A V I S O


I am a Freemason and a member of both the regular, recognized ARLS Presidente Roosevelt 75 (São João da Boa Vista, SP) and the GLESP Grande Loja do Estado de São Paulo, Brazil. However, unless otherwise attributed, the opinions expressed in this blog are my own, or of others expressing theirs by posting comments. I do not in any way represent the official positions of my lodge or Grand Lodge, any associated organization of which I may or may not be a member, or the fraternity of Freemasonry as a whole.

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quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Do libreto de fábulas: Os Gansos e as Garças...

gravura obtida hoje de
 http://www.reporterdiario.com/blogs/ocorvo

Conta a fábula de Esopo (Jack Zipes' AESOP'S FABLES, Londres: Penguin Books, 1996, Penguin Popular Classics #20, fab. n. XCII, p. 95) que alguns gansos e garças estavam certo dia alimentando-se conjuntamente no mesmo campo quando uma armadilha caiu repentinamente sobre eles e elas. Desde que as garças eram mais magras e leves, elas puderam  voar facilmente e escaparam das redes da emboscada, do alçapão. Os gansos, entretanto, de certo modo presos ao chão pelo seu peso, não puderam alçar vôo tão facilmente e foram todas capturadas. Moral da história: Aqueles que são apanhados não são sempre os que tem maior culpa...

Longe de mim interpretar mal esta pequena estória. Quero 'filosofar' apenas num pequeno aspecto. A palavra culpa é por demais danosa em seus efeitos em nossa alma e, por vezes, nos apoquentamos, nos mortificamos desnecessariamente. Não creio que a maior parte dos arrependimentos ou tristeza em situações (principalmente de injustiça) se deva a auto-piedade ou desalento com o infortúnio, e sim com o fato de não podermos nos defender, de um lado ou, de outro, por estar a sofrer-se a desdita por ter agido bem, corretamente. 

Chega-se, em certos casos, a se arrepender da bondade ou da correção, da retidão,  que acreditamos fazer parte de nossa personalidade. Imagine: arrepender-se por ter agido bem, e somente pelo resultado não ter saído como esperado. É o maior conflito interior, horrível de se vivenciar! Mas este sentir se revela no seu possuidor como resultado de um raciocínio superficial, rasteiro, limitado. 

Uma alma assim ao que parece, ressente-se de não ter lido mais, não ter estudado sobre o testemunho de tantos que sofreram injustiças (até alguns com a própria vida), faltando um certo lastro de valores que instrumentalizem a tomada de decisão consciente de nossas condutas em situações de crise, que nos sobressaltam de qualquer forma.

Temos que agir bem porque é correto em si, e não porque vamos sofrer consequências se agirmos mal. Aquele ou aquela que não detém um estoque de virtudes que o(a) habilitem a agir da melhor forma no dia-a-dia não é mais do que uma folha ressequida ao sabor do vento ou das chuvas, que nem precisam ser assim, digamos, torrenciais.

O ser humano, como bem identificou Calvino (principalmente na sua obra prima As Institutas da Religião Cristã) e tantos outros, é um ser decaído, corrompido, tendente ao mal por natureza. Temos que nos vigiar constante e inexoravelmente, pois estamos tanto mais perto de Deus quanto podemos estar, no momento seguinte, nas garras do arrenegado, do beiçudo, do capeta, do demônio, do lúcifer, do mofento, do rabudo, do satã, do temba, do tinhoso...

Portanto, nada de desanimar; vamos ser tentados e provados nesta terra, e o perigo vem tanto de nós mesmos, por causa de nossa mente imperfeita, quanto do nosso próximo, imperfeito tanto quanto nós mesmos.