A V I S O


I am a Freemason and a member of both the regular, recognized ARLS Presidente Roosevelt 75 (São João da Boa Vista, SP) and the GLESP Grande Loja do Estado de São Paulo, Brazil. However, unless otherwise attributed, the opinions expressed in this blog are my own, or of others expressing theirs by posting comments. I do not in any way represent the official positions of my lodge or Grand Lodge, any associated organization of which I may or may not be a member, or the fraternity of Freemasonry as a whole.

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sexta-feira, 1 de março de 2013

O pombo sedento

Gravura obtida agora, via Google Images, de
http://www.creighton.edu/aesop/artifacts/cards/playingcards/othercardgames/theaesopgame/index.php


Conta a fábula de Esopo (Jack Zipes, Aesop's Fables, London: Penguin, 1996; The Thirsty Pigeon, CXXIX, p. 136) que um  pombo estava desesperado de sede e, quando viu um copo dágua desenhado num quadro, pensou que era verdadeiro. Assim, despencou sobre ele com todas as suas forças e trombou com o painel, quebrando a asa. Como resultado, a ave caiu desamparada no chão, sendo rapidamente capturada por um passante. A moral da estória ensina que o fervor não deve exceder a prudência, mesmo que estejamos desesperados.

Uma das marcas da pós-modernidade é o esbaforido tom com que manejamos nossos afazeres. Ouvi outro dia que o Inferno é a pressão do tempo, que coage a qualquer um em suas atividades, deixando exangue ou enfermado o vivente. É um 'horror' mesmo, e a coisa piora (pira?) quando a pessoa, abarbada, pensa que, procrastinando, assim evita o mal maior.

Por isso é que devemos destinar um átimo para planejar nosso dia, como cumprir nossas  polifacetadas obrigações. Quando a urgência do tempo (real ou presumida) nos constrange, acabamos, no mais das vezes, examinando superficialmente as situações, e causamos embaraços, tresloucada ou descuidadosamente. E aí o tempo fica mais 'apertado' ainda, gerando mais ansiedade, até agonia...

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

O Mosquito e o Touro: presunção...

Foto obtida agora via Google Images de
http://blog.opovo.com.br

Vamos dar agora uma pausa nos posts sobre o Nobre Caminho Óctuplo, para um pequeno comentário, tendo uma fábula de Esopo como pano de fundo. Esta fábula é muito conhecida (se você colocar a primeira parte do título deste post no Google Images, verá o endereço de vários blogs que comentam sobre a fábula...) e relata um mosquito que, após ficar zumbindo por vários minutos em volta da cabeça de um touro, finalmente pousou na ponta de um dos chifres e respeitosamente perdiu perdão ao boi por perturba-lo: "Se meu peso está lhe causando algum inconveniente, basta você me dizer que eu me retiro num momento!"  Respondeu-lhe o touro "Oh, não se preocupe com isso; para mim tanto faz se você ficar ou permanecer... Para lhe dizer a verdade, eu nem mesmo  tinha reparado que você estava aí..."  No libreto que sempre consulto (Zipes, Jack. Aesop's Fables. London: Penguin Books, 1996, p. 104; Penguin Popular Classics n. 20), a moral da estória adverte-nos que quanto mais pequeno é o espírito, maior a presunção.

No dicionário Houaiss, 'presunção' remete tanto à idéia de uma opinião demasiado boa e lisonjeira sobre si mesmo, quanto às idéias de imodéstia, vaidade; remete à confiança excessiva em si mesmo, à pretensão. Remete também, segundo vejo, à vaidade, orgulho e soberba, mesmo até certa arrogância. Desde que o mundo é mundo esta tendência é muito encontradiça nas gentes, em especial as que necessitaram realizar um esforço de superação de dificuldades (notadamente as interpessoais) na infância. Não escolhe idade, sexo ou condição, mas parece acometer mais àqueles ou àquelas que se encontram em posição de poder, qualquer que seja ele - principalmente nos políticos...

Eu vejo nisso a evidência da falta de sabedoria; no limite, falta de Deus no coração. A mínima reflexão que o vivente possa realizar remeteria ao questionamento desta infeliz postura, e isso não só resultante dos embates e 'cabeçadas' que a vida nos endereça neste mistér, mas também, e complementarmente, do simples e sincero meditar sobre as dificuldades e descalabros dos nossos semelhantes neste âmbito. 

Vigio-me sempre para averiguar se não caio nesta tentação, pois conto comigo somente: as pessoas, no polo positivo, temem ser tachadas de grosseiras ou enxeridas, e evitam assim ser sinceras. E deste modo podemos ter ou demonstrar a pecha aqui discutida, mesmo sem o desejarmos... Que falta me faz um amigo de verdade! Mas parece que é um 'artigo' muito raro nos dias de hoje, e me pergunto sempre o porquê - será a TV? As novas mídias sociais? A superficialidade dos relacionamentos, o efêmero dos contatos interpessoais? A complexidade - e também a velocidade - às quais a tékhnè nos impele? O fato é que nem nas Igrejas, nas Comunidades religiosas, onde deveria imperar outro tipo de valor, de viver, se encontra facilmente amizade como Cristo demandou, modelo perfeito que foi para a Humanidade. 

Que riqueza se você tiver um amigo ou amiga que te goste do jeito que você é, e que não tema ser honesto(a) sempre contigo: vale mais que muitos rubis... Mas como disse, amizade de verdade é coisa escassa hoje em dia, infelizmente. Colegas ou 'conhecidos' temos diversos mas, amigos, talvez os contemos numa vida somente nos dedos de uma só mão!

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Do libreto de Fábulas...

gravura obtida agora via Google Images de
http://metaforas.com.br/o-cachorro-na-manjedoura

O cachorro na manjedoura

Hoje li interessante fábula daquele libreto (Jack Zipes, Aesop's Fables, London: Penguin, 1996; CIII: The dog in the manger, p. 107), de poucas mas densas palavras. Um cão fez sua cama numa manjedoura e mantinha, rosnando e latindo, cavalos e bois afastados da sua alimentação. 

Um dos cavalos comenta "que miserável patife é este vira-lata! Mesmo que ele não coma a forragem, não permite que ninguém faça uso dela..."  Algumas versões modernas colocam  em cena outro personagem, um fazendeiro que, na história, aparece castigando o cachorro, assim que o vê judiando dos outros animais; mas, na fábula original, não consta.

A moral da história é que não se deve privar outros das bênçãos simplesmente porque não podemos nós mesmos as desfrutar. E não é o que muito se vê hoje em dia? Nem digo daqueles que fazem isso malevolamente, mas o que acho mais patético é aquela criatura que nem imagina o impedimento que impõe aos outros, pela desimportãncia que nutre pelo semelhante e suas coisas, ou pela simples ignorância.

Nas famílias sabemos de casos de jovens que sofrem um sistemático processo de desmotivação que as vão comprometer pelo resto de suas vidas, oriundo da simples falta de conversa com seus genitores. Obviamente que cabe ao pai ou à mãe tomar a iniciativa do diálogo, posto que quanto mais imaturo, mais confuso se desenham as realidades nas mentes das pessoas. Se cada um é um universo diverso, ainda que semelhante em muitas coisas, como saber do que se apraz, e mais a um do que a outro? E daí se estabelece, a princípio, muitas situações de estorvo da felicidade, desfrute para o(a) outro(a), mormente de coisas que não nos faz maior diferença. 

E como faz falta para os jovens uma vera atividade para proficuamente contruir seu caráter e, melhor ainda, prazenteira! Tenho refletido muito sobre o hábito da moçada de ficar o tempo todo atento a um terminal (TV, tablet, web, celular do tipo smartphone etc.) e isso às vezes por horas... Como esta mente está se moldando para uma realidade cada vez mais complexa, que exige demorado meditar para a sua devida compreensão, vivenciando a maior parte do seu tempo uma experiência, ao que parece, fugaz e superficial?

Para mim, que tenho uma filha nos seus onze anos, a preocupação é recorrente. Angustia-me  ve-la digitando, ouvindo, olhando 'ferozmente' seu iPod, o computador, o seu celular, por tardes a fio. Oferecer livros é arriscado, pois a meninada acha ler maçante por demais. Convida-la para sair e passear é, creio, talvez, interessante, mas sei que os amigos são mais motivadores para estar em contacto. Outro dia fui ver o conteudo da pagina de uma destas redes sociais que ela e suas amiguinhas frequentam e fiquei pasmo com a bobajada (sei, "assim é se lhe parece...") que lá é despejada diuturnamente. O fato é que o esforço de comunicar-se é cada vez mais necessário - ela me diz que pareço um 'dicionário ambulante', e juro que nem procuro usar termos muito técnicos! Vou ter que fazer um curso de linguajar popular... ou de gíria, ou de comunicação inter idades - existe algum?

Mas, penso, tenho o direito de determinar sempre o que é melhor para ela? Não estou a impedindo de desfrutar o que é para ela benefício, uma coisa que para mim não o é? Pensamentos, pensamentos... é por isso que alguns casais não tem filhos; no máximo, um animal de estimação!

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

A águia e a flecha


Gravura obtida agora de http://www.litscape.com
(veja também o site associado http://litscapeart.com)

Fim de ano, calorão, alunos aborrecidos porque ficaram de exame; as mesmas coisas 'aborrecentes', que tédio!! Que fazer, mas deixemos de lado as lamúrias... Estas férias prometem; teremos mais tempo neste período sabático, visto que as aulas somente serão retomadas em 18 de fevereiro de 2013 - creio que por causa do carnaval, êba!  Vamos, Ruth e eu, visitar os Dutras de Belo Horizonte - até já comprei as passagens de avião.

Pretendo formatar muitas aulas em telas de power point (MS Office) e refazer outras, principalmente aquelas que ministro no curso de Engenharia (disciplina 'Gestão de Projetos'). Vejo que, a cada dia, temos que propor aulas-tarefa, como estudo de caso, com pouca teoria - é a tendência pedagógica atual, que fazer; tudo é muito 'objetivo', prático e utilitarista. Tenho sempre em mente a admoestação de Nelson Rodrigues quanto aos idiotas da objetividade, mas sou voto vencido, como se diz... 

Os alunos em geral (existem exceções) querem nota para 'passar de ano', desesperadamente, hoje em dia; aprender, não necessariamente, visto que os usos que farão do conhecimento não são, neste momento, palpáveis. Os relacionamentos (principalmente em sala de aula) exibem um grau de atrito desnecessário, a meu ver, pois os critérios pessoais que lastreiam comportamentos interpessoais estão muito indiscerníveis quanto ao real valor na construção de relações produtivas e isto a longo prazo, tanto no público quanto no privado...

O mundo moderno está cada vez mais difícil de decifrar, problematizado pela deseducação que campeia (aparentemente) impune. Como já comentei aqui outras vezes, não é mais feio ser grosseiro, incivil; que fazer. Mas no campo educacional isto atinge contornos trágicos, ainda que por vezes cômicos. As pessoas não sabem o mal que fazem a si mesmos com suas condutas descorteses mas, com os valores transmutados, o feio parece aceitável, normal. Creio que alguns grosseirões (tem muita mulher também) nem sabem o quanto são boçais - talvez não tiveram pais para modelarem condutas apropriadas neste sentido.

Relendo aquele livro de fábulas de Esopo (Aesop's Fables, compilado por Jack Zipes, London: Penguin Books, 1996 - Penguin Popular Classics, vol. 20) vi uma estória que ilustra esta situação. Um arqueiro mirou uma águia e alvejou-a certeiramente. Em sua agonia, a ave viu que a flecha tinha sido feita com penas dela mesma. A águia então lamentou e observou que os nossos ferimentos, infligidos pelas armas que nós mesmos provemos, são ainda mais lancinantes... As pessoas muitas vezes dão, elas mesmas, azo a que sejam prejudicadas/desprezadas pelos outros, próximos ou não...