A V I S O


I am a Freemason and a member of both the regular, recognized ARLS Presidente Roosevelt 75 (São João da Boa Vista, SP) and the GLESP Grande Loja do Estado de São Paulo, Brazil. However, unless otherwise attributed, the opinions expressed in this blog are my own, or of others expressing theirs by posting comments. I do not in any way represent the official positions of my lodge or Grand Lodge, any associated organization of which I may or may not be a member, or the fraternity of Freemasonry as a whole.

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sábado, 14 de novembro de 2009

Violência contra a mulher, "de novo"...


Volto ao tema da violência contra a mulher, que sempre (trágica e infelizmente) está em pauta. A última (para registro, vejam que coincidência: fui ver no Aurélio se a palavra ‘última’ tinha ou não acento – esta reforma ortográfica me deixa confuso! - e a consulta devolveu para a locução “a última” duas acepções: - 1. A última notícia; a novidade mais recente; 2. A última asneira, o último absurdo”. No mínimo, emblemático!) situação foi o da moça (de nome Geisy Arruda, 20 anos, perfil de 'mulherão') em São Bernardo do Campo, perseguida, escorraçada por uma turba em sua faculdade (curso de Turismo) por estar trajada com um mini-vestido rosa que, conf. visto nos jornais, não é nenhuma aberração, nem atentado aos bons costumes (não tenho como saber como é o dito de corpo presente). Segundo consta, colegas (e também funcionários e professores que participaram do quase-linchamento) disseram que o indumento “era impróprio para o local, era curto demais, era transparente, era insinuante”. O sururu foi devidamente fotografado e filmado por celulares, qual burlesco espetáculo, enquanto eram providenciados um jaleco para cobrir a moça e, também, representantes da gloriosa força pública, visto que os ‘seguranças’ da Universidade (UNIBAN - Universidade Bandeirante, a 4a. maior do país em número de alunos, mas mal colocada em termos de qualidade de ensino) quedaram-se impotentes para conter a plebe vociferante. Incivilidades à parte (neste quesito, nosso país sempre se supera, a começar pela elite), o que causa espécie são três aspectos, que considero principais, do caso, e que ouso aqui apontar. O primeiro foi o fato de que quem começou a baralhada foi uma moça, no que foi apoiada por outras representantes do belo sexo e, depois, acompanhada em seu clamor por homens (duvido que algum deles iria tomar a iniciativa de vilipendiar a jovem...). Pode parecer um preciosismo deste humilde observador da conduta humana, mas revela muito das relações de gênero que se processa cotidianamente. As mulheres dizem que elas se vestem para as mulheres, e não primariamente para os homens, portanto, o que teria suscitado nelas tão portentosa reação em cadeia? (se fosse um colégio somente para mulheres, sem homem à vista, isto, o bulício, sucederia?)

O segundo fato foi ter o pandemônio ocorrido numa Faculdade, onde se imaginava (cada vez penso menos que isso ainda dali se espera, de fato,) que os humores flamiferventes fossem mais contidos, mais disciplinados, mais tendentes ao crivo da Razão. Penso em meu avô dizendo ironicamente aqui “ledo engano”... Mas o que ocorre é que a Academia, assim como o Congresso e as demais Casas Legislativas, inexoravelmente refletem o que temos hoje em nossa sociedade: entre outras mazelas, a derrocada dos valores, das virtudes, da vida plena, enfim. O terceiro fato, com certa ligação ao primeiro citado acima, é que fica patente que não se reclamou necessariamente de uma peça de vestuário em si; o que ocorreu foi a exemplificação de um machismo encoberto (perpetrado por homens e mulheres), visando relembrar que o corpo feminino deve ser oprimido. Aquela conjunção de fatos acabou sancionando a violência dirigida àquela mulher que, ao que parece, ousou como que subverter certos valores considerados ‘puritanos’. Assim, mais uma vez se acredita justificado utilizar da violência para disciplinar uma mulher, o que configura indelevelmente a onipresente desigualdade de gênero. Esta é, no fundo, a legitimadora deste tipo de indignações e agressões, ainda que fundada em delusão grosseira, posto que, entre outras ilogicidades/irracionalidades que abarca, revive a velha máxima de invocar a culpa de tudo precisamente para a vítima da violência...

E o mais interessante neste imbroglio (escrevo certo?) é que a UNIBAN resolveu expulsar a aluna, por "conduta imprópria". Choveram comentários na mídia enxovalhando a 'Direção' do pretenso 'nosocômio' escolar, o Ministério da Educação e Cultura deu dez dias para a Universidade se explicar, e pipocaram aqui e acolá protestos de alunos, de parlamentares, de representantes de algumas das mais representativas Ongs do coletivo das mulheres em situação de risco, além de Sindicatos, OAB e UNE. Tal celeuma fez o Magnífico Reitor anular a medida (escapando assim de mais uma certa condenação jurídica que sofreria, além dos outros que seguramente a ofendida patrocinará). A Universidade vai transferir a moça de campus, fazendo-a estudar em local alternativo - não se sabe se ela aceitará. Chove também convites à agora personalidade para aparecer em capas de revista (ouvi até em protagonizar película - gozado falar assim visto que todo filme hoje é digitalizado; estou velho mesmo, minha linguagem precisa se atualizar! - um filme destinado ao publico adulto) e conceder entrevistas em programas de fofocas do jet set. No fim, ela ainda vai sair ganhando algum...