Às vezes fuço na web visando destrinçar a trama 'infinita' que se criou digitalmente, e isto em tão pouco tempo... Agora à pouco coloquei o termo 'pulcritude' no Google Images, e você não imagina a baralhada de imagens que se reúne ali, sem qualquer nexo entre elas, o que se poderia esperar a partir da palavra-chave. Não consigo atinar o critério da ferramenta!
Isto ilustra nossos tempos, sem dúvida, amálgama que define toda e qualquer existência. Já discuti isso aqui; fico a pensar como o jovem se posiciona frente tal mixórdia de polifacetadas dimensões e graus, sem falar nos gêneros... Sabe qual foi a chave para eu conseguir decifrar meu mundo? Sim, pois eu apanhei o começo de toda esta profusão de dados, informações, opiniões, ensinamentos e 'ensinamentos', orientações e disposições que assolam o vivente a cada segundo, sem manual de instruções... A chave foi precisamente estudar a Linguagem.
Se tudo passa pela palavra, é ela a chave para decifrar o mundo, pois os horizontes que se formam a cada inspeção, a cada constatação, a cada interpretação - passos prévios a cada compreensão do que é - só podem ser discernidos apropriadamente se dominamos a ferramenta da palavra. 'Dominar' aqui é uma aproximação, pois não sei se conseguimos isso efetivamente. Talvez seja uma espécie de ilusão, uma quimera. Iniciei cedo na tarefa, seduzido pelas primeiras letras, e sou até hoje sôfrego leitor, e isto de todo tipo de texto - quem não se apaixona pela Literatura? Aprendi até, ao longo do caminho (principalmente no estudo da Hermenêutica - meu mestre foi Hans-Georg Gadamer), que cada um de nós pode ser considerado um tipo de 'texto', imagina!
Mas consigo 'respirar' hoje em dia, sem me deixar afogar por tanta coisa que me é despejada, ininterruptamente. Consigo identificar jogos de linguagem, suas figuras, as enunciações dos variegados discursos, as implicações e as possibilidades de entendimento. Já é algo que me acalma, e sempre me municia, a linguisticidade, de estratégias para realizar a compreensão. Quer um conselho? Aproxime-se da Palavra!
Só para ilustrar: normalmente coloco uma figura no exórdio dos meus posts, mas desta vez nada coloquei - somente o título. Não defini o termo pulcritude, que não é de uso comum (e até não muito êufono, eufônico, convenhamos...). Aqueles que me acompanharam até aqui sem decifrar de imediato o termo, tiveram uma compreensão. Quem procurou, antes de tudo, o que significa o termo, terá outra compreensão de tudo aqui, pois creio que uma figura ou palavra ajuda a formar um entendimento prévio, e qualquer coisa que eu colocasse figurativamente como proêmio agiria para 'endereçar' as possibilidades de entendimento, concorda? Pois então... a figura agiria como um texto (complexo, denso, como certos termos...) para o entendimento prévio do que veio a seguir. É o mesmo que colocar um termo, desconhecido ou não. É isso. Fica o desafio.