Gravura obtida agora (via Google Images), de
http://englishaesop.blogspot.com.br/2011/03/boothby-bald-knight.html
Conta a fábula de Esopo (nro. CXXXVII, p. 144 do libreto costumeiro...) que um cavaleiro estava ficando velho e seu cabelo estava caindo. Quando a falacrose, a alopecia, a peladura se instalou, decidiu esconder sua imperfeição usando uma peruca. Certo dia, caçando com alguns amigos, foi surpreendido com uma rajada repentina de vento que arrancou seu adereço da cabeça, expondo a calvície. Seus companheiros não paravam de caçoar da cena, e o cavaleiro era quem, afinal, mais se divertia, rindo mais alto que todos. "Como pude esperar manter cabelo estranho em minha cabeça", ele observou, "quando nem os meus próprios querem mais aqui ficar??"...
Tarefa difícil nos desapegarmos de certos 'adereços' de que nos revestimos, tudo no intuito de agradar aos outros... Que coisa triste esta necessidade que cedo já nos domina; desde pequenos parece fazer vir parte de nossa personalidade! Não sei ao certo a origem, se das falas paternas e/ou dos amigos, das leituras e filmes que assistimos, ameaçando-nos de danação certa se nos indispomos com os outros, se não os agradamos de tal ou tal modo... - muitos acabam ficando neuróticos com isso, perdurando a vida toda tal inclinação. Chega às raias do absurdo em certos casos. Tem pessoas que nos perseguem somente porque acham que não as apreciamos como 'merecem'... vai entender!
Nas minhas leituras e reflexões matinais da Palavra vi uma instrução a este respeito. Nunca conseguiremos efetivar este intento de agradar ao próximo, pois eles e elas são tão diversos em seus anseios e, não bastasse isso, mudam a todo momento suas 'exigências'. Sofremos como cão vadio tentando satisfazer aos outros, na esperança que nos retribuam - e o problema sempre será a 'contabilidade' deste mercadejar 'afetivo' da amizade. Sempre achamos que os outros nos devolvem menos do quanto/aquilo que 'investimos' neles... A solução dos céus é a velha máxima - só Deus não nos decepciona, e devemos colocar nossas vidas em Suas mãos, para sermos realmente satisfeitos e gratos. A qualquer cálculo que fazemos, vemos que somos imensamente devedores da Providência, e a paciência, o perdão, a misericórdia que o Pai Celestial nos concede desde sempre são imensuráveis...