A V I S O


I am a Freemason and a member of both the regular, recognized ARLS Presidente Roosevelt 75 (São João da Boa Vista, SP) and the GLESP Grande Loja do Estado de São Paulo, Brazil. However, unless otherwise attributed, the opinions expressed in this blog are my own, or of others expressing theirs by posting comments. I do not in any way represent the official positions of my lodge or Grand Lodge, any associated organization of which I may or may not be a member, or the fraternity of Freemasonry as a whole.

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terça-feira, 3 de janeiro de 2017

Morte...

Gravura obtida agora (via Google Images) de
http://ilovehdwallpapers.com/view-phases-of-life-from-birth-to-death-2560x1600.html

Êita assuntinho que ninguém gosta de conversar. Quando se é jovem, pouco se pensa sobre o tema, a não ser quando confrontado inapelavelmente com ela - habitualmente para o jovem imagina-se que está muito longe de acontecer isso com a pessoa; então, para quê se preocupar... 

Mas à medida que envelhecemos, qualquer morte - relatada, anunciada, vilusbrada, enfrentada, etc - aparece como um lembrete de que ela nos espreita mais à frente, e isso maximiza-se se não temos boa saúde, passamos por algum 'perrengue', ou pertencemos a qualquer grupo de risco. 

Eu acho que pertenço a uma minoria - sempre pensei na dita-cuja, principalmente porque sempre me sentia muito vivo, e a morte parece bem ser o contrário disso. Acho que já contei aqui ou noutro lugar: depois que estudei diversos temas (principalmente os de cunho espiritual), vi que 'morte' pode ser concebida, com maior ou menor rigor epistemológico, como o contrário do nascer, e não necessariamente como o contrário da 'vida', não importa como se postule (também com maior ou menor rigor) o fenômeno da animação da matéria. 

Ocorre que ainda sabemos pouco sobre o que significa 'vida' ou matéria animada, vivente, com toda a multiplicidade e multidimensionalidade que implica; então, creio que a cessação destes processos e fenômenos do ter 'vida'/viver (ou, no humano do homem, existir) carrega/acarreta a mesmas dificuldades de compreensão e 'indefinições'.

Quando falece um aparentado ou amigo, logo após as exéquias voltamos nossas preocupações para as problemáticas mais prementes ou interessantes, visto que, quanto ao falecido, enterrado está, e em geral as coisas vão se resolvendo, tanto mais (ou menos) aproximada a pessoa do extinto. Quero dizer que, quanto à morte, nosso nível de preocupação ou consideração assemelha-se ao chiste   '...morreu? antes ele do que eu...' , pois pouco se pode fazer - dizemos a nós mesmos - frente à morte, a não ser aceita-la. Como ensinou Benjamin Franklin, ao lado dos impostos, é a morte a outra das duas únicas certezas que temos nesta 'vida'...

Esta pachorra em pensar o morrer nos faz ter sempre a mesma atitude nas suas diuturnas ocorrências: uma modorrenta consideração, apassivada e despicienda.

Alguns se apavoram, pelo inexoravel confronto com o desconhecido, e se assanham em divisar, com maior ou menor rigor uma 'explicação' que preencha o vazio do entendimento, ao mesmo tempo que acalme os temores da possível confrontação, mais dia, menos dia. 

Esta é a nossa compatilhada 'maldição' da posse da intelecção: saber-se finito, encerrável, esquecível (ainda que não se saiba a hora)... Vade retro!
   

segunda-feira, 9 de abril de 2012

O assunto chato de novo...

Gravura obtida agora de
http://www.layoutsparks.com
(site muito interessante!!)

Volto ao tema da morte, comentando um fato que, a cada vez, mais se torna presentificado em nossas vivências: o elevado número de mortes nas estradas e cidades (em especial nos feriados), envolvendo uso imoderado de álcool.

O que mais chamou a atenção é uma recente decisão de nossos nobres juristas, ratificando o direito da pessoa não produzir prova contra si mesmo, portanto sendo lícito alguém negar-se a fazer o teste do "bafômetro"... Que país o nosso; enquanto isso, os assassinos motorizados podem continuar ceifando vidas e respondendo a processo em liberdade, pagando um montante que a autoridade policial determina. Sei que culpar não resolve, mas nossos políticos são o retrato de nossa sociedade 'amadora' como costumo dizer - aqui tudo é feito de qualquer jeito, improvisado, sem esmero, o que redunda em leis inócuas e abusos de todo tipo.

Para a sociedade fica a dor daqueles familiares que sobrevivem ao falecido (quando não morre, é comum as lesões dos acidentes deixarem a pessoa incapacitada, entravada no leito, vegetando, presentificando o enorme sofrimento) e enormes gastos num sistema de saúde que já não é 'aquelas coisas', para dizer sem querer ofender.

Quanto à morte... é o tema que, quanto mais velhos ficamos, mais se nos apresenta à consideração. Sei que meus pais são bem mais velhos que eu (e, curiosamente, encontrando-nos volta e meia, como agora na Páscoa, o tema vem à tona, ainda que meus genitores, cristãos esclarecidos, consideram, como eu, a morte como a libertação das agruras desta esfera, e a entrada na Beatitude) e eu, mais velho que meus filhos e netos, mas nada garante 'quem vai' primeiro... Não tem um ou uma que não se atemorize com a aniquilação final, com 'o abotoar do paletó', em 'vestir o paletó de madeira'... No fundo, é o desconhecido, o ignoto, aquilo que o bicho-homem mais teme!

Eu já tenho bem equacionada a questão - ninguém voltou do outro lado para dizer como é. Estes relatos de pessoas que 'estiveram lá', as narrativas de retorno ao corpo depois de estar morto, presenciando aura de luz, etc., não tem qualquer respaldo científico que evidencie crença inequívoca quanto à sua suficiente veracidade. Não é ceticismo tacanho; sabe-se que temos que ter normas e princípios para discernir, senão passa-se a acreditar em tudo e em todos, o que é, no mínimo, arriscado.

Como crente (e cientista, sabendo a diferença e alcance destes dois Magistérios) opto pela  explicação que outros já (brilhantemente) trilharam. Mas digo o meu critério: com Esopo (seculos VII e VI antes de Cristo), admirado fabulista, penso que "todas as verdades tem dois lados, e convém examinar muito bem os dois antes de se comprometer com qualquer um deles".  E como Cristo ensinou (está lá no evangelho de Mateus), Sufficit diei malitia sua, que quer dizer, A cada dia bastam as suas tribulações.


[para quem gosta do tema, sugiro ler o interessantíssimo artigo de Cezar Luís Seibt, 'Sêneca e a finitude da vida - o que a finitude pode ensinar sobre o viver', revista INTEGRAÇÃO, ano XV, nro. 59, outubro-novembro-dezembro de 2009, páginas 371 a 378. Neste artigo aprendemos que o modo de encarar a morte tem a ver com o modo de encarar o viver...]