A V I S O


I am a Freemason and a member of both the regular, recognized ARLS Presidente Roosevelt 75 (São João da Boa Vista, SP) and the GLESP Grande Loja do Estado de São Paulo, Brazil. However, unless otherwise attributed, the opinions expressed in this blog are my own, or of others expressing theirs by posting comments. I do not in any way represent the official positions of my lodge or Grand Lodge, any associated organization of which I may or may not be a member, or the fraternity of Freemasonry as a whole.

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sábado, 26 de novembro de 2011

bons tempos...

Foto por Ruth Barroso

          Hoje, quase curtindo merecidas férias, ‘matei’ as saudades de um costume que desenvolvi na faculdade (anos 70...). Certa vez vi uma foto do grande psicólogo Carl Gustav Jung (26 julho 1875 – 06 junho 1961) degustando um belo cachimbo e comecei a pesquisar este antiquíssimo costume (veja umas fotos de Jung – existem outras por aí -  aqui neste endereço: http://briarfiles.blogspot.com/2010/01/featured-pipe-smoker-carl-jung.html). Antigamente não havia esta grita sobre o tabagismo, e havia ainda alguma aura (quero dizer aqui, como consta de uma acepção do Houaiss, ‘ambiente exterior de um estado de espírito’) charmosa associada a tal curtição...

          Sempre imaginei que apreciar cachimbo era algo que envolvia conhecimento e arte, e não me enganei. Adolescente, experimentei cigarro e achei a coisa mais cretina que se podia impingir, depois do álcool. Cachimbo e  charuto, diferentemente do cigarro, não se tragam; saboreia-se o aroma do tabaco, mormente temperado sob variegadas condições e, assim, instila-se no ar olores marcantes, por vezes sublimes, como só quem conhece pode afirmar. 

          Ao longo dos anos tornei-me bastante expert no assunto, comprando livros, adereços e equipamentos, e com ajuda de meus pais que, sempre que viajavam ao exterior, tinham a gentileza de trazer fumos tradicionais por onde passavam. Assim, pude conhecer os melhores fumos ingleses (incomparáveis), holandeses (os meus preferidos), dinamarqueses e americanos, em suas diversas expressões. Gostava muito de todo o ritual de ‘inicializar’ um novo cachimbo, de modo a torna-lo apropriado ao uso. Um cachimbo bom pode custar muito dinheiro, e eu tinha – e tenho ainda algumas peças - uma coleção ótima, constituída em sua maioria de fornilhos que tinha recebido de pessoas amigas e aficionadas pelo cachimbo. Era meu único hobby, e só parei com a prática regular, de um lado, por causa das crianças e, de outro, pelo crescente alarido em torno das melhores ações em prol da saúde – fumaçar hoje não ‘pega bem’, o que concordo, em geral.

          Agora há pouco peguei meu cachimbo inglês (legítimo! é aquele da foto...) Partner Black -- que ganhei de meu quase-sogro José Luiz Jacques Guisard, um verdadeiro gentleman, no final dos anos 70 -- coloquei um fumo holandês Amphora (Dowe Egberts, de Rotterdam), tipo Cavendish (um blend de tabacos Burley, Kentucky, Oriental e Virginia), mild aroma; acendi-o com palito de fósforo, como manda o figurino e, voilá! Contentamento...

          Cachimbar (veja as acepções que este termo tem no Houaiss...) é algo que se concede primacialmente de modo isolado, meditativo, solipsista. Ajuda a pensar e refletir. É algo que ajuda a ‘fugir’ desta barafunda que é a vida moderna; é um breve 'retiro', saudável (psicológica e espiritualmente falando...) e refrescante, que se auto-presenteia, geralmente em um determinado lugar da casa (o meu é uma cadeira de balanço da sala de estar, de onde posso ficar olhando a linda paisagem que se descortina da janela do meu apartamento). Hoje, para mim, cachimbar tem um sentido mais de nostalgia (no bom sentido), algo que se permite fazer de vez em quando, para recordar, remembrar bons momentos que não voltam mais...
(para saber mais sobre Jung, veja http://www.nytimes.com/learning/general/onthisday/bday/0726.html