A V I S O


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quinta-feira, 26 de maio de 2011

(Centésima postagem!) A fábula do Burro


 Ilustração obtida de
http://es.wikipedia.org/wiki/Equus_africanus_asinus
em 26.05.2011


Hoje reflito sobre uma fábula (O burro – de número  XXXVI do livrinho já citado anteriormente...) que até discuto em alguns cursos na faculdade, pois aborda a questão da nossa posição frente ao que consideramos 'verdade'.
 
Um burro, ou mulo, jerico, um animal estéril resultante do cruzamento do jumento com a égua (ou, lógico, do cavalo com a jumenta...) cresceu gordo e brincalhão a partir das generosas porções diárias de milho que recebia e, um dia, enquanto pulava, escoiceava e cabriolava pelos campos, disse a si mesmo “Minha mãe deve certamente ter sido uma corredora puro-sangue, e eu sou tão bom nisto como ela era!!”.
 
Mas logo ele se exauriu com o intenso galope e traquinagem, e imediatamente se lembrou que seu antepassado genitor não passava de um asno...

O compilador das Fábulas de Esopo encerra a narrativa afirmando que toda verdade tem dois lados, e é melhor olhar para ambos, antes de declarar onde nos situamos.

Esta lição é preciosa: nada mais inconveniente nas relações sociais quando nos deparamos com uma criatura que se aferra a um certo lado da questão e demonstra incapacidade de olhar para outra(s) possibilidade(s), para outro lado do problema. Poucas coisas ofendem tanto nossa sensibilidade quanto a falta de humildade em se aceitar que  uma outra pessoa possa deter melhor visão de mundo. Nestes tempos turbulentos, com tantas verdades sendo propaladas à mancheia, é mais fácil se apegar a algo, sem criticidade... 

Tragicamente, é na Universidade que tal conduta de rigidez mental, de simplismo, de reducionismo  se demonstra mais perniciosa, ruinosa: a deformação que determina nas mentes incautas pode ser permanente, posto que contagia todas as ulteriores aquisições do discípulo, do aprendiz, implicando assim uma temerária vida futura (pessoal e profissional). Um resultado disso é que vemos diminuída na pessoa a capacidade de identificar sandices, parvoíces, em si mesmo, nos semelhantes ou nas idéias que, a todo instante, somos alcançados. 

Que possamos nos vacinar contra os efeitos deletérios da comodidade, da pachorra mental, da lenidade a que nos acostumamos neste cipoal de especialistas, entendidos, consultores e profetas da certeza fácil ante um mundo crescentemente mais complexo e, a cada vez, mais inacessível à decifração útil e significativa...