A V I S O


I am a Freemason and a member of both the regular, recognized ARLS Presidente Roosevelt 75 (São João da Boa Vista, SP) and the GLESP Grande Loja do Estado de São Paulo, Brazil. However, unless otherwise attributed, the opinions expressed in this blog are my own, or of others expressing theirs by posting comments. I do not in any way represent the official positions of my lodge or Grand Lodge, any associated organization of which I may or may not be a member, or the fraternity of Freemasonry as a whole.

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segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Fim de ano; Salmo 25: 10

gravura obtida agora via Google Images de
http://educarfinancas.com.br/2012/12/12/fim-de-ano-consumir-ou-poupar/
(bom site para sábios conselhos de planejamento financeiro...)

Ultima postagem do ano. Boa hora para fazer certo 'balanço' do que sucedeu ao longo dos 365 dias. Teria tantas coisas a comentar, mas a principal para mim foi a mudança de domicílio, do apartamento que gostava tanto (mas não do Condomínio - lugar cada vez mais inviável para se viver nos dias de hoje) para a casa antiga que adoro. Como agradeço a Deus o recebimento de uma casa do jeito que sempre imaginei... Fico estatelado com a misericordia do Pai Celestial, que me concede todo dia coisas que nunca mereceria - a principal, a Família, aquela na qual nasci, meus pais e irmãos, e meus filhos e netos, além de, claro, Ruth. Quanto mais estudo e medito, mais vejo o quanto dependo Dele.

Outro dia vislumbrei com clareza a certa 'dificuldade' de relacionamento que tenho com as pessoas, obtida paradoxalmente atraves dos meus anos de intensa meditação zen-budista. É este um caminho realmente avassalador. Não, não tem necessária e metodologicamente contradição com o caminho cristão, principalmente o protestante reformado, como poderia superficialmente uma possível alma temer... Tive o privilégio de estudar bem estes dois caminhos (além de outros, a partir da psicologia da religião) e sei bem separar os domínios, suas pressuposições, seus fundamentos. É como aquela dualidade Ciência-Religião (ou também a dualidade mente-corpo), que muitos julgam irreconciliáveis: existem mais pontos de aderência do que de afastamento, ainda que estas sejam profundas; mas afirmo novamente (como já disse anteriormente aqui) que uma pessoa pode muito bem ser um bom cristão e um rigoroso cientista. 

O caminho zen-budista (estudei a tradição Soto Zen, do Japão) é bem esclarecedor sobre:  1. a finitude, 2. o potencial e as limitações humanas (principal e paradoxalmente a nossa mente), 3. as expectativas que criamos, e como tudo isso nos condiciona para o sofrimento. Compreendendo bem esta equação, pode-se libertar destas amarras que o viver cotidiano determina, suas paixões e apegos. E a mente, sob este enfoque zen,  fica bem domada, disciplinada para outra visão de mundo, diversa do que é veiculada pela consumista e imediatista cultura ocidental, que tem enfoques bem diversos daquela dos orientais. É bem complicado para um ocidental vislumbrar a visão de mundo do oriental e, para mim que fui bem treinando em psicologia, tive mais facilidades neste sentido.

Para não me estender muito, digo que o ocidente privilegia, em sua visão de mundo, a pessoa em si; ela é o centro e a referência para esta construção. Na visão oriental, o cosmos é o centro - fazemos parte dele - e constitui-se precisamente na referência prmordial para se construir a visão de mundo. Esta inversão de sentido faz toda a diferença, e somente se a obtém mediante treino intensivo para domar a mente egocêntrica (no zen isto se aufere essencialmente com a meditação, em todas as suas modalidades - a principal é o zazen, meditação sentada de olhos semicerrados). O Budismo não é entendido como uma religião, no sentido ocidental,  posto que, em princípio, não pressupõe um Deus - é mais um humano caminhar, refletindo a existência e o ser de modo bem particular, sob outra ótica. 

Esta estratégia de deslocar o centro das considerações do ego para o cosmos é semelhante à orientação que Jesus ensinou, com a especificidade de que Deus é Aquele para onde devemos nos dirigir, nos abandonar, nos entregar de todo o coração. Acredito que a meditação zen me ajudou substancialmente em minha reaproximação com a familiar tradição cristã, ainda que eu esteja percorrendo um caminho diverso daquela recebida de meus pais. Em certo sentido fiquei mais radical, pois o caminho calvinista é mais bíblico, mais aferrado ao que preceitua a Palavra, do que o romanismo.

O grande problema que vejo é que, diversamente do que encoraja a visão ocidental, não coloco as pessoas (eu inclusive!) em primeiro lugar na minha vida; não as vejo como recursos e meios dos quais deveria 'investir', no sentido de priorizar minhas ações para atingir os valores mais apreciados em nossa sociedade. Meus valores são outros (diria 'espirituais'), e determinam um viver mais distanciado das pessoas, menos 'interesseiro', menos utilitarista. Sei que isto leva a viezes recorrentes das pessoas a meu respeito, mas não dá para ser o que não sou. Quem me acompanha aqui sabe o que estou a ponderar.

Gostaria de finalizar este ano agradecendo a todos e principalmente ao Pai Celestial, meu amigo. A citação que coloquei acima, salmo 25: 10, diz meu estado de espírito: 

Todas as veredas do SENHOR são misericórdia e verdade para aqueles que guardam a sua aliança e os seus testemunhos. (versão Almeida Corrigida e Revisada Fiel)

Todos os caminhos do Senhor são amor e fidelidade para com os que cumprem os preceitos da sua aliança. (versão NVI - Nova Versão Internacional)

Estas duas amplitudes de interpretação da perícope abarcam o sentido contido em outras boas versões, como a da Sociedade Bíblica Britânica e a Católica Romana. Tudo - inclusive as provações ou 'coisas ruins', que não gostamos ou desejamos ou que achamos que não merecemos - o que Deus nos permite ou concede de Sua Mão, nos determina ou requer, tudo constitue-se em graça, misericórdia e verdade autêntica, tudo isto para nós que tentamos (guardamos, cumprimos), em nosso temor, a percorrer a senda, o caminho preceituado, requerido pelo soberano Pai Celestial, que é um caminho de Vida.  O que o cristão deve realizar nesta vida é, percorrendo o caminho, aperfeiçoar o entendimento deste mesmo Caminho e o agir nele, vereda que pode efetivamente nos configurar, também ao fim e ao cabo, pessoas completas, esperançosas no devir de nossas existências situadas, cada qual com suas determinações e condicionantes específicos.

Que 2013 surja pleno de esperança e realizações.