A V I S O


I am a Freemason and a member of both the regular, recognized ARLS Presidente Roosevelt 75 (São João da Boa Vista, SP) and the GLESP Grande Loja do Estado de São Paulo, Brazil. However, unless otherwise attributed, the opinions expressed in this blog are my own, or of others expressing theirs by posting comments. I do not in any way represent the official positions of my lodge or Grand Lodge, any associated organization of which I may or may not be a member, or the fraternity of Freemasonry as a whole.

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quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

215a. postagem: Medo de cara feia...

Ontem  ocorreu novamente comigo algo que me fez decidir – ‘escreverei sobre isso no blog’... Este tipo de acontecimento sempre me acompanhou, e acho que vai morrer comigo. Vou contar primeiro o que sucedeu, e depois vou ‘filosofar’ a respeito.

Período natalino, com lojas abertas até altas horas (muitos funcionários gostariam de estar em casa ou com amigos, mas estão a trabalhar – dinheiro extra, mas mais cansaço... os onipresentes conflitos modernos!). Estava a passear no centro desta querida São João com Bilú, em visita a vitrines e eventuais comprinhas, com a minha habitual boa vontade (diferente do normal dos maridos...), quando Bilú encontra uma simpática colega da Universidade que trabalha freelance em uma loja. Ficaram as duas a confabular e eu, recostado na parede, esperando o desenlace da conversa, mirando o movimento das pessoas e ocasionalmente as duas e sua (suas?) parlenda. Em dado momento a colega de Bilú me diz, em quase tom de brincadeira (com fundo de verdade): “não fica bravo comigo, olhando com esta cara feia, que eu libero logo sua mulher...”  Mas eu não estava bravo ou olhando com cara feia, juro! Homessa, pensei, o que levou a raparigota a proferir aquela desconexa percepção?  Mas tenho suspeitas...

Devo confessar que esta situação me deixava, tempos atrás, muito contrariado. Com algumas pessoas cheguei a increpar o dislate, denunciando pedagógica e psicologicamente a falta de lógica da percepção da pessoa etc... O que ocorreu é que, ali, eu não estava (sei que talvez só para mim, adianto) efetivamente bravo ou aborrecido; a colega da Ruth, a seu bel-prazer, ‘concluía’ esta minha disposição, e a assumia verdadeira, sabe-se lá a que título, baseada em nebulosa evidência.

Viu a foto? Você consegue inferir com certeza meu estado de espírito? Sei que a primeira impressão pode ser negativa. Juro que quando aqui fui clicado estava super bem e queria sair ‘bem na foto’... Sei que minha feição ali, que é a minha habitual pode, a princípio, ensejar a pessoa a imaginar isso de negatividade. Na verdade, a minha intenção é fazer, apresentar no dia a dia sempre esta feição:


Sei, como bom psicólogo, que a primeira impressão pode determinar toda a evolução de um relacionamento, pois as primeiras expectativas criadas sempre pautam nossas posteriores ações. Sempre que entro numa classe onde iniciarei uma disciplina, procuro ser MUITO risonho e amigável pois, pelo lado dos alunos, a ansiedade e excitação predispõem ainda mais as almas alarmadas a deturpar, enviesar suas percepções.  Mas imagine para mim, que não tenho o costume de ser risonho, ter que ficar o tempo todo com um sorriso estampado, imaginando com isso que as pessoas não vão me afastar pelo feiume da minha carranca? Será que as pessoas não sabem, inversamente, que existem inúmeras pessoas risonhas, amigáveis na aparência exterior, que são falsas e fementidas? Gostaria de ser exteriormente como alguns conhecidos, que parecem sempre ter acabado de ouvir uma boa notícia (a muitos, não interiormente, pois são falsos e desleais, apesar da casca)... Mas não sou assim, que fazer... e será que por isso 'sou' sempre perigoso, ameaçador? Sei que divisar alguém com rosto (aparente) inamistoso, e com 1,90 m. como eu aconselha a qualquer um a se manter cauteloso, arredio; mas serei perigoso assim necessariamente com tão poucos, subjetivos e ilusórios indícios??? Será que os jornais (ou a TV), com a onipresente violência, nos faz hoje tão medrosos?

Mas acontece isto volta e meia comigo – as pessoas pensam que estou aborrecido ou bravo. Não perguntam se há algo comigo (posso até estar com cara de poucos amigos por causa de algum desconforto ou tristeza, ou...) – pensam que é 'ameaçador contra elas', em tese; parecem sentir-se ameaçadas, e reagem antecipadamente como se eu fosse agredi-las, vai saber por quê... Nem adianta, muitas vezes, tentar dealbar o mal-entendido, a falha apercepção da pessoa a meu respeito – as pessoas pensam que faço troça.  E sei que, quanto mais inseguras, mais as pessoas tendem a achar que estou bravo ou aborrecido ou que posso espanca-las a qualquer momento, etc...  Uma coisa muito aborrecida e tediosa. Que indigência mental.

Talvez, se eu gostasse de beber, ficaria sempre alegre, como vejo ser a estratégia de algumas pessoas que assim ficam eufóricas, amistosas. Conheci uma pessoa carismática que andava com uma latinha de cerveja na mão o dia inteiro; seu trabalho permitia isso, e seus clientes também apreciavam a bebida naquele ambiente - inclusive era certa estratégia de marketing, eficiente, por sinal - era uma borracharia. Mas tenho horror a isso, acho patética esta situação toda de ajuntamento em torno de bebida; as pessoas falam muitas bobagens ao sabor do efeito etílico, e eu gosto de ficar calado a falar sem necessidade ou verbalizar banalidades. Na verdade, poucas pessoas hoje em dia se dispõem a engajar em uma conversa construtiva; parece que pensar dá dor de cabeça, pois vejo muita preguiça ‘mental’, enfado, superficialidades, sei lá.

Na época da faculdade, nos anos 70, aprendi com o renomado psicólogo americano Carl Rogers (no famoso livro ‘Tornar-se Pessoa’; em inglês, On Becoming a Person) que não adianta ser uma pessoa que não somos, fabricar algo para servir ao outro, interesseiramente. Ao longo do tempo estas falsas relações são danosas, a todos e todas. Resolvi ser o que sou, sempre (eu tinha na Faculdade de Psicologia uma amiga mais velha, Ignez Toledo - saudades - que me ensinou muito). Isto implica em ser honesto e dizer coisas que as pessoas não gostam de ouvir, mesmo que você não grite nem ofenda ao outro – mas enfim você acaba dizendo o que elas não gostariam de escutar. Ocorre que, nesta época atual de relações superficiais, robotizadas pela web, 'tipo' o que se vê nas redes sociais como o facebook (que evito a todo custo), isto – a honestidade relacional - não é eficiente, pois as expectativas das pessoas estão mais lábeis, instáveis e pior, tendenciosas ao extremo, privilegiando o ego em detrimento daquilo que respeita ao comum, ao coletivo, às amizades ou parcerias, que pressupõem para seu sucesso certa carga de maturidade.

Sei que, com algumas pessoas, nem se Jesus Cristo viesse e dissesse que ela está errada nisto ou naquilo, a mesma não acreditaria e encrencaria com Ele. Aprendi a identificar pessoas assim e não perco mais tempo com tais criaturas; é malhar em ferro frio, o que acaba se voltando contra nós. Sei também que se eu fosse rico financeiramente (pois me considero muito rico em casamento, em familia, em saúde, em religião, em paz de espírito) teria muitos 'amigos' mais; teria muito mais pessoas que não se assustariam com meu rosto inamistoso; teria muito mais pessoas com boa vontade para me conhecer de verdade.

Creio que esta minha incapacidade de ‘sorrir’ me prejudica; mas, por outro lado, creio que ganho se não me relaciono com pessoas que se deixam impressionar por causa de ‘cara feia’. Isto tudo me faz solitário, que fazer. Toda manhã ao estudar a Palavra encontro consolo, e procuro fazer o meu melhor. Ainda estou aprendendo, e tento aos trancos e barrancos compreender ao outro. Mas confesso que tenho voltado a me relacionar  mais com pessoas de idade, como no meu tempo de criança e adolescente, por bênção de trabalhar em 2 asilos. Lá tem muita pessoa autêntica, que gosta de verdade de você, com seus defeitos e incapacidades, e que não te teme gratuitamente somente por causa da sua cara feia....