Sempre quando se inicia um semestre fico preocupado com a disposição, com a têmpera geral das classes que vou ensinar. Sempre fico atento para criar um bom clima de camaradagem e companheirismo com os alunos, senão fica prejudicado o processo ensino-aprendizagem como um todo. Infelizmente sempre vai existir um ou outro aluno que não vai simpatizar com minha figura, não importa o quanto eu faço de esforço. É da natureza humana, e só posso orar ao Pai Celestial para que me guarde destas confusões....
Grata satisfação obtive nesta primeira semana de aulas com a classe de primeiro semestre de Psicologia. Apesar da turma grande, parecem bem motivados e maduros para a vida acadêmica. É muito decepcionante e desmotivador quando uma classe não corresponde ao nosso empenho de prover aulas que façam a diferença. Mesmo as classes de turmas novas para mim, mas não de alunos ingressantes (terceiro semestre em diante...), foram boas experiências. Creio que este semestre vai ser muito produtivo. Tenho seis disciplinas para ministrar, o que vai tomar boa parte do meu tempo para preparação de material e organização dos assuntos. Vou tentar realizar mais tarefas práticas entre o alunado em meio às telas de MS power-point, que tendem a inibir a participação.
Espero que seja um bom ano para todos nós, principalmente para a nova equipe de administradores que foram empossados no nosso Centro Universitário o ano passado. Eles tem lançado vários projetos e estão com idéias muito interessantes, que tem o condão de instalar e manter um bom ambiente acadêmico para os docentes e os alunos. Que Deus proteja nosso Reitor e sua Equipe para o tão importante serviço que eles tem!!
Faço um alerta aos meus alunos para que atentem para uma mensagem antiga, antiquíssima, mas muito atual, mediada pela fábula abaixo:
A Raposa e a Máscara
Gravura obtida agora, via Google Images, de
http://marcelaohistoria.blogspot.com.br/2011/05/ana-era-uma-vez_17.html
Conta o meu libreto de Fábulas (Jack Zipes [adaptador] Aesop's Fables, London: Penguin Books, 1996; Penguin Popular classics n. 20, " The Fox and the Mask", fab. CXXVIII, p. 135) predileto que uma raposa estava a furtar a casa de um ator e, inspecionando minuciosamente os vários haveres, encontrou uma notável máscara, que era uma fina imitação de uma cabeça humana. A raposa exclamou "Que excelente aparência tem esta figura! Pena que lhe falte um cérebro! ". Moral da estória: uma bela aparência é de pouca valia se falta a sabedoria...
Como uma singela fábula milenar guarda tanta erudição, inclusive para os dias de hoje! Com estes valores tão bagunçados desta pós-modernidade, o que mais importa parece ser o que se aparenta. Deixa-se em segundo plano valores mais superiores, tão aclamados em épocas pretéritas. Sabedoria é coisa que se cultiva de modo perenal - nunca termina esta busca em nossa breve jornada nesta esfera. Sei que demora muitos anos para a pessoa dizer-se um pouco sábia, ainda que existam 'muitos' caminhos para ela, asseverados por inúmeros 'experts'... Mas o que ocorre é que, procurando sabedoria pelos meios impróprios, o que se tem é infortúnio e tristeza, pois 'o tempo não para', como dizia o poeta.
Li no jornal outro dia um pequeno poema, que me serviu muito bem. É lindo, simples e tão carregado de significado! É de autoria de Mario de Santi Neto (*1925, +2013), e o li no necrológio do autor, no Jornal Folha de S. Paulo:
Nada sei, pouco aprendi.
Continuo esperando
compreender as lições
da vida que vivi.
Humildade é a primeira condição da vida sábia - uma idéia que penso todo dia...