A V I S O


I am a Freemason and a member of both the regular, recognized ARLS Presidente Roosevelt 75 (São João da Boa Vista, SP) and the GLESP Grande Loja do Estado de São Paulo, Brazil. However, unless otherwise attributed, the opinions expressed in this blog are my own, or of others expressing theirs by posting comments. I do not in any way represent the official positions of my lodge or Grand Lodge, any associated organization of which I may or may not be a member, or the fraternity of Freemasonry as a whole.

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quinta-feira, 30 de dezembro de 2021

Ética da Virtude (de novo...); a polidez.

As quatro virtudes cardeais
( obtido de https://www.freemason.pt/vicios-e-virtudes-na-visao-maconica/ )

[ pedi à Alexa da Amazon tocar  James Taylor, como fundo musical... ]


A virtude, como explicou Aristóteles, é uma maneira de ser, mas no caso humano principalmente, como coisa adquirida e duradoura - é o que somos porque assim nos tornamos. A  virtude, como ensina o filósofo André Comte-Sponville, ocorre na intersecção da hominização (processo e fato biológico) com a humanização - uma exigência da Cultura, resultando em nossa capacidade de agir bem. Muitos filósofos se debruçaram sobre esta temática, como Montaigne, Spinoza, Confúcio, Rousseau... Aprendemos que por virtude devemos entender um esforço para se portar apropriadamente, de acordo, concorde com o Bem. A virtude, ou melhor, as virtudes, são os nossos valores morais vivenciados, atuados

Foi-me agradável surpresa constatar que minha centenária confraria dispôs-se a considerar, desde sua consolidação, a Ética como a chave para alcançar a excelência social (via as próprias conquistas individuais). Virtude seria uma qualidade pessoal que se conforma com o considerado reto, correto e desejável. Creio que uma das características que identificam o verdadeiro obreiro da Arte Real é o polimento de caráter que se expressa via virtudes, como por exemplo na dignidade nas atitudes finas, gentis, próprias de um gentleman, um cavalheiro que todos apreciam estar junto, um parâmetro escrupuloso de civilidade. Vou dedicar algumas publicações aqui neste blog expondo minhas reflexões que, espero, possam ajudar na intelecção de algum(a) interessado(a) neste tema de virtudes como expressão ética.

Como primeiro aspecto de virtude a ponderar, proponho a polidez. É um modo de agir que noto de certo modo escasso hoje em dia.  Nestes tempos turbulentos, chega a ser encarada como virtude ser polido, ter modos, etiqueta, urbanidade, um ser quase circunspecto. Alguns nem consideram polidez uma virtude, pois é pejada de formalidade, de aparato. Um fascista polido não altera a exclusão inerente do Fascismo que representa. Mas com tanta cizânia, intolerância, radicalismo, terraplanismo e outros 'ismos' hoje em dia, ser polido torna-se qualidade necessária à boa e saudável con-vivência. Mas, apesar de ser qualidade, vemos que pouco valor tem isoladamente. Um canalha polido é-nos ainda mais revoltante, pois traduz-se numa  contradição em termos

Mas ser polido parece ser  primeiro requisito que identifica certa preocupação, consideração de alguém para com o outro. Parece constituir-se no primeiro degrau rumo à moralidade. Como nenhuma virtude é natural, a pessoa deve tornar-se virtuosa. Vejo um aspecto de aprendizado (propedêutico) comportar-se com polidez como veículo, recurso para aquilatar-se melhores condutas. Não necessariamente alguém está respeitando um semelhante quando usa "por favor" ou "desculpe",  mas a talvez simulação de respeitabilidade pode tornar-se, por vários fatores, um hábito 'honesto', autêntico no futuro... Por isso insistimos com as crianças para comportarem-se polidamente, ainda que elas (com habitual relutância) não façam ideia por um bom tempo do valor de assim agirem com os demais.

Assim, como ninguém nasce com virtudes, a partir de doses 'homeopáticas' de seus (diversos) elementos podemos 'costurar' numa pessoa, pouco a pouco, as bases para que ela possa cultivar per se outros modos de ser mais complexos, que poderemos ao fim e ao cabo identificar como 'virtude'. Aristóteles já antigamente ensinou que "é praticando ações justas que nos tornamos justos". Definir/ensinar (a cada vez) para um vivente o que seria 'justo' envolve miríades de situações, exemplos, condutas e intencionalidades que, ao longo do tempo, poderão formar na mente de alguém um parâmetro estável para decidir-se agir com Justiça no seu fazer e (co)relacionar-se.

Por isso a importância da Família, onde lá, com paciência bem-humorada, começam (ou deveriam começar) os petizes a vivenciar o respeito dos usos e das boas maneiras...


sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Conduta assertiva e outras modernidades.


Outro dia ministrei aula sobre assertividade para meus alunos. Não se trata somente de assunto didático - preciso instruir a moçada sobre certa falta de conduta que muito se observa hoje e que já foi assunto de artigos meus em jornais. Há muita confusão hoje em dia sobre como se deve portar junto aos demais. A regra geral parece ser, entre os jovens, da grosseria pura e simples. E quando a gente enfrenta certos descalabros somos taxados de 'arrogantes', como sou conhecido entre os alunos... 

Assertividade, segundo o Dicionário Houaiss, é qualidade ou condição do que é assertivo: que faz uma asserção; que declara algo, positivo ou negativo, do qual assume inteiramente a validade;  mesma coisa que declarativo; afirmação que é feita com muita segurança, em cujo teor o falante acredita profundamente.

O conceito de assertividade, compreendido como uma subárea das habilidades sociais, envolve a afirmação dos próprios direitos e a expressão de pensamentos, sentimentos e crenças de maneira direta, honesta e apropriada (sem ser agressivo, sarcástico ou lamuriento), de modo a não violar o direito das outras pessoas. Nas relações interpessoais, assertividade se refere a uma amplitude positiva de respostas e de soluções ganha-ganha, nas quais todos os envolvidos sentem-se confortáveis e comprometidos com os resultados a serem alcançados. 

O comportamento assertivo é ativo, direto e honesto, transmitindo uma impressão de auto respeito e respeito pelos outros. Uma pessoa assertiva convence pela influência, atenção e negociação, oferecendo ao outro a opção pela cooperação. Não oferece retaliações e estimula a comunicação de mão dupla. Enfim, ser assertivo é expressar seus sentimentos sinceros sem constrangimento e exercitar seus direitos sem negar os direitos dos outros. Assertividade é a capacidade de concretizar desejos, incluindo os desejos dos outros.

O comportamento assertivo estabelece-se num conjunto de valores que se deve ter em conta, a saber: ter opinião e defendê-la, enfrentar críticas quando justas e oportunas ou não, manter-se com naturalidade quando formula pedidos ou os recuse, estabelecer conversação sem imposições descabidas, estar receptivo sempre para mudanças mais enriquecedoras.

Os componentes da conduta assertiva são:

1.                  Conteúdo
2.                  expressão facial e corporal
3.                  voz: entonação, volume, cadência
4.                  situação (contexto)

Exemplos de conduta assertiva, quando exibidas de modo apropriado (ou seja, integrando de modo adequado os quatro componentes acima - não os executando de modo isolado, desarticulado):

1.                  pedir desculpas
2.                  elogiar
3.                  dizer “não”
4.                  agradecer
5.                  pedir um favor

(Obviamente, se a pessoa tem problemas nesta área, deve procurar um psicólogo especializado para dissecar estes aspectos sucintamente esboçados acima).

Podemos ver o quanto pode ser trabalhoso para certas criaturas discernir de modo efetivo entre ser assertivo e ser mal-educado, grosseiro, pois não necessariamente se confundem. Hoje não é mais prioridade aos pais ensinar urbanidade às crianças, de modo a imperar a polidez nas relações entre os generos, entre as diversas idades, entre familiares...  Vejo, principalmente nos restaurantes, na escola e no trânsito, exemplos diuturnos de boçalidade explícita. Dá vontade de ir morar no sítio e viver isolado... 

Trabalho em uma instituição de ensino. Quando iniciei lá meus trabalhos ficava muito chocado com alguns docentes que negavam o simples cumprimento quando do encontro em sala de professores - olhávamos em sua face, dizíamos 'bom dia' e nenhuma resposta de volta!!  'É o cúmulo', como diria minha mãe... Imagino que alguns destes mal-educados constituam exemplos do que o anglo-saxão americano rotula de 'stuffed shirt' - ignorantes que se dão muita importância.... Paciência. Para muitos lá não me digno mais dirigir o olhar, nem mesmo quando quase 'trombo' pelos corredores. 

Costumo ir sempre à Biblioteca da Universidade, onde somos muito bem atendidos pelas Bibliotecária e suas auxiliares. Educadíssimas. Mas os alunos... às vezes, sentado em uma mesa lendo meus jornais, os alunos vem e colocam ruidosamente seus pertences na mesa, sem ao menos me dirigir um olhar, enquanto saem para buscar livros; não que tal distinção fosse necessária para 'pedir autorização', mas para me reconhecer como ter chegado anteriormente ao local, delimitando o meu espaço...  Que nada, outro dia eu me imaginei perguntando ao aluno se ele queria que eu saísse do local para ele poder tomar posse condignamente... chega a ser gozado, imagino se fosse uma senhora ou um idoso que ali estivesse! Quanta falta de respeito, lastimável.

Devemos orar por estas almas atormentadas; vai saber o que lhes ocorre no íntimo...