A V I S O


I am a Freemason and a member of both the regular, recognized ARLS Presidente Roosevelt 75 (São João da Boa Vista, SP) and the GLESP Grande Loja do Estado de São Paulo, Brazil. However, unless otherwise attributed, the opinions expressed in this blog are my own, or of others expressing theirs by posting comments. I do not in any way represent the official positions of my lodge or Grand Lodge, any associated organization of which I may or may not be a member, or the fraternity of Freemasonry as a whole.

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domingo, 20 de março de 2011

Deus Meu, Deus Meu, porquê me abandonaste?


                Hoje coloco neste espaço a compilação que realizei, para fins de uma pregação que irei fazer na Igreja, c0mo parte de uma série de Preleções sobre AS SETE PALAVRAS DA CRUZ (que Jesus pronunciou quando da cruxificação), preparando-nos para a Páscoa. A que ficou sob minha incumbência tem como tema a passagem de MARCOS 15: 34  - Eloí, Eloí, lamá sabactâni? que, traduzido, é: Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste? 
                
                [ Baseio estas considerações na Bíblia de Estudo de Genebra, editada pelas Ed. Cultura Cristã e Sociedade Bíblica do Brasil. Esta obra tem mais de 1700 páginas. O site http://www.editoraculturacrista.com.br é local onde a mesma está disponível. Eu tenho a primeira edição (de 1999) que é excepcional. Costumo ver em outras obras ali e lá compreensíveis erros tipológicos e de revisão e, confesso, nesta Bíblia de Estudo de Genebra ainda não vi nenhum, o que me autoriza a dizer que sua edição foi extremamente bem-cuidada! Soube que temos a segunda edição (2009), com muitas facilidades adicionadas. Segundo meu pastor, é a melhor Bíblia de Estudo à nossa disposição. Eu digo mais que, pelo custo (acabo de ver o preço no site em 75 reais...) é a melhor equação custo/benefício que já vi por uma obra tão essencial a quem deseja estudar a Palavra! ]
               
                A perícope abrangida pela pregação envolve  Marcos 15: 33 a 39 (coloco em negrito a Palavra, e ocasionalmente alguns comentários, quando oportuno) :

33: E, chegada a hora sexta  (MEIO DIA), houve trevas sobre toda a terra até a hora nona. (TRES HORAS DA TARDE)
34: E, à hora nona, Jesus exclamou com grande voz, dizendo: Eloí, Eloí, lamá sabactâni? que, traduzido, é: Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?
35: E alguns dos que ali estavam, ouvindo isto, diziam: Eis que chama por Elias.  (alguns circunstantes, conforme se lê na Escritura, confundiram “Eloi” por “Elias” porque em alguns círculos, acreditava-se que ELIAS voltaria....)
36: E um deles correu a embeber uma esponja em vinagre e, pondo-a numa cana, deu-lho a beber, dizendo: Deixai, vejamos se virá Elias tirá-lo.  (aqui não há desejo humanitário de abrandar o sofrimento, mas o cruel desejo de prolonga-lo, mantendo Jesus vivo, para ver se Elias viria mesmo, ao ser chamado por Ele)
37: E Jesus, dando um grande brado, expirou.  (já haviam 6 horas que Jesus estava pendurado no madeiro, mas sabe-se que a cruxificação podia estender-se por dois ou 3 dias...)
38: E o véu do templo se rasgou em dois, de alto a baixo. (o sacrifício de Jesus é o sacrifício final e definitivo pelo pecado. A velha dispensação da aliança da graça é levada assim a um final decisivo. Assim, o Sumo Sacerdote não mais teria necessidade de entrar no Santo dos Santos, atrás do véu, para expiar os pecados do povo. Jesus é o novo e eterno Sumo Sacerdote e, também, a perfeita vítima sacrificial, que obtém deste modo a ‘eterna redenção’ para o seu povo).
39: E o centurião, que estava defronte dele, vendo que assim clamando expirara, disse: Verdadeiramente este homem era o Filho de Deus.
                
                Vemos que, no verso 34, Jesus repete o que encontramos no PRIMEIRO VERSÍCULO do Salmo 22: Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste? Por que te alongas do meu auxílio e das palavras do meu bramido?

                E neste mesmo Salmo, lemos no versículo 2: E, Deus meu, eu clamo de dia, e tu não me ouves; de noite, e não tenho sossego.
                É onde vemos a expressão de sofrimento, e clamor por misericórdia, vindo de Davi. Mas, pela vocalização do Cristo, ali naquela vera hora, vemos que mesmo na morte, a vida de Jesus é determinada por aquilo que está nas Escrituras!  Mas Davi não foi totalmente abandonado por Deus, e Jesus, sim.  O grito do MESSIAS que morre refere-se ao mistério das duas naturezas de Cristo, DEUS e HOMEM. Vamos examinar melhor isso:
                A Trindade e a Encarnação estão mutuamente integradas: a Trindade declara que CRISTO é verdadeiramente divino, e a doutrina da Encarnação declara que o mesmo CRISTO é também plenamente humano. Sabemos que Jesus é da mesma substância ou essência do Pai. O Filho é gerado, e não ‘feito’, por isso dizemos que o Filho é o Unigênito do Pai. A distinção entre Pai e Filho está dentro da unidade divina, de modo que o Filho é Deus da mesma maneira que o Pai é. 
                Jesus não é a união de duas pessoas, como dizia a heresia nestoriana, e nem a sua divindade absorveu a sua humanidade, como dizia a heresia eutiquiana.  JESUS é uma só pessoa com duas naturezas, ou seja, com dois conjuntos de capacidades para a experiência, expressão e ação. As duas naturezas estão unidas nele, sem mistura nem confusão, sem separação nem divisão, e cada natureza tem seus próprios atributos. Em outras palavras: tudo o que está em nós (menos o pecado), como tudo o que está em Deus, está e sempre estará verdadeira e distintivamente presente no único Cristo.
                Juntas, estas duas doutrinas proclamam a plena realidade do Salvador revelada no Novo Testamento, o Filho que veio da parte do Pai e, pela vontade do Pai, tornou-se o substituto do pecador na cruz.
                Os Evangelhos mostram Jesus experimentando limitações humanas: fome, como em Mateus 4.2 , fadiga, como em João 4.6 , desconhecimento de fatos, como em Lucas 8: 45 a 47 , e tristeza, como em João 11. 35 e 38.   A Carta aos Hebreus, em várias passagens,  insiste em que, se Jesus não tivesse compartilhado de todas estas facetas da condição humana – fraqueza, tentação, sofrimento – não estaria qualificado para ajudar-nos  em tais provações. 
                Sua plena experiência humana garante que, a qualquer momento em nosso relacionamento com Deus podemos recorrer a Ele, confiando no fato de que Ele passou por isso e é o ajudador de que necessitamos.
                Podemos pensar (se nos concentramos somente na divindade de Jesus) que minimizar sua humanidade é motivo de honra para Jesus. Podemos pensar que Jesus sempre esteve consciente de sua onisciência e que só fingia desconhecer os fatos. Veja a ilogicidade da colocação... mas como, Jesus ‘FINGIR’ ? Outros podem pensar que Jesus só representava estar cansado e faminto porque, como uma espécie de super-homem, Ele estava acima das necessidades da existência do dia-a-dia. Mas como, Jesus, ’REPRESENTAR’ ? Não se supõe isso sobre o Mestre!
                ENCARNAÇÃO significa  que o Filho de Deus é uma só pessoa, que existe em duas naturezas e que nada, exceto o pecado, falta à sua natureza humana. 
                De igual modo, pensar que Jesus uma hora ‘usava’ sua natureza divina e outra hora ‘usava’ sua natureza humana, “ligando” uma e “desligando” outra, também são idéias erradas. Quem assim cogita necessita estudar mais o que diz as Escrituras...
                Jesus não podia pecar, mas podia ser tentado. Satanás o tentou para que desobedecesse  ao Pai através da auto-satisfação, da auto-exibição e da auto-exaltação, como vemos em Mateus 4, de 1 a 11 e, de modo idêntico, a tentação para fugir da cruz era constante, como vemos em Lucas 22. 28 - confrontar com Mateus 16. 23, e também a oração de Jesus no Getsêmani. 
                Jesus não podia vencer a tentação sem luta porém, como ser divino, sua natureza era fazer a vontade do Pai, conforme vemos em João 5. 19 e 30.  Sua natureza era a de resistir e lutar contra a tentação até vencê-la. Sua natureza humana era conformada à sua natureza divina e, por isso, era impossível a Jesus falhar no decorrer de sua resistência às tentações.
                Assim, era inevitável que Jesus suportasse as tentações até o fim, sentindo toda a sua força, e emergindo vitorioso para seu povo. 
                Do que ocorreu no Getsêmani, ficamos sabendo quão agudas e agonizantes foram suas lutas.  Mas, na hora da cruz, Cristo diz, entre outras palavras, Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?
                Esta expressão reflete a desolação, o desamparo  de  Jesus Cristo, separado do Seu Pai Celestial por causa do pecado do mundo que Ele levava sobre a Sua inocente Pessoa. Esta exclamação foi feita às 15.00h, quando terminaram as três horas de escuridão. Como dissemos, são palavras profetizadas no Salmo 22: 1-3, onde encontramos também a resposta "porém Tu és santo". Deus, em Sua Santidade, não podia fazer qualquer concessão; ao contrário, em Sua justiça, tinha que punir o Seu Filho que se oferecia como substituto vicário pelos pecadores.
                Mas irmãos, este versículo 34 tem a palavra DESAMPARASTE nas versões Almeida, corrigida e revisada fiel, Almeida revista e corrigida e Almeida revista e atualizada. Nas versões NVI, Católica Paulinas, na Bíblia do Peregrino e na Bíblia de Jerusalém temos, em vez de DESAMPARASTE, o termo ‘ABANDONASTE’. Pode parecer pouca a diferença, mas para quem vive a situação, não. De qualquer modo, o exame destas palavras no ensina, e muito, sobre o sacrifício expiatório de Jesus.
                Quando somos abandonados, somos deixados à nossa própria sorte, mas podemos ter conservados nosso poder e recursos, não estamos necessariamente desamparados, impotentes. 
                Agora, quando nos sentimos desamparados, o estado psicológico é aterrorizador, pois somos mais que abandonados, sofremos o desapreço do outro, nos sentimos isolados, sentimo-nos deserdados!!  Em outros termos, sentimos que NÃO TEMOS MAIS DE QUEM DEPENDER... A pessoa sente angústia extrema – muitas pessoas adquirem Síndrome de Pânico neste tipo de situação...  Não poucos desenvolvem até DEPRESSÃO.
                Todos já ouviram o choro da criança que se perde de seus pais? A criança se desespera quando não entende algo, e esta incompreensão a desespera. Lembro-me que certa vez, reciclando lixo, achatei uma garrafa ‘PET’ de refrigerante para que a mesma ocupasse menos espaço no contêiner. Minha filha Livia, novinha, vendo aquilo, brigou comigo com todas as suas forças, e só ‘sossegou’ quando eu desamassei a garrafa (tive que soprar com força pela sua boca!) de modo que a mesma voltasse sua estrutura e perfil  à  condição inicial. Outro dia, conversando com ela, que agora tem 10 anos, a mesma me disse que não se lembra do porquê que ela não tinha gostado de ver a garrafa amassada... Eu sei – ela não compreendia como uma garrafa pudesse se tornar algo diferente do que ela tinha como representação em sua mente... e isto a perturbou sobremaneira.
                Quando estamos desamparados falta-nos o chão, não temos em quem nos valer, sentimo-nos verdadeiramente  “despossuídos”.  Muitos não se conformam em sentir-se desamparados – 'e a solidariedade, onde está ? ' , perguntamo-nos...
                Digo tudo isso para tentar dimensionar o sofrimento que Jesus experimentou na cruz.  O peso dos pecados da Humanidade foi tamanho e, pelo fato de Jesus ter sofrido por todos nós juntos, de modo definitivo, nos é difícil compreender; podemos só tangenciar, pobremente, tamanho mistério.  Nós não podemos compreender tudo aquilo que estava envolvido no pagamento do preço do nosso pecado. É suficiente entender que todos os nosso piores medos sobre os horrores do inferno – e mais – foram sentidos por Jesus quando ele recebeu a pena pela ampla iniqüidade alheia.  E, para satisfazer a Justiça, sendo Jesus nosso representante, Ele cumpriu a vontade do Pai de modo cabal e definitivo, alçando à direita do Pai. “Àquele que não conheceu pecado, o fez pecado por nós; para que nele fôssemos feitos justiça de Deus” (2 Coríntios 5:21).
                Assim, nessa hora terrível, sagrada, era como se o Pai o tivesse abandonando. Embora seguramente entendemos não haver nenhuma interrupção no amor do Pai por Ele como um Filho, Deus, no entanto, O rejeitou e O desamparou, como nosso substituto.
                O sofrimento vicário de Cristo é loucura para o mundo – pode ser que alguém morra por um justo, mas sofrer, morrer-se por pecadores imundos, corrompidos?...
                Jesus disse muitas “loucuras”... Ele certa vez disse, como lemos em Mateus 5: 4  – “Bem-aventurados os que choram”... mas como, chorar agora é ‘bom’?  Mas aqui vemos que aqueles que choram pelos seus pecados, arrependendo-se, estes são bem-aventurados, e isto o mundo não compreende facilmente. Insanidade!
                Arrependendo-nos adquirimos o direito de compartilhar com Cristo do seu sacrifício, credenciando-nos, ao fim e ao cabo,  a voltar para a companhia de nosso Deus.
                Devemos dar todos graças ao Pai por nos ter enviado à Terra Seu Filho Unigênito pois, conforme lemos em Hebreus 2, 18, por tudo o que ele passou,  Naquilo que ele mesmo sofreu, tendo sido tentado, é poderoso para socorrer os que são tentados.
                Meus irmãos, um último versículo precioso para compartilhar com vocês. Paulo, escrevendo na prisão uma carta aos Filipenses, no capítulo 4, verso 22, lemos: Todos os santos vos saúdam, especialmente os da casa de César. Na Bíblia de Jerusalém lemos explicitamente ‘da casa do Imperador”... Na Bíblia do Peregrino, lemos “os servidores do imperador”. De qualquer modo, é significativo que o Evangelho já estivesse, naquela época, tão disseminado, e entre pessoa as mais diversas, inclusive aquelas a quem se poderia pensar que estivessem mais perdidas pelo jugo do mundo!  Vejam então, meus irmãos onde a Palavra vicejou, entre soldados, escravos e libertos, mesmo no âmago do corrompido e decadente Império Romano, e isso só ocorreria por meio da Igreja de um Deus que se fez carne, conhecendo em sua divina e humana (ainda que sem pecado) natureza o que é efetivamente o ser da pessoa humana.
                
                 É minha oração que a meditação do brado da cruz possa ajudar a aperfeiçoar-nos no amor, na  Fé, na sinceridade, gratidão, louvor, santidade e adoração a Deus; e, consolidar a nossa honestidade, compaixão, solidariedade e ternura para com o próximo; e favorecer-nos na execução de nossas sagradas obrigações pactuais  no nosso lar, na Igreja, no trabalho e na sociedade em que vivemos.