É ensinado que mesmo um mestre não pode transmitir o que seja a Compreensão Correta; ele pode ajudar-nos a identificar as sementes da Compreensão Correta em nosso baú de vivências, e pode nos ajudar a ter confiança para praticar, mesmo proporcionando algumas sementes adicionais no solo de nossa vida do dia-a-dia. Mas o lavrador teremos que ser nós mesmos; é algo que não se delega a outrem, como o alimentar-se: nós é que temos que decidir e agir no sentido de alimentar nosso corpo; não podemos pedir para alguém ir almoçar em nosso lugar... Pode-se até casar com alguém por procuração, mas mesmo para efetivar o casamento nós é que temos que estar presente com nosso cônjuge para consumá-lo.
Uma chave para 'adubar' as boas sementes da Compreensão Correta que carregamos é viver com atenção plena, que significa respirar conscientemente, caminhar e vivenciar cada momento de nossa vida com plena e grata atenção a tudo o que nos é dado.
Outra chave que se aprende é que ficar pensando, conceituando e 'percebendo' tudo a todo momento na verdade tudo isso nos faz 'presos' à mente que tende a compartimentalizar tudo, como na tendência a catalogar as coisas e fatos como 'bom' ou 'mau', certo ou errado, inclinação a considerar as coisas de maneiras relativas, subjetivas, situacionais. No limite, qualquer ponto de vista traz a incorreção em seu bojo, pois nenhum ponto de vista pode representar a verdade total.
Quando se aperfeiçoa a Compreensão, aprendemos que as suas sementes em nós estão obscurecidas por 'camadas' de desapontamento, mágoas e ignorância, que temos que domar. Nossa mente nos engana por demais - pensamos (p. ex. percebemos, julgamos, concluimos) muito errado; nossas hipóteses sempre tem vícios que precisamos pacientemente depurar... Aprendemos que os outros também tem as mesmas sementes dentro de si, e que a prática concreta é o que nos faz a todos, a cada passo, mais sábios em nossa Compreensão.
Ter a Compreensão Correta é ter 'olhos abertos', os mais descompromissados possíveis; abertos à experiência, sem medrosamente (defensivamente) 'pré-catalogar' tudo o que nos sucede, de plano; estar aberto à experiência como se nos descortina.