poema na íntegra em www.Mude.blogspot.com

Abraços! 

Edson Marques

"
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Digo que é a primeira vez que vejo ocorrer isto comigo... Mas fica a lição de como se deve corrigir os erros alheios, com classe, fineza (é o que se espera de um literato como o Autor)...  O que de fato me deixou de 'boca aberta' é o site UOL abrigar até agora esta incorreção, e parece que faz algum tempo o imbróglio; vejam o blog do simpático amigo da web.

Mas o que fica de bom também é que descobri mais uma pessoa interessante, apesar do seu 'calvário' indevido...  Mas parece que nosso amigo sofre, inadvertidamente, por exceder as expectativas - o poema é realmente excelente! Maneira indevida de acrescentar à sua notoriedade, Edson...  Agradeço a amável correção e a simpatia... Bom encontrar pela web pessoas educadas e sensíveis como você. Que o Pai Celestial te abençôe sempre!