A V I S O


I am a Freemason and a member of both the regular, recognized ARLS Presidente Roosevelt 75 (São João da Boa Vista, SP) and the GLESP Grande Loja do Estado de São Paulo, Brazil. However, unless otherwise attributed, the opinions expressed in this blog are my own, or of others expressing theirs by posting comments. I do not in any way represent the official positions of my lodge or Grand Lodge, any associated organization of which I may or may not be a member, or the fraternity of Freemasonry as a whole.

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quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Pluralismo, plural


foto obtida agora via Google Images de
http://enikselom.blogspot.com.br/2010_05_01_archive.html


Quinta feira ‘braba’, como se diz na minha terra, depois de mais um dos afamados festejos momescos. Eu brinquei em minha vida somente um ou dois carnavais – depois de constatar que o cheiro de cigarro ficava muito impregnado na minha roupa - vi que o ambiente (problematizado pelo estado alcoólico de muitos frequentadores) não era promissor para minha segurança e desenvolvimento. Nem pela TV acho muita graça... Procuro saber mais noticias nos veículos impressos de grande circulação. Mas mesmo com as magras edições, não deixo de ler os principais  jornais, em papel (sim, gosto ainda desta prática antiga) e no formato digital, via PC ou tablet.

Uma tendência moderna que se vê nestes importantes veículos de comunicação de massa é a coleção de colunistas, que todos os jornais reúnem, convidando-os (ou pagando boas somas) para interpretar os acontecimentos. Como tudo na sociedade, abarcam estas heterogêneas coletâneas ensaístas e articulistas bons e ruins, além dos medíocres. É impressionante a gama de assuntos que eles e elas discutem, alguns que nos fazem ficar matutando onde foram busca-los – alguns, imagino, vislumbraram-nos, aparentemente, sob efeito de alguma substancia inebriante, dada a desimportância ou maluquice.

Gosto do jornal Folha de São Paulo, talvez o maior e melhor hoje em brasólia. Ele se gaba de ter uma gama pluralista de colunistas, escalando-os em dias específicos para desfiarem suas intelecções, pareceres e até diatribes. Lê-se coisas interessantes, bobagens, discursos divertidos e outros bem instrutivos. Este jornal é tão eminente que seus colunistas e articulistas costumam comentar e discutir (civilizadamente ou não) entre si os próprios escritos que publicam, verberando ou dando perfil laudatório ao discurso. E haja pluralismo...

Cresci na Academia acreditando que o debate, a peleja, a controvérsia são necessários, principalmente sob a égide da cortesia, da polidez, para bem descrever, esclarecer, instruir, interpretar e compreender a realidade multifacetada, multidimensional, embasbacante. Ou seja, da ‘discussão nasce a luz’, para citar um brocardo conhecido. Mas o que parece imperar hoje, nos jornais, revistas, na academia (sempre com honrosas exceções, e que não são poucas) é discutir para ter luz, mas luz dos holofotes, quem ‘aparece’ mais, quem choca mais (como alguns colunistas da Folha), quem é mais comentado/a pelos demais, para o bem e para o mal (ou pelo bom ou pelo mau...). Veja só:  Contardo Calligaris, na sua coluna da Folha de São Paulo de hoje, quinta feira, 14 de fevereiro de 2013 (Ano 92, nro. 30.633, ‘Saudade de ideias perigosas’, Caderno Ilustrada, p. E-8), lembrando de Foucault, pergunta se, neste cenário de grande permissividade, onde se permite dizer tudo de qualquer coisa, por que discutir, por que lutar por qualquer ideia? Mesmo porque, digo eu, parece - já o disse outro dia -  que não é mais feio proferir sandices, disparates ou redundâncias... Contardo pergunta ao final de sua coluna se não seria o caso – será... - de ‘falar e deixar falar’?...

E como ficam - volto a colocar esta constatação - dentro desta confusão, os jovens, minha maior preocupação como educador? A exigência que se faz, na Faculdade, para que eles leiam, leiam, leiam é enorme, em todos os sentidos. Mas como ‘filtrar’ o que se lê, como categorizar, como arquivar convenientemente a enxurrada de dados e informações? Eu gostaria de ter uma resposta clara, cristalina, mesmo um tipo de ‘receita’, mas cada um deve achar, dando ‘cabeçadas’ ou não, o seu caminho. Somente existem linhas gerais de conduta: averiguar credenciais da pessoa, criticar o texto de modo minudente, estabelecer ‘pontes’ entre discursos conexos (da pessoa e de seus pares; aliás, mesmo que também seja oriundo de outros campos) etc. A lista de estratégias é grande. Um profissional que não domine minimamente certas regras do uso da linguagem, da razão, tem escassos horizontes de sucesso. Mas o exaustivo desafio é recompensador: saber discernir, em cada campo do saber e em cada profissão (e isso cada vez melhor), o joio do trigo; diferenciar a ilusão da certeza, experimentar a satisfação da clareza da decepção do engano e, principalmente, averiguar os frágeis limites daquilo que é quimérico em relação ao que é real.  Acho que contribuir para que isso ocorra faz parte de minha missão, nas diversas matérias que ministro na Universidade. Que Deus me ajude nesta tarefa cada vez mais complexa!