A V I S O


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sábado, 10 de março de 2012

Um filme que honra a indústria do Cinema...

Emma Thompson, via web


Uff...  ontem cedo  na TV a cabo (Cinemax),  um filme americano (HBO Films) de 2001 que é um soco no estomago. O título original, ‘Wit’, foi aportuguesado como ‘Uma lição de vida’, o que faz perder um pouco do sentido: como substantivo, WIT quer dizer juízo, razão, inteligência viva, ou destreza, habilidade, além de finura, perspicácia, agudeza, sagacidade, pessoa espirituosa ou brincalhona, aspectos intrínsecos à personalidade da personagem principal. É película do Diretor Mike Nichols, com a fabulosa Emma Thompson no papel principal, coadjuvado por Audra McDonalds como a enfermeira-chefe, e também a grande atriz inglesa Eileen Atkins,  ainda que esta apareça pouco no filme.

É uma história ambientada em nossa época, sobre uma celebrada professora (que é catedrática de poesia inglesa do século XVII), de nome Vivian Bearing, que descobre ter câncer no ovário, em estágio avançado. Ela é uma pessoa fria, inflexível, que se fragiliza posteriormente com a grave doença. Esta película pode ser apreciada em muitas dimensões, além de ser uma reflexão pessoal e tanto sobre a transitoriedade da vida. Eu o vejo também como uma excelente ferramenta para treinamento de estudantes da área da saúde, posto que propicia valiosas intelecções sobre o relacionamento profissional-paciente, sobre questões éticas como, p. ex., suicídio assistido (não diretamente abordado ali), sobre Deus, sobre cuidados paliativos, sobre solidão e desamparo, sobre liberdade, sobre a finitude e a efemeridade da vida, etc... é um filme denso, profundo mesmo. Honra a sétima arte!

Comento uma passagem que me foi marcante (entre várias, algumas bem impactantes – não vou dar mais detalhes para não ser ‘desmancha-prazeres’...): aquela em que, às 4 da madrugada, paciente e enfermeira-chefe conversam, compartilhando um sorvete (bom para minimizar os desconfortos gastrointestinais da terapia anticâncer), sobre a opção que a doente tinha de ser ou não ressuscitada, em caso de parada cardíaca. A única pergunta da professora é se a enfermeira iria continuar cuidando dela...; depois que a enfermeira se vai, a professora se pergunta se tinha se tornado piegas; discute consigo sobre vida & morte, e se questiona, porque imaginava que “ser inteligente fosse suficiente...” A cena seguinte dela de se encolher no leito, embaixo do cobertor, totalmente desarvorada, desamparada, lembra um desejo de voltar ao útero... Ela diz... “dor, uma palavra tão pequena..., mas que paradoxalmente significa estar viva...”

Impossível não se comover, ainda mais sendo um profissional que vivencia ocasionalmente estes desafios em seus clientes. Como sempre digo, somos frágeis, uma ‘casquinha’... Nada como um filme de alto nível assim para nos relembrar velhas lições!

sábado, 29 de janeiro de 2011

Memória de aprendizados com meu querido pai

(feito por Lívia V. Dutra, 2011)

          Outro dia relembrei importante lição que recebi de meu pai. Logo após eu ter me formado em Psicologia fui para o Vale do Paraíba, trabalhar em um Hospital Psiquiátrico (em São José dos Campos, SP) e na minha Clínica de Psicologia em Taubaté (SP). Na época eu estava noivo de uma moça muito bonita, ex-colega de faculdade. Meu pai havia se aposentado da empresa onde trabalhou por 35 anos (um dia conto esta bela estória), lá em Rio Claro (SP) e estava montando uma empresa transporte de cargas e de comércio de carvão vegetal. Quando desmanchei o noivado - nossas formações familiares e vivenciais eram muito diferentes - meu pai me 'convocou'  para ajudá-lo; meus dois outros irmãos não podiam largar o que estavam fazendo e eu me senti muito honrado e grato a Deus por ajudar nosso amado pai. Trabalhei muitos anos com meu pai; eu o ajudava na administração (área de RH e Gestão da Qualidade) e fiquei com ele nas diversas empresas que ele construiu. Quando ele vendeu suas empresas eu já tinha feito o Mestrado e Doutorado (além de diversas Especializações Lato-Sensu), com o total apoio dele e de minha mãe, e fiquei posteriormente trabalhando somente com a docência universitária e consultoria empresarial e organizacional (o que faço até agora).

          Mas a lição que quero compartilhar aqui é a seguinte: certa vez, na empresa transportadora, tínhamos um conjunto de empregados com baixa escolaridade, e com peculiaridades de personalidade digamos, bem diversificado. Era muito recompensador trabalhar com meu pai, visto que ele sempre estabelecia um ambiente laboral harmonioso, justo e estimulante. Só para se ter uma idéia, em 20 anos que meu pai possuiu suas empresas, somente um funcionário procurou a Justiça do Trabalho para discutir salário. Este infeliz era um supervisor que marcava o 'ponto' dos funcionários (inclusive o dele), anotando as horas-extras, etc. Meu pai NUNCA defraudou empregado, muito menos no salário, NUNCA atrasou o dia de pagamento (quantas vezes o vi descontando duplicatas em banco - perdendo assim boa margem de lucro, 'trabalha-se muito para banco no Brasil'... - para pagar a Folha de pagamento 'religiosamente' em dia). O que aquele supervisor mandava para o escritório referente às horas de trabalho de cada colaborador era pago sem discussão. 

          Pois não é que o indigitado reclamou horas extras não pagas? Ninguém na empresa entendeu a atitude do desditoso. Não vou comentar a experiência com a Justiça do Trabalho,  que foge à Lógica e à Moral, em todos os sentidos (no Brasil a Justiça e seus operadores não são levados com seriedade...); ao final e ao cabo meu pai pagou ao  desventurado as migalhas que estava a nos roubar, pois para os Juízes a empresa é sempre a errada... Meu pai é muito abençoado em tudo na vida pois suas virtudes cristãs eram concretas e objetivas, nunca foi  mero discurso ou palavras ao vento. O conceito que meu pai tinha na cidade era elevadíssimo, em especial pelas pessoas da  sociedade, da 'velha guarda'. Lembro-me que muito tempo depois a esposa deste ex-supervisor  veio implorar uma carta de referência para o esposo, pois ele, curiosamente, não conseguia trabalho em nenhum lugar - o máximo que ele, Técnico em Química, conseguia, era ser frentista de posto de gasolina. Eu achava que não deveria ser fornecido esta carta de referência, mas meu pai, já tendo certamente perdoado há muito a má conduta, mandou fornecer a carta. Ele sempre fazia como Cristo faria. Meu pai sabia que alguns funcionários roubavam mercadorias e outros bens dele, mas ele nunca fez denúncia ou reclamação - nunca foi apegado ao dinheiro ou a bens materiais.

          Outra lição (esta hilariante...) foi que certa vez eu instituí o Prêmio 'Óleo de Peroba', para agraciar no fim do ano o funcionário mais cascateiro, mais gabola, das empresas. Um senhor simples, mas fanfarrão, gomeiro, pabola, rebolão e roncador foi logo 'escolhido'  informalmente pelos demais para receber (haveria votação!!) o prêmio ao fim do ano, na tradicional festa de Natal que meu pai sempre promovia para os funcionários e suas famílias, com todos recebendo um grande panetone e garrafão de vinho.

          Para minha surpresa, meu pai mandou, sem eu saber,  todos os colaboradores votarem em mim (precisamente o filho do dono!!) para receber o 'festejado' prêmio - ele nunca aceitaria que pudesse qualquer  funcionário passar por certo vexame, nem que fosse num clima de brincadeira que estava sendo criado (bem, assim eu imaginava...).  Fiquei orgulhoso com a justiça do meu velho pai, e foi muito divertido ver todos os companheiros de trabalho rindo de mim... É uma das muitas lições que guardo com carinho do meu querido pai.
Geraldo V. Dutra