A V I S O


I am a Freemason and a member of both the regular, recognized ARLS Presidente Roosevelt 75 (São João da Boa Vista, SP) and the GLESP Grande Loja do Estado de São Paulo, Brazil. However, unless otherwise attributed, the opinions expressed in this blog are my own, or of others expressing theirs by posting comments. I do not in any way represent the official positions of my lodge or Grand Lodge, any associated organization of which I may or may not be a member, or the fraternity of Freemasonry as a whole.

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quinta-feira, 30 de março de 2017

'Ser forte' ou 'convivendo com o dolorido'...

Pensata obtida agora ( via Google Images ) de
https://br.pinterest.com/pin/177540410284475691/

Olhem o que achei no Pinterest... Um bom momento de reflexão, que combina 'escolhas' com 'ser forte', não importa o que a pessoa compreenda como ter 'força'. Resiliência é um termo moderno que tenho visto associado com esta idéia, mas ela, ter força/ser forte, é tão antiga quando a humanidade. É um aprendizado que todo vivente deve assimilar, e transcende as eras de tão vital. Creio que o humano do Homem é muito caracterizado por esta virtude, senão não chegaríamos onde chegamos. Óbvio que existem outras honrosas qualidades das pessoas e/ou comunidades, mas viver é, em grande parte, confrontar dificuldades e obstáculos, e 'vencemos' se temos certa espécie de fundamentada determinação para enfrentar eficazmente estes cotidianos desafios.

O aforisma acima alude a uma condição que reza mais ou menos assim - "você nunca sabe quão forte és, até ser forte ser a única escolha que você tem". Quantos de nós não pensou (e efetivou) em desistir/fugir frente a determinada situação? Depois, muita vezes, se escolhemos 'entregar os pontos', ocorre o arrependimento, a baixa auto-estima, a decepção, a descrença, etc.  Ou seja, condições mentais que não ajudam a compreender globalmente o que realmente ocorreu. Todas as coisas que se nos ocorrem são 'datados' - constituem nosso entorno precisamente em contextos complexos que envolvem muitos aspectos e dimensões que nos determinam, boa parte, não sendo levado em conta na hora de agir.

Aprendi com um antigo filósofo Clássico (o grego estóico Epiteto ) que não são as dificuldades ou as coisas em si que são problemas, e sim o modo, a maneira com a qual vemos/pensamos estas coisas/dificuldades. Creio,  deste modo, que 'ser forte' é um aprendizado, um modo de atuar, de aplicar as coisas. Uma espécie de método, por assim dizer, de lidar com os desafios, obstáculos, problemas que todos enfrentamos. 

Um problema vital que se enfrenta mais dia ou menos dia é o da dor. Certo que a representação desta vivência, mais (ou menos) enredada em suas possíveis dimensões, com o corpóreo, com o físico - o fato é que é complicado estabelecer muitas vezes fronteiras entre a dor física, psicológica ou mesmo espiritual, assumem alguns, e vemos que 'dor' é sentida pela pessoa como um amálgama ou confluência de muitas dimenssões de sofrimento.

Outro dia ouvi que é uma grande bênção para alguém envelhecer depois que se torna sábio, e que constitui certo infortúnio quando se fica velho antes de ter adquirido a sabedoria. Agradeço aos Céus ter aprendido um pouco desta virtude, pois consigo encarar as minhas  dificuldades de modo a não as 'catastrofizar' desnecessariamente, ou seja, ve-las mais complicadas do que realmente são. Considero até que sou muito abençoado, pois constato que não tenho ou tive lancinantes problemas em minha vida. Minha biografia tem muito de ordinário ( querendo aqui significar, segundo o Houaiss, "conforme ao costum e, à ordem normal; comum" )...
 
Ultimamente tenho dificuldades de saúde que envolvem dor física, resultados da idade ou da carga de exercícios atleticos que realizei - com grande satisfação - em grande parte de minha vida. Consigo ver agora o enorme potencial danoso que estas condições possuem para minar o nosso temperamento. A constância da dor é excruciante. Tenho obtido algum sucesso em lidar com estas limitações via exercícios, remédios, mas o mais relevante vejo que é minha disposição em encarar de modo positivo (conquanto se possa considerar  alguma 'positividade' em dor física...) estas situações de (falta de) saúde. 

O 'simples'  fato de entender o que sucede já é um passo em lidar construtivamente com o dorido vivenciar da condição. A falta de rumo ou perseguir caminhos errôneos faz mais desabrido nosso sofrer. Muitas estratégias são divisadas, mas poucas com sucesso se não fazemos o 'dever de casa'...

De minha parte, complemento necessariamente as ações técnicas com o aperfeiçoamento da intelecção de todo o panorama que vivencio. Sou também abençoado em ter uma esposa fisioterapeuta, que está habitualmente à minha disposição para aplicar procedimentos  necessários ou possíveis. Mas a disposição do espírito é o que mais me faz lidar proficuamente com minhas limitações. Procuro entender o contexto todo, e vejo que sou muito aquinhoado pela Providência. Creio, assim, retomando o que falei no início deste ensaio, que "ser forte" constitui-se precisamente num conjunto de ações multidimensionais e interconectadas que revelam o preparo disposicional que a pessoa detem para lidar com sua idiossincrática determinação, e isso - ser forte - somente a pessoa pode ser.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Razões para viver ;-)

fotinho que Marília me mandou do seu diário...

Agora é hora de celebração.... Coloco um CD de George Benson no CD Player, ponho um mug com cappuccino na mesa, uma bala coffe drops (Cavendish and Harvey) para degustar depois e... dar asas à emoção!

Marília me mandou singelo e-mail comentando a última postagem deste blog; adicionou a foto acima, que ora reproduzo (clique nela para aumentar). Tal lembrança me deixou emocionado. Ela fotografou um pedaço de papel que ela guardou, no qual eu resumia alguns dos muitos ensinamentos que eu procurava passar para meus filhos, conversando (e eu gosto de fazer esquemas, para ajudar a fixar). Analisando mais a foto (que inclui outra foto de Marília adolescente, linda, no meu colo - até hoje meus filhos 'monstrinhos' sentam no meu colo, inclusive o JD, com seus quase 2 metros - somos muito afetuosos, sempre fomos!) podemos ver que no meu rascunho consta 3 dos melhores aprendizados de minha vida, que comento abaixo.

O primeiro é um ensino do famoso filósofo ateniense Epicuro (341 - 270 A.C.), um 'remédio' quádruplo que ele costumava ensinar aos seus contemporâneos, e que nos serve ainda hoje. Ele estabeleceu, nestas quatro afirmativas, àquele que se disponha a meditar nelas, que o mesmo estaria como que 'vacinado' contra a depressão e outros males da alma, por isso ele a chama 'tetrafármaco' - um remédio quádruplo. Consta assim:

Não há o que temer aos deuses,
Não há que temer a morte,
O sofrimento pode acabar,
A felicidade é possível.

Poderia comentar extensivamente estas asserções, mas fica o desafio para quem se dispuser... Na verdade elas são quase auto-explicativas. Quantos 'deuses' imaginamos a nos apoquentar, apegos que nos fazem escravos e nos mortificam, determinando-nos, pela nossa mente defeituosa, a sermos mais miseráveis do que somos realmente. A morte, ahh, este pavor que todos sentimos, como se fôssemos terminar, sermos aniquilados... Que lancinante medo deve ser para aquele que a teme. Mas compensa averiguar porque Epicuro assim afirma ser a morte não tão apavorante assim!

Sobre o sofrimento não ser eterno e ser possível ser feliz, isto resume a aventura humana em querer evitar toda e qualquer dor, desconforto (e a quimera que isto significa), contrastado com a promessa de que, se desejarmos e batalharmos para isso, efetivamente podemos, todos   e cada um, sermos felizes, posto que é processo, e não necessariamente estado, condição. Mas fica reafirmado este desafio, para cada um averiguar por si só como é verdadeiro este tetrafármaco...

O segundo ensinamento é uma frase antológica atribuída ao ex-escravo romano Epiteto (55 a 135 D.C.), outro grande filósofo (uso esta palavra no sentido que pretendeu Pitágoras - séc. VI antes de Cristo - 'aquele ou quem ama a sabedoria, movido pela consciência lúcida da ignorância inerente à condição humana' ), talvez o maior moralista estoico.   [ Estoicismo, segundo o Houaiss, é a doutrina fundada por Zenão de Cício (335-264 A.C.), e desenvolvida por várias gerações de filósofos, que se caracteriza por uma Ética em que a imperturbabilidade, a extirpação das paixões e a aceitação resignada do destino são as marcas fundamentais do homem sábio, o único apto a experimentar a verdadeira felicidade. O estoicismo exerceu profunda influência na ética cristã, e é por isso que a aprecio. ]  

Mas Epiteto teria afirmado uma sentença (que muito uso em psicoterapia): "Não são as coisas que são problemas e, sim, o que o Homem pensa a respeito destas coisas" . Ou seja, as coisas são o que são; o significado que acrescemos, juntamos a elas, é o que as fazem (ou não) nos perturbar, posto que considerados como problema. Isto significa que podemos lidar eficientemente com os desafios e percalços quando questionamos, em princípio, o mecanismo mental que utilizamos para retratar as coisas como tal e tal, etc. Cristalino ensinamento: assim podemos ver que muitas vezes mais criamos 'problemas' do que eles realmente existem.

E o terceiro ensinamento (que coisa linda que este encontro - que eu nem lembrava mais -  tenha ficado assim no vivenciado de minha filha - é por isso que vale a pena viver!) vem de meu diuturno experienciar - trata-se do que é o amor, coisa difícil de definir e constituir em nós.

Em minhas palestras e terapias coloco para as pessoas que AMAR na verdade é a somatória dinâmica de 3 instâncias imbricadas, interligadas: Zelo, Comprometimento e Respeito. Analise bem, quando somente vemos - no outro, nas relações, na vida enfim - 2 ou uma só destas 3 coisas, não é amor, é 'interesse', 'conveniência', 'oportunidade'... Mas amor, amor a Deus, ao seu trabalho, amor a alguém, só é amor se compreende, abarca estas 3 dimensões. Faça seu check-list para quem ou o quê te importa; se passar pelo teste de ali existir estas 3 coisas, temos então 'amor', senão, é outra coisa...

Agora, a hora da verdade: você se ama? Zelas por ti mesmo, te cuidas de verdade ou te arruína com comidas, fazeres, coisas que te estragam? Estás comprometido(a) contigo mesmo, com tua vida, onde queres estar daqui a 15 anos? Você se respeita, ou exige de si mesmo(a) algo que não tens, que não podes fazer, você se deprecia, etc.?  Se você não se amar, como o outro vai poder também fazer isso? Temos que ter amor-próprio, menos valioso  neste mundo somente do amor a Deus, que nos é requerido.

Se você olhar na foto acima, esquematizo o amor figurativamente como um banquinho de 3 pernas, com cada dimensão sendo uma perninha que, tirando uma, o banquinho não fica de pé...

Obrigado, Marília, pela alegria que mais uma vez me deste!


foto por Ruth R. B. V. Dutra