A V I S O


I am a Freemason and a member of both the regular, recognized ARLS Presidente Roosevelt 75 (São João da Boa Vista, SP) and the GLESP Grande Loja do Estado de São Paulo, Brazil. However, unless otherwise attributed, the opinions expressed in this blog are my own, or of others expressing theirs by posting comments. I do not in any way represent the official positions of my lodge or Grand Lodge, any associated organization of which I may or may not be a member, or the fraternity of Freemasonry as a whole.

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terça-feira, 1 de agosto de 2023

Memórias...

Getty Images

Uma das coisas mais impactantes da minha vida foi quando me dei conta que “existe” uma coisa chamada tempo. Coloquei aspas pois o que realmente existe é o aqui-e-agora: nossa mente que identifica/supõe a sucessão de eventos; assim, analisamos o que passou e o que poderá (ou não) ocorrer à frente, tudo no momento-tempo presente, atual.


A entidade que ajuda nesta tarefa é a tal de memória: parece ser anti-tempo. Enquanto o tempo tenta nos dissipar a vida, a memória presentifica os eventos vivenciados, como que eternizando os bons ou maus momentos.


Quando criança, não temos ainda consciência formada desta entidade tempo; nessa idade ele “demora” a passar. Nossa infância possui muitas memórias pois, como límpida folha de papel, valida qualquer rabisco que surge. Praguejamos contra o tempo, posto que envelhecemos, os nossos filhos ficam adultos como nós, constatamos que muitas pessoas desaparecem da nossa existência. Porém, para a memória, ainda teimamos em ser jovens, novos e (nem todos) atentos a tudo.


É a memória que viabiliza nossa visão-de-mundo, preferências e desejos, coisas que valoramos. Por isso nos emocionamos, sentimos saudades, evocamos as coisas que, a seu modo, superaram o tempo. Subitamente determinado evento (uma música, um filme, uma comida, um odor…)  faz surgir registros que por vezes julgamos sepultados, esquecidos em algum lugar, coisas que estão ou não nos calendários e nas estações, outras criações oriundas da noção de tempo.


A coisa mais triste para uma família é um dos velhos ter a mente declinada, como na doença de Alzheimer. Aquela pessoa se vai, ainda que sem falecer, não reconhecendo a si e os seus. A memória acaba. As pessoas, os laços, as preciosas recordações se acabam. 


É certo privilégio ter boa memória. Eu gosto de reavivar algumas especiais, comprando coisas como o doce sírio halawi (gergelim) e a geléia de mocotó. Leio livros de novo, refazendo percursos intelectuais que me deram muita satisfação. Mas reconheço que minha memória poderia ser melhor, não fossem os problemas de saúde que tive, o pior deles ter tido o vírus da Covid. E, pior,  a idade provecta agora ajuda a problematizar o quadro. Mas estou tentando minimizar os seus efeitos deletérios, zelando pela alimentação equilibrada, o sono reparador e a atividade física constante. 


A coisa mais importante que gostamos de lembrar são os amigos, e amigos de verdade como que se eternizam em nossa mente. Desde que percebemos que o tempo “não passa” para a memória, damos mais e mais valor aos amigos. Amigos são como que tônicos para a vida plena, melhor que ginástica ou fórmulas milagrosas, tão na moda hoje em dia...

segunda-feira, 17 de junho de 2019

Segunda-feira 'brava''...

  
Sr. Nelson - Lar São Vicente de Paulo - São João da Boa Vista (SP)

1. Acima  temos um idoso residente no Lar São Vicente, que é meu 'cliente' todo domingo cedo. Que figura, alegre e sempre bem disposto, apesar de ter a visão bem comprometida pela idade (catarata). Sempre divide comigo lembranças do seu passado de agricultor, e damos boas risadas enquanto faço a barba e eventualmente o cabelo. Eu aproveito bem todos os minutos que temos pois sei que, à  semelhança de tantos que vi passar ali comigo nestes quase dez anos que sirvo lá no Lar, ele também nos irá deixar um dia (ou eu posso ir antes!!) e tudo será como a poeira nas estrelas... esquecido. Mas ele significou para mim um amigo, num pedacinho da sua vida, e vou lembrar dele o quanto o Senhor me permitir.

2. Estes últimos sete dias foram experiências doloridas por causa da artrose e outras questões "musculares"...;  tem horas que acho que tenho problema de saúde mais grave, mas creio que, no fundo, tudo se resume a DNA - "data de nascimento antiga"  rs rs rs.. Que bênção ter Ruth como fisioterapeuta particular: tenho feito intenso uso de técnicas que ela domina, tais como agulhamento, choques elétricos terapêuticos controlados e ultrassom. Estou bem melhor, ainda que precise vez ou outra apelar para remédios, mas sem exagero. Sempre que fico numa mesma posição (por exemplo, sentado) sobrevém certo desconforto acompanhado de dores, portanto necessito estar sempre me movimentando... Se eu andar muito também tenho dores nos pés, por causa do desabamento do arco plantar. Só tenho feito bicicleta ergométrica e Pilates - o trabalho com pesos eu suspendi um pouco, dado o risco de novos estiramentos. 

3. Como se alterou o mercado fonográfico nestes anos recentes... A rapidez das transformações tem sido tão impactante que imagino a dificuldade dos futuros membros da humanidade em divisar como realmente se processou. Até poucos anos era um prazer adquirir um disco ou CD com músicas de nosso interesse, mas atualmente existem cada vez menos lojas... Hoje vem tudo pela internet. Eu tenho uma assinatura grátis de um destes muitos provedores e, como fico plugado a maior parte do tempo, tenho uma biblioteca quase infindável de melodias e artistas que aprecio ao alcance de um mero botão do celular ou tablet. E o gênero musical que mais gosto é o smotth jazz instrumental. Penso até em alterar o nome da barbearia para JAZZ GARAGE BARBEARIA. 

4. Nestas férias de julho vamos, Bilú e eu, realizar nova campanha de arrumação tipo 5S aqui em casa. Nós somos algo como leves consumistas acumuladores mas também gostamos de arrumar e simplificar, na linha do atual minimalismo... Somos também cheios de manias de velho e não vamos abandonar nossas obras de arte e confortos, mas vamos racionalizar bem nossos estoque de bagulhos e bugigangas, tendo em vista minha futura aposentadoria docente. Tenho outros planos de atividades além do que planejei, e para isso precisamos de organização e limpeza, leveza e clareza (até rimou!). 

5. Fui na óptica do meu amigo-irmão Paulo encomendar uma nova armação e lente multifocal, com a receita atualizada para visão perto e longe. Adquiri um modelo Harry Porter, como costumava usar na juventude. O modelo John Lennon não cai bem mais no meu rosto envelhecido. Ando muito saudoso ultimamente, e creio que revisitar coisas que nos trazem boas lembranças nos é salutar, pois a realidade por vezes é chata de aguentar. Que gostoso viver um pouco do passado!


sábado, 7 de novembro de 2015

Trupe dos Palhaços


Gente... Tem um grupo de alunos no UNIFAE que está realizando um trabalho muito bonito em duas das mais conhecidas Instituições Asilares aqui de São João da Boa Vista.  As fotos deste post acabaram de ser recebidas agora via WattsApp, retratando as atividades de hoje no Lar São José. Que alegria que contagia, não é mesmo? É uma das vantagens de trabalhar com a moçada. O legal é que todos os idosos adoram a proposta e participam intensamente das 'bagunças'. O riso colabora removendo possíveis resistências naturais que possam existir, oriundos da idade ou de problemas de saúde.

A alegria é reconhecida há milênios como um eficiente recurso colaborador ou mesmo o principal sanador dos mais variados problemas humanos, tanto do corpo como da alma. Divulgando esta estratégia, um dos grupos mais conhecidos no Brasil é os Doutores da Alegria (http://www.doutoresdaalegria.org.br/)  que inspiraram muitos outros grupos. 

O aprendizado vivencial para estes estudantes de Psicologia, Medicina e Fisioterapia é inestimável. Sei que a visão do ser humano para eles será, a cada vez, mais significativa naqueles valores que realmente importam e,  como um bônus, muito mais produtiva em suas futuras profissões.  Mas o que é mais bonito é o exercício da compaixão àqueles que mais necessitam, através do voluntariado. Que Deus os abençoem sempre!




Fotos enviadas por Guilherme Ribeiro Bueno, o PEPPERONI

terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Sex-agenário...



Foto baixada agora (via Google Images) de 
http://l-amour.net/papi-et-mamie-saiment-encore/

1. Ultimamente tem sido engraçado: desde que virei sex-agenário tenho aproveitado as oportunidades em filas, estacionamento, etc. Por vezes as pessoas olham desconfiadas, intrigadas para a minha figura mas, não sei se pelos meus 1,90m. ou porque meu rosto normalmente é de poucos amigos, as pessoas não dizem nada - conformadas, ao que parece.

Agora há pouco estive no plano de saúdo ao qual sou filiado, para atualizar umas guias de exames. A sala estava cheia! Pensei que iria demorar bastante, mas com o acesso privilegiado pela idade, até que foi rápido. Sei que já amarguei muita fila interminável antes dos 60 anos, mas ainda agora sinto-me como que abusando, ainda que seja direito meu.

Mas vejo que logo-logo a coisa vai desandar: já tinha lá na oportunidade muito idoso na minha frente, sem falar nas mães com bebês de colo ou grávidas. Daqui a pouco, a taxa de idosos na população vai ser muito mais elevada e não vai adiantar muito ter a legislação a diferenciar as idades para dar mais qualidade de vida... 

Mas enquanto isso Ruth é que vai gostando mais da ideia: nos Shopping Centers agora podemos colocar o carro mais perto da entrada, aproveitando as vagas de idosos do estacionamento, e ela não precisa andar tanto como antes. Eu já acho que sempre uma atividade física a mais é bem vinda para tirar-nos da pasmaceira...

2. Hoje cedo fui no Lar São Vicente (antigo Asilo...) fazer barba e cabelo dos idosos, como sempre faço às terças e sábados. Sempre é um privilégio esta honra que o Senhor me concede em servi-lO. Ele me guia na ida e na volta à minha casa, e sinto-me jubiloso em realizar algo para engrandecimento do Seu Nome. Muitas vezes aproveito para relembrar algum idoso de lá sobre as bênçãos de nosso Deus e muitos ficam gratos em compartilhar. Neste mundo decaído e nas condições de saúde que muitos estão lá somente pelo espírito que se consegue proferir algo que seja edificante para a alma deles.  Falar de Deus é algo que nos aproxima da pessoa idosa, pois a maioria teve formação cristã, e estas recordações sempre são gratas, de parte a parte.

Não sei sobre o futuro, mas os jovens parecem estar sempre em outra motivação, onde a religiosidade não ocupa lugar primordial, como nas gerações pregressas. Com tudo o que vi e vivi, sei que religião ainda é a via que efetivamente resgata o ser-aí, que parece mais e mais perigosamente balançar entre a sanidade e o desespero, nestes nossos dias. Na sociedade de hoje, é muita maluquice alvoroçada, ansiosa e recorrente que se presencia, suscitada pela tecnicidade tirânica, onipresente, e também pelos valores cada vez mais hedonistas.  Tenho conversado muito com minha caçula, e parece que a mente dela é bem alerta, orientada, conscientizada. Quanta preocupação para o pai moderno! Quem viver verá...

3. Trouxe de Campinas mais alguns DVDs Blue-Ray para passar as tardes e algumas manhãs na minha 'maratona' de videos chambara. Tirei também do baú alguns mangás sobre as sagas samurai de diversos heróis, que aprecio sobremaneira. As histórias são um belo mostruário dos valores daquela época, que muito aprecio. E são muito bem desenhadas, com enredos emocionantes. Só quem conhece pode aquilatar a enormidade dos afetos envolvidos...

A julgar pelo que se vê cotidianamente nos jornais, a Civilização vai ter que se reinventar, pois parece que os valores mais elevados estão démodé, e o interregno das gerações maior, a cada vez.  No que tange à educação, tomei algumas decisões 'didático-propedêuticas' para adequar/facilitar minha vida profissional doravante. Vou mudar meus valores sobre o processo ensino-aprendizagem, e adaptar minhas ferramentas aos novos tempos. Não, não é só usar mais intensamente os recursos digitais, mas ter uma relação professor-aluno mais diversificada, em sala de aula principalmente. A moçada não tolera mais aquela aula tradicional, quase-professoral. A tônica hoje em qualquer organização é o trabalho colaborativo, e vou por esta via, inclusive porque facilita a aquisição de habilidades de tomada de decisão. Vou acelerar o processo de aquisição aos alunos destas competências. Vou ter que reformular muita aula, mas "faz parte"...  

quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

2014 chegou!!



fotos do meteoro que caiu na Rússia em fevereiro de 2013

O que achei mais impactante no ano passado foi a queda do bólide acima. Faz-nos relembrar como somos frágeis e passageiros, efêmeros. Lembro-me também, na oportunidade, de ter visto a foto, num destes jornais sensacionalistas, de uma pessoa que foi atingida, segundo afirmou, por um detrito oriundo do meteoro; estava com um enorme esparadrapo na face. Ri muito, pois se fosse verdade ela teria falecido, seguramente. Mas imagine participar de um evento cosmológico como esse - que cena! - como somos pequenos... Por isso digo que a humildade é a virtude de importância capital.

O que mais se vê na TV ou se lê agora, nesta semana, são receitas para tornar efetivas nossas resoluções de Ano Novo. Podem até funcionar, algumas. Mas nada substitui a necessidade, em seus diferentes graus e urgências; a gente é por demais indolente, mesmo acomodado. Lei do menor esforço, fazer o quê... E quanto mais velho se fica, tudo fica mais operoso - digo isso de cadeira. Não, não por ser já - bem, quase; há controvérsias - um idoso (imagina que outro dia fui no banco e - nem ousei solicitar - o atendente me deu senha de idoso!!! Bilú devertiu-se muito e, confesso, eu também...), mas por ser um arguto observador das mazelas humanas.

Mas de qualquer forma, para não fugir à regra, tomei minhas resoluções (hmm, umas duas, três). Deixo de menciona-las aqui para não cansar o leitor (também, poderiam dizer... who cares?) mas estou determinado. Ou seja, existe a necessidade, quase premente. Uma grande decisão que tomei anteriormente foi de ser voluntário no Asilo, conforme já retratei aqui. Como me satisfaz!! Deu novo alento à minha vida. Lamento o tempo que deixei de contribuir, de fazer o que devia fazer, talvez por certa espécie de orgulhosa cobardice. Mas acho que o Pai Celestial nos encaminha do melhor modo, pois Ele não precisa da gente - nós é que não somos nada sem Sua misericórdia. Mas sei também que ele nos usa para Seu santo e soberano propósito. A cada dia supreendo-me com a 'pedagogia' d'Ele para comigo... sou muito grato por isso.

Uma resolução de Ano Novo, creio, tem que ser uma tomada de posição firme, ampla, que influencia a vida de modo perene, impactando o rumo da existência. Decidir fazer um regime ou deixar de comprar bobagens desnecessárias não são resoluções de vida - são estratégias para conseguir algo, mas não implicam até certa transformação de caráter, como sói acontecer com as efetivas e significativas resoluções. Melhor não assumir uma resolução de Ano Novo se depois constatar que foi modismo ou imitação, uma coisa apequenada.

No futuro vou comentar estas duas ou três resoluções aqui; talvez você se lembre que as assumi como resoluções de Ano Novo. Fizeste a tua, também? Boa sorte!

quarta-feira, 5 de junho de 2013

Feriados, frio, preguiça e final de semestre...

Foto obtida agora, via Google Images, de
http://www.webdesigncore.com/2009/12/20/25-astonishing-sun-light-photography/

(visite o site, é muito legal, tem lindas fotos e outras coisas 'bem boladas'...)

Nossa, faz tempo que não escrevo aqui; viagens (por causa de feriado de Corpus Christi), passeios, preguiça (por causa do frio), trabalhos na Universidade, revisão do Trabalho de Conclusão de Curso de Bilú, trabalho voluntário... uff, quanta coisa! Mas fui a Rio Claro (buscar e levar a Lívia), a Campinas e a Poços de Caldas (estado de Minas Gerais), que eu simplesmente adoro.  Tenho raízes mineiras dos dois lados da família, como já é sabido.

Que foto bonita acima; que coisa artística, não é mesmo? Eu aprecio muito, como uma boa música. Ajuda a gente a enfrentar as notícias ruins que aparecem toda hora nos jornais ou na TV. Às vezes dá vontade de virar uma espécie de 'ermitão' e não frequentar as redes sociais e a mídia de um modo geral - parece que o que mais chama a atenção é má notícia... Tempos chatos estes que vivemos atualmente. 'Lá vem ele com o papo de velho de novo', dirão alguns. O que me 'salva', além das boas imagens, música e amigos do coração (a esposa reside em categoria especial...) é a boa leitura. Leio muito; em geral, mais de um livro, a cada vez. Tenho agora uns 8 que estou lendo concomitantemente. Assuntos diversos, mas habitualmente Filosofia, Religião e sobre o problema do Idoso, que é o assunto de minhas investigações recentes. Psicologia, já cansei um pouco do assunto. Neste particular, Hermenêutica ainda chama minha atenção (apesar de ser mais ambientado na Filosofia...).

Logo começam os jogos da Copa das Confederações. A única vantagem que vejo neste Pão e Circo oficial é que teremos mais oportunidade para evitar não fazer muito feio (mas faremos) na Copa do Mundo de Futebol, por causa da Seleção, dos aeroportos e da infraestrutura, entre outros. Mas seremos 'fatalmente' ridicularizados, mais uma vez, perante o resto do mundo. Esperemos para ver a magnitude da coisa. No fundo os brasileiros já estão acostumados, ainda que indignados. Mas com os políticos que temos, não tem solução.

Mais um fim de semestre se aproxima e aquela torrente de avaliações, correções de prova, chororô dos alunos e 'correria' para postar notas e presenças. Começo a ficar cansado. E ainda tenho mais 12 anos de trabalho, até a aposentadoria.. Ainda bem! Mas já estou começando a planejar como vai ser depois dos 70... Planejamento é tudo. Pena que o brasileiro não tenha este costume. Será que isto contribui para sermos tão atrasados??

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Barbeiro!

gravura obtida agora de

http://quaseumrickblaine.blogspot.com.br/2008/12/dois-barbeiros-geniais.html


Toda semana vou no Asilo São Vicente de Paulo, uma vez como Supervisor de Estágio de alguns alunos do curso de Psicologia, e outra vez como voluntário, para ajudar a fazer barba e cabelo dos homens. É muito divertido; nem vejo a hora passar. Hoje eu atendi diversos asilados, e o bom é que eles nunca reclamam, pois 'não sabem' que eu nunca fiz um curso qualquer que seja nesta arte (mas vou fazer - tem uma escola aqui perto e acho que tenho que aprimorar...). Digo 'não sabem' porque hoje aconteceu um fato muito hilariante.

Normalmente os idosos estão em estágios diversos de senilidade, de alterações físicas e mentais que os incapacitam, de diversas maneiras. Mas alguns idosos estão bem intelectualmente, ainda que com o corpo enfraquecido, por problemas da idade ou por doenças. Um dos que atendi hoje, com 81 anos começou a dizer: "esta gilete não está boa..." (e era aparelho novo; o pessoal do Asilo compra tudo do melhor para assistir aos idosos!); depois, quando tirei os pelos maiores, passei a usar a máquina elétrica que o presidente do Asilo comprou para usar com eles. O idoso falou "esta maquininha  também não está boa" -  e eu no melhor do meu desempenho, juro... Por fim ele perguntou em que salão de barbeiro eu trabalhava. Eu disse que trabalhava para Jesus, ao que ele (nascido e criado em São João) replicou que não conhecia. Eu disse que meu Patrão não era muito exigente, e perdoava todos os meus deslizes e incapacidades naquele mister.... Podem ser idosos, mas não são bobos, realmente... Mas dei muita risada - procuro conversar muito com todos eles, e acho que é uma boa estratégia, pois alguns idosos que não conversam muito nas atividades de estimulação que fazemos terças e quintas, ali comigo fazendo barba até contaram seus nomes e pensamentos sobre o time de futebol que gostam! 

Na saída (os idosos almoçam a partir das 10 horas da manhã), contei a anedota para o Toninho, presidente do Asilo (que eu chamo carinhosamente de 'chefe' - mas é um amor de pessoa; ele serve ao Asilo há mais de 40 anos, enquanto que sua esposa e filhas tomam conta da loja de sapatos que ele tem no centro), para a Superiora das Freiras que tomam conta da parte da Enfermaria e serviços gerais, Irmã Davina - uma serva de Deus, realmente, a quem chamo carinhosamente de 'chefa' e para a Assistente Social do Asilo, Imaculada, grande profissional, com astral sempre elevadíssimo, com quem aprendo muito. Todos rimos bastante, pois todo dia sabemos de coisas para nos divertir com os 76 idosos assistidos naquela modelar instituição. E como a gente se apega àquelas criaturas, pessoas cada qual com sua história, umas tristes e outras até que alegres...

Agradeço muito a Deus a oportunidade que Ele preparou para que eu pudesse servir ali, por pouco que seja, ao meu semelhante. Sempre pensei em fazer isso e, principalmente, para a pessoa idosa, que me dá muita pena, ao ver como alguns estão 'acabados' e limitados pela velhice. Penso nos meus pais, com mais de 80 anos, relativamente conservados, lúcidos, e  fico emocionado pelas muitas histórias de pessoas sós, sem o amparo de familiares,  e que terminam suas vidas em instituições asilares, nem todas atenciosas e bem aparelhadas como o Asilo São Vicente de Paulo, aqui de São João. Oro ao Pai Celestial para que me conserve para que eu possa ter o privilegio de servir àquela Instituição por muitos anos ainda, pois me sinto muito abençoado e fortalecido quando cumpro minha tarefa lá. 

(idem...)

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Nathanael e Izabel

foto por Lucas V. Dutra

Tenho um casal de amigos que conheci numa Comunidade Presbiteriana que frequentei e que saí ainda no ano passado, por absoluta impropriedade comportamental do pastor que lá presidia. Mas ficou a amizade com este casal; semanalmente vou à casa deles ajudar ao 'Natha' a colocar no papel suas memórias (que ele tem muito bem preservada, apesar da idade) - já temos mais de cem páginas de um livro a ser publicado neste ano. Costumo acompanha-los em cultos e outras atividades; é um casal alegre e damos muitas risadas. Suas filhas (tem 3) e netas moram distantes e ocasionalmente os visitam, e eu 'ajudo' a tomar conta deles... mas longe de ser certo tipo de encargo, e sim divertimento. Eles são muito abençoados por terem uma 'secretária', senhorinha maravilhosa que os assiste nas atividades domésticas.

Sempre me dei com pessoas muito mais velhas que eu, desde criança. Achava que tinham mais paciência comigo e sempre pareciam se alegrar com minhas palhaçadas. Tive certa vez uma amizade que durou muitos anos, com um senhor aposentado da Rede Ferroviária Federal, que residia em Bauru, à rua Azarias Leite - cheguei a visitá-lo várias vezes. Seu nome era Balbeíno Ribeiro de Lacerda. Eu o conheci num congresso do movimento católico romano dos Focolares, em Piracicaba (SP) no início dos anos 70. Eu disse a ele que lhe escreveria cartas mas ele não acreditou, como me segredou tempos depois. E mantivemos a amizade até que ele, viúvo e sem filhos, foi acolhido por uma sobrinha em São Bernardo do Campo e eu nunca mais soube dele, pois já apresentava, ao fim dos anos 80, certa debilidade provecta. Cheguei a guardar uma caixa de papelão de proporções médias cheias das cartas dele, e ele disse que também tinha uma caixa repleta em sua casa, pois  tínhamos o costume de quando chegava uma correspondência, escrevíamos outra imediatamente em seguida, comentando fatos e trocando idéias (naquele tempo não tinha internet...).

Não sei se, maximizado pela minha idade (medianamente) avançada, estes temas da velhice ficaram ainda mais 'impactantes', como se diz. Mas sempre fiquei impressionado com o descaso que a juventude trata os idosos. Achava e acho absurdo o fato de que certas pessoas 'não pensam' que um dia irão também ficar velho(a)s... A injustiça ao próximo tem seu ápice no tratamento desrespeitoso que a sociedade ministra àqueles que um dia a ajudaram a ser o que é, para o bem ou para o mal. Quando estudei o tema da violência interpessoal vi que o subtema de violência contra o idoso é o que concentra os detalhes mais deploráveis. É da natureza humana esta propensão, que fazer. Volto ao assunto.