Foto obtida de http://www.obliviatee.com/ hoje...
Li pelos jornais que o MEC - Ministério da Educação e Cultura, Programa Nacional do Livro Didático, adotou um material - para o programa de educação de jovens e adultos, EJA - que 'autoriza' ao aluno a possibilidade de se cometer erros gramaticais, de modo a não ser 'prejudicado linguisticamente' (livro de língua portuguesa da autora Heloisa Ramos Por uma vida melhor, da Coleção Viver, Aprender, Editora Global). É demais, não me falta ver mais nada! Sabemos que a língua de um povo no seu conjunto é algo vivo, que se transforma mas, nesta época de mudanças rápidas e alterações tão impactantes na sociedade, tal tipo de excrescência, se virar moda, determinará que, em pouco tempo, os problemas entre o português culto (a linguagem mormente escrita e mais formal, erudita, empregada ou não em documentos oficiosos ou oficiais, etc.) e a fala do dia-a-dia se avolumem sobremaneira... No limite, existirão duas 'linguagens', podem esperar, a se confirmar esta tendência, ainda mais num país de dimensões continentais, como o nosso, com seus extensos regionalismos... O que os luminares do MEC querem evitar, o preconceito, vai seguramente aumentar com este expediente chué, e originar ainda mais a não-inclusão das pessoas que não dominarem um mínimo aceitável das regras apropriadas da comunicação do nosso idioma (o que, afinal, é o que nos une, do Oiapoque ao Chuí...).
Sim, sei que os linguistas e literatos discutem a questão da língua ser algo em construção (onde até defendem o que se critica aqui), mas se um jovem for fazer entrevista de contratação de emprego numa empresa, será muito prejudicado em sua avaliação se falar errado! Eu creio que o livro em questão não é a tribuna apropriada para se discutir algo que os acadêmicos debatem num outro nível, na Universidade, entre especialistas. (Veja o que aconteceu quando o assunto caiu na mídia...) Uma obra didática deve instruir o português escorreito ao falante comum, como todos nós, o português como os que tem polimento compartilham, ainda que se permita informalmente, aqui e acolá, certos deslizes na fala oral (atire a primeira pedra quem já não maltratou verbalmente ou manuscritamente a nossa língua...). Acho que a questão é séria; o português é a língua oficial de Portugal, Brasil, Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Timor Leste, e é falada também em Goa e Macau...
[[ Quando escrevo aqui tenho o maior cuidado de escrever corretamente. Se algum dia alguém observar algum erro, por favor me comunique! Reviso e reviso, e ainda acaba passando algum erro... que fazer, mas é um dever de respeito ao leitor, já que sou professor e escrevo "para o mundo", como se diz. Se procuro não ser preconceituoso, injusto ou mal-educado nas minhas ponderações, de igual modo sinto-me obrigado a caprichar no texto em todos os sentidos - como capricho na apresentação geral, na organização, no lay-out. ]]
A cada dia vejo as coisas andarem mais e mais para trás na Educação em Belíndia... que coisa horrível. Quando vou corrigir provas dos meus alunos (costumo avaliar a aprendizagem com perguntas abertas, onde os mesmos devem construir um texto argumentativo, dissertativo) corrijo também os inevitáveis - por vezes pavorosos - erros de ortografia. Digo sempre aos meus preclaros educandos dos problemas futuros que eles ou elas terão pelo cacografismo a que desavisadamente se entregam. Mas sei que muitos se amofinam com minhas ponderações, não lhes dando crédito... paciência! Cumpro minha obrigação de preceptor.
http://pilivre.blogspot.com/2009/12/gorilas-machos-nosso-primos.html