A V I S O


I am a Freemason and a member of both the regular, recognized ARLS Presidente Roosevelt 75 (São João da Boa Vista, SP) and the GLESP Grande Loja do Estado de São Paulo, Brazil. However, unless otherwise attributed, the opinions expressed in this blog are my own, or of others expressing theirs by posting comments. I do not in any way represent the official positions of my lodge or Grand Lodge, any associated organization of which I may or may not be a member, or the fraternity of Freemasonry as a whole.

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quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

2014 chegou!!



fotos do meteoro que caiu na Rússia em fevereiro de 2013

O que achei mais impactante no ano passado foi a queda do bólide acima. Faz-nos relembrar como somos frágeis e passageiros, efêmeros. Lembro-me também, na oportunidade, de ter visto a foto, num destes jornais sensacionalistas, de uma pessoa que foi atingida, segundo afirmou, por um detrito oriundo do meteoro; estava com um enorme esparadrapo na face. Ri muito, pois se fosse verdade ela teria falecido, seguramente. Mas imagine participar de um evento cosmológico como esse - que cena! - como somos pequenos... Por isso digo que a humildade é a virtude de importância capital.

O que mais se vê na TV ou se lê agora, nesta semana, são receitas para tornar efetivas nossas resoluções de Ano Novo. Podem até funcionar, algumas. Mas nada substitui a necessidade, em seus diferentes graus e urgências; a gente é por demais indolente, mesmo acomodado. Lei do menor esforço, fazer o quê... E quanto mais velho se fica, tudo fica mais operoso - digo isso de cadeira. Não, não por ser já - bem, quase; há controvérsias - um idoso (imagina que outro dia fui no banco e - nem ousei solicitar - o atendente me deu senha de idoso!!! Bilú devertiu-se muito e, confesso, eu também...), mas por ser um arguto observador das mazelas humanas.

Mas de qualquer forma, para não fugir à regra, tomei minhas resoluções (hmm, umas duas, três). Deixo de menciona-las aqui para não cansar o leitor (também, poderiam dizer... who cares?) mas estou determinado. Ou seja, existe a necessidade, quase premente. Uma grande decisão que tomei anteriormente foi de ser voluntário no Asilo, conforme já retratei aqui. Como me satisfaz!! Deu novo alento à minha vida. Lamento o tempo que deixei de contribuir, de fazer o que devia fazer, talvez por certa espécie de orgulhosa cobardice. Mas acho que o Pai Celestial nos encaminha do melhor modo, pois Ele não precisa da gente - nós é que não somos nada sem Sua misericórdia. Mas sei também que ele nos usa para Seu santo e soberano propósito. A cada dia supreendo-me com a 'pedagogia' d'Ele para comigo... sou muito grato por isso.

Uma resolução de Ano Novo, creio, tem que ser uma tomada de posição firme, ampla, que influencia a vida de modo perene, impactando o rumo da existência. Decidir fazer um regime ou deixar de comprar bobagens desnecessárias não são resoluções de vida - são estratégias para conseguir algo, mas não implicam até certa transformação de caráter, como sói acontecer com as efetivas e significativas resoluções. Melhor não assumir uma resolução de Ano Novo se depois constatar que foi modismo ou imitação, uma coisa apequenada.

No futuro vou comentar estas duas ou três resoluções aqui; talvez você se lembre que as assumi como resoluções de Ano Novo. Fizeste a tua, também? Boa sorte!

quarta-feira, 10 de abril de 2013

Barbearia...

Foto obtida agora, via Google Images, de
http://jp.freepik.com/free-photo/barber-in-india_577622.htm

Ontem fui no Lar são Vicente de Paulo para mais uma sessão de barba e cabelo dos idosos de lá. Confesso que espero com certa ansiedade os dois dias que dedico lá nesta atividade - sinto certa falta, acho eu; é muito divertido: a gente conta estórias, e ouve muitas também.  Os administradores do querido tegúrio disseram que no dia que não compareço, por algum outro compromisso ou impossibilidade, a grita ocorre... eles reclamam minha falta, o que me faz sentir querido, de certa forma. 

O interessante é que alguns dos homens que eu julgava esclerosados começaram a falar, a se comunicar comigo, de modo inusitado. Todos eles eu já havia convidado para desfrutar das atividades de estimulação que minha Universidade realiza no Asilo (como atividade de extensão acadêmica - atividades comunitárias) e a adesão havia sido quase nula. E depois que 'fizemos amizade' com eles na cadeira de barbeiro, alguns começaram a participar das sessões semanais de estimulação psicossensoriomotora. Quem diria que esta 'estratégia' de barbear voluntário fosse motivá-los? Penso até em relatar em pormenores este acontecimento, via paper... Qualquer recurso vale para tirar um idoso de sua pasmaceira!

Quantas vidas 'desperdiçadas' vejo lá, 'depositadas' num cantinho, olhos esgazeados ou parados, como que esperando a morte chegar... quantas estórias já ouvi - nunca pensei que a cadeira de barbeiro pudesse ser um local de "escuta psicoterapeutica'... A proximidade de certa hora mais dedicada a cada um em sua vez, uma relação de certa forma pessoal, compartilhada (e com uma 'gillette' na mão - não usamos navalha lá, por motivos de segurança; antes usávamos máquina elétrica de barbear, mas estas máquinas são de uso doméstico e logo se desfazem...), onde o barbeado pode relaxar um pouco... É uma cena masculina, que todo homem, por mais que esteja senil, entende e adota, aceitando a prática. Está muito aclimatada em seu ser a idéia do barbear-se, e mais legal ainda se alguém o faz por nós mesmos... 

Mas, como já disse, o mais abençoado com tudo isso sou eu, pela graça dos Céus de poder fazer um - pequeno que seja - trabalho pelo próximo. Todo dia tem ensinamento e privilégio de Deus em meu favor com esta inexpressiva iniciativa que vislumbrei... Sou muito grato ao Pai Celestial por mais esta misericórdia para mim, que nada mereço.

Tem um idoso lá que fica me dizendo que sou barbeiro 'arranca-tôco'. Originalmente este termo significava pessoa valentona, briguenta, mas em minha terra (e parece que aqui também) passou a significar pessoa que faz algo de forma tosca, destituida de refinamento; 'amador', como se diz. Dou muita risada, pois realmente nunca fiz curso da arte da barbearia (mas se eu disser que estou pensando em fazer, você acredita??) O mais interessante, para mim que gosto das letras, é que 'barbeiro' é o termo por vezes assacado para pessoas imperitas, incompetentes na realização do seu trabalho (como um motorista navalha)... olha só as voltas que o linguajar dá... Eu fico extasiado!!

Não temos mutos recursos lá na barbearia do asilo, mas o serviço até que tem sido bom - todo mundo gosta. Se eu pudesse ter água quente para amolecer a barba... mas dou jeito fazendo uma espuma generosa e emoliente. Temos hoje em dia bons saponáceos (tem até tubos com espuma pronta!) para o espúmeo, o espumífero, coisa que se fazia antes com sabão, mas irritava e ressecava a pele. Depois, com o rosto todo 'untado', uso suavemente aquele aparelho de 3 lâminas com fita deslizante, para facilitar - comprei num supermercado; tem em qualquer lugar e é muito bom, pois faz muitas barbas. Tem uma boa torneira para limpar a todo instante o instrumento, e o segredo é esticar bem a pele (tem uns idosos, bem, alguns nem tão idosos assim... com tanta pele sobrando!!), começando pelos lados e pescoço, deixando bigode e queixo para o final, quando a espuma já amoleceu bem os pelos, aqueles multicores elementos filamentosos da pele, ricos em ceratina, que se distribui por quase toda a superfície do corpo, no nosso caso, em especial no rosto, e que se apresentam de muitas formas, distribuição, concentração e tipos (de pelo e pele...). Viu como até um humilde psicólogo pode virar 'especialista' em barba??

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Reinício das aulas e mais uma Fábula de Esopo...

Sempre quando se inicia um semestre fico preocupado com a disposição, com a têmpera geral das classes que vou ensinar. Sempre fico atento para criar um bom clima de camaradagem e companheirismo com os alunos, senão fica prejudicado o processo ensino-aprendizagem como um todo. Infelizmente sempre vai existir um ou outro aluno que não vai simpatizar com minha figura, não importa o quanto eu faço de esforço. É da natureza humana, e só posso orar ao Pai Celestial para que me guarde destas confusões....

Grata satisfação obtive nesta primeira semana de aulas com a classe de primeiro semestre de Psicologia. Apesar da turma grande, parecem bem motivados e maduros para a vida acadêmica. É muito decepcionante e desmotivador quando uma classe não corresponde ao nosso empenho de prover aulas que façam a diferença. Mesmo as classes de turmas novas para mim, mas não de alunos ingressantes (terceiro semestre em diante...), foram boas experiências. Creio que este semestre vai ser muito produtivo. Tenho seis disciplinas para ministrar, o que vai tomar boa parte do meu tempo para preparação de material e organização dos assuntos. Vou tentar realizar mais tarefas práticas entre o alunado em meio às telas de MS power-point, que tendem a inibir a participação.

Espero que seja um bom ano para todos nós, principalmente para a nova equipe de administradores que foram empossados no nosso Centro Universitário o ano passado. Eles tem lançado vários projetos e estão com idéias muito interessantes, que tem o condão de instalar e manter um bom ambiente acadêmico para os docentes e os alunos. Que Deus proteja nosso Reitor e sua Equipe para o tão importante serviço que eles tem!!

Faço um alerta aos meus alunos para que atentem para uma mensagem antiga, antiquíssima, mas muito atual, mediada pela fábula abaixo:

A Raposa e a Máscara
Gravura obtida agora, via Google Images, de 
http://marcelaohistoria.blogspot.com.br/2011/05/ana-era-uma-vez_17.html

Conta o meu libreto de Fábulas (Jack Zipes [adaptador] Aesop's Fables, London: Penguin Books, 1996; Penguin Popular classics n. 20, " The Fox and the Mask", fab. CXXVIII, p. 135) predileto que uma raposa estava a furtar a casa de um ator e, inspecionando minuciosamente os vários haveres, encontrou uma notável máscara, que era uma fina imitação de uma cabeça humana. A raposa exclamou "Que excelente aparência tem esta figura! Pena que lhe falte um cérebro! ". Moral da estória: uma bela aparência é de pouca valia se falta a sabedoria...

Como uma singela fábula milenar guarda tanta erudição, inclusive para os dias de hoje! Com estes valores tão bagunçados desta pós-modernidade, o que mais importa parece ser o que se aparenta. Deixa-se em segundo plano valores mais superiores, tão aclamados em épocas pretéritas. Sabedoria é coisa que se cultiva de modo perenal - nunca termina esta busca em nossa breve jornada nesta esfera. Sei que demora muitos anos para a pessoa dizer-se um pouco sábia, ainda que existam 'muitos' caminhos para ela, asseverados por inúmeros 'experts'... Mas o que ocorre é que, procurando sabedoria pelos meios impróprios, o que se tem é infortúnio e tristeza, pois 'o tempo não para', como dizia o poeta.

Li no jornal outro dia um pequeno poema, que me serviu muito bem. É lindo, simples e tão carregado de significado! É de autoria de Mario de Santi Neto (*1925, +2013), e o li no necrológio do autor, no Jornal Folha de S. Paulo

Nada sei, pouco aprendi.
Continuo esperando
compreender as lições
da vida que vivi.

Humildade é a primeira condição da vida sábia - uma idéia que penso todo dia...

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Eclesiastes, 2: 26a

Rei Salomão
Ícone no monastério de Kizhi, na Russia
http://pt.wikipedia.org


Hoje cedo na hora matinal de estudos, um versículo de Eclesiastes me sensibilizou - diz "Ao homem que é bom diante dEle, Deus dá sabedoria, conhecimento e alegria, ..."  Na versão da notável Bíblia do Peregrino, do Padre Luís Alonso Schökel, lemos "Ao homem que Lhe agrada Ele dá sabedoria, ciência e alegria; ...". Que consoladora promessa. O que mais me espanta é que li isso diversas vezes quando jovem, mas só agora atentei, quer dizer, signifiquei em meu espírito a verdade deste versículo. 

O contraponto conhecimento (ciência) versus sabedoria, complementado com a alegria é o que interpela minha consideração. Sabedoria é saber bem aplicar aquilo que se conhece, o que se sabe, isolado ou no conjunto de outros conhecimentos (ciência). Mas saber bastante e ser sábio, sem ter a alegria, parece contradição. Quantos vemos que se julgam inteligentes, mas não tem alegria (ou pouco aparece, mas logo se vai daquelas almas). Em minha vida prestei mais atenção à alegria, apesar da importância do conhecer e de ser sábio; cedo acautelei-me de ser sábio aos meus olhos - armadilha por demais ilusória, hábil sedutora que é.  Li nas Seleções um provérbio que dizia "ria e tudo mundo vai rir com você; chore e você vai chorar sozinho..."; desde então vi que tola estratégia é ter pena de nós mesmos, ou nos fazer frágeis aos olhos dos outros, ou dar certo tom triste, macambúzio, em nossas relações. As pessoas, notadamente os brasileiros, se afastam de criaturas assim.

Mas, procurando o conhecimento e a sabedoria, como ser feliz neste mundo enganador, competitivo, de árdua labuta, de doenças e desgraças cotidianas? Nossa índole faz-nos esperar do Destino recompensas constantes se somos 'bons', trabalhadores, estudiosos, honestos, etc...  Nessa hora o homem comum olha ao alto e, se atenta para outra dimensão de verdades, que não se alcança necessariamente pelo muito esfalfar com os livros, pode começar a municiar-se de recursos para compatibilizar estas 'contradições', a aparente contraposição sabedoria-alegria. Digo aparente, porque é nossa mente em sua quichaça que assim dispõe, posto que, no fundo, inexiste necessariamente contradita entre conhecimento e felicidade, alegria - mas são coisas que diferem tanto no grau quanto na essência. 

Aquilo que confere sentido às nossas concepções e nossa práxis precisamente é o que nos faz, nos determina alegres, com, sem, ou apesar de nosso conhecimento e sabedoria do mundo. Quando se reconhece o homem ou a mulher possuidor de uma natureza, uma disposição suscetível às coisas espirituais, pode abrir-se a outra categoria de verdades, que não são, em princípio, discerníveis com os rudimentos do conhecimento empírico ou mesmo da cogitação e do razoar sobre esta humana vida (posto que parece em geral absurda e injusta).

Esta, a abertura ao transcendente, continua a ser a solução aos dilemas e ao Absurdo da existência, desde que o homem se conhece por Homem. E neste percurso a pessoa chega, ao fim e ao cabo, a Deus, que Se revela a quem O busca com sinceridade, humildando-se. Somente Ele pode nos dar aquela alegria que não se dissipa, que não se esvai, que nos faz, a todos e todas, quiescentes e serenos. Mas como saber de Deus, tão Santo e 'distante' ? Olhe para Jesus, que deixou muitas instruções e pistas de como Deus é... Se O buscarmos em primeiro lugar, com destemor, aquilo que paradoxalmente cremos que nos fará felizes, o conhecimento e a sabedoria, precisamente  nos serão então acrescentados, mas não o conhecimento enganador, que só divisa absurdos, mas a Sabedoria que não se esgota, e que nos faz efetivamente felizes.

http://www.everypicture.com/prints/barry-moser/2936/king-solomon.html

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Família... e a Fé do Centurião

Liv, eu e Bilú
(Rafael de Oliveira, Trick foto, 2011)

Ontem fomos, como disse ontem, à Trick Foto, do meu ex-aluno Rafael. Aproveitamos e tiramos também a foto acima, para recordar. É a minha familia 'disponível', como se poderia dizer, pois os demais filhos moram MUITO longe... É a minha sina, e aceito-a, submisso ao Soberano Deus e Senhor. Ainda assim, digo mais: toda a Glória seja só a Ele.

Hoje cedo estava meditando a Palavra, como sempre inicio o dia. Fiquei emocionado com a perícope abaixo (Evangelho de Lucas 7, 1 a 10; NVI):

(...) Tendo terminado de dizer tudo isso ao povo, Jesus entrou em Cafarnaum.
Ali estava doente, quase à morte, o servo de um centurião,
a quem seu senhor estimava muito.
Ele ouviu falar de Jesus e enviou-lhe alguns líderes religiosos dos judeus,
pedindo-lhe que fosse curar o seu servo.
Chegando-se a Jesus, suplicaram-lhe com insistência: 
"Este homem merece que lhe faças isso, porque ama a nossa nação e construiu a nossa sinagoga".
Jesus foi com eles. Já estava perto da casa quando o centurião mandou amigos dizerem a Jesus: "Senhor, não te incomodes, pois 
não mereço receber-te debaixo do meu teto. 
Por isso, nem me considerei digno de ir ao teu encontro. 
Mas dize uma palavra,  e o meu servo será curado.
Pois eu também sou homem sujeito a autoridade, e com soldados sob o meu comando. Digo a um: ‘Vá’, e ele vai; e a outro: ‘Venha’, e ele vem.
Digo a meu servo: ‘Faça isto’, e ele faz".
Ao ouvir isso, Jesus admirou-se dele e, voltando-se para a multidão que o seguia, disse:
"Eu lhes digo que nem em Israel encontrei tamanha fé".
Então os homens que haviam sido enviados voltaram para casa
e encontraram o servo restabelecido.

 O centurião romano não deveria, a princípio, despertar simpatia entre os judeus mas, como demonstrou amar o país, apesar de representar militarmente um país opressor, intercederam a seu favor perante Cristo. Ele concede ir ver o que sucede, mas aquele líder de uma centúria Lhe diz que 'basta dizer uma palavra', e o servo estimado seria curado. O Mestre afirma perante todos que 'nem em Israel (o que seria esperado) encontrou tamanha fé'...

Minha oração ali foi que o Pai me concedesse uma partícula de tal fé, pois nossa tendência, nossa natureza decaída é duvidar, ser cético, descrer - se não pelo intelecto, pior, no espírito... De nossa parte não podemos fazer nada; só nos resta clamar, suplicar, na certeza que seremos ouvidos (e atendidos, ainda que no tempo de Deus, que não é o nosso...). 

Amanhã iremos 'devolver' Liv a Rio Claro, e depois iremos a Mogi-Mirim, onde celebraremos com meus pais e alguns dos irmãos o nascimento do menino Jesus. Oro para que esta efeméride possa ser uma data de meditação, exercício de humildade (implicando em nosso espírito acatamento, deferência, submissão às verdades reveladas) e refrigério. É o que desejo, além da família, a todos nós!

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Humildade


          Li hoje um artigo do professor Paul Freston, publicado na revista ULTIMATO (Ano XLIII, novembro/dezembro de 2010, nro. 327, p. 48 a 51), sobre um tema objeto de uma recente pregação que ministrei em minha congregação, a humildade. Esta feliz coincidência, que ajuda a solidificar minhas concepções sobre a temática, inspirou-me a colocar aqui este artiguete, onde espero contribuir para esclarecer porque muitos não entendem ou não procuram desenvolver esta virtude fundamental.

          Quero comentar, adicionalmente, um problema que aflige a cristandade (e isso desde o inicio), especificamente com relação àqueles chamados a pastorear. A carnalidade, forte e avassaladora (bem apropriado este termo!) como é, deturpou e continua a deturpar de modo trágico o mandamento do Cristo neste particular do apropriado pastorear. Temo, e que me corrijam se me engano, que a raiz do problema esteja, nestes homens, na falta de uma virtude teologal, a Fé, que determina a que não tenhamos, como suponho, outra virtude fundamental, a humildade.

         Hoje vemos muitos líderes, pastores, bispos, élderes, padres, ‘apóstolos’, presbíteros, anciãos (etc...) que não são líderes como Jesus determinou. Ele disse expressamente que quem deseja ser o ‘maior’ no reino de Deus, este seja o servo, o servidor de todos. Claro está, como Cristo falou (e fez), que quem quer liderar, seja o primeiro e o maior servo. O Líder cristão serve, toma sempre a iniciativa de servir (não precisa a isso ninguem solicitar, mandar), dá o exemplo e age, efetivamente, como o servo de todos. O que se observa atualmente é ‘líder’ como sendo o servido, o ‘maioral’, aquele de detem certa espécie de poder sobre um número ‘x’ de ovelhas, com igrejas enormes, por vezes gigantescas, ministérios imensos onde estes ‘pastores’ reinam e são servidos por muitos (por vezes de modo vitalício!). Pastores ‘de púlpito’, que são admirados pela oratória, ou ministros que se preocupam mais com a posição, suas tarefas ‘elevadas’, e com o encômio, além do salário e/ou benefícios do cargo.

          Mas porque isso acontece? O problema é que a carne determinou e determina cotidianamente a corrupção do ensinamento bíblico. Muitos dos líderes não são humildes como Cristo é. Desde os primórdios de nossa relação com nosso Pai Celestial a importância da HUMILDADE tem sido ressaltada, e ouso dizer que, ao olhos de Deus, é uma das virtudes mais importantes. No dicionário, lemos seus principais significados: 1. É virtude que nos dá o sentimento da nossa fraqueza.  2. Singeleza, modéstia, pobreza. 3. Respeito, reverência; submissão. Para compreendermos, vejamos seu contrário, o ORGULHO: 1. Auto conceito, brio, sentimento de dignidade pessoal. 2. Conceito elevado ou exagerado de si próprio; amor-próprio demasiado; soberba (altivez, arrogância, presunção ).

          A própria Bíblia procura situar a importância de descobrirmos o que significa esta virtude. Em Provérbios 15: 33 lemos  Quem teme o SENHOR está aprendendo a ser sábio; quem é humilde é respeitado. A conduta de quem é humilde, piedoso, revela-nos alguém como pessoa confiável, equilibrada, que conhece o sentido de sua existência. Mais adiante em Provérbios 22, 4 este conceito é reforçado: Quem teme o SENHOR, e é humilde, consegue riqueza, prestígio e vida longa. Apenas na fé bíblica a humildade é tida como virtude. Para as outras religiões, para muitos filósofos, e também no imaginário de muitas das pessoas comuns, a humildade é relacionada à falta de honra, pois sugere fraqueza, falta de iniciativa, ou mesmo subserviência; todos acreditam nestes tempos pós-modernos que a pessoa - em especial um líder - tem que ser pró-ativa, assertiva, auto-suficiente e outros termos modernos...

          Há muita confusão para definir-se de modo adequado qual seja a parte boa desta tal de HUMILDADE. Mas isto não é um problema dos dias de hoje. Há muito tempo o homem anseia por entender a importância desta virtude, e os Profetas, conscientes de sua importância, tem tentado nos comunicar a vontade de Deus a respeito.

          Miquéias, um dos grandes profetas do oitavo século antes de Cristo, viveu no tempo de Isaías. Natural de uma pequena cidade de Judá, no Reino do Sul, ele viu que Judá corria o perigo de sofrer o mesmo castigo que Israel, o Reino do Norte, havia sofrido. Miquéias fala contra os pecados do povo de Judá e de Israel. Mas ele também fala da bondade de Deus: o Deus que castiga o seu povo é o Deus que perdoa. O Profeta Miquéias indica, de modo veemente, a necessidade de entendermos a ligação da HUMILDADE e certos valores celestiais importantíssimos: Mq 6, 8  "O SENHOR já nos mostrou o que é bom, ele já disse o que exige de nós. O que ele quer é que façamos o que é direito, que amemos uns aos outros com dedicação, e que vivamos em humilde obediência ao nosso Deus.

          O que significa HUMILDADE, de um modo simples? Sabermos todos que somos inteiramente dependentes do nosso Criador – temos que reconhecer o ABISMO que existe entre  o Deus soberano e nós. ABRAÃO sintetizou bem em uma frase esta constatação. Na Bíblia de Almeida, Revista e Atualizada, em GENESIS  18, 27  lemos: Disse mais Abraão: Eis que me atrevo a falar ao Senhor, eu que sou pó e cinza.

          Ainda na antiguidade, mesmo com tantos ensinos e exortações, a dificuldade permanecia. O apóstolo Paulo era muito preocupado como nossa vida espiritual, e escreveu muitas cartas com conselhos práticos aos primeiros cristãos. Uma delas foi endereçada aos cristãos de Filipos, que era uma cidade que ficava na província romana da Macedônia; hoje faz parte da Grécia. A igreja de Filipos foi a primeira fundada na Europa por Paulo, na sua segunda viagem missionária (Atos 16, 12 a 40). Anos depois, quando estava na prisão (1, 7), Paulo escreve esta Carta aos Filipenses. Ele havia recebido notícias de que havia sérias dificuldades entre os cristãos de Filipos e estava muito preocupado com as falsas doutrinas que alguns ensinavam lá. E estava preocupado também por saber que alguns líderes da igreja tinham ficado contra ele. Ao mesmo tempo, ele havia recebido ajuda dos cristãos de Filipos e escreve a carta, não somente para tratar dos sérios problemas da igreja, como também para agradecer aos filipenses tudo o que tinham feito em seu favor.

          A carta mostra o grande amor que Paulo tinha pelos filipenses e fala da alegria, união e firmeza que devem ser marcas dos seguidores de Jesus Cristo. Paulo diz que, acima de tudo, todos devem imitar o exemplo do próprio Cristo, que seguiu o caminho da humildade e da obediência a Deus, caminho este que o levou à morte na cruz e à altíssima posição de Senhor de todos. Filipenses 2, 1 a 3: Por estarem unidos com Cristo, vocês são fortes, o amor dele os anima, e vocês participam do Espírito de Deus. E também são bondosos e misericordiosos uns com os outros. Então peço que me dêem a grande satisfação de viverem em harmonia, tendo um mesmo amor e sendo unidos de alma e mente. Não façam nada por interesse pessoal ou por desejos tolos de receber elogios; mas sejam humildes e considerem os outros superiores a vocês mesmos.

          Ser HUMILDE é a postura lógica daquele que  é cônscio do pecado, pelos seus efeitos. E aquele que almeja liderar, pastorear, não deveria saber isso de antemão? A HUMILDADE está no cerne da vida piedosa, como sendo a pessoa mansa, religiosa, sem pieguismo ou extremismos. Mas o grande problema de quem não cultiva a HUMILDADE ( e isso é trágico entre a liderança) é que a sua capacidade de aprender fica comprometida, e isto não só do aprendizado das coisas terrenas, mas principalmente das verdades eternas! E porque isso ocorre?

          Sabemos que, de acordo com o conhecimento mundano, dos homens, o problema conhecimento é enigmático pois o mesmo homem é limitado e a realidade é polifacetada, multimensional, ou seja, complexa. Como podemos chegar à verdade? Nenhum mortal é dono da verdade posto que entra em contato somente com parte da totalidade da realidade, e através da representação dos fatos e fenômenos ou as impressões que causam.

          Há VERDADE quando percebemos e dizemos aquilo que se desvela, que se manifesta aos nossos sentidos: existe certa conformidade entre o que julgamos e aquilo do que do objeto se constata, se observa, se apropria em nossa mente. Se conhecemos partes da realidade, não temos como conhecer toda a verdade, a verdade absoluta. Muitas vezes as aparências enganam e emitimos conclusões equivocadas (o erro). Para chegar-se à verdade precisa-se então de EVIDÊNCIAS – manifestações claras, transparentes, da essência da coisa – este é o critério da verdade. Se se obtém evidência inequívoca, então pode-se acreditar.

          CERTEZA é o estado de espírito que consiste na adesão firme a uma verdade, sem temor de engano. Fundamenta-se na evidência, no desvelamento da natureza e da essência da coisa. Havendo evidência (objeto, fato ou fenômeno se desvelando com suficiente clareza) pode-se afirmar com certeza (sem temor de engano) uma verdade. Aqui reside o eterno drama humano - como ter certeza das coisas?

          ‘CRER’, acreditar, é uma forma de assentimento que se dá àquilo que se julga como verdades, que pode ser um estado de espírito objetivamente insuficiente, embora subjetivamente se imponha com grande convicção: (1) Pode ocorrer Ignorância (ausência de conhecimento) quando não existe qualquer desvelamento, não existe na realidade, ao alcance da não, aquilo que se deseja saber. (2) Pode ocorrer Dúvida, que é um estado de equilíbrio entre afirmação e negação sobre o fato ou fenômeno. (3) Pode ocorrer também a situação de Opinião , que é um estado de espírito que afirma com temor de se enganar. O valor da opinião depende da maior ou menor probabilidade das razões que fundamentam a afirmação. Em geral não se tem evidência forte, inequívoca do fato... Porém, no estado de OPINIÃO, não se tem compromisso...

          E como ficamos com relação ao conhecimento ( ou, conhecimento certo, com certeza) da vontade de Deus? Diante do mistério (o oculto enquanto sugerido) duas atitudes podem ser tomadas: (1) refletir e, com auxílio de instrumentos, procurar obter conhecimento via procedimento que seja científico ou filosófico, ou (2) aceitar as explicações de uma autoridade que tenha vislumbrado o mistério e o desvendado. Implica numa atitude de diante de um conhecimento revelado e que, pelos sinais que a acompanham, reveste-se de verdade autêntica. Para muitos (ao que parece, alguns pastores inclusive), os sinais que estão assinalados na Bíblia, nossa autoridade,  não são convincentes. Muitos dizem - "não existe verdade absoluta, tudo é relativo"... Não se pode ter certeza de nada.  Para citar uma conhecida anetoda, no mundo, como ensinava Benjamin Franklin, só existem duas "certezas": a morte e os impostos...

          O problema é a postura de inflexibilidade, altivez, arrogância, - ou seja, falta de humildade - que rechaça qualquer outra coisa, qualquer que seja a fonte, que confronte nosso “conhecimento” - O CONHECIMENTO DO MUNDO. O conhecimento do mundo, para ser certo ('dar certeza'), exige comprovação tácita, empírica, 'científica', factual, cabal, como São Tomé exigiu... Por outro lado, quem tem a virtude da HUMILDADE, da PIEDADE, é aberto, submete-se (sabe que nem tudo é comprovável cientificamente), venera, respeita... Sabe que existe algo superior a nós... e tem mais - sabe quem tem preferência para Deus? Veja ISAIAS 61, 1:  O SENHOR Deus me deu o seu Espírito, pois ele me escolheu para levar boas notícias aos pobres. Ele me enviou para animar os aflitos, para anunciar a libertação aos escravos e a liberdade para os que estão na prisão. (Em algumas versões, está escrito em lugar de “pobres” que Deus prefere os mansos, os quebrantados, os humildes)  Isto é reforçado e ratificado pelo Apóstolo Pedro (com uma citação sua de Provérbios 3, 34): em  I Pedro 5, 5  lemos “E vocês, jovens, sejam obedientes aos mais velhos. Que todos prestem serviços uns aos outros com humildade, pois as Escrituras Sagradas dizem: “Deus é contra os orgulhosos, mas é bondoso com os humildes!”

          Mas, eu não espero convencer aqui pela racionalidade destes meus argumentos e das muitas passagens dos evangelistas sobre o tema. O principal argumento que tenho aqui, fundado na Bíblia autoritativa (veja bem, eu não escrevi  'autoritária'  ou 'autoritarista'...), é o fato de que Jesus foi e é o nosso modelo de conduta, e Ele nos exige mudança de vida, mudança de visão, mudança de espírito. Em especial com relação à HUMILDADE, o Senhor e Mestre sempre foi um notável professor:  um dos feitos mais memoráveis, em todos os tempos foi o acontecimento do LAVA-PÉS. Nesta passagem, Jesus simbolizou com perfeita integridade o significado e mensagem do seu memorável Ministério.

          Jesus nos convida à humildade como sendo o padrão de pessoa, como um modo de ser, como quem vê o mundo com os olhos da mansidão e isto, este convite, é-nos feito de modo bem claro, como vemos em MATEUS 11,  28 a 30: Venham a mim, todos vocês que estão cansados de carregar as suas pesadas cargas, e eu lhes darei descanso. Sejam meus seguidores e aprendam comigo porque sou bondoso e tenho um coração humilde; e vocês encontrarão descanso. Os deveres que eu exijo de vocês são fáceis, e a carga que eu ponho sobre vocês é leve.

          Esta carga, os deveres, o jugo que CRISTO nos propõe se tornam leves e suaves, se temos fé, mas isto, a FÉ, só se possui se tivermos HUMILDADE. Sim, Jesus é o nosso modelo, e não é impossível de se seguir, como alguns, baseando-se no conhecimento do mundo, querem sugerir – “Só Jesus conseguiu, só Ele tem poder para isso!!!”, é o que dizem. O exemplo d’Ele foi pleno, e em várias dimensões e situações:  Ele, Deus que se fez carne, em vez de aceitar a glória, Ele dava testemunho da Sua dependência total do PAI CELESTIAL como fonte de sua própria sabedoria e poder; em vez de apegar-se à gloria, ele atribuía toda a gloria ao PAI. Isto é muito bem demonstrado no Evangelho de João, nos capítulos 5 a 8.

          Portanto, o imperativo de todo o Novo Testamento é imitarmos a Cristo - a vida do fiel, do cristão deve ser uma vida piedosa, uma vida de humildade, e isso a começar de nossos líderes, daqueles que são comissionados a pastorear, não importa sua denominação. (Aliás, que vergonhoso que alguns proclamem do púlpito, que  ‘esta igreja “x” é a única igreja verdadeira e que salva as pessoas’.... mas quem salva não é Jesus?? – ou a Igreja de Cristo agora virou sinônimo de instituição humana com determinado nome??)

          O discípulo fiel, que efetivamente tem FÉ, sabe que deve travar uma batalha contínua contra o orgulho, que é a raiz do pecado, aquele egoísmo que origina o egocentrismo, a auto-exaltação, a presunção de si; origina a obstinação, a auto-confiança exacerbada, a glorificação pessoal, a necessidade de ser servido, ‘paparicado’, em vez de servir, como Cristo fez e ordenou.  Sabemos onde termina tal tendência, tal deturpação – frustração, decepção, e até desespero!

          A humildade bíblica, como JESUS ensinou, não diminui as realizações pessoais nem aumenta as falhas de ninguém.  A humildade não é um tipo de masoquismo sutil que se deleita na sua própria humilhação, no rebaixamento estéril da pessoa. Não significa ser covarde, protegendo-se por meio de um servilismo ultrajante ou ainda auto-anulação. HUMILDADE também não é uma virtude puramente particular que, como pensam alguns, “somente poucos  a desenvolvem”; – é, sim, o resultado de perseverante estudo e oração, e de uma prática de vida que tem DEUS por centro, reconhecendo, de modo agradecido, a concessão gratuita de dons por parte do Pai Celestial para todos nós.

          Humildade é reconhecer também a soberania de Deus em nos capacitar, a cada um, para o serviço que precisamos realizar. Isso necessita fé por parte da pessoa!

          Fé significa confiar, acreditar, significa FIRMEZA, estabilidade, constância. é um conceito central no pensamento bíblico, pois lida com a relação de Deus com os homens, com o PACTO que temos todos com Ele.

          Fé não se reduz, como vimos, ao intelecto, como uma certeza científica, ou mesmo crença, que temos na mente – esta, até os demônios tem, e tremem... ( creio que, em relação a religião, a maioria parece ter mais mesmo é opinião...).  A Fé não é uma parte isolada de nossa experiência religiosa mas, precisamente, pelos seus frutos, determina todas as demais ações do homem e da mulher. Para tanto necessitamos exercitá-la, fortalece-la, e contamos com a Providência para isso, conforme nos esclarece TIAGO, no capítulo 1 verso 3:  Meus irmãos, sintam-se felizes quando passarem por todo tipo de aflições. Pois vocês sabem que, quando a sua fé vence essas provações, ela produz perseverança. E como uma pessoa pode entender este aparente paradoxo (ser feliz na provação), se não for humilde, pelo exemplo do Cristo? Muitos, per ipso,  não entendem mesmo o que significa o requerimento de Cristo para quem O  deseja seguir - primeiro, negue-se a si mesmo, segundo, tome a sua cruz e, terceiro, 'siga-Me'...

          Assim, vemos que humildade liga-se à Fé, e Fé, em decorrência, liga-se ao amor, como o Apóstolo Paulo ensina, em GALATAS 5, 5 e 6: Mas nós temos a esperança de que Deus nos aceitará, e é isso o que esperamos pelo poder do Espírito de Deus, que age por meio da nossa fé. Pois, quando estamos unidos com Cristo Jesus, não faz diferença nenhuma estar ou não estar circuncidado. O que importa é a que age por meio do amor